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5517682 | DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA | Autores: Marilei de Melo Tavares ; Claudia Mara de Melo Tavares ; Lucas Marvilla Mesquita |
Resumo: **Introdução:** A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma metodologia para organizar e realizar o cuidado de enfermagem orientado por princípios científicos nos serviços de saúde. A Atenção Básica (AB) configura um campo de práticas e de produção de novos modos de cuidado em saúde mental, engendrados dentro dos princípios da integralidade, da interdisciplinaridade, da intersetorialidade e da territorialidade. Atualmente, a articulação entre o ensino da SAE e a perspectiva do cuidado interdisciplinar é um desafio a ser enfrentado. As intervenções em saúde mental na atenção básica são concebidas na realidade do dia a dia do território, com as singularidades dos pacientes e de suas comunidades e isso depende da efetiva articulação de saberes da enfermagem com os demais membros da equipe multiprofissional e com os dos diferentes atores sociais do território para a melhoria da assistência prestada e a garantia de continuidade de atenção à saúde mental das pessoas. Apesar da obrigatoriedade da SAE1, ainda existe dificuldade para sua efetivação nos serviços de saúde, e mais ainda nos serviços de saúde mental. Apontam-se como motivos: falta de tempo, desafio de atendimento individualizado, preparo inadequado na formação do enfermeiro, falta de funcionários, falta de conhecimento de quem já esta atuando, descrença e rejeição da metodologia, carência de literatura científica sobre SAE dentre outras situações**2**. No contexto da atenção primária em saúde mental espera-se que o enfermeiro, assim como os que atuam nos demais cenários de atenção em saúde, utilize os pressupostos da SAE, caracterizando cientificamente a enfermagem como profissão, com destaque para a relevância do cuidado singular permitido pelo diagnostico de enfermagem devidamente dialogado com os demais profissionais de saúde, contemplando o princípio da interdisciplinaridade exigido pelo campo da saúde mental. **Objetivo: **Identificar e analisar práticas de sistematização da assistência de enfermagem de saúde mental na Atenção Básica. Metodologia: Trata-se de um estudo teórico. **Método: **Procedeu-se a uma revisão integrativa sobre o tema para o período de 2012-2017, levando em consideração que a síntese de resultados relevantes de pesquisa com reconhecimento mundial facilita a mudança de paradigmas para a prática profissional**3**. Os artigos selecionados foram analisados mediante a leitura dos textos na íntegra, buscando-se delimitar as categorias de análise, de modo a responder as questões norteadoras da pesquisa.** Resultados: **Ao analisar o problema da pesquisa nos artigos examinados percebeu-se que estudos sobre a utilização da SAE em saúde mental na atenção básica são escassos, dificultando a compreensão sobre os desafios para o ensino de enfermagem. Os estudos encontrados não versavam exclusivamente sobre a SAE em SM, tampouco evidenciam metodologias e diretrizes para sua aplicação, mas sobre experimentações de novas práticas, relatos de diagnósticos de enfermagem mais utilizados ou sobre os benefícios da mesma. Frente às limitações encontradas discutiremos os resultados a partir de dois eixos temáticos: (1) desafios da atenção de enfermagem em saúde mental na Atenção Básica: Sistematizar a assistência de enfermagem é uma atividade complexa, multifatorial, exigindo competências e habilidades específicas do profissional de enfermagem, e para isso SAE necessita de continuidade. Em um dos estudos onde não existiam enfermeiros integrantes a equipe multiprofissional evidenciou significativa mudança de realidades após a sua inserção, e percebeu-se que o enfermeiro garante a continuidade do processo de assistência ao cliente**4**. Entende-se assim, que o cuidado integral ao indivíduo com transtorno mental é fundamental em todos os níveis de atenção para garantia da qualidade e efetividade dos cuidados prestados. Na Atenção Básica a adoção de práticas ampliadas exige que o enfermeiro relacione-se com outros profissionais de saúde, atores sociais e dispositivos de atenção, para que por meio de uma ação dialógica interdisciplinar e territorializada possa planejar o cuidado integral. (2) estratégias utilizadas pelos enfermeiros para qualificação da assistência de enfermagem: A SAE é uma estratégia para gerar qualidade na assistência de enfermagem em SM, contudo outras estratégias também estão sendo utilizados pelos enfermeiros para qualificar a prática de enfermagem e humanizar os cuidados prestados pelos enfermeiros no âmbito da promoção da saúde mental na atenção básica, contudo sem o consenso profissional necessário. Para alguma dessas práticas, como a musicoterapia, vem se buscando classificar como intervenção de enfermagem, mas há outras que se apóiam em experiências pessoais ou trazidas de outras áreas profissionais. Ultrapassando questões biomédicas ou sócio-emocionais do trabalho, propõe-se reunir a equipe para o cuidado de si com vista ao aprimoramento das relações interpessoais para melhor cuidar do outro. O trabalho em equipe minimiza medos, anseios e as inseguranças da relação dialética cuidador-sujeito cuidado**5**. As práticas interdisciplinares com suporte do _Apoio Matricial _como dispositivo de resolução de situações superam a lógica de especialização fragmentada do trabalho, compartilhando saberes, dilemas e desafios, evitando, de forma prática, encaminhamentos desnecessários, favorecendo a autonomia do sujeito, fazendo-o ter seu próprio modo de seguir em sua vida. As inserções de tecnologias inventivas possibilitam melhoria nas relações profissionais-pacientes contribuindo com a expansão do papel do enfermeiro e dos modos de cuidar do cliente fora do ambiente tradicional de atenção. **Conclusão:** A SAE traz benefícios evidentes para os clientes da Atenção Básica, contudo ainda é pouco utilizada. Os enfermeiros associam a sua obrigatoriedade com a elaboração de roteiros em moldes de check-list, minimizando as potencialidades que esta ferramenta pode garantir aos serviços e aos pacientes. O conhecimento insuficiente ou inadequado acerca da SAE torna-se uma barreira para a implantação, adesão e execução da sistematização da assistência de enfermagem na Atenção Básica. Para que ocorra a aplicabilidade da SAE de saúde mental na AB, ressalta-se a necessidade dos enfermeiros se atualizarem, além de ser imprescindível que este profissional desenvolva estratégias para discussão sobre as interfaces entre SAE e o projeto singular de atenção integral do paciente junto à equipe interdisciplinar de saúde. A inclusão das ações de saúde mental na AB contribuiu para a consolidação da Reforma Psiquiátrica Brasileira, mas demanda a reorientação da prática de enfermagem junto à equipe multiprofissional de saúde. Nesse sentido, a formação e a educação permanente dos enfermeiros constitui um desafio para o cuidado implementado nesse contexto. **Contribuições/implicações para a Enfermagem:** No contexto da atenção primária em saúde mental espera-se que o enfermeiro utilize os pressupostos da SAE, caracterizando cientificamente a enfermagem como profissão, com destaque para a relevância do cuidado singular permitido pelo diagnostico de enfermagem devidamente dialogado com os demais profissionais de saúde, contemplando o princípio da interdisciplinaridade exigido pelo campo da saúde mental.
Referências: 1. Heymann et al. Novas diretrizes para o diagnóstico da fibromialgia. Rev. Bras. Reumatol, 2017; 57(S2): S467-S476.
2. Lorena SB et al. Avaliação de dor e qualidade de vida de pacientes com fibromialgia. Rev. Dor, 2016;17(1): 8-11.
3. Mendes BSO et al. Atuação do enfermeiro na assistência a dor em um hospital de ensino. Rev. Ciaiq, 2017; 2: 1497-1502.
4. Arthur K, Nascimento LC, Figueiredo DAS, Souza LB, Alfieri FM. Efeitos da geoterapia associadas à cinesioterapia na osteoartrite de joelho: estudo randomizado duplo cego. Rev. Acta Fisiatric, 2012; 19(1): 11-14.
5. Medeiros GMS. O poder da argila medicinal – princípios teóricos, procedimentos terapêuticos e relatos de experiências clínicas. Blumenau: Nova Letra, 2013. |