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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 5981759

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5981759

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA CIÊNCIA ENFERMAGEM: bases teóricas e o processo de enfermagem

Autores:
Virna Ribeiro Feitosa Cestari ; Thiago Santos Garces ; Thereza Maria Magalhães Moreira ; Raquel Sampaio Florêncio

Resumo:
**Introdução: **Ao longo de sua evolução, a enfermagem vem se constituindo como ciência na área da saúde, com vistas a produzir seu próprio corpo de conhecimentos. A complexidade e o dinamismo que envolvem o processo saúde-doença do indivíduo exige da enfermagem um cuidado abrangente e resolutivo, compreendendo aspectos técnicos-científicos, éticos, estéticos, filosóficos, humanísticos e culturais. Os princípios técnicos e fundamentos da profissão só ganharam espaço com Florence Nightingale, cujas concepções teórico-filosóficas de enfermagem desenvolvidas foram embasadas em observações sistematizadas(1). Desde então, cresce a concepção de enfermagem como ciência. **Objetivo: **Refletir acerca do conhecimento da ciência Enfermagem, com base em sua trajetória histórica. **Método: **Trata-se de um estudo teórico-reflexivo, elaborado a partir da leitura de artigos científicos que referenciam à construção do conhecimento da Enfermagem. O levantamento bibliográfico dos artigos que compuseram esse estudo foi realizado por meio de busca eletrônica nas bases de dados da área da saúde: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), _Scientific Electronic Library Online_ (SCIELO) e Base de Dados da Enfermagem (BDENF). A equação para a busca dos artigos foi “enfermagem” AND “processo de enfermagem” AND “raciocínio clínico”, no mês de janeiro de 2018. A leitura extensa e exaustiva dos artigos selecionados possibilitou a criação de dois pontos norteadores de reflexão: a construção do conhecimento da ciência Enfermagem e a Enfermagem como ciência. **Resultados: **A construção do conhecimento da ciência Enfermagem passa por três momentos históricos: o surgimento da enfermagem moderna; a formação de sua base científica com as teorias de enfermagem; e a tentativa de padronização da linguagem com o Processo de Enfermagem (PE), por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Florence Nightingale pôde desenvolver-se e habilitar-se na arte da enfermagem, principalmente na Guerra da Criméia (1954–1956), onde se destacou pelo desenvolvimento de um trabalho inovador de assistência aos enfermos e de organização na infraestrutura, com redução das taxas de mortalidade(1). A observação da prática e a reflexão de Florence levaram ao consenso de que os conceitos centrais da enfermagem eram os seres humanos, o ambiente, a saúde e a própria enfermagem. Assim, a Enfermagem Moderna, caminhou para adoção de uma prática baseada em conhecimentos científicos, abandonando gradativamente a postura de atividade caritativa, iminentemente intuitiva e empírica. As contribuições de Florence foram inúmeras, com destaque para o resgate das condições sanitárias ao ambiente e higiene; aperfeiçoamento dos cuidados; reorganização da enfermagem; buscou a mudança da estrutura hospitalar; melhorou o status e o treinamento dos enfermeiros; e contribuiu para a construção do ensino de enfermagem, pelos seus saberes e práticas relacionadas à profissão, instituindo questões relacionadas à inclusão do holismo na educação em enfermagem(1-2). Reforçando o cuidado científico da visão nigthingaleana, surgem as teorias de enfermagem como uma estratégia para a criação de um espaço de conhecimentos próprios. O desenvolvimento das teorias representou uma tentativa de ampliação ou renovação de conhecimento, como um saber específico para a enfermagem. Segundo Bousso, Poles e Cruz(3) as teorias de enfermagem possibilitam definir, caracterizar e explicar/compreender/interpretar os fenômenos que configuram domínio de interesse da profissão. Por conseguinte, auxiliam a compreensão da realidade, favorecendo a reflexão e a crítica e fundamentado o Processo de Enfermagem (PE). O PE destaca-se como um ponto essencial na cientificidade da prática da enfermagem e evolução da profissão. É um método para organização e prestação do cuidado. A aplicação do PE está associada a inúmeros benefícios para o paciente e o profissional de enfermagem, como: permite que o paciente participe no cuidado; focaliza não apenas o problema de saúde, mas o indivíduo dentro da sua complexidade e singularidade; fornece a base para a precisão e pensamento disciplinado nas situações diárias; permite o desenvolvimento do pensamento crítico e raciocínio seguro e eficaz para o alcance de resultados positivos em saúde; agiliza o diagnóstico de enfermagem e tratamento de problemas de saúde reais, reduzindo a duração da hospitalização; e contribui para o crescimento da profissão(4). Percebe-se, portanto, que a utilização do PE fundamentado na SAE possibilita a otimização e qualificação do cuidado prestado ao paciente. O desenvolvimento e as ações de cuidados prestadas pelo enfermeiro dentro do PE devem ser pautados no pensamento crítico. Na enfermagem, o pensamento crítico é considerado um componente essencial da responsabilidade profissional e de qualidade do cuidado. Ele permite que as ações desenvolvidas pelo enfermeiro se destaquem cientificamente, cominando no raciocínio clínico. Percebe-se, portanto, que raciocínio clínico e pensamento crítico são interligados. O pensamento crítico envolve algumas habilidades e atitudes necessárias ao desenvolvimento do raciocínio clínico, o qual se baseia ainda nos conhecimentos existentes e no contexto (metas possíveis, desejos do usuário, recursos disponíveis)(1). Por fim, não se pode falar de ciência sem que se fale, ainda, de pesquisa, definida pela aplicação de teorias e métodos. A pesquisa como método científico de aprendizagem é de suma importância para a absorção das experiências já conhecidas e relatadas. Os resultados provenientes de uma pesquisa na área de enfermagem direcionam aos mais variados caminhos, desde a formulação de um planejamento especifico para uma área ou grupo, até para a intervenção em grandes massas da sociedade. Neste sentindo, o desenvolvimento do conhecimento de enfermagem reflete a interface entre a ciência e a pesquisa em enfermagem(5). A finalidade definitiva do desenvolvimento do conhecimento cientifico é melhorar a prática de enfermagem, pois fornece alicerce forte para avaliar criticamente a prática em relação aos achados de pesquisa e promover mudanças baseadas em evidências. **Conclusão: **A trajetória dos conhecimentos de enfermagem serve para elucidar o cenário vivido e proporcionar um meio de compreensão acerca da sua reflexão. O conhecimento da sua cultura, política e história possibilita o aperfeiçoamento do cuidado, além de destacar que a enfermagem é uma profissão indispensável à saúde do indivíduo e coletividade. A trajetória da enfermagem no campo científico indica o modo como as enfermeiras vêm desenvolvendo a ciência da enfermagem, em um processo de (re)construção do conhecimento. **Contribuições/implicações para a enfermagem**. O estudo favorece a reflexão sobre o cuidado e, por conseguinte, seu aperfeiçoamento, além de permitir analisar os caminhos percorridos pela enfermagem até então, sinalizando lacunas e pontos de aperfeiçoamento.


Referências:
1. National Pressure Ulcer Advisory Panel; European Pressure Ulcer Advisory Panel; Pan Pacific Pressure Injury Alliance. Prevention and treatment of pressure ulcers: quick reference guide. Cambridge Media: Perth, Australia; 2014; 2. Rogenski NMB, Kurcgant P. Incidência de úlceras por pressão após a implementação de um protocolo de prevenção. Rev Latino-Am Enf. 2012; 20 (2): 333-39; 3. Botelho L, Cunha C, Macedo M. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade. 2011; 5 (11): 121-36; 4. Benevides JL, Coutinho JFV, Tomé MABG, Gubert FA, Silva TBC, Oliveira SKP. Estratégias de enfermagem na prevenção de úlceras por pressão na terapia intensiva: revisão integrativa. Rev enferm UFPE on line. 2017; 11 (5): 1943-52.