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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 6013548

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6013548

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO EM UMA COMISSÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE GRANDE PORTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Maria do Carmo Rocha ; Thiane Mergen ; Amalia de Fatima Lucena ; Elisangela Souza ; Viviana Brixner Jost Vjost

Resumo:
INTRODUÇÃO: De acordo com a resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem, a Sistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalho profissional e torna possível a operacionalização do Processo de Enfermagem (PE), que é um instrumento metodológico norteador do cuidado e da documentação da prática profissional, dando reconhecimento e visibilidade ao trabalho e contribuindo para a produção de evidências científicas nos mais diferentes níveis de atenção à saúde da população. São cinco as etapas envolvidas na aplicação do PE: a I etapa, da Coleta de Dados de Enfermagem ou Histórico de Enfermagem, que se destina ao levantamento de informações sobre o indivíduo, família ou coletividade; a  II etapa, do Diagnóstico de Enfermagem, onde o enfermeiro deve interpretar os dados levantados e definir conceitos diagnósticos que servirão de norteio para a escolha de cuidados a serem prescritos posteriormente; a III etapa do Planejamento de Enfermagem que define quais resultados se desejam atingir e quais serão as ações necessárias ao seu alcance; a IV etapa, da Implementação que é propriamente dita, a aplicação das ações previamente planejadas e por fim, V etapa, da Avaliação de Enfermagem que, consiste na avaliação contínua de mudanças nas respostas do indivíduo, família ou coletividade após a aplicação das ações de enfermagem. A mesma resolução destaca que as etapas devem ser inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes sendo dever do enfermeiro realizar o PE de modo deliberado e sistemático em todos os ambientes em que se prestam cuidados de enfermagem1. Associado a isso e vivenciando um aumento na complexidade do cuidado de enfermagem, consequente ao avanço científico-tecnológico, e observando uma necessidade por desenvolver habilidades intelectuais, técnicas e interpessoais2, foi formalizada a Comissão do Processo de Enfermagem (COPE), através de um ato institucional. Desde então, a COPE busca qualificar a assistência de enfermagem alicerçada no PE, com constante inovação, como por exemplo a utilização dos padrões internacionais de qualidade e segurança do paciente preconizados pela Joint Comission International (JCI)3. Neste contexto, busca-se padrões internacionais de qualidade à operacionalização do PE e, consequentemente, uma assistência mais segurança ao paciente. A COPE também desenvolve e acompanha indicadores assistenciais de enfermagem utilizando-os como ferramentas que permitem acompanhar de forma sistemática o processo de trabalho buscando melhorias. Seguindo essa mesma direção, também são de suma importância as atividades de educação permanente de enfermeiros e equipe de enfermagem que, junto as melhorias e aporte de  novas ferramentas, refletem em resultados positivos nos registros de enfermagem e na adesão às novas práticas e a nova cultura de qualidade e segurança da assistência a saúde 3,4.OBJETIVO: Descrever as atividades desenvolvidas pelos enfermeiros participantes da COPE relativas a aplicação do PE em suas diferentes etapas. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um relato de experiência de enfermeiras de um Hospital Universitário do Sul do Brasil, que atuam  para qualificação do PE através de um grupo intitulado Comissão do Processo de Enfermagem-COPE. RESULTADOS: O PE é aplicado nesta Instituição desde a década de 1970, sendo informatizado no ano de 2000, com a inclusão da etapa de Diagnóstico de Enfermagem com base na terminologia da NANDA International, de modo a facilitar a sua operacionalização. Por ser informatizado, permite modificações e visualizações em tempo real, acompanhando a dinamicidade das mudanças clínicas e de plano terapêutico do paciente. Compõe esta comissão duas enfermeiras com carga horária integral de 36 horas semanais, 17 enfermeiros assistenciais que dedicam de 03 a 06hs de sua jornada de trabalho na COPE através de trabalho denominado Ação Diferenciada (AD) e 03 professores da escola de enfermagem, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. A comissão conta também com enfermeiros representantes de cada unidade assistencial que formam os Petit comitês que apoiam nas atividades propostas. A COPE busca constantemente atender a necessidade de atualização do saber relativo ao PE, por meio de atividades categorizadas em: administrativas/gerenciais, educativas, de pesquisa e da prática clínica. Nas atividades administrativas destacam-se gerenciamento de reuniões, organização de materiais para discussão e estudo, elaboração de comunicações relativas ao PE e boletim informativo trimestral, agendamento de capacitações referentes ao PE, avaliação mensal de prontuários e participação em eventos científicos. Nas atividades educativas destacam-se: capacitação de enfermeiros e técnicos de enfermagem recém admitidos, residentes e acadêmicos da área de enfermagem para a operacionalização do PE, e educação permanente dos profissionais da instituição, além de acompanhamento de visitantes com interesse em conhecer o funcionamento da COPE e aplicação do PE. Ainda no quesito educação, a COPE realiza estudos clínicos mensais que, no ano de 2017 totalizaram 13 estudos. As discussões dos casos favorecem a integração de diferentes áreas, exercício de acurácia diagnóstica e partilha de experiências e saberes, o que gera propostas de modificações no sistema eletrônico, com adequação e inserção de novos diagnósticos e/ou cuidados de enfermagem3. A COPE também realiza intervenções específicas relacionadas à acreditação hospitalar com foco na qualidade do atendimento e segurança para pacientes e profissionais, já que em 2013 a instituição garantiu o primeiro selo de acreditação da JCI e novamente em 2017. Muito disso se deve ao caráter permanente de atuação da COPE em várias frentes e projetos institucionais que visam melhor operacionalizar a assistência ao paciente. Ao buscar-se atingir os requisitos exigidos pela JCI, otimiza-se a qualidade da assistência à saúde, promovendo colaboração interna entre departamentos, processos e membros da equipe que, junto com a COPE, buscam o alcance de novas metas 4. Nas atividades de pesquisa, a COPE atua em conjunto a UFRGS produzindo pesquisas do PE, participando de eventos científicos nacionais e internacionais e realizando publicações de manuais, livros e artigos científicos. Isso confere atualização permanente3. Por fim, nas atividades de prática clínica, são constantes os desafios associados à sistematização da assistência de enfermagem por ser um processo cíclico, dinâmico e reflexivo. A COPE atua com vigor para manter sempre inovada e cada dia mais acessível a aplicação de cada etapa do PE. A exemplo disso, ocorre ativa parceria junto ao setor de tecnologia da informação, com o objetivo de implementar facilidades no sistema e mantê-lo atualizado atendendo as necessidades dos profissionais e, consequentemente, qualificando a assistência. No ano de 2017 foram  revisados/incluídos 07 Diagnósticos de Enfermagem, 32 cuidados de enfermagem e 19 características definidoras/sinais e sintomas. A COPE atua integrada a outros grupos e áreas da instituição, como no Comitê de Governança Digital, Comissão de Prontuários; Subcomissão de Revisão de Prontuários; Grupo de Educação de Pacientes e Familiares; Comissão de Normas e Rotinas; Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas; Conselho editorial; Projeto Beiro do Leito; Grupo de Trabalho da Perroca e Desliga AGHweb. CONCLUSÃO: A atuação das enfermeiras na COPE permite uma atuação direta do enfermeiro em todas as etapas do PE através de ações gerenciais, educativas e de pesquisa. Possibilita aprimorar, dia a dia, a sistematização da assistência de enfermagem e a operacionalização do PE, utilizando-se de novas ferramentas tecnológicas que, unidas a padrões internacionais, garantem uma melhor segurança e qualidade da assistência de enfermagem à saúde. IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: O exemplo da atuação de enfermeiros em uma comissão organizada e permanente, com enfoque em melhorias a aplicação do PE, fornece subsídios e um novo olhar para a prática profissional de enfermagem, além de impulsionar outras áreas/instituições para que busquem  inovação na aplicação do PE.


Referências:
1 Borges AAO, Andrade RD, Carmo TMD, Goulart MJP, Souza GD. Cotidiano de trabalho de uma associação de trabalhadores de recicláveis. Ciência et Praxis v. 6, n. 12, (2013). Disponível em: http://revista.uemg.br/index.php/praxys/article/viewFile/2124/1116; 2 Fontana RT, Riechel B, Freitas CW, Freitas N. A saúde do trabalhador da reciclagem do resíduo urbano. Rev. Visa em Debate Vigil. sanit. debate 2015;3(2):29-35. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/292/216; 3 Leal AC, Júnior AT, Gonçalves MA, etal. A reinserção do lixo na sociedade do capital: uma contribuição ao entendimento do trabalho na catação e na reciclagem. Rev. Terra Livre n. 19 (2002). Disponível em: http://www.agb.org.br/publicacoes/index.php/terralivre/article/view/165/151;