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5564869 | DECISÕES COLEGIADAS PARA A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO | Autores: Luiz Antonio Bettinelli ; Selma Regina de Andrade ; Alacoque Lorenzini Erdmann ; Giovana Dorneles Callegaro Higashi |
Resumo: INTRODUÇÃO
O modelo de gestão colegiada, considerando-se as instituições públicas de
ensino, vem se consolidando como “instrumento” de administração, configurando-
se, assim, como eixo estratégico para deliberações, focalizadas na tríade
ensino, pesquisa e extensão. A organização colegiada é legitimada a partir da
participação coletiva, da exposição plural de ideias, exposição de debate e de
decisões compartilhadas, amparadas pelo diálogo entre seus pares. Os
representantes buscam exercer suas funções colegiadas com base nas normas,
leis e regulamentos, o que resulta em mais segurança, sustentabilidade,
legitimidade e consolidação das decisões tomadas coletivamente. Nesse aspecto,
as decisões podem ser tomadas de forma intuitiva, considerando-se, muitas
vezes, a experiência pessoal, preconceitos e valores. Ainda, podem afetar a
organização e trazer consequências positivas ou negativas no campo individual
ou coletivo1.
OBJETIVOS
Nesse sentido, torna-se importante desvelar a complexidade existente nas ações
dos docentes e discentes que atuam na gestão colegiada de um curso de
Enfermagem. Diante desse cenário, questiona-se: qual é o contexto e quais são
as implicações das decisões colegiadas para a formação do enfermeiro? Este
estudo teve como objetivo compreender o âmbito e as implicações das decisões
colegiadas para a formação do enfermeiro.
DESCRIÇÃO METODOLÓGICA
Estudo qualitativo guiado pela teoria fundamentada nos dados2 realizado em uma
universidade pública da região Sul do Brasil, no período de fevereiro a junho
de 2012. A seleção dos participantes foi intencional em função do objetivo
proposto. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista individual,
semiestruturada, utilizando-se o recurso de gravação digital de voz para o
registro das falas. Foram participantes do estudo os docentes, discentes e
funcionários com experiência no colegiado delegado do curso de graduação em
Enfermagem distribuídos em quatro grupos amostrais.
A coleta e análise dos dados foram sustentadas metodologicamente pelas etapas:
codificação aberta, axial e seletiva. O fenômeno intitula-se “compreendendo a
experiência das relações e interações complexas nas deliberações em gestão
colegiada de Enfermagem – entrelaçando divergências, convergências, diálogos,
coletividades e diversidades”. Neste artigo, apresenta-se o componente
relativo às condições contextuais e às consequências.
O tamanho da amostra de participantes foi determinado pela saturação teórica
dos dados, totalizando 30 entrevistas. O desenvolvimento do projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, sob o nº 2285/11.
**RESULTADOS**
Neste momento, serão apresentadas duas categorias referentes ao contexto e às
consequências, intituladas:
Contextualizando o cenário plural e diverso das deliberações colegiadas:
Os participantes do estudo reconheceram que o colegiado é caracterizado como
um cenário heterogêneo, no qual ocorrem as relações e interações entre
profissionais e demais representantes. Nesse cenário, torna-se necessário
conviver com a diversidade de ideias, conceitos, pensamentos, entendimentos e
desafios.
A gente trabalha na divergência, entendo grupo sempre heterogêneo, e isso faz
parte à diversidade, existe mesmo quando você acha que é uno com alguém, o
unir significa dois, se eu vou unir não é um só, são dois para unir, eu
preciso ter um mais um no mínimo, assim, eu tenho diversidade. O grande
desafio, principalmente quando a gente trabalha em situações que envolvem
outras pessoas, outros grupos, assim como ocorre em um uma universidade, é
negociar. (GC19)
Os discursos dos participantes remeteram ao entendimento de que é a partir dos
diversos posicionamentos dos representantes no colegiado que ocorre a
construção das respostas, na comunhão das opiniões é que se alcançam as
deliberações. Como exemplifica a assertiva a seguir:
Cada pessoa vai ter o seu entendimento próprio sobre o problema como que
normalmente se faz, você traz o problema, aí todas as pessoas ou quem quer
opina sobre esse problema, e claro que você vai construindo respostas, cada
opinião que alguém dá vai pondo um tijolinho naquela resposta, aí vai tendo
outro tijolinho, e assim por diante, no final de toda a discussão vai se
construindo uma resposta e essa resposta vai sendo construída a partir da
discussão de pontos de vista sobre aquela situação, e aí, no final se
delibera. A partir de um conjunto de opiniões [dos professores que atuam no
colegiado do curso de graduação] é que chegam a uma deliberação, e, ao final,
contribuem para a formação dos [discentes de enfermagem]. (GB10)
A atuação docente no colegiado do curso de Enfermagem: implicações no cenário
acadêmico
Os participantes do estudo destacaram que o colegiado trabalha para manter e
elevar a qualidade do curso de Enfermagem, promover a formação de
profissionais qualificados e capacitados e exercer suas atividades e demandas
laborais com dignidade, cidadania e ações humanizadas. Comprova-se isso no
seguinte comentário:
Existe o colegiado do curso para manter a qualidade do curso, que o curso seja
melhor, mas melhor pra quê? Para poder formar melhor as pessoas, e pra quê?
Para que essas pessoas possam cuidar melhor as outras pessoas, esse é o
objetivo do colegiado de curso, porque, senão, não tinha razão de existir. A
gente está preocupado com o produto final que é o enfermeiro, que é um
profissional capaz, ético, responsável, solidário, técnico, que tenha
competência clínica. (GA01)
De acordo com os entrevistados, a tomada de decisão é entendida como uma
atividade importante, pois poderá repercutir na vida dos discentes, direta ou
indiretamente. Visualiza-se essa afirmação no discurso a seguir:
Encaro como uma tomada de decisão que vai afetar os destinos das pessoas, o
curso vai ter um ano a mais ou reprovar um aluno ou expulsar ou jubilar. As
decisões são discutidas, porque há muitos interesses, há diferenças e as
decisões são tomadas democráticas, lá no colegiado tudo é votado, é discutido,
é avaliado, é relatado, nada se faz por decreto. (GA01).
CONCLUSÃO
As ações e deliberações colegiadas repercutem na vida dos discentes e
docentes, ou seja, implicam o processo de formação, no momento em que não
apenas reduzem, simplificam ou fragmentam os conhecimentos e saberes
disciplinares, mas possibilitam a interdisciplinaridade, a multiplicidade e
pluralidade de experiências e vivências, com suas especificidades e
peculiaridades, que constituem a tessitura humana, materializada no espaço
laboral.
Contribuições/implicações para a Enfermagem
Desse modo, tão importante quanto a ampliação do número de vagas e cursos é a
qualidade da oferta do ensino e da formação de profissionais de saúde. Os
desafios complexos e emergentes fazem parte do cotidiano na prática docente, o
que implica mais esforço e dedicação por parte do profissional. O processo
gerencial estabelecido no colegiado pode contribuir efetivamente para
fortalecer o desenvolvimento da organização e garantir uma formação de
qualidade em prol da assistência à saúde e melhoria de determinantes sociais.
Referências: 1-Avelar MCQ. Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Enfermagem. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Curso de Graduação em Enfermagem; 2017. 2- Brasil. Lei Nº 11.645, de 10 de março de 2008. [online]. Estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm [18 mar 2018]. 3- Brasil. Decreto Nº 4.281.de 25 de junho de 2002.[online]. Regulamenta a Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4281.htm [18 mar 2018]. 4-Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução no 1, de 30 de maio de 2012. [online]. Estabelece Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=10889-rcp001-12&category_slug=maio-2012-pdf&Itemid=30192 [18 mar 2018]. |