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5935809 | INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM “ACOMPANHAMENTO POR TELEFONE” NOS IDOSOS EM PÓS-OPERATÓRIO DE FACECTOMIA: SUGESTÕES A NIC | Autores: Tallita Mello Delphino ; Rosimere Ferreira Santana |
Resumo: **Introdução: **À medida que se envelhece aumenta-se a vulnerabilidade dos idosos às doenças comuns ao envelhecimento, dentre elas a catarata, que consiste na opacidade parcial ou total do cristalino (1). Esse quadro é passível de reversão por intervenção cirúrgica apropriada, denominado facectomia, também conhecida como cirurgia de extração de catarata. O aumento na realização de cirurgia de facectomia traz necessidade de estratégias que auxiliem no seguimento pós-operatório e minimização de complicações(2). Dentre essas estratégias destacam-se o uso do acompanhamento por telefone, vídeo conferência e mensagens de celular(3). Segundo a Classificação das Intervenções de Enfermagem (_Nursing Interventions Classification _- NIC)(4) o acompanhamento por telefone permite aos profissionais especializados monitorar à distância as condições de saúde de um paciente para atuar em situações de anormalidades, além de oferecer resultados de exames e avaliação da reação do paciente a determinado tratamento. Para a realização das ligações telefônicas considerou-se as especificações da Classificação das Intervenções de Enfermagem (Nursing Interventions Classification – NIC)(4), sobre a intervenção acompanhamento por telefone. Estudos apontam que o acompanhamento por telefone esteve relacionado à continuidade dos cuidados, oferecendo ensino e orientações pertinentes no pós-operatório, conforme necessidade de cada paciente(2,3). Com avanço da tecnologia da informação a telefonia móvel e os smartphones, têm-se tornado parte da vida das pessoas em todo o mundo e, vem de mesmo modo sendo incorporado na assistência a saúde. **Objetivo:** Analisar a intervenção acompanhamento por telefone nos idosos em pós-operatório de facectomia. **Método:** Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, para avaliação do acompanhamento por telefone realizado pela enfermeira aos idosos em pós-operatório de extração de catarata, desenvolvido em dois hospitais localizados no município de Niterói-RJ, no período de agosto de 2014 a dezembro de 2015. Os sujeitos da pesquisa foram 48 idosos em pós operatório de facectomia, que consistiu em 04 ligações no período das 04 semanas e foi realizado pela enfermeira pesquisadora através de um instrumento de ligação semiestruturado, contendo perguntas sobre a recuperação pós-operatória e orientações referentes aos cuidados em domicílio obtidos segundo revisão sistemática da literatura. A primeira ligação foi realizada no 1º dia de pós-operatório, a segunda ligação no 4º dia de pós-operatório, a terceira ligação no 10º dia de pós-operatório e a quarta ligação no 20º dia de pós-operatório, como orientado pela literatura(1,2). As ligações foram realizadas na sala de telemonitoramento localizada no prédio da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, durante a semana, no horário de 8 às 18h. Ao final da ligação, a pesquisadora realizou agendamento da próxima ligação no dia e horário de preferência do participante. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário sob o parecer de nº 791.556. **Resultados: **A primeira ligação durou em média aproximadamente 18,1 minutos, a segunda e terceira duraram em média 13,7 minutos e a quarta ligação durou em média 13,3 minutos. A intervenção acompanhamento por telefone foi sustentada pelas orientações referentes ao controle da dor e do desconforto, uso do tampão ocular e do óculos escuro, cuidados na limpeza do olho operado e a utilização do colírio, além de orientações quanto ao autocuidado, à alimentação, ingestão hídrica, e controle de náusea e vômitos. Cabe ressaltar que houve 100% da continuidade no acompanhamento e todos os sujeitos interagiram com a enfermeira no telefone. Entretanto, quando as orientações estavam relacionadas aos cuidados na limpeza do olho operado e na utilização do colírio, solicitou-se a replicação da intervenção para o cuidador direto e/ou familiar. Houve grande demanda de orientações no D1 e no D4 de pós-operatório, principalmente referente ao controle do desconforto, uso do tampão ocular, limpeza do olho operado, utilização do colírio, uso do óculos escuro e orientações quanto ao auto-cuidado. As principais intervenções realizadas no 1º e 4º dia de pós-operatório, foram: realização da limpeza do olho operado (100%); utilização do colírio (100%); uso do óculos escuro (100%); desconforto (79%) e orientações quanto ao autocuidado (83,3%). Nota-se também que as orientações referentes ao uso do tampão ocular e ao controle da náusea e do vômito não foram necessárias durante as ligações no D10 e no D20 de pós-operatório, tendo em vista que correspondem a intervenções pós-operatórias imediatas. O acompanhamento por telefone auxiliou significativamente na redução de desconforto (p=0,001), dor (p=0,003), evidência de interrupção na cicatrização da área cirúrgica (p=0,000), infecção pós-operatória no local da cirurgia (p=0,000), sentimento de ansiedade (p=0,000), sentimento de preocupação(p=0,031), além de melhorar a capacidade para o autocuidado e para movimentação. Dessa forma, o acompanhamento por telefone demonstrou-se como significativa intervenção de enfermagem no pós-operatório de idosos submetidos à cirurgia de facectomia, pois permitiu o seguimento do paciente após a alta hospitalar, com orientações relevantes para recuperação cirúrgica no menor tempo possível, como também para independência e autonomia do idoso. **Conclusão: **A intervenção por telefone aplicada aos sujeitos em pós-operatório em domicílio representou uma expansão dos cuidados de enfermagem perioperatórios através do uso da tecnologia de informação de baixo custo e alta acessibilidade. Sua efetividade esteve presente através da possibilidade de monitoramento da adesão ao regime terapêutico proposto, no auxílio a tomada de decisão em domicílio, no suporte e apoio para retomar a rotina de autocuidado, com respeito à singularidade de cada indivíduo e, conseqüentemente, na Recuperação cirúrgica no tempo estimado no grupo experimento. Os pacientes acompanhados por telefone incorporaram de maneira mais regular hábitos saudáveis, compreenderam e praticaram cuidados em domicílio com maior segurança e frequência. O acompanhamento por telefone permitiu melhora na qualidade de vida, maior controle das complicações pós-operatórias, e maior adesão aos tratamentos propostos e aos cuidados em domicílio. **Contribuições para Enfermagem:** O acompanhamento por telefone realizado pela enfermeira esteve relacionado à continuidade dos cuidados e permitiu orientações pertinentes no pós-operatório. Acredita-se que o presente estudo contribui para a área de conhecimento da enfermagem por permitir discussão sobre o uso de novas tecnologias na assistência à saúde, e por demonstrar que o uso do acompanhamento por telefone realizado pela enfermeira a pacientes submetidos à cirurgia de facectomia pode diminuir a ocorrência de complicações pós-operatórias e favorecer a recuperação cirúrgica dos idosos. Sendo assim, as tecnologias incorporadas na prática clínica, são uma importante ferramenta, desde que sejam integradas ao cuidado humano nas suas múltiplas dimensões e especificidades.
Referências: 1. KOLB, D. (1984). Experiential learning. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice Hall.
2. ARAÚJO, A. L. L. S.; QUILICI, A. P. Simulação Clínica: do conceito à aplicabilidade. São Paulo: Editora Atheneu, 2012. p. 1-16.
3. OLIVEIRA, S. N. Simulação Clínica com participação de atores para o ensino da consulta de enfermagem: Uma Pesquisa-Ação. 2013. 179f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.
4. PIMENTEL, A. A teoria da aprendizagem experiencial como alicerce de estudos sobre desenvolvimento profissional. Rev Estudos de Psicologia 2007: 12(2), 159-168.
5. BLAND, A. J.; TOPPING, A. WOOD, B. A concept analysis of simulation as a learning strategy in the education of undergraduate nursing students. Nurse education today, v. 31, n. 7, p. 664-6670, 2011. |