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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 5850179

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5850179

FORMAÇÃO PARA ATUAR NA TERAPIA INTENSIVA: UM DIÁLOGO REFLEXIVO SOB OS CONCEITOS DE DONALD SCHÖN

Autores:
Sonia Maria Silva Ferreira ; Cláudia Maria Messias ; Geilsa Soraia Cavalcanti Valente ; Patrícia Veras Neves de Oliveira

Resumo:
Introdução: Admitir enfermeiros na Terapia Intensiva(TI) é um passo que envolve diversas dimensões da formação para o cuidado especializado. Poucos estudos são realizados pensando nessa fase inicial do profissional. No entanto, existe uma variação do tempo necessário para a aptidão do enfermeiro na execução do cuidado complexo(1) e o acolhimento ao novato otimiza o cuidado, a segurança do paciente, reduz a rotatividades desses profissionais, bem como reduz o despendimento de custos com o  processo admissional do enfermeiro admitido(2). Existem injustiças sociais que podem configurar este período vivenciado, trata-se da posição crítica e de desaprovação dos mais experientes, quando o novato não corresponde ou manifesta-se cego aos problemas apresentado no cotidiano de trabalho(3). Dessa maneira, muitas vezes o enfermeiro novato é exposto a situações de cobranças daquilo que não é do seu conhecimento ou sobre rotinas que ainda não lhe foram apresentadas. Entretanto, o enfermeiro ao ingressar numa unidade de TI vive o confronto de sua bagagem de formação; experiências profissionais anteriores e a urgência de produtividade exigida pela instituição, somado a isso, a necessidade de realizar um cuidado de excelência. Sabe-se que no cotidiano da enfermagem é comum a existência de situações peculiares que vão além do seu conhecimento técnico, assim suas preocupações não estão apenas no saber agir dentro de situações controladas, mas sim nas situações inesperadas. Sobre isso, Donald Schön(3) refere que as zonas indeterminadas da prática correspondem as singularidades, situações de incerteza e conflitos que são frequentes no cotidiano profissional. Nesse sentido, este teórico traz o conhecimento-na- ação correspondente ao conhecimento espontâneo, acrescido da racionalidade técnica, uma capacidade de pensar e agir sem que o profissional mais experiente consiga expressar verbalmente àquilo que ele faz com excelência, trata-se um conhecimento impregnado. Já a reflexão-na-ação, reporta o diálogo reflexivo com o que está sendo apresentado frente a necessidade imediata de agir. Outrossim, a reflexão sobre a reflexão na ação envolve um momento retrospectivo sobre as reflexões e o agir profissional frente a zona indeterminada apresentada anteriormente. Para Shön(3) o aprendizado é auto apropriado e de autodescoberta, que são verdades apreendidas conforme a experiência individual. Nesse sentido o indivíduo à priori pode não entender o que precisa aprender, mas pode aprendê-lo educando a si e isso só acontece quando começa a fazer o que ainda não entende. Nessa preocupação, este estudo atende a subagenda Gestão do Trabalho e Educação em Saúde da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde(4). Objetivo: Descrever a admissão do enfermeiro na Terapia Intensiva. Método: Trata-se de um recorte de uma dissertação de mestrado aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal Fluminense, sob parecer favorável em fevereiro de 2016, sob nº 1409250/2016. Foi respeitada a Resolução 466/12 que trata das diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos e adotado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi entre abril e junho de 2016. Foram 20 enfermeiros de um Centro de Terapia Intensiva Adulto de um hospital universitário do Rio de Janeiro presentes na escala mensal e com no mínimo 3 meses atuando nesta TI. O critério de exclusão foi enfermeiros em férias ou licença no período da coleta de dados. No entanto, o período contemplado pela coleta de dados não gerou exclusão dos 20 enfermeiros da escala. As entrevistas foram semiestruturadas seguindo um roteiro de perguntas, as transcrições foram retornadas aos depoimentos para ciência e posterior análise de conteúdo(5). O referencial teórico foi Donald Schön(3). RESULTADOS: Formação para atuar na TI foi oriunda de falas relacionadas a falta ou presença do conhecimento frente a admissão do enfermeiro neste campo especializado; também foi considerado o treinamento admissional; as estratégias para aprender e a formação do enfermeiro no hospital universitário. Frente a análise das falas emergiram os núcleos de sentido conhecimento e/ou experiência para atuar na TI; invisibilidade do treinamento profissional; estratégias de aprendizado para o enfrentamento das zonas indeterminadas da profissão; hospital universitário campo de crescimento profissional e hospital universitário entraves ao profissional. Conclusão: O enfermeiro percebe-se sem domínio da prática e da demanda de conhecimento necessária para o trabalho especializado, assim reconhece o conhecimento-na- ação dos enfermeiros mais experientes e busca ter perspicácia para desenvolvê- la. Dessa maneira a cada situação na qual lhe exige ação imediata faz um diálogo reflexivo com situações semelhantes vividas pelo novato e/ou observadas no veterano. Sobre a invisibilidade do treinamento admissional está associada ao preparo do admitido; formalizado ou não; assim quando não há um treinamento admissional institucionalizado o enfermeiro conta principalmente com a busca de estratégias pessoais de aprendizado fazendo com que reduza o estresse e o sofrimento característico com a fase vivenciada pelo novato. No entanto, o novato pode contar com a TI como um ambiente propício para sua formação, ainda que seja um ambiente de aprendizagem exigente pela peculiaridade de sua especificidade, o mesmo é contemplado pelas diversas oportunidades da reflexão-na-ação na prática especializada. Outrossim, o hospital universitário como campo de crescimento profissional foi expresso pelos depoentes como uma expectativa de oportunidade crescimento rumo ao conhecimento-na-ação frente a reflexão-na-prática apresentada. Já sobre o hospital universitário entraves ao profissional surgiu como aspecto dificultador para o aprendizado assim foi colocado que há pouco incentivo às pesquisas, pouco apoio na formação acadêmica, os enfermeiros manifestaram suas frustações frente à competência universitária do hospital às exigências de produção de cuidado. Por fim, as estratégias de aprendizado para o enfrentamento das zonas indeterminadas da profissão condizem ao desenvolvimento do talento profissional para sua melhor performance frente a situações de incertezas, assim os depoentes além de utilizarem da observação e reflexão crítica sobre o que foi demonstrado pelo enfermeiro veterano, procuraram apropriar-se de conhecimentos através da frequência em cursos, eventos e pós-graduações. No entanto, ficou claro que não basta apenas certificar-se, mas sim modificar sua prática para o seu melhor agir, dessa maneira configurando a reflexão sobre a reflexão na ação. Contribuições/Implicações para enfermagem: Este estudo contribui para a prática profissional, para a educação em enfermagem, como também para as questões sociais e gerenciais, de qualidade do cuidado e segurança do paciente, instrumentalizando o enfermeiro partir das diversas dimensões da reflexão para seu processo de aprendizado e de formação profissional, quanto dos enfermeirandos das diversas academias.


Referências:
1. Silva GM Da, Seiffert OMLB. Educação continuada em enfermagem: uma proposta metodológica. Rev Bras Enferm. 2009;62(3):362–6. 2. Rodrigues RAP, Erdmann AL, Silva IA, Fernandes JD, Araújo TL, Vianna LAC, et al. Educação do doutorado em Enfermagem no Brasil. Rev Lat Am Enferm. 2008;16(4). 3. Paese F, Sasso GTMD. Cultura da segurança do paciente na atenção primária à saúde TT - Patient safety culture in primary health care TT - Cultura de seguridad del paciente en atención primaria de salud. Texto & Context enferm [Internet]. 2013;22(2):302–10. 4. Davim RMB, Torres GDV, Santos SR Dos. Educação continuada em enfermagem: conhecimentos, atividades e barreiras encontradas em uma maternidade escola. Rev Lat Am Enfermagem. 1999;7(5):43–9. 5. KIRKPATRICK DL. Como avaliar programas de treinamento de equipes: os quatro níveis. Donald L. Kirkpatrick e James D. Kirkpatrick; [tradução José Henrique Lamensdorf; revisão técnica Klatler Fontana]. Rio de Janeiro: SENAC Rio, 2010.