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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6058841

Prêmios


6058841

CUIDADOS RECEBIDOS ANTES E DURANTE A GESTAÇÃO: PERCEPÇÕES DE PUÉRPERAS E SEUS ACOMPANHANTES

Autores:
Luciana Cristina dos Santos Maus ; Maria de Jesus Hernandez Rodriguez ; Débora Batista Rodrigues ; Karina Graziela Jochem Marques

Resumo:
**Introdução: **O período gestacional e o nascimento de um bebê são momentos muito importantes na vida de uma mulher. Considerando que na gestação ela aumenta seu contato com os profissionais de saúde, toda equipe deve estar empenhada fazendo com que a mulher se sinta acolhida. Durante o pré-natal o profissional de saúde não deve ficar limitado ao seu atendimento e ao controle da gestação, mas também deve aproveitar a oportunidade para preparar a gestante para ser mãe, realizar orientações de acordo com suas necessidades, devendo abranger também orientações sobre o parto e o pós-parto, desempenhando um trabalho contínuo de cuidado integral à futura mãe e filho(1). Levando-se em consideração os cuidados e ações desenvolvidas para com a unidade mãe-filho, é obrigação dos profissionais da saúde orientar sobre os cuidados a serem realizados com o recém-nascido e estimular o vínculo mãe-filho(2). Nesta perspectiva, a importância do enfermeiro na prática do cuidado e assistência à mulher durante o ciclo gravídico-puerperal fica evidente. Desse modo, a presente pesquisa busca compreender como a puérpera e seu acompanhante perceberam os cuidados de enfermagem a eles prestados pela equipe de enfermagem antes e durante o pré-natal. **Objetivo: **Compreender a percepção das puérperas e seus acompanhantes em relação aos cuidados de enfermagem recebidos antes e durante a gestação. **Descrição metodológica: **Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, baseada nos princípios da _Grounded Theory_(3). Foram realizadas entrevistas com doze puérperas e seus acompanhantes no alojamento conjunto de duas maternidades públicas de Florianópolis/SC/Brasil, no período de fevereiro a julho de 2016. Também foram coletados dados da caderneta de gestante. Os critérios de inclusão das puérperas foram: ter completado 24 horas de pós-parto, residir no município da grande Florianópolis e ter realizado pelo menos uma consulta de pré-natal em algum Centro de Saúde que integra a Secretaria Municipal de Saúde do município. Também foram incluídos no estudo todos os acompanhantes das puérperas entrevistadas. Foram excluídas da pesquisa puérperas que não atendiam aos critérios acima e puérperas menores de 18 anos que não possuíam um acompanhante/responsável para assinar o termo de consentimento. A análise dos dados ocorreu através de codificação aberta e axial, em fases distintas, porém de maneira complementar e integrada. Assim sendo, a coleta e análise de dados ocorreram simultaneamente, conforme preconiza a _Grounded Theory_(3). Foram consideradas as recomendações da Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humanos(4), e a aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob os Pareceres nº 1.148.080 e nº 1.158.569. **Resultados: **Apesar da importância do cuidado pré-concepcional e planejamento familiar, estes não estão sendo considerados pelas mulheres e seus companheiros. Em relação aos cuidados pré-natais as gestantes iniciaram suas consultas nos Centros de Saúde assim que souberam da gestação, e a maioria das consultas realizadas foram intercaladas entre enfermeiros e médicos. Poucas entrevistadas mostraram insatisfação em relação aos cuidados e orientações recebidas. Algumas puérperas relataram não ter recebido os cuidados conforme gostariam, porém a maioria admitiu que os cuidados recebidos foram bons. Da mesma forma, a maioria dos participantes relataram que os enfermeiros foram muito atenciosos e que forneceram orientações com mais clareza. Após a análise das entrevistas foi construída uma categoria: O cuidado antes e durante a gestação. Esta apresentou cinco subcategorias assim transcritas. Na subcategoria Cuidado Pré-concepcional, das doze puérperas que participaram do estudo, apenas duas planejaram a gestação atual, sendo que apenas uma procurou orientação profissional pré concepcional. O fato da maioria não ter planejado a gestação, explica o motivo pelo qual também não tem procurado e nem recebido nenhum tipo de orientação antes da gestação. No entanto, fica evidente que há falhas relacionadas à saúde reprodutiva e/ou planejamento reprodutivo, pois as mulheres, apesar de não desejarem uma possível gravidez, acabam falhando quando se trata de preveni-la. Quanto a subcategoria Acompanhamento pré-natal, pôde-se observar que todas as entrevistadas realizaram entre quatro a quinze consultas, sendo estas em sua maioria intercaladas entre profissionais médicos e enfermeiros. Outro ponto a destacar é que cinco das entrevistadas realizaram o pré-natal sem acompanhante, quatro foram acompanhadas em todas as consultas e três tiveram acompanhante em algumas consultas. De acordo com o Protocolo de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde, as gestantes devem realizar, no mínimo, seis consultas de pré-natal, sendo que a primeira consulta deve ser realizada, preferencialmente, até a 12ª semana de gestação. A periodicidade das consultas deve ser mensal até a 36ª semana, uma consulta na 38ª semana e, a partir desta, semanal, até a 40ª semana e 6 dias(5). Cabe esclarecer que em relação à presença do acompanhante durante as consultas de pré-natal isto nem sempre foi incentivado. No entanto, o acompanhamento pré-natal não se reduz apenas às consultas, mas também à visita domiciliar e atividades educativas como grupos de gestantes. Entretanto, apenas duas gestantes participaram de grupos de gestantes. No que se refere à subcategoria Conhecimento sobre os direitos das gestantes, ficou evidente a limitação nas falas das participantes, sendo que duas puérperas referiram que não conheciam nenhum direito. Quanto à subcategoria Visita à maternidade antes do parto e maternidade de referência, nove das puérperas relataram não ter visitado a maternidade antes do parto, cinco delas por já conhecerem. Das demais, uma foi conhecer a maternidade através do grupo de gestantes, outra por conta própria, e uma através da visita agendada pelo Centro de Saúde onde estava cadastrada. Durante o pré-natal nenhuma das participantes foi orientada sobre qual seria sua maternidade de referência, ficando esta de livre escolha da gestante no momento do trabalho de parto. Em relação a subcategoria O autocuidado durante a gestação, as puérperas referiram que tomaram alguns cuidados, principalmente, relacionados à alimentação, ao ganho de peso, consumo de bebidas alcoólicas e cigarros e cuidado com a estética, para que a gestação transcorresse normalmente.  **Conclusão: **Através do presente estudo foi possível compreender a percepção das puérperas e seus acompanhantes em relação aos cuidados de enfermagem recebidos antes e durante a gestação, o que permitiu evidenciar potencialidades e fragilidades da realidade vivenciada pelos usuários do SUS que merecem ser destacados, pois por um lado nota-se satisfação por parte dos usuários em relação à assistência de enfermagem/saúde recebida, mas por outro lado também evidenciou-se várias fragilidades, tanto as relacionadas ao serviço e aos profissionais de saúde, como também às relacionadas aos próprios usuários que se mantém passivos diante do autocuidado como o planejar e/ou evitar uma gravidez, como também em relação à busca de informações como participar de grupos de gestantes para poderem exercer a sua autonomia/protagonismo durante o ciclo grávido puerperal. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **cabe à enfermagem em parceria com as equipes estratégia saúde da família e demais profissionais investir no planejamento reprodutivo e também em atividades educativas durante o acompanhamento pré-natal, pois estas duas ações tem se mostrado muito frágeis no que se refere à saúde reprodutiva e cuidados pré-natais. Além disso, promover a cidadania por meio do exercício da autonomia visando o empoderamento dos usuários torna-se fundamental frente a mudança do modelo assistencial para tornar a mulher/casal protagonista no processo de gestar, parir e nascer.  Considera-se igualmente que é preciso investir na mudança do modelo assistencial e na sistematização da assistência de enfermagem desde a formação dos profissionais de enfermagem/saúde.


Referências:
1. Instituto de Gestão em Saúde. Relatório de Gestão do Hospital de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro da Cruz. Goiânia; 2013. 2. Oliveira JLC, Nicola AL, Souza, AEBR. Índice de treinamento de enfermagem enquanto indicador de qualidade de gestão de recursos humanos. Rev Enferm UFSM 2014; (1):181-188. 3. Bittar OJN. Indicadores de qualidade e quantidade em saúde. RAS 2001; 3 (12): 21-28. 4. Costa DFM. Avaliação da Transferência de Aprendizagens: estudo de caso dos cursos CEPOL de Mentoring, Monitoring and Advising organizados pela GNR. [dissertação] Mestrado Integrado em Ciências Militares da Academia Militar de Portugal. Lisboa, 2017. 5. Jerico M, Castilho, V. Treinamento e desenvolvimento de pessoal de enfermagem: um modelo de planilha de custos. Rev Esc Enferm USP 2004; 38(3):326-31.