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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 5834766

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5834766

RELATO DE EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA DO PRO-HANSEN E O FORTALECIMENTO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA E CONTROLE DA HANSENÍASE EM SALVADOR(BA)

Autores:
Maria Gabriela Santos de Souza ; Tatiane Cunha Florentino ; Sélton Diniz dos Santos ; Edilene Oliveira dos Santos

Resumo:
**Introdução: **A hanseníase é uma doença infectocontagiosa transmitida pelo _Mycobacterium leprae _e caracterizada pelas alterações neurodermatológicas e alto poder incapacitantes. Apesar de ser uma doença milenar, ela persiste como problema de saúde pública no mundo1 concentrando-se em países em desenvolvimento econômico. Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2014, foram notificados 213.899 casos novos de hanseníase no mundo. Destes, o Brasil foi responsável por 31.064 casos novos de hanseníase sendo que 2.341 (7,5%) corresponderam aos menores de 15 anos de idade e 2.034 (6,5%) apresentavam grau 2 de incapacidade física2. Nas últimas décadas, o Brasil não vem conseguindo respostas exitosas às ações propostas para eliminação da doença. Dentre as motivações que mais justificam tal espectro, pode-se considerar pouca importância dada a doença pelas autoridades, incentivos financeiros baixos para sistematização de ações, deficitária educação em saúde e pouco conhecimento dos profissionais de saúde, especificamente da atenção básica, sobre condução clínica e da ações de vigilância recomendadas. Diante disso, surge a proposta da imersão de estudantes de enfermagem para operacionalizar ações de vigilância e controle voltadas para doença através do Projeto de Extensão para Fortalecimento das ações de Vigilância e Controle em Hanseníase (Pro-Hansen), parceria entre a Universidade Salvador (UNIFACS) e campo temático de hanseníase da Secretaria Municipal de Salvador. **Objetivos: **Relatar a experiência extensionista do Pro-Hansen na cidade de Salvador(BA). **Métodos: **O estudo consiste em um relato de experiência do projeto de extensão desenvolvido pela Universidade Salvador(UNIFACS) denominado de ´Projeto de extensão para fortalecimento das ações de vigilância e controle da hanseníase´(Pro-Hansen). A proposta do projeto foi construída por dois professores da UNIFACS em parceria com os profissionais do campo temático de hanseníase da Secretaria Municipal de Salvador. Os participantes do projeto consistiram em estudantes de enfermagem dessa universidade. O pré-requisito mínimo adotado para o processo seletivo foi ter cursado o componente curricular Agressão e Defesa ou Saúde Coletiva. Os candidatos realizaram curso teórico sobre aspectos clínicos, epidemiológicos e ações de vigilância e controle da doença, avaliação dermatoneurológica e neurológica simplificada. Treze alunos com mais conhecimento, aptidão e disponibilidade de carga horária semanal(6 horas) foram selecionados sendo ampliado no segundo semestre para 18 alunos. O projeto de extensão foi subdividido em três etapas. Na primeira, consistiu na capacitação de estudantes de enfermagem do componente Programa de Integração Saúde Comunidade (PISCO) I e II para diagnóstico e controle da hanseníase. A segunda, ocorreu a vivência na gestão do programa no distrito sanitário sendo supervisionado pelos coordenadores distritais realizando levantamento e avaliação da ficha de notificação e monitoramento da vigilância de contato. Na terceira, sucedeu o apoio na operacionalização da campanha de hanseníase e geo helmintíases em escolaares acompanhados dos supervisores distritais **Resultados: **Ao longo dos 9 meses, as atividades foram desenvolvidas conforme o planejamento realizado para o primeiro e segundo semestres. Na primeira etapa, foram capacitados 256 estudantes e 8 professores que atuam no PISCO. A capacitação consistiu em três momentos: apresentação teórica sobre a doença, avaliação neurodermatológica (teste de sensibilidade e palpação de nervo) e discussão de estudo de caso prático. Essas atividades serão integralmente realizadas pelos extensionistas com supervisão dos professores responsáveis pelo projeto. Cada momento tem uma duração média de 1 hora. Com isso, os alunos e professores passaram a ter um olhar mais amplo com a doença e, esses últimos, inclusive, viram a necessidade da incorporação de elementos relacionados à hanseníase em seus conteúdos teóricos e práticos de componentes curriculares que ministram. Até o final do projeto, recebemos alguns relatos de alunos e professores que auxiliaram na detecção de novos casos e encaminhamento aos serviços de saúde. A segunda e terceira etapa ocorreram quase que simultaneamente. No mês de junho, em reunião com os responsáveis técnicos, foi definida, como proposta piloto, a atuação em apenas dois distritos sanitários diferente do projeto inicial que contemplaria os doze distritos da cidade de Salvador. Os estudantes foram enviados, conforme escala, para vivenciar a rotina do trabalho da vigilância epidemiológica da hanseníase, onde puderem conhecer a rotina, realização de análise epidemiológica, cálculo, uso e interpretação dos indicadores além conhecer os impressos do programa e compreender os cuidados que devem ser tomados no preenchimento. Também os alunos passaram dois turnos na coordenação do campo temático da hanseníase com as responsáveis técnicas conhecendo o trabalho executado e entendendo a relação de interdependência desta com a vigilância epidemiológica. Posteriormente, os mesmos iniciaram a triagem dos dados e fichas para verificar inconsistências como erro de digitação, incompatibilidade da forma clínica X classificação operacional e duplicidade de registro. Também foram verificados casos em aberto, casos com ausência de fichas de notificação e exame de contatos. Posteriormente, conjuntamente com os coordenadores distritais e professores, realizou-se auditoria nas unidades de saúde com casos ativos. Foi verificado prontuários de pacientes, realizou-se busca ativa de abandonos e faltosos e convocação de contatos intradomiciliares de casos ativos que não realizaram avaliação. Foi proposto um prontuário padrão para os pacientes contendo além das fichas do programa de controle da hanseníase bem como para evolução e anotações.  Nesses distritos, o percentual de contatos examinados teve um crescimento superior a 50%. Durante a campanha, foram distribuídas aproximadamente 3500 fichas de auto imagem em mais de 30 escolas de ambos distritos. Foram realizadas pelos alunos ações educativas em saúde com professores e alunos para conhecimento sobre os sinais da doença. O retorno de fichas foi de aproximadamente 30%. **Conclusão:** Acredita-se que com o projeto os alunos estarão mais bem qualificados e preparados para avaliar clinicamente pacientes com suspeita diagnóstica em hanseníase abreviando o itinerário terapêutico desses usuários nos serviços de saúde. Além disso, o projeto trouxe elementos práticos de vigilância em saúde mostrando que ela pode ser aplicada e com capacidade de trazer desfechos positivos para o controle e prevenção da hanseníase.  **Contribuições para a enfermagem:** As vivências de projetos de extensão favorecem para a formação aproximando-o com a prática e de elementos ético-profissionais, relevantes na atual conjuntura do profissional de saúde e, especificamente nesse projeto, compreender a importância da vigilância em saúde e como executá-la.


Referências:
1. Paschoal AS. O discurso do enfermeiro sobre educação permanente no grupo focal [dissertação]. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná; 2004. 2. Silva LAA, Franco GP, Leite MTL, Pinno C, Lima VML, Saraiva N. Concepções educativas que permeiam os planos regionais de educação permanente em saúde. Texto e Contexto Enfermagem 2011 abr/jun; 20(2):340-8. 3. Zarpellon LD. A prática pedagógica na formação do profissional enfermeiro para atuar em saúde pública [dissertação]. Curitiba (PR): Pontifícia Universidade Católica do Paraná; 2006. 4. Pereira ALF. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde. Cad. Saúde Pública 2003; 19(5):1527-34. 5. Ministério da Saúde (BR). Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.