E-Pôster
6068102 | INTEGRAÇÃO ENTRE ENSINO E SERVIÇO NO PROCESSO EDUCATIVO DE ADOLESCENTES SOBRE A SAÚDE SEXUAL E DROGAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Kérigan Emili dos Santos ; Ana Flávia Niewinski ; Emanueli Sara Kowalski ; Bernarda Cesira Cassaro |
Resumo: **Introdução:** A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano em que ocorrem mudanças e transições dos aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais. A OMS define-a como o período de crescimento e desenvolvimento humano que sucede após a infância e antes da idade adulta, fase situada entre as idades de 10 a 19 anos. Os determinantes biológicos da adolescência são bastante universais; entretanto, a duração e características definidoras deste período podem se alterar ao longo do tempo de acordo com as culturas e situações socioeconômicas vivenciadas1. Representa uma das transições críticas na vida e é caracterizada por um ritmo de crescimento e mudanças a partir da infância. Em meio a essas características os adolescentes despertam para inúmeras descobertas, entre elas, a sexualidade e o início das atividades sexuais, consideradas fenômenos naturais que acontecem na vida de todos os seres humanos, mas, por ser algo novo para os adolescentes, podem ocorrer riscos de práticas sexuais desprotegidas, devido à falta de informações e a ausência de diálogo com os pais2. O Ministério da Saúde informa que cada vez mais jovens estão fazendo sexo de forma desprotegida e a ocorrências de doenças sexualmente transmissíveis tem aumentado consideravelmente no Brasil, atingindo 56,6% dos brasileiros entre 15 e 24 anos, que usam camisinha com parceiros eventuais. Na ultima década o índice de contagio com o HIV mais que dobrou entre jovens de 15 a 19 anos, passando de 2,8 casos para 5,8 casos (por 100 mil habitantes), aumentando também na faixa etária entre 20 a 24 anos, chegando a 21,8 casos (por 100 mil habitantes).3 Tal panorama mostra que a população jovem está mais vulnerável ao HIV e necessita acessar conhecimentos e os serviços de saúde. Do mesmo modo, isso se repete no contexto das drogas, pois estudiosos sinalizam que os adolescentes se mostram limitados sobre temas que envolvem as drogas e reproduzem a visão negativa reproduzida pela sociedade e pela mídia atual, requerendo medidas educativas preventivas e a implementação de trabalhos educativos no contexto em que eles vivem, seja escolar, social e familiar de modo a minimizar as diversas vulnerabilidades a que estão expostos.4 **Objetivo:** Relatar acerca do conhecimento de adolescentes sobre saúde sexual e drogas e os avanços propostos pela integração ensino serviço. **Metodologia:** Trata-se do relato de uma experiência que emergiu a partir de um projeto de extensão realizado pelo curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina, desenvolvido em uma Organização Não Governamental situada em um município do Oeste de Santa Catarina. A proposta contemplou quatro encontros que ocorreram de agosto de 2017 até dezembro de 2017, com 16 adolescentes selecionados pela equipe de trabalho que participam do Programa Oficina Educativa da respectiva ONG. Nesses encontros foram desenvolvidas oficinas educativas por meio de Dinâmicas de Criatividade e Sensibilidade – DCS5 planejadas de acordo com os interesses dos adolescentes visando oportunizar a produção artística por meio da linguagem lúdica com o propósito de proporcionar ao grupo a formação do seu próprio conhecimento e o compartilhamento de saberes entre os envolvidos. O roteiro das DCS seguiu os momentos de: preparação do ambiente, acolhimento do grupo, apresentação das oficinas e dos temas, produção artística, apresentação das produções e discussão grupal. **Desenvolvimento:** Para a execução do projeto dentro da ONG foram desenvolvidos estudos e a elaboração de ações por parte dos acadêmicos e professor orientador a fim de coletar dados e repassar informações aos jovens de modo esclarecedor e dinâmico. Para dar início as oficinas com os participantes foi planejada uma DCS intitulada de “quebra gelo” que objetivou promover a integração entre acadêmicos, professor orientador e adolescentes. O primeiro encontro foi o responsável por nortear as demais atividades. Nesse foi planejado uma DCS que oportunizasse o entrosamento e a captura do interesse dos adolescentes sobre a temática proposta. Para isso, foram distribuídos balões com palavras chaves sobre drogas e IST para que cada adolescente estourasse-o e falasse sobre o que desejaria que fosse esclarecido com relação a palavra encontrada. Para favorecer o entrosamento, junto foi colocado uma música, para contribuir com as descontrações. Oportunamente foi perguntado aos adolescentes como desejariam que fossem realizadas as demais oficinas para suas aprendizagens, e suas repostas preconizaram as brincadeiras, jogos ou gincanas. Desse modo, as demais oficinas ocorreram por meio DCS que estimulassem a participação de todos a partir do interesse dos integrantes vislumbrando garantir sua atenção e fixação dos temas. Com vistas nisso, o segundo encontro, a DCS utilizada foi uma gincana, planejada para que cada adolescente respondesse perguntas relacionadas a Cocaína e Gonorréia. A intenção foi realizar uma disputa em um jogo de bola, cujo alvo envolvia a resposta correta mediante um questionamento. Por meio das dinâmicas eleitas para esses momentos, constatou-se a incipiência de informações sobre as temáticas e uma atmosfera de constrangimentos para discutir os temas, no entanto com a inserção e ajuda dos acadêmicos foi possível colher elementos importantes ao longo das visitas, capazes de facilitar o desenvolvimento das atividades e estimular o questionamento por parte dos jovens. Para a terceira visita, foi planejado uma DCS que preconizava envolver a percepção acerca das dificuldades do adolescente a respeito do tema apresentado relacionado ao uso de drogas. Cada participante devia desenhar uma casa. Para alguns deles foram atribuídas características, tais como surdez, mudez, ausência de braços e pernas, tremor nas mãos e hiperatividade exemplificando, de forma metafórica, os efeitos do uso de drogas no individuo, no seu meio social e âmbito familiar. Essa DCS possibilitou identificar os saberes, as curiosidades, e as realidades vivenciadas no entorno dos adolescentes com o mundo das drogas. No quarto encontro, foi utilizada uma DCS de caça ao tesouro. Foram escondidos bombons em uma sala com palavras fixadas a eles. Na medida que o adolescente ia encontrando o bombom, era convidado a saboreá-lo e falar sobre o que sabia a respeito da palavra encontrada. Houve expressões, diálogos e discussões valiosas para as reflexões em grupo sobre drogas e as IST. Notou-se, ao longo da realização do trabalho com os adolescentes, um avanço significativo em seus aprendizados que foram gerados pelas informações e vivências compartilhadas. **Conclusão:** Acredita-se que esta proposta oportunizou discussões e fomentou reflexões sobre as temáticas abordadas visando subsidiar e esclarecer duvidas frequentes entre os adolescentes para a adoção de condutas saudáveis tanto no individual como no coletivo, valorizando sua participação social, além de demonstrar que a maneira dialogada de realizar aprendizado traz a ampliação de conhecimentos e habilidades do acadêmico facilitando a educação em saúde. **Contribuições para a enfermagem:** É de extrema importância que acadêmicos interajam com este público, visando fomentar conhecimentos específicos, e que contribuem socialmente para a qualidade da assistência a este grupo, sendo este, pouco incluso e de difícil acesso nas atividades dos serviços de saúde. Além do que, o conhecimento prático acerca do cuidado em saúde sexual incentiva a integração ensino-serviço e traz o protagonismo da enfermagem na prevenção de agravos em jovens, tornando efetiva a qualificação do acadêmico na assistência integral aos adolescentes.
Referências: 1- Bocchi Edimar Alcides, Braga Fabiana Goulart Marcondes, Ferreira Silvia Moreira Ayub, Rohde Luis Eduardo Paim, Oliveira Wilson Alves de, Almeida Dirceu Rodrigues de et al . III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq. Bras. Cardiol. [Internet]. 2009 [cited 2017 June 01] ; 93( 1 Suppl 1 ): 3-70. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009002000001&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2009002000001.
2- Ponikowski P, Voors AA, Anker SD, Bueno H, Cleland JGF, Coats S ET AL. 2016 ESC guidelines from the daignosis and treatment of acute and chornic heart failure of the European society of Cardiology. European Heart Journal. 2016; 37, 2129-2200.
3- Lopes Camila Takáo, Carneiro Camila de Souza, Santos Vinicius Batista, Barros Alba Lúcia Bottura Leite de. Diagnósticos de enfermagem validados em cardiologia no Brasil: revisão integrativa de literatura. Acta paul. enferm. 2012 ; 25( spe1 ): 155-160.
4- Nanda International. Diagnósticos de enfermagem da Nanda: definições e classificação 2015-2017. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015
5- Oliveira MVL, Silva VM e Araujo TL Methods for Establishing the Accuracy of Clinical Indicators in Predicting Nursing Diagnoses. International Journal of Nursing Knowledge Volume 23, No. 3, October 2012 |