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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 5797987

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5797987

AS ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PRÉ-NATAL COMO CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO PARA O EMPODERAMENTO DA GESTANTE

Autores:
Lena Maria Barros Fonseca ; Andressa Arraes Silva ; Mara Julyete Arraes Jardim

Resumo:
INTRODUÇÃO: O enfermeiro, como integrante da equipe da atenção básica, possui um papel fundamental na construção do empoderamento da gestante durante o pré- natal, devendo agir como um facilitador, proporcionando às mulheres o acesso às informações e a oportunidade de participação nas decisões sobre o seu próprio corpo. Durante todo o processo de parturição, é possível que a mulher tenha a expectativa de receber informações sobre o que acontece com ela, com seu bebê e sobre o modo de sua participação nesse evento. Portanto, o enfermeiro tem obrigação ética e legal de oferecer-lhe esclarecimentos claros e completos sobre o cuidado, tratamentos e alternativas e de dar-lhe a oportunidade de participar das decisões com base nas informações recebidas. O enfermeiro deve reconhecer a gestante como alguém que possui vontades, desejos e necessidades, portanto, ele precisa proporcionar-lhe, ainda no pré-natal, o acesso às informações com as melhores evidências científicas para que o processo de decisão dessa mulher seja livre e verdadeiro. Diante disso, as ações educativas são fatores bastante relevantes, pois o acesso às informações adequadas proporciona confiança na relação profissional-gestante, tornando-a mais harmoniosa, reduzindo a subordinação e favorecendo o protagonismo das mulheres. Essas ações objetivam sanar as dúvidas das gestantes e esclarecer direitos, valorizando a integralidade da assistência e encorajando a mulher durante o pré-natal a atuar como peça-chave do evento de parturição. As estratégias educativas na assistência, especialmente na consulta do pré-natal, permitem o envolvimento da mulher no processo do cuidado, favorecendo o seu empoderamento para a tomada de decisão. OBJETIVO: Compreender as contribuições do enfermeiro no pré-natal para o incentivo ao empoderamento feminino no processo de parturição natural, sob a ótica da gestante. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa, no período de agosto a outubro de 2016, com dezoito gestantes que estavam sendo acompanhadas pelo enfermeiro no pré-natal em uma unidade saúde da família de São Luís – MA. Para captação dos dados utilizou-se a entrevista semiestruturada. Os resultados foram organizados utilizando-se da Análise de Conteúdo Temática e analisados com apoio da Teoria do Empowerment. O estudo obedeceu aos princípios da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão, sob o parecer número 1.625.950, deu-se início a etapa de coleta de dados. RESULTADOS: Embora algumas gestantes do estudo estivessem sendo acompanhadas por outros profissionais no pré-natal, todas estavam realizando as consultas de enfermagem. Sobre as orientações recebidas pelos enfermeiros, as depoentes citaram o incentivo ao aleitamento materno e à alimentação saudável, explicações sobre exames de rotina e imunização, local de parto, a importância do parto normal e as informações sobre exercícios e posições para o trabalho de parto. Entretanto, observou-se que, embora as falas das gestantes retratassem as orientações repassadas pelo enfermeiro durante as consultas de pré-natal e fizessem parte de uma atenção qualificada, as práticas apresentaram-se fragmentadas e isoladas, apresentando-se insuficientes para o exercício da autonomia feminina durante o processo de parturição natural. Sobre o modo que essas informações eram transmitidas às gestantes, colocou-se em pauta a participação das mesmas em atividades de grupo durante o pré-natal e a atuação do profissional responsável por essa iniciativa. Apenas quatro gestantes afirmaram terem participado deste tipo de atividade, logo, observa-se a urgente necessidade de implantação de espaços de discussão que proporcionem vivências mais benéficas e qualitativas para a promoção da saúde materna. Outras formas de realização do trabalho educativo que facilitam a fala e a troca de experiências entre as gestantes, como as dramatizações, oficinas, jogos e outras dinâmicas, não foram constatadas nas ações de pré-natal da unidade em questão. Ainda a respeito das estratégias de educação em saúde, as entrevistadas foram unânimes ao responder que não receberam nenhuma visita no domicílio durante a gestação, esses resultados demonstram a lacuna que ainda existe na assistência gravídica puerperal, uma vez que a visita domiciliar caracteriza-se como uma das ações que propõem orientar, educar, reabilitar e fornecer subsídios para que as mulheres atendidas tenham a capacidade de autonomia e corresponsabilidade no cuidado à sua saúde. As estratégias educativas como a organização de grupos de apoio e a realização de visitas domiciliares na gestação, devem estimular as mulheres a participarem das discussões, fomentando a aquisição e formação de hábitos para a prática do empoderamento. CONCLUSÃO: As orientações fornecidas pelo enfermeiro à gestante durante o pré-natal fizeram alusão ao incentivo para o parto normal, à amamentação, ao esclarecimento sobre a alimentação adequada para esse período, à realização de exames essenciais para o cuidado gestacional e à importância das consultas do pré-natal. Todavia, não se evidencia com clareza que as gestantes se utilizaram das informações disponíveis para alcançar o empoderamento no parto, refletindo em suas falas a ausência de um diálogo com o profissional, baseado em evidências científicas e em reflexões a respeito do seu protagonismo. Pode-se concluir que esta contribuição é tímida, modesta e, muitas vezes, focada apenas no conhecimento tecnicista, esquecendo-se de atender as necessidades psicológicas, emocionais e espirituais da mulher que está em processo de parturição. Nesse sentido, observa-se a importância da implantação de espaços de discussão no pré-natal como estratégia para a prática da educação em saúde, de modo que informações importantes possam ser discutidas entre a equipe multiprofissional e as gestantes. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Acredita-se que o estudo tenha uma significativa contribuição tanto para os profissionais de saúde como para outras gestantes, sobre a importância do pré-natal no reforço do empoderamento, liberdade e cidadania feminina, para a satisfação de suas necessidades e, ainda, para a possível redução dos índices de violência no ciclo gravídico-puerperal.


Referências:
1. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. Tradução Eliane Lisboa. Porto Alegre: Sulina; 2011. 120 p. 2. Silva EGC, Oliveira VC, Neves GBC, Guimarães TMR. O conhecimento do enfermeiro sobre a sistematização da assistência de enfermagem: da teoria à prática. Ver Esc Enferm USP. 2011;45(6):1380-6. 3. Morin E. A cabeça-bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. - Rio de Janeiro; 2011.