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5707100 | RISCO DE LESÃO POR POSICIONAMENTO PERIOPERATÓRIO: CORRELAÇÃO ENTRE RESULTADOS DE ENFERMAGEM E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO | Autores: Luciana Bjorklund de Lima ; Michelle Cardoso E Cardoso ; Eneida Rejane Rabelo-silva |
Resumo: **INTRODUÇÃO:** O posicionamento cirúrgico vem ganhando destaque, uma vez que este procedimento está relacionado a alterações hemodinâmicas significativas e ao desenvolvimento de diferentes tipos de lesões, com repercussões inclusive no pós-operatório(1). Visando organizar o trabalho no período perioperatório, especialmente durante o procedimento do posicionamento cirúrgico, o Processo de Enfermagem associado a um sistema de classificação norteiam as ações do enfermeiro no cuidado individualizado(2). Por conseguinte, constata-se que na prática clínica algumas estratégias também estão em pauta, onde instrumentos de avalição são ferramentas fundamentais no planejamento da assistência de enfermagem, auxiliando o enfermeiro na tomada de decisão e julgamento clínico(3). A literatura não dispõe de estudos que realizaram associação entre os sistemas de classificação e instrumentos de avaliação. A associação entre os resultados de enfermagem e ferramentas de avaliação de pacientes também não é explorada na literatura. **OBJETIVO:** Analisar a correlação entre os resultados de enfermagem da Nursing Outcomes Classification (NOC) para o diagnóstico Risco de lesão por posicionamento periopertório com a Escala de Braden e a Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO). **MÉTODO:** Estudo transversal, derivado de um estudo de coorte que avaliou 50 pacientes quanto à aplicabilidade clínica dos resultados da NOC para paciente com diagnóstico Risco de lesão por posicionamento perioperatório em um hospital geral universitário do sul do Brasil. Participaram do estudo pacientes de ambos os sexos, idade igual ou superior a 18 anos, com agendamento para realização de procedimento anestésico cirúrgico eletivo, com classificação do porte cirúrgico 2, 3 ou 4 selecionados por meio da escala cirúrgica de acordo com os critérios de elegibilidade. Foram coletados dados sociodemográficos e história pregressa, digitados para um banco criado no programa Microsoft Office Excel. Para a correlação entre escalas, foram utilizados oito resultados e 33 indicadores da NOC validados e refinados no estudo de coorte em cinco avaliações distintas: pré-operatório imediato, imediatamente após o término do procedimento cirúrgico ainda em sala cirúrgica, pós-operatório imediato, segundo dia de pós-operatório e terceiro dia de pós-operatório. As pontuações da Escala de Braden foram coletadas do prontuário eletrônico. A ELPO foi aplicada no momento da primeira avaliação do paciente no pré-operatório. Para as análises estatísticas foi utilizado o software SPSS versão 18.0. As variáveis contínuas foram expressas como média e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil. As variáveis categóricas foram expressas como percentuais e frequências relativas. As correlações foram analisadas pelo coeficiente de Pearson, sendo significativo um valor de P bicaudal menor do que 0,05. O estudo foi aprovado pela comissão de ética e os pacientes inseridos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e o uso dos dados previamente coletados foi permitido pela pesquisadora responsável através de uma carta de autorização. **RESULTADOS:** Foram incluídos 50 pacientes com média de idade de 54±15 anos, predominantemente do sexo masculino. Os pacientes foram predominantemente classificados como ASA 2, com porte cirúrgico 2 e 3. A média da pontuação da Escala de Braden no pré-operatório foi de 20±2 pontos, no segundo e terceiro dia de pós-operatório foi de 17±3 pontos. Já a média do escore da ELPO foi de 20±3 pontos. Quanto à ocorrência de LP (estágios I e II), a incidência foi de 88% na segunda avaliação, 56% na terceira avaliação, 32% na quarta avaliação e 14% na quinta avaliação. Os fatores de risco “imobilização” e “distúrbios sensoriais/perceptivos decorrentes da anestesia” estavam presentes em 100% da amostra. Ao comparar os oito resultados de enfermagem da NOC com a Escala de Braden e ELPO observaram-se correlações que variaram de moderada à alta magnitude e significativas. Não houve correlação entre a NOC e a Escala de Braden durante as avaliações no pré-operatório. Os escores da NOC do pós-operatório imediato associadas com a pontuação da Escala de Braden pós-operatória foram de moderada a alta magnitude e significativas para os seguintes resultados: Perfusão Tissular: periférica, Termorregulação e Estado Neurológico: periférico. De maneira semelhante, os escores da NOC do segundo dia de pós-operatório também foram associados à pontuação da Escala de Braden no pós-operatório com correlações que variaram de moderada a alta magnitude e significativas para os resultados: Consequências da Imobilidade: fisiológicas, Estado Circulatório, Perfusão Tissular: periférica e Estado Neurológico: periférico. Ainda na quarta avaliação, o resultado Termorregulação mostrou correlação inversa, de moderada magnitude e significativa com a ELPO. No terceiro dia de pós-operatório as correlações foram de moderada a alta magnitude e significativas com as pontuações da Escala de Braden pós-operatório para os seguintes resultados: Estado Circulatório, Perfusão Tissular: celular, Perfusão Tissular: periférica, Estado Neurológico: periférico e Integridade Tissular: pele e mucosas. Ainda na quinta avaliação, o resultado Integridade Tissular: pele e mucosas mostrou correlação inversa, de moderada magnitude e significativa com a escala da ELPO. **DISCUSSÃO:** Os achados deste estudo indicam que os resultados da NOC mostraram correlações com estas escalas. Isto indica que a NOC proporciona um seguimento da avaliação clínica, indicando que seus resultados foram sensíveis, o que permite ao enfermeiro implementar intervenções que possam mudar o curso do estado clínico dos pacientes(2). Muitos resultados da NOC relacionados com a Escala de Braden tiveram correlação de moderada à alta magnitude e significativas no pós-operatório. Estudos apontam que as LP decorrente do posicionamento cirúrgico tem incidência entre 12 e 25%(4). Entre os fatores relacionados estão o tipo de anestesia, tipo de posicionamento, tempo de procedimento, posição dos membros, comorbidades, idade do paciente e superfícies de suporte utilizadas, no qual são itens avaliados pela ELPO(1). Por conseguinte, a Escala de Braden e a ELPO se mostram úteis para avaliar o risco de pacientes desenvolverem lesões por pressão e lesão por posicionamento cirúrgico, respectivamente, e a NOC tem o potencial para avaliar em um _continuum_ as variações das respostas dos pacientes às intervenções preventivas. Ao associar a ELPO com a NOC, os resultados Termorregulação e Integridade Tissular: pele e mucosas foram significativos. A similaridade entre o resultado Integridade Tissular: pele e mucosas e seus indicadores se relacionam com o item Comorbidade da ELPO que pontua a presença prévia de LP e doença vascular, no qual sinaliza ao enfermeiro a necessidade de intensificar os cuidados, evitando que lesões pré-existentes aumentem a gravidade. O resultado Termorregulação na avaliação do segundo pós-operatório apresentou correlação inversa com a ELPO, que não possui item no qual avalia a temperatura corporal do paciente ou fatores que o expões ao risco de hipotermia. Analisando a escala ELPO, estes fatores de risco para hipotermia podem ser considerados na avaliação dos itens Idade do paciente, Tipo de anestesia e Tempo de cirurgia. A hipotermia é um evento de grande incidência no intraoperatório, sendo que estudos a apontam como fator de risco para o desenvolvimento de LP(5). **CONCLUSÃO: **Os achados deste estudo permitem concluir que a aplicação da NOC mostrou correlações de moderada a alta magnitude com duas escalas, indicando que a associação entre esta classificação e os instrumentos de avaliação é factível de serem aplicadas neste cenário, contribuindo na tomada de decisão clínica do enfermeiro. **IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: **Conclui-se que a aplicação da NOC no perioperatório mostra-se útil para guiar a assistência do enfermeiro, possibilitando a observação da evolução clínica em um _continuum_ a partir das intervenções implementadas.
Referências: 1. Dellaroza MSG et al. O ensino de gerência em enfermagem na graduação: uma revisão integrativa. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde. [Internet]. 2015 Março. [cited 2018 Mar 19]; 36(1)supl: 149-158. 2. Sanna MC. Os processos de trabalho em Enfermagem. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2007 Apr [cited 2018 Mar 19];60( 2 ):221-224. |