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6013548 | ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO EM UMA COMISSÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE GRANDE PORTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Maria do Carmo Rocha ; Thiane Mergen ; Amalia de Fatima Lucena ; Elisangela Souza ; Viviana Brixner Jost Vjost |
Resumo: INTRODUÇÃO: De acordo com a resolução 358/2009 do Conselho Federal de
Enfermagem, a Sistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalho
profissional e torna possível a operacionalização do Processo de Enfermagem
(PE), que é um instrumento metodológico norteador do cuidado e da documentação
da prática profissional, dando reconhecimento e visibilidade ao trabalho e
contribuindo para a produção de evidências científicas nos mais diferentes
níveis de atenção à saúde da população. São cinco as etapas envolvidas na
aplicação do PE: a I etapa, da Coleta de Dados de Enfermagem ou Histórico de
Enfermagem, que se destina ao levantamento de informações sobre o indivíduo,
família ou coletividade; a II etapa, do Diagnóstico de Enfermagem, onde o
enfermeiro deve interpretar os dados levantados e definir conceitos
diagnósticos que servirão de norteio para a escolha de cuidados a serem
prescritos posteriormente; a III etapa do Planejamento de Enfermagem que
define quais resultados se desejam atingir e quais serão as ações necessárias
ao seu alcance; a IV etapa, da Implementação que é propriamente dita, a
aplicação das ações previamente planejadas e por fim, V etapa, da Avaliação de
Enfermagem que, consiste na avaliação contínua de mudanças nas respostas do
indivíduo, família ou coletividade após a aplicação das ações de enfermagem. A
mesma resolução destaca que as etapas devem ser inter-relacionadas,
interdependentes e recorrentes sendo dever do enfermeiro realizar o PE de modo
deliberado e sistemático em todos os ambientes em que se prestam cuidados de
enfermagem1. Associado a isso e vivenciando um aumento na complexidade do
cuidado de enfermagem, consequente ao avanço científico-tecnológico, e
observando uma necessidade por desenvolver habilidades intelectuais, técnicas
e interpessoais2, foi formalizada a Comissão do Processo de Enfermagem (COPE),
através de um ato institucional. Desde então, a COPE busca qualificar a
assistência de enfermagem alicerçada no PE, com constante inovação, como por
exemplo a utilização dos padrões internacionais de qualidade e segurança do
paciente preconizados pela Joint Comission International (JCI)3. Neste
contexto, busca-se padrões internacionais de qualidade à operacionalização do
PE e, consequentemente, uma assistência mais segurança ao paciente. A COPE
também desenvolve e acompanha indicadores assistenciais de enfermagem
utilizando-os como ferramentas que permitem acompanhar de forma sistemática o
processo de trabalho buscando melhorias. Seguindo essa mesma direção, também
são de suma importância as atividades de educação permanente de enfermeiros e
equipe de enfermagem que, junto as melhorias e aporte de novas ferramentas,
refletem em resultados positivos nos registros de enfermagem e na adesão às
novas práticas e a nova cultura de qualidade e segurança da assistência a
saúde 3,4.OBJETIVO: Descrever as atividades desenvolvidas pelos enfermeiros
participantes da COPE relativas a aplicação do PE em suas diferentes etapas.
DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um relato de experiência de enfermeiras de
um Hospital Universitário do Sul do Brasil, que atuam para qualificação do PE
através de um grupo intitulado Comissão do Processo de Enfermagem-COPE.
RESULTADOS: O PE é aplicado nesta Instituição desde a década de 1970, sendo
informatizado no ano de 2000, com a inclusão da etapa de Diagnóstico de
Enfermagem com base na terminologia da NANDA International, de modo a
facilitar a sua operacionalização. Por ser informatizado, permite modificações
e visualizações em tempo real, acompanhando a dinamicidade das mudanças
clínicas e de plano terapêutico do paciente. Compõe esta comissão duas
enfermeiras com carga horária integral de 36 horas semanais, 17 enfermeiros
assistenciais que dedicam de 03 a 06hs de sua jornada de trabalho na COPE
através de trabalho denominado Ação Diferenciada (AD) e 03 professores da
escola de enfermagem, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. A
comissão conta também com enfermeiros representantes de cada unidade
assistencial que formam os Petit comitês que apoiam nas atividades propostas.
A COPE busca constantemente atender a necessidade de atualização do saber
relativo ao PE, por meio de atividades categorizadas em:
administrativas/gerenciais, educativas, de pesquisa e da prática clínica. Nas
atividades administrativas destacam-se gerenciamento de reuniões, organização
de materiais para discussão e estudo, elaboração de comunicações relativas ao
PE e boletim informativo trimestral, agendamento de capacitações referentes ao
PE, avaliação mensal de prontuários e participação em eventos científicos. Nas
atividades educativas destacam-se: capacitação de enfermeiros e técnicos de
enfermagem recém admitidos, residentes e acadêmicos da área de enfermagem para
a operacionalização do PE, e educação permanente dos profissionais da
instituição, além de acompanhamento de visitantes com interesse em conhecer o
funcionamento da COPE e aplicação do PE. Ainda no quesito educação, a COPE
realiza estudos clínicos mensais que, no ano de 2017 totalizaram 13 estudos.
As discussões dos casos favorecem a integração de diferentes áreas, exercício
de acurácia diagnóstica e partilha de experiências e saberes, o que gera
propostas de modificações no sistema eletrônico, com adequação e inserção de
novos diagnósticos e/ou cuidados de enfermagem3. A COPE também realiza
intervenções específicas relacionadas à acreditação hospitalar com foco na
qualidade do atendimento e segurança para pacientes e profissionais, já que em
2013 a instituição garantiu o primeiro selo de acreditação da JCI e novamente
em 2017. Muito disso se deve ao caráter permanente de atuação da COPE em
várias frentes e projetos institucionais que visam melhor operacionalizar a
assistência ao paciente. Ao buscar-se atingir os requisitos exigidos pela JCI,
otimiza-se a qualidade da assistência à saúde, promovendo colaboração interna
entre departamentos, processos e membros da equipe que, junto com a COPE,
buscam o alcance de novas metas 4. Nas atividades de pesquisa, a COPE atua em
conjunto a UFRGS produzindo pesquisas do PE, participando de eventos
científicos nacionais e internacionais e realizando publicações de manuais,
livros e artigos científicos. Isso confere atualização permanente3. Por fim,
nas atividades de prática clínica, são constantes os desafios associados à
sistematização da assistência de enfermagem por ser um processo cíclico,
dinâmico e reflexivo. A COPE atua com vigor para manter sempre inovada e cada
dia mais acessível a aplicação de cada etapa do PE. A exemplo disso, ocorre
ativa parceria junto ao setor de tecnologia da informação, com o objetivo de
implementar facilidades no sistema e mantê-lo atualizado atendendo as
necessidades dos profissionais e, consequentemente, qualificando a
assistência. No ano de 2017 foram revisados/incluídos 07 Diagnósticos de
Enfermagem, 32 cuidados de enfermagem e 19 características definidoras/sinais
e sintomas. A COPE atua integrada a outros grupos e áreas da instituição, como
no Comitê de Governança Digital, Comissão de Prontuários; Subcomissão de
Revisão de Prontuários; Grupo de Educação de Pacientes e Familiares; Comissão
de Normas e Rotinas; Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas; Conselho
editorial; Projeto Beiro do Leito; Grupo de Trabalho da Perroca e Desliga
AGHweb. CONCLUSÃO: A atuação das enfermeiras na COPE permite uma atuação
direta do enfermeiro em todas as etapas do PE através de ações gerenciais,
educativas e de pesquisa. Possibilita aprimorar, dia a dia, a sistematização
da assistência de enfermagem e a operacionalização do PE, utilizando-se de
novas ferramentas tecnológicas que, unidas a padrões internacionais, garantem
uma melhor segurança e qualidade da assistência de enfermagem à saúde.
IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: O exemplo da atuação de enfermeiros em uma
comissão organizada e permanente, com enfoque em melhorias a aplicação do PE,
fornece subsídios e um novo olhar para a prática profissional de enfermagem,
além de impulsionar outras áreas/instituições para que busquem inovação na
aplicação do PE.
Referências: 1 Borges AAO, Andrade RD, Carmo TMD, Goulart MJP, Souza GD. Cotidiano de trabalho de uma associação de trabalhadores de recicláveis. Ciência et Praxis v. 6, n. 12, (2013). Disponível em: http://revista.uemg.br/index.php/praxys/article/viewFile/2124/1116; 2 Fontana RT, Riechel B, Freitas CW, Freitas N. A saúde do trabalhador da reciclagem do resíduo urbano. Rev. Visa em Debate Vigil. sanit. debate 2015;3(2):29-35. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/292/216; 3 Leal AC, Júnior AT, Gonçalves MA, etal. A reinserção do lixo na sociedade do capital: uma contribuição ao entendimento do trabalho na catação e na reciclagem. Rev. Terra Livre n. 19 (2002). Disponível em: http://www.agb.org.br/publicacoes/index.php/terralivre/article/view/165/151; |