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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6032468

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6032468

VALIDAÇÃO DO DIAGNÓSTICO RECUPERAÇÃO CIRÚRGICA RETARDADA A PARTIR DO RELATO DO PACIENTE: ESTUDO QUALITATIVO

Autores:
Raquel Dias dos Santos Dantas ; Rosimere Ferreira Santana

Resumo:
Introdução: O diagnóstico de enfermagem Recuperação cirúrgica retardada apresenta destacada repercussão na vida do paciente, pois reflete as respostas do indivíduo à complicações cirúrgicas, como no retorno de suas atividades diárias, prolongamento do tempo de internação e consequentemente preocupação e ansiedade por parte dos pacientes1. O diagnóstico é definido como “a extensão do número de dias de pós-operatório necessários para iniciar e desempenhar as atividades que mantém a vida, a saúde e o bem-estar”2. A identificação deste diagnóstico contribui na orientação da  enfermeira para direcionar as intervenções sensíveis a recuperação plena, colaborando na redução complicações pós- operatórias. A enfermeira em sua prática assistencial deve validar a presença do diagnóstico com seu paciente, no intuito de obter diagnósticos mais acurados e intervenções mais eficazes3.Validar o diagnóstico com o paciente possibilita ao enfermeiro conhecer as perspectivas do paciente e como ele responde às diversas condições de saúde4. A validação dos diagnósticos corrobora para  determinar diagnósticos altamente acurados e desta forma contribuir para que as intervenções de enfermagem sejam as mais adequadas ao real estado do paciente. Objetivos: Descrever qual a percepção do paciente sobre a recuperação cirúrgica e identificar o grau de validação do diagnóstico a partir do relato do paciente Descrição Metodológica: Estudo descritivo, de abordagem qualitativa. O cenário trata de um hospital universitário do Estado do Rio de Janeiro.Os participantes da pesquisa foram adultos e idosos internados que obedecerem aos critérios de inclusão: estar com cinco dias ou mais de pós-operatório; pacientes com readmissão causada por complicações cirúrgicas; pacientes que sofreram nova abordagem cirúrgica além da programada. Os critérios de exclusão são: pacientes psiquiátricos, pacientes que apresentem dificuldades na fala e pacientes em cuidados de fim de vida.Adotou-se a entrevista semiestruturada composta pelas variáveis: gênero, faixa etária,ocupação/atividade e escolaridade, além de dados da cirurgia e especialidade cirúrgica.Foram usadas tais questões abertas: Como está sua recuperação cirúrgica? Quais as consequências do atraso na recuperação cirúrgica para sua vida? O que você deseja da sua internação hoje? Os dados foram colhidos de dezembro de 2017 a Fevereiro de 2018. Elegeu- se para a pesquisa 10 pacientes, identificados com entrevistados P1, P2, P3, sucessivamente.A pesquisa foi aprovada pelo CEP parecer CAAE: 36683714.9.0000.5243 . Todos os participantes  assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados: Quanto à caracterização dos sujeitos quanto ao gênero, seis do sexo feminino e quatro do sexo masculino. As modalidades cirúrgicas foram dois da ginecologia, quatro da cirurgia geral, dois da neurocirurgia, um da cirurgia torácica e um paciente da ortopedia. Quanto à escolaridade, três possuíam nível superior completo,três possuem ensino médio completo e quatro nível fundamental incompleto. De acordo com as falas dos entrevistados emergiram duas categorias:Categoria 1: percepção sobre a recuperação cirúrgica. Nessa categoria identificou-se que, os pacientes apresentam a percepção que sua recuperação está prolongada e descrevem os fatores relacionados e características definidoras em suas falas: Acho que está demorando muito pra me recuperar, já faz um tempo que operei e ainda não estou conseguindo andar, fico aqui no leito, tive que tomar banho no leito, pois ao tentar me levantar pra ir na cadeira senti muita dor e não consegui sustentar meu corpo.(P3-41 anos). [...] é muito ruim estar no hospital, você vir pro hospital  operar, ficar um pouco e ir embora não é nem tão ruim, mas passar tanto tempo aqui igual eu estou deitado numa cama dessa, anoitecendo e amanhecendo é ruim demais”(P4- 66 anos). Não estou conseguindo me levantar sozinho, para o banho as pessoas me ajudam vou de cadeira, o resto do tempo fico na cama. É difícil para me movimentar. Sei que vai demorar um pouco mais para eu me recuperar totalmente.[P5- 49 anos].Os pacientes reconhecem que há um prolongamento do tempo para sua recuperação e relatam a percepção que será necessário mais tempo para se recuperar, mobilidade prejudicada e dor,que são características definidoras e fatores relacionados, o que permite a enfermeira validar o diagnóstico com o paciente, alcançando alto grau de acurácia. Categoria 2: Consequências do retardo na recuperação cirúrgica.Nessa categoria, são expressas as repercussões do retardo na recuperação na vida do paciente.Sou autônoma estou aqui e não posso trabalhar. Não sei como vai ser, se não estou conseguindo nem andar, antes da cirurgia eu andava, sentia muita dor, mas andava, agora estou aqui esse tempo todo e meu trabalho está parado, não sei como vai ser.(P3- 41 anos)[..]antes de operar eu dirigia meu caminhão, fazia mudanças, eu tinha um caminhão de mudança. Hoje eu não posso porque sai muita secreção aqui.(P7-66 anos). A Recuperação cirúrgica retardada interfere no retorno as atividades como fazer comprar, nas funções domésticas e nas atividades laborais. Além disso, leva ao afastamento da família devido ao longo tempo de internação, gera tristeza, ansiedade e incerteza por parte dos pacientes devido a percepção de que a recuperação plena pode não ser alcançada. Estes dados realçam a importância do diagnóstico para enfermagem perioperatória.Conclusão: O prolongamento da internação devido a recuperação cirúrgica retardada, acarreta o afastamento do convívio familiar, dificuldades econômicas devido ao afastamento das atividades laborais, o que gera tristeza e ansiedade por parte do paciente e família.  O diagnóstico recuperação cirúrgica retardada apresenta impacto tanto na vida do paciente, quanto para sua família, portanto sua identificação precoce e acurada colabora para a implementação de intervenções que auxiliem no alcance da recuperação plena. Contribuições/Implicações para enfermagem: O estudo corrobora com a literatura científica na afirmação da necessidade de validar o diagnóstico com o paciente, e sua valoração no cotidiano do indivíduo auxilia a enfermeira a decidir sobre as intervenções com maior precisão e assertividade.


Referências:
1 BRASIL. Lei do Exercício Profissional nº 7.498/86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e da outras providências. Publicada no Diário Oficial da União de 26 de junho de 2986 2 Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN n? 358 de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - nas Instituições de Saúde Brasileiras. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Enfermagem; 2009 3 Natália N. Felix; Cléa D.S. Rodrigues; Viviane D.C. Oliveira2. Desafios encontrados na realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em unidade de pronto atendimento. Desafios encontrados na realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em unidade de pronto atendimento. ArqCiênc Saúde 2009 out-dez; 16(4):155-60. Disponível em: http://repositorio-racs.famerp.br/racs_ol/vol-16-4/IDK2_out-dez_2010.pdf. Acessado em: 22 de março de 2018. 4 Backes Dirce Stein, Koerich Magda Santos, Nascimento Keyla Cristiane do, ErdmannAlacoqueLorenzini. Sistematização da assistência de enfermagem como fenômeno interativo e multidimensional. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2008 Dec [cited 2018 Mar 15]; 16(6): 979-985. Availablefrom: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692008000600007&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692008000600007