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5703913 | EXPECTATIVAS DE UM ACADÊMICO DE ENFERMAGEM EM RELAÇÃO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE VS RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PROFISSIONAL ENFERMEIRO ATUANTE AMBOS COM FORMAÇÃO EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS | Autores: Miriam Ghidolin ; Matheus Felipe Morandi Anger |
Resumo: EXPECTATIVAS DE UM ACADÊMICO DE ENFERMAGEM EM RELAÇÃO AO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE _VS_ RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PROFISSIONAL ENFERMEIRO ATUANTE AMBOS COM
FORMAÇÃO EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS
_Matheus Felipe Morandi Anger_1
Miriam Ghidolin2
A graduação em enfermagem é fundamentada por Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) com foco na formação generalista, humanista, crítica e reflexiva com o
objetivo de formar profissionais qualificados para o exercício de Enfermagem,
com base no rigor científico e princípios éticos1. Assim, este estudo busca
entender sobre a formação profissional e, conhecer as expectativas de um
acadêmico de graduação em enfermagem com relação a sua formação voltada ao
Sistema Único de Saúde (SUS) e comparar isto com o relato de um enfermeiro
formado e atuante em saúde pública. Desenvolveu-se um estudo qualitativo na
forma de um relato de experiência envolvendo um acadêmico de graduação em
enfermagem e um enfermeiro formado atuante ambos com formação em universidades
públicas distintas situadas na região oeste de Santa Catarina. Os dados foram
coletados após um debate entre os entrevistados, debate este assistido pelo
autor, não foi desenvolvido questionário para tal atividade, apenas foi
disponibilizado uma temática sobre a qual ambos deveriam debater: Quais
expectativas para a formação profissional com enfoque no Sistema Único de
Saúde e como você se imagina atuante no mercado de trabalho?. O autor e
expectador no debate não interferiu de nenhuma forma neste. Este debate foi
gravado e posteriormente transcrito, por motivos éticos não foi exposto o nome
dos entrevistados. Formar profissionais em saúde, neste caso em específico
falando dos profissionais enfermeiros, qualificados e aptos para atuar no
Sistema Único de Saúde, sempre foi um grande desafio. Encontra-se dificuldade
em demonstrar a realidade para os estudantes, nesse sentido apresentar o dia a
dia de usuários, gestores e profissionais atuantes do sistema é fundamental
para formação acadêmica, uma vez que a partir de vivências e observações é
mais fácil entender o cenário de cuidado no qual a saúde pública brasileira
está inserida2. A grade curricular dos cursos de graduação em enfermagem vem
mudando a fim de proporcionar ao graduando espaços e meios para entender seu
papel na sociedade enquanto enfermeiro, e a relevância de sua formação no que
tange o processo de cuidar, de promover saúde e de prevenir doenças. Durante o
debate quando questionado sobre os aspectos inerentes a sua formação, o
graduando do quinto período em enfermagem afirma que a universidade é um
ambiente heterogêneo no qual é possível conhecer várias pessoas, suas crenças
e culturas, sendo indispensável para a construção pessoal e profissional.
Segundo o mesmo: “Entramos na universidade com um conhecimento errôneo sobre
os assuntos que vão ser abordados, confesso que fiquei um pouco assustado com
tanta informação, em relação ao SUS só tinha conhecimento pelas informações
passadas pela mídia e após um pouco mais de estudo percebi o quão importante é
para a população. É muito bom ser acadêmico de enfermagem, lembro-me do
primeiro contato com o paciente, o coração vai a mil [...] é muito
satisfatório poder aprender e poder ajudar o próximo”. O enfermeiro que
participou do debate é formado em uma universidade pública a três anos, e
concordou com o que foi colocado pelo graduando, as emoções e descobertas na
fase da graduação, principalmente nos anos iniciais, são muitas e, certamente
são indispensáveis para a formação pessoal e profissional. E coloca que
“depois que somos formados as coisas mudam um pouco, temos que nos adequar no
mercado de trabalho, reaprender coisas e saber lidar com os colegas e
principalmente com o paciente”. Explica que é difícil a primeira vez que se
entra em contato com o paciente após formado e que existe bastante insegurança
nessa inserção, relata que: “aprendemos muita coisa na graduação, mas muitas
delas a gente não usa, de certo modo a universidade peca em alguns aspectos
voltados ao sistema público que é onde a maioria dos profissionais formados
atuarão”. Nesse sentido o graduando explica que “Escolhi a enfermagem como
profissão por acreditar que posso fazer a diferença e ajudar o ser humano em
diversas áreas, desta forma com os conhecimentos teóricos e práticos passados
pela instituição poderei ajudar o indivíduo com diversas ferramentas”.
Percebe-se então o contraste entre a visão do acadêmico e do enfermeiro já
atuante, e que existem modificações no pensamento após a formação e inserção
no mercado de trabalho. Em resposta a isso o enfermeiro explica que “sim, é
nossa função ajudar, cuidar, explicar, atender, pôr em prática tudo o que nos
foi passado no período acadêmico, CUIDAR mesmo sabe, sair da rotina e ser mais
promotor e preventor de saúde, e claro, não deixar a rotina, a carga horaria e
os demais colegas influenciarem no cuidar do paciente, ou fazerem com que a
gente entre no modo automático, um ser tecnista e deixar de ver o paciente
como nosso principal objetivo”. O graduando complementa explicando que: “como
profissional eu me imagino, com certeza, atuante na área, em um emprego com
salário digno, com uma estrutura adequada para realizar e pôr em prática todos
meus conhecimentos”. O enfermeiro relata que as condições de trabalho e a
remuneração nem sempre são as melhores, e fala que “conversando agora lembro
bem dos meus anseios e expectativas para quando me formasse, é bom relembrar
essas coisas, como eu falei, “pra” não entrar no modo automático”. O
profissional explica que seus objetivos mudaram e que ele acredita que vão
continuar mudando com o tempo de trabalho, mas que espera nunca perder o tato
e entender seu papel no cuidado do paciente. Ao final da conversa ambos
relatam como é bom ter essa visão pelos olhos do outro, entendendo aspectos de
suas formações e de atuação profissional. Percebemos com essa pesquisa uma
experiência diferenciada entre os entrevistados em um cenário de ensino-
aprendizagem, sendo notória a diferença de visões, ideais e inspirações entre
os participantes. Nesse sentido é muito importante a contribuição das
Universidades para a formação de profissionais promotores e preventores de
saúde. Com relação aos depoimentos, este propiciou um ambiente rico, com
diferentes campos de conhecimentos para os participantes, contribuindo para
sua formação pessoal e profissional.
**Referências **
1 - BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.**
Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem,
Medicina e Nutrição. ** Brasília: Ministério da Educação 2001. Disponível em:
. Acesso em: 22 fev. 2018.
2 - BATISTA, Karina Barros Calife; GONÇALVES, Otília Simões Janeiro. Formação
dos Profissionais de Saúde para o SUS: significado e cuidado. **Saúde Soc**.
São Paulo; 2011: v.20, n.4, p.884-899.
Descritores: Educação em Saúde; Sistema Único de Saúde; Enfermagem.
**EIXO 1:** Políticas Públicas de Educação e Saúde
**TEMA 1:** Diretrizes Curriculares Nacionais e desafios contemporâneos da formação profissional em Enfermagem
1Acadêmico do Curso de Enfermagem, Universidade do Estado de Santa Catarina
–UDESC.
E-mail: [dominusmatheus@gmail.com](mailto:dominusmatheus@gmail.com)
2Miriam Ghidolin Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Fronteira
Sul, Especialista em Saúde Pública, Enfermeira no Hospital Regional do Oeste
Referências: 1. Rodrigues Juliana, Zagonel Ivete Palmira Sanson, Mantovani Maria de Fátima. Alternativas para a prática docente no ensino superior de enfermagem. Esc. Anna Nery [Internet]. 2007 Jun [citado 2018 Mar 10] ; 11( 2 ): 313-317. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452007000200020&lng=pt. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452007000200020.
2. Anastasiou Léa da Graças Camargos, Alves Leonir Pessate. Estratégias de ensinagem. 2004.
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4. Moura Elaine Cristina Carvalho, Mesquita Lúcia de Fátima Carvalho. Estratégias de ensino-aprendizagem na percepção de graduandos de enfermagem. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2010 Oct [cited 2018 Mar 10] ; 63( 5 ): 793-798. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672010000500016&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672010000500016.
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