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5310026 | ESTUDO DE CASO COMO FERRAMENTA DE ENSINO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM | Autores: July Grassiely de Oliveira Branco ; Francisca Alanny Rocha Aguiar ; Francisco Antonio Carneiro Araújo ; Talles Homero Pereira Feitosa ; João Victor Lira Dourado |
Resumo: A necessidade de reorganizar a Atenção Básica impulsionou o Ministério da
Saúde a implementar importantes dispositivos de articulação entre educação e
trabalho em saúde, especialmente, estratégias para fortalecer a formação em
saúde. Dentre as ações pactuadas entre esses dois setores destaca-se o
Programa de Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, que
tinha como objetivo a promoção de transformações no ensino da saúde, tendo
foco a graduação dos cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia[1]. Isso se
materializou em 1996, por meio da introdução da nova Lei das Diretrizes e
Bases Nacionais da Educação Nacional, e de modo mais específico nas
Instituições de Educação Superior - IES, no ano de 2001, com a Resolução nº 3
do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior, que publicou as
Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação em Saúde. Essas normativas
trouxeram uma maior proximidade com os campos. Isso gerou uma reestruturação
da organização estrutural das IES, promovendo uma formação mais próxima da
realidade do Sistema Único de Saúde[2].** **De encontro a estas mudanças, o
setor de educação também buscou reestruturar suas práticas e buscar novos
modelos de ensino e aprendizado que possibilitasse um melhor rendimento dos
alunos. Nesse contexto, surgem as metodologias ativas de ensino, que
contrastavam com o modelo tradicional de ensino, em que todo o conhecimento
emanava do professor. Essa nova proposta de ensino propunha que os alunos
fossem protagonistas do seu aprendizado, por meio de diversas técnicas que os
permitissem buscar o conhecimento, tendo a figura do professor sido
transformada em um tutor, mediador ou orientador[3]. No que concerne os cursos
da Saúde, citam-se os estudos de caso como uma das principais metodologias
ativas de ensino, uma vez que estes objetivam promover o desenvolvimento do
raciocínio crítico, clínico e a compreensão do processo saúde doença por meio
da investigação de casos, a qual os alunos além de discorrerem sobre o
problema terão que elaborar um plano terapêutico em vista da evolução positiva
do quadro de saúde do paciente. Dentro desse contexto, objetivou-se relatar o
processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem em um caso ocorrido
durante a disciplina Estágio Supervisionado I do curso de graduação em
Enfermagem do Instituto Superior de Teologia Aplicada (INTA). O período das
atividades ocorreu nos meses de agosto a dezembro de 2018. Desenvolveu-se em
um Centro de Saúde da Família, no interior do Ceará. A primeira aproximação
com o caso foi por meio de prontuário familiar. Após a leitura e discussão
deste documento com o preceptor, marcou-se com a agente comunitária de saúde
(ACS) uma visita domiciliar ao paciente. Durante a visita domiciliar iniciou-
se o processo de aplicação do Processo de Enfermagem (PE). Para a realização
da Consulta de Enfermagem utilizou-se do modelo proposto por Barros e
Colls[4]. Na anamnese investigou-se sobre a estrutura familiar, apoio
espiritual, condições psicológicas, relacionamentos interpessoais, condições
de moradia, higiene pessoal, alimentação, excreções fisiológicas, realização
de exercícios físicos, limitações, alergias, acompanhamentos realizados, apoio
dos programas sociais. Ao finalizar a anamnese iniciou-se o exame físico
completo, no sentido cefalocaudal, dando ênfase ao sistema cardiovascular, o
qual se encontrava como um dos comprometimentos de saúde mais relevantes
daquele indivíduo. Ao final foram aferidos os sinais vitais, repassadas
algumas orientações e agendada uma nova visita para a apresentação do plano
terapêutico de enfermagem. Todos os dados foram analisados, com o auxílio da
taxonomia da NANDA-I, sendo identificados os diagnósticos de enfermagem para
aquele paciente. A construção do plano de cuidados deu-se a partir da análise
criteriosa de cada diagnóstico, considerando também o aporte tecnológico
disponível para o atendimento ao paciente no Centro de Saúde da Família, assim
como, suas condições sociais e econômicas. Com o plano de cuidados elaborado e
apreciado pela preceptora, esse foi apresentado à equipe de enfermagem que
assistia o paciente e assim iniciou-se sua implementação. Como resultados: A
taxonomia da NANDA-I é uma ferramenta importante no dia-a-dia dos enfermeiros,
pois além de ser uma construção científica e coletiva própria da enfermagem,
ela padroniza a linguagem da categoria e permite uma compreensão comum das
necessidades daquele indivíduo, a partir dos diagnósticos[5]. Durante a coleta
do histórico de enfermagem identificou-se que as principais necessidades
estavam relacionadas com a segurança e apoio familiar do paciente, remetendo-
se a síndrome do idoso frágil, relacionado a alterações na função cognitiva,
evidenciado por mobilidade física prejudicada e Manutenção ineficaz da saúde,
devido a estratégias de enfrentamento ineficazes e apoio social insuficiente.
Devido à fragilidade do seu estado geral e do seu estado psicológico
identificou-se como segunda prioridade a manutenção do estado de vigilância e
a adesão ao tratamento, o que levou aos diagnósticos “Ansiedade relacionada à
crise situacional, evidenciado por hipervigilância e Falta de adesão (ao
tratamento) relacionado à motivação insuficiente, evidenciado por falha em
alcançar os resultados”. Outro diagnóstico destacado estava relacionado à
recreação e laser, uma vez que o paciente tinha como única atividade assistir
a programas televisivos. Deste modo, identificou-se o seguinte diagnóstico
“Atividade de recreação deficiente evidenciada por tédio”. As necessidades
biológicas básicas também se encontravam prejudicadas levando aos diagnósticos
“deglutição prejudicada, evidenciado por anormalidades das vias aéreas
superiores, sensação de engasgo e tosse, eliminação urinária prejudicada,
relacionada à obstrução anatômica, evidenciado por retenção urinária e,
Levantar-se prejudicado, relacionado à perturbação emocional, evidenciado por
força muscular insuficiente”. Mediante os diagnósticos de enfermagem,
elaborou-se o plano de cuidados que teve como principais intervenções a
promoção e estimulação da deambulação segura por meio do uso de órteses, a
estimulação a recuperação da autonomia do indivíduo, reestabelecimento do
vínculo familiar como ferramenta para o alcance dos objetivos, o incentivo a
práticas de recreação e interação interpessoal, reabilitação das funções
orgânicas e alcance do equilíbrio psicológico. Compreende-se que o processo de
aprendizado é dinâmico e se vale de diversas ferramentas e metodologias para
alcançar seus objetivos. Diante disso, as metodologias ativas se constituem
uma importante ferramenta de aprendizado por permitir ao discente ser
responsável por adquirir os conhecimentos necessários a desenvolver as
habilidades fundamentais a sua prática profissional. Nesse contexto a
elaboração de estudos de caso se constitui em indispensável metodologia ativa
de ensino no campo da enfermagem, uma vez que possibilita uma aproximação com
o campo de trabalho e com o sujeito do cuidado, permitindo a este desenvolver
o raciocínio crítico e clínico e utilizar-se de conhecimentos e ferramentas
próprias da enfermagem como a Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Como implicações para a Enfermagem, percebe-se que embora o processo de
enfermagem seja um saber científico da profissão, no qual deveria ser pautada
todas as ações de enfermagem, o que se percebe na prática é a falta de
afinidade dos profissionais com esta ferramenta. Ainda que reconheçam a
importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem, muitos
profissionais a deixam de lado por outras abordagens mais rápidas e que não
condizem com os saberes da enfermagem enquanto ciência. Diante disso, o
desenvolvimento de estudos de caso pautados no Processo de Enfermagem
possibilita não só a compreensão da importância deste, como também que o
futuro profissional desenvolva afinidade e a habilidade de aplicá-lo na sua
prática profissional.
Referências: 1 - BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição. Brasília: Ministério da Educação 2001. Disponível em: . Acesso em: 22 fev. 2018.
2 - BATISTA, Karina Barros Calife; GONÇALVES, Otília Simões Janeiro. Formação dos Profissionais de Saúde para o SUS: significado e cuidado. Saúde Soc. São Paulo; 2011: v.20, n.4, p.884-899. |