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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 5871042

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5871042

DESAFIOS PARA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO: O ENSINO DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA

Autores:
Thaina Ramos Freire ; Thayná Trindade Faria ; Thais Priscila Machado Baptista de Souza ; Hulda Santana Franco ; Gabriella Bitancourt Nascimento

Resumo:
**Introdução:** O objeto deste estudo é o ensino do direito humano à alimentação adequada (DHAA) na formação de enfermeiros, considerando o uso de metodologias criativas e de trabalhos coletivos tal como recomenda as Diretrizes Curriculares Nacionais1. A alimentação adequada é um dos pilares da promoção a saúde e necessidade humana básica do cidadão para preservação da vida. É um direito inerente a todas? ?as? ?pessoas2,3. O ensino do direito humano no Curso de Graduação em Enfermagem da UERJ (FENF/ UERJ) é realizado pela subárea Ética Social. Visa a formação de profissional crítico e reflexivo com compromissos éticos e políticos para o exercício da cidadania e qualidade de vida da população. Para promoção do processo ensino-aprendizagem, foi inserida a estratégia de oficinas a fim de proporcionar ao estudante a autonomia, a reflexão sobre a realidade e a apresentação de propostas que possam minimizar esta problemática. **Objetivo:** Destacar a influência do uso de estratégias criativas para o  ensino do direito humano à alimentação adequada na formação de enfermeiros. **Metodologia:** Este estudo envolveu a experiência de participação na construção e apresentação da Oficina de DHAA na Subárea Ética Social da FENF/UERJ e aponta os resultados parciais da pesquisa exploratória realizada para responder ao questionamento quais os alimentos mais consumidos pelos alunos. A oficina foi realizada através da linguagem visual de slides com imagens e tópicos, apresentação oral, dinâmicas participativas e perguntas que estimularam a reflexão dos alunos. Dela originou a observação do lixo alimentar coletado durante 15 dias, para sua elaboração. Participaram 22 alunos da turma do primeiro período, entre 15 de maio e 20 de junho de 2017. Após ouvir relatos dos alunos e solicitar que estes trouxessem embalagens de alimentos que eles consumiam para compor a ornamentação da sala no dia da oficina, foi possível estabelecer um parâmetro de alimentos que são ingeridos pelos alunos. A investigação seguiu as normas das Resoluções CNS 196/96 e 510/2016. Garantimos o anonimato dos participantes. Para organização e análise dessas informações apontamos duas categorias a primeira descreve: a construção da oficina DHAA e a segunda aborda o produto oriundo da oficina: a investigação do lixo alimentar e a alimentação? ? ?dos alunos ?da? ?FENFUERJ. **Resultados**: Na primeira categoria descrevemos a experiência de construção da oficina DHAA. Objetivamos a reflexão dos alunos acerca da realidade brasileira e das desigualdades estruturais da sociedade reconhecendo o direito à alimentação como necessidade básica do cidadão para a preservação da vida. Além da promoção de ações que contribuam individualmente e em grupos para a mudança da realidade, relacionando-os com a enfermagem.  A busca de conhecimento envolveu a leitura, reflexão, análise e sistematização do conteúdo pelo grupo para apresentação e debate com a turma. Para apresentação do conhecimento e troca de saberes promovemos reflexão a partir da realidade individual da turma. Realizamos a distribuição de folder, abertura da oficina com a apresentação do grupo e do tema realizado, a conclusão contendo reflexão, síntese e ênfase nos pontos chaves e o debate com os participantes para consolidar os aspectos fundamentais acerca do tema. Na segunda categoria apresentamos os resultados obtidos com a observação e investigação do lixo alimentar e a alimentação? ? ? dos alunos ?da? ?FENFUERJ. Durante o desenvolvimento da oficina, observamos através das embalagens de alimentos trazidas que a alimentação destes alunos é constituída preferencialmente por alimentos de alto valor energético e baixo valor nutritivo. O arroz e o feijão aparecem como um dos últimos itens. Não foram relatados o consumo de alimentos _in natura, _como frutas e proteínas. Encontram-se entre eles: lasanha, pipoca, ? guaraná natural adoçado, pão de forma, suco industrializado, coxinha de galinha, trufas, biscoitos recheados, farinha de trigo, massa de tomate, achocolatado, barra de cereal, açúcar, refrigerante, batata palha, geleia, flocos de milho açucarados e biscoito cream cracker. Os resultados pontaram a inadequação de consumo de alimentos pelos alunos. Alia-se a falta de bandejão nesta Instituição e a rotina corrida dos alunos que optam por alimentos menos saudáveis. De acordo com a Constituição Federal e a Declaração de Direitos Humanos a nutrição e um direito social. É reconhecida a importância da manutenção de uma dieta equilibrada, contendo todos os _alimentos _essenciais como carboidratos, proteínas, lipídios e fibras em quantidades _adequadas_ para uma boa nutrição. As Políticas afirmativas da UERJ têm lutado contra a desigualdade social. A UERJ foi pioneira na implantação de ações afirmativa por meio de cotas, o que culmina com a entrada de 32% (2013) e 29% (2016) de alunos com estas características4.  O sistema de cotas de ingressos na UERJ tem se mostrado bem-sucedido, considerando a diversidade política, social e econômica brasileira, contudo não é suficiente para garantia do direito à alimentação destes alunos. Para reafirmação desta política destacamos o Restaurante universitário (bandejão) que antes apresentava excelentes avaliações pelos alunos. Desde meados de 2015 a situação de precarização na universidade declinou, culminando com seu fechamento. Faz-se necessário a consolidação e ampliação do bandejão, como política de permanência existentes nesta Universidade5. **Considerações finais**: O uso de estratégias que possibilitem a criatividade e o trabalho coletivo no ensino do direito humano à alimentação, tal como propõem as Diretrizes Curriculares Nacionais possibilitou ao graduando de enfermagem a compreensão da alimentação adequada como um direito humano de todas as pessoas. É necessário considerar os hábitos alimentares dos estudantes universitários, influenciando a saúde e a qualidade de vida, tendo em vista o processo ensino-aprendizagem se dá em realidades complexas e diversas. A alimentação adequada nem sempre é vista como um direito inerente ao ser humano e como necessidade básica para preservação da vida. Destaca-se a reabertura do bandejão em 2017, após o movimento de luta pelo direito dos alunos. Torna-se necessário uma constante reflexão e a reafirmação de políticas públicas sociais que façam valer a garantia e o direito à alimentação. **Contribuições/implicações para a Enfermagem**: Este estudo fortalece a necessidade da apropriação de estratégias de ensino que possibilitem a autonomia e a criatividade do aluno, promova o trabalho coletivo e se relacionem com sua própria realidade possibilitando a reflexão e promoção de ações que transforme a realidade. Reforçamos a necessidade de expansão desta metodologia para o ensino de outros conteúdos no decorrer da formação do enfermeiro.


Referências:
1. Elizabeth Teixeira; Eucléia Gomes Vale; Josicelia Dumêt Fernandes; Mara Regina Lemes De Sordi. Trajetória e tendências dos Cursos de Enfermagem no Brasil Rev. Bras.de Enferm. [Internet]. 2006 jul-ago; 59(4): 479-87. Disponível em: http://www.redalyc.org/html/2670/267019620001/. 2. Josicelia Dumêt Fernandes, Lyra Calhau Rebouças. Uma década de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Graduação em Enfermagem: avanços e desafios. Rev. Bras. de Enferm. 2013; 66 (esp): 95-101.