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5797987 | AS ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PRÉ-NATAL COMO CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO PARA O EMPODERAMENTO DA GESTANTE | Autores: Lena Maria Barros Fonseca ; Andressa Arraes Silva ; Mara Julyete Arraes Jardim |
Resumo: INTRODUÇÃO: O enfermeiro, como integrante da equipe da atenção básica, possui
um papel fundamental na construção do empoderamento da gestante durante o pré-
natal, devendo agir como um facilitador, proporcionando às mulheres o acesso
às informações e a oportunidade de participação nas decisões sobre o seu
próprio corpo. Durante todo o processo de parturição, é possível que a mulher
tenha a expectativa de receber informações sobre o que acontece com ela, com
seu bebê e sobre o modo de sua participação nesse evento. Portanto, o
enfermeiro tem obrigação ética e legal de oferecer-lhe esclarecimentos claros
e completos sobre o cuidado, tratamentos e alternativas e de dar-lhe a
oportunidade de participar das decisões com base nas informações recebidas. O
enfermeiro deve reconhecer a gestante como alguém que possui vontades, desejos
e necessidades, portanto, ele precisa proporcionar-lhe, ainda no pré-natal, o
acesso às informações com as melhores evidências científicas para que o
processo de decisão dessa mulher seja livre e verdadeiro. Diante disso, as
ações educativas são fatores bastante relevantes, pois o acesso às informações
adequadas proporciona confiança na relação profissional-gestante, tornando-a
mais harmoniosa, reduzindo a subordinação e favorecendo o protagonismo das
mulheres. Essas ações objetivam sanar as dúvidas das gestantes e esclarecer
direitos, valorizando a integralidade da assistência e encorajando a mulher
durante o pré-natal a atuar como peça-chave do evento de parturição. As
estratégias educativas na assistência, especialmente na consulta do pré-natal,
permitem o envolvimento da mulher no processo do cuidado, favorecendo o seu
empoderamento para a tomada de decisão. OBJETIVO: Compreender as contribuições
do enfermeiro no pré-natal para o incentivo ao empoderamento feminino no
processo de parturição natural, sob a ótica da gestante. DESCRIÇÃO
METODOLÓGICA: Trata-se de um estudo exploratório descritivo com abordagem
qualitativa, no período de agosto a outubro de 2016, com dezoito gestantes que
estavam sendo acompanhadas pelo enfermeiro no pré-natal em uma unidade saúde
da família de São Luís – MA. Para captação dos dados utilizou-se a entrevista
semiestruturada. Os resultados foram organizados utilizando-se da Análise de
Conteúdo Temática e analisados com apoio da Teoria do Empowerment. O estudo
obedeceu aos princípios da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Maranhão, sob o parecer número 1.625.950, deu-se início a etapa de coleta de
dados. RESULTADOS: Embora algumas gestantes do estudo estivessem sendo
acompanhadas por outros profissionais no pré-natal, todas estavam realizando
as consultas de enfermagem. Sobre as orientações recebidas pelos enfermeiros,
as depoentes citaram o incentivo ao aleitamento materno e à alimentação
saudável, explicações sobre exames de rotina e imunização, local de parto, a
importância do parto normal e as informações sobre exercícios e posições para
o trabalho de parto. Entretanto, observou-se que, embora as falas das
gestantes retratassem as orientações repassadas pelo enfermeiro durante as
consultas de pré-natal e fizessem parte de uma atenção qualificada, as
práticas apresentaram-se fragmentadas e isoladas, apresentando-se
insuficientes para o exercício da autonomia feminina durante o processo de
parturição natural. Sobre o modo que essas informações eram transmitidas às
gestantes, colocou-se em pauta a participação das mesmas em atividades de
grupo durante o pré-natal e a atuação do profissional responsável por essa
iniciativa. Apenas quatro gestantes afirmaram terem participado deste tipo de
atividade, logo, observa-se a urgente necessidade de implantação de espaços de
discussão que proporcionem vivências mais benéficas e qualitativas para a
promoção da saúde materna. Outras formas de realização do trabalho educativo
que facilitam a fala e a troca de experiências entre as gestantes, como as
dramatizações, oficinas, jogos e outras dinâmicas, não foram constatadas nas
ações de pré-natal da unidade em questão. Ainda a respeito das estratégias de
educação em saúde, as entrevistadas foram unânimes ao responder que não
receberam nenhuma visita no domicílio durante a gestação, esses resultados
demonstram a lacuna que ainda existe na assistência gravídica puerperal, uma
vez que a visita domiciliar caracteriza-se como uma das ações que propõem
orientar, educar, reabilitar e fornecer subsídios para que as mulheres
atendidas tenham a capacidade de autonomia e corresponsabilidade no cuidado à
sua saúde. As estratégias educativas como a organização de grupos de apoio e a
realização de visitas domiciliares na gestação, devem estimular as mulheres a
participarem das discussões, fomentando a aquisição e formação de hábitos para
a prática do empoderamento. CONCLUSÃO: As orientações fornecidas pelo
enfermeiro à gestante durante o pré-natal fizeram alusão ao incentivo para o
parto normal, à amamentação, ao esclarecimento sobre a alimentação adequada
para esse período, à realização de exames essenciais para o cuidado
gestacional e à importância das consultas do pré-natal. Todavia, não se
evidencia com clareza que as gestantes se utilizaram das informações
disponíveis para alcançar o empoderamento no parto, refletindo em suas falas a
ausência de um diálogo com o profissional, baseado em evidências científicas e
em reflexões a respeito do seu protagonismo. Pode-se concluir que esta
contribuição é tímida, modesta e, muitas vezes, focada apenas no conhecimento
tecnicista, esquecendo-se de atender as necessidades psicológicas, emocionais
e espirituais da mulher que está em processo de parturição. Nesse sentido,
observa-se a importância da implantação de espaços de discussão no pré-natal
como estratégia para a prática da educação em saúde, de modo que informações
importantes possam ser discutidas entre a equipe multiprofissional e as
gestantes. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Acredita-se que o estudo tenha uma
significativa contribuição tanto para os profissionais de saúde como para
outras gestantes, sobre a importância do pré-natal no reforço do
empoderamento, liberdade e cidadania feminina, para a satisfação de suas
necessidades e, ainda, para a possível redução dos índices de violência no
ciclo gravídico-puerperal.
Referências: 1. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. Tradução Eliane Lisboa. Porto Alegre: Sulina; 2011. 120 p.
2. Silva EGC, Oliveira VC, Neves GBC, Guimarães TMR. O conhecimento do enfermeiro sobre a sistematização da assistência de enfermagem: da teoria à prática. Ver Esc Enferm USP. 2011;45(6):1380-6.
3. Morin E. A cabeça-bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. - Rio de Janeiro; 2011. |