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5439622 | QUALI AB COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA | Autores: Marli Terezinha Stein Backes ; Vanessa Maria Vieira ; Débora Batista Rodrigues ; Monica Batista Boff Bellé |
Resumo: **Introdução: **A Atenção Básica é considerada a porta de entrada preferencial de acesso ao Sistema Único de Saúde, sendo ela que determina o nível de atenção de acordo com as necessidades de saúde da população, nos seus diversos graus de complexidade. Ao longo dos anos, a Atenção Básica vem crescendo em termos de relevância e de materialidade dos recursos públicos, gerando maior atenção por parte dos gestores envolvidos. Neste contexto de mudança do modelo de atenção e cuidado em saúde no Brasil, o governo aprova em 2017 pela Portaria de Consolidação nº. 2, anexo XXII, a nova Política Nacional de Atenção Básica. Esta estabelece a Atenção Básica como o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária(1). É importante considerar o impacto que a Atenção Básica pode causar nos demais níveis de assistência, otimizando os trabalhos e possibilitando economia dos cofres públicos. Dessa forma, e baseando-se nos indicadores para acompanhar a evolução dos sistemas de saúde em todas as suas setorialidades, este estudo busca avaliar o panorama atual do serviço de Atenção Básica de três Estratégias Saúde da Família no município de Araranguá/SC, considerando-se a aplicação do questionário “Qualidade de Serviços de Atenção Básica” (Quali AB)(2). **Objetivo: **Avaliar a qualidade do serviço de Atenção Básica em três Estratégias Saúde da Família no município de Araranguá/SC através dos resultados da aplicação do questionário Quali AB. **Descrição metodológica: **Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, descritiva e bibliográfica baseado no Modelo Teórico de Avaliação utilizado por Samoto(3) na Região de Saúde de Rio Pardo, Estado de São Paulo, que avaliou a qualidade dos serviços de Atenção Básica. Ressalta-se que para fins desta pesquisa foi utilizado o questionário Quali AB, com 115 questões auto aplicáveis, composto por notas 0 – insuficiente, 1 – aceitável e 2 – esperado e compilado pela Universidade Estadual Paulista. Utilizou-se ainda entrevista semi-estruturada. Os profissionais entrevistados foram médicos, enfermeiros e dentistas. As etapas para o desenvolvimento da pesquisa foram estruturadas em momentos distintos. No _primeiro_ momento foi realizado uma análise _online _no banco de dados sobre Quali AB através de duas dimensões de indicadores: Gestão e gerenciamento local e Gestão da atenção à saúde. No _segundo_ momento foi realizada a coleta de dados junto aos profissionais selecionados. No _terceiro_ momento, após realizadas as entrevistas partiu-se para a organização dos dados coletados e o estabelecimento de critérios para proceder a análise dos mesmos. Com base na análise, no _quarto_ momento foi possível propor medidas de aperfeiçoamento para melhoria do processo de trabalho através da aplicabilidade do Quali AB. **Resultados: **O processo de avaliação analisou todos os fatores que englobam o dia a dia do profissional de saúde enquanto provedor do cuidado. O instrumento Quali AB define um conjunto de indicadores de processo e, secundariamente, de estrutura, que procuram abarcar as diferentes etapas de promoção, prevenção e assistência do conjunto de atividades e programas sob responsabilidade da Atenção Básica. Após a finalização da coleta de dados por meio dos questionários, a unidade de saúde e o gestor municipal receberam um relatório com especificação das notas obtidas, sendo que houve maior número de questões com nota 2 – 132 questões. A nota 1 apresentou 124 e a nota 0 – 53 questões. Este é um bom resultado, pois demonstra que as unidades de saúde estão conseguindo, de um modo geral, desempenhar suas atividades conforme previsto na Política Nacional de Atenção Básica(1). Ainda para fins de maior enriquecimento e aprofundamento, após a pesquisa no banco de dados sobre Quali AB, desenvolveu-se o percentual médio identificado na avaliação global de cada uma das Estratégias Saúde da Família a partir das respostas preenchidas nas questões pontuadas de cada indicador (Recursos materiais, procedimentos e insumos básicos, Informação, planejamento e avaliação, Coordenação do trabalho, Promoção, prevenção e educação em saúde e Atenção e agravos de relevância epidemiológica e social). A média final foi de 62,5% na ESF 1, 70% na ESF 2 e, 57% na ESF 3. O indicador “Atenção e agravos de relevância epidemiológica e social” apresentou nas três ESF percentuais próximos mais elevados (ESF 1 - 73%, ESF 2 - 77% e ESF 3 - 87%) o que demonstra que as unidades de saúde pesquisadas desempenham com maior presteza suas atividades nesta área. Já em relação ao indicador “Recursos materiais, procedimentos e insumos básicos” é notória a dificuldade das ESF, visto que apresentaram percentuais mais baixos (ESF 1 - 58%, ESF 2 - 44% e ESF 3 - 33%). Cabe salientar que as médias especificadas de cada indicador e a média final de cada ESF foram coletadas na base de dados_ online _do Quali AB(2). A percepção dos profissionais entrevistados referente ao questionário Quali AB e sua avaliação leva-nos a enxergá-la como um procedimento positivo e importante, embora a incorporação dos resultados seja ainda um processo desafiador que depende do comprometimento de diversos atores. Foram constituídas categorias com as temáticas do questionário aplicado, sendo estas: _Participação no processo avaliativo, Resultados da avaliação – pontos fortes e frágeis__, __Mudanças resultantes do processo de avaliação, Resultados encontrados e Sugestão em relação ao processo de avaliação_. O que se pode perceber na referida pesquisa é que os enfermeiros eram os detentores do conhecimento relacionado ao processo avaliativo Quali AB. Sendo que os demais profissionais ou estavam apenas cientes que houve preenchimento do questionário ou não tinham nenhum conhecimento a respeito. Pode-se compreender durante a pesquisa em cada Estratégia Saúde da Família que há evidência de um bom acolhimento dos profissionais de saúde para com os usuários, sendo valorizado o diálogo e a escuta qualificada do enfermeiro. **Conclusão: **Através desta pesquisa, foi possível mensurar as necessidades de melhoria em diversos indicadores e parametrizar ações que devem ser revistas pela gestão local e profissionais de saúde em suas políticas de atenção à saúde. O novo conceito de saúde aliado a instrumentos avaliativos permeia o desenvolvimento da Atenção Básica e influi de forma decisiva no processo de trabalho das Estratégias Saúde da Família. A estratégia tem o papel desafiador da atenção continuada, resolutiva e pautada nos princípios já indicados e considerados essenciais para a melhoria dos indicadores de saúde e da qualidade de vida da população acompanhada.**Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Os novos tempos exigem do profissional de saúde muita competência, não apenas nas áreas científicas e tecnológicas, mas também nas vivências dos valores sociais e culturais para uma boa execução do trabalho. Acredita-se com a execução deste trabalho, que o mesmo poderá contribuir para a melhoria dos serviços prestados pelas Estratégias Saúde da Famíliaatravés da disponibilidade de mais uma fonte de literatura baseada na verificação da avaliação da Atenção Básica. O Quali AB avança a sua aplicabilidade na busca da abrangênciaemdiferentes contextos epossibilita um meio de reflexão das práticas em saúde. Não se tem a pretensão de esgotar aspossibilidades de análise, mas sim de contribuir para o aprimoramento do processo de trabalho, além de incentivar o desenvolvimento de práticas avaliativas no âmbito dos serviços de saúde e sua vinculação com atividades analíticas, de planejamento e gestão.
Referências: Referências:
1- Oliveira R.S, Almeida E.C, Azevedo N.M, Almeida M.A.P, Oliveira J.G.C. Reflexões sobre as bases científicas e fundamentação legal para aplicação da sistematização do cuidado de enfermagem. Revista Uniabeu Belford Roxo v. 8, n. 20, 2015.
2- Wall ML, ET al. Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem (COMISAE). Avaliação de enfermagem: Hospital de Clínicas, 2014. Disponível em: Acesso em: 15 fev. 2018.
3- Conselho Federal De Enfermagem (COFEN). Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem.. Portal COFEN, Brasília, DF, 15 out. 2009. Disponível em: < http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html.> Acesso em: 16 fev. 2018.
4- CARVALHO EC, Oliveira-Kumakura ARS, Morais SCRV. Raciocínio clínico em enfermagem: estratégias de ensino e instrumentos de avaliação. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018; 70(3): 662-8. DOI: http://dx.doi.org/10. 1590/0034-7167-2016-0509. |