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5300339 | O CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM E O APRENDIZADO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE | Autores: Elza de Fátima Ribeiro Higa ; Joyce Fernanda Soares Albino Ghezzi ; Maria José Sanches Marin |
Resumo: **Introdução:** A enfermagem representa 50% dos 3,5 milhões de trabalhadores da saúde brasileira. Esta categoria é composta, majoritariamente por técnicos e auxiliares (80%). Ambos estão inseridos no Sistema Único de Saúde (SUS) com 59,3% das equipes atuando no setor público1. Dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) contabilizaram até junho de 2016, 191.247 Auxiliares, 169.836 Técnicos e 113.380 Enfermeiros no estado de São Paulo2. A formação de profissionais de nível médio na enfermagem teve início em 1942 e, com a evolução tecnológica na área da saúde, as instituições passaram a exigir profissionais com maior qualificação3. Para atender essa expectativa, o Ministério da Educação (MEC) junto ao Conselho Nacional de Educação (CNE), definiram em 2012, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio objetivando um profissional mais preparado para o mercado3. Considerando que o técnico representa a maioria dos profissionais da enfermagem1-2, o SUS, por meio da Portaria 3.189/09, tornou-se responsável pela formação em saúde e que há escassez de estudos sobre o processo de formação de nível médio atrelado ao SUS4, pergunta-se: O que os estudantes dos cursos técnicos de enfermagem estão aprendendo sobre o SUS e seus princípios? **Objetivo: **Compreender o que os estudantes de curso técnico de enfermagem aprenderam sobre o SUS e seus princípios. **Método:** Pesquisa de campo, de natureza qualitativa. A coleta de dados ocorreu no período de janeiro a junho de 2014 em três Instituições de Ensino Técnico, assim codificadas: I, II e III. Participaram 33 estudantes com idades entre 19 a 34 anos, sendo dez da Instituição I, dez da Instituição II e 13 da Instituição III. A amostra foi determinada pela saturação dos dados. O critério de inclusão foi estar regularmente matriculado no último ano do curso Técnico de Enfermagem. Os dados foram coletados por meio da técnica de entrevista semiestruturada, com a seguinte questão norteadora: O que você aprendeu em seu curso técnico de enfermagem sobre o SUS e seus princípios? As entrevistas foram audiogravadas pela pesquisadora em locais que asseguravam a privacidade e o anonimato dos entrevistados. Em seguida, foram transcritas na íntegra, omitindo quaisquer informações que pudessem identificar o estudante. Os resultados foram interpretados pela técnica de Análise de Conteúdo, na modalidade temática. Os dados obtidos foram discutidos à luz dos Princípios e diretrizes do SUS. O estudo foi iniciado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o nº: 513.799 e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi assinado antes da coleta de dados em cumprimento à Resolução 466, de 2012 do Conselho Nacional de Saúde5. **Resultados:** Os dados foram analisados e estruturados em quatro categorias analíticas: Categoria 1: o acesso universal do SUS “[...] o SUS foi feito uma lei, que era pra todos, que todos tinham o direito, e de ter acesso ah! Porque antigamente era só quem tinham dinheiro essas coisas [...]. (IE II)”; Categoria 2: SUS: cuidado integral “[...] tudo a gente depende do SUS [...] a gente precisa do SUS pra vacinação, hoje dizer que a gente não precisa do SUS é, como se diz, é uma enganação [...]. (IE I)”; Categoria 3: SUS: difícil viabilização “[...] é um sistema muito bom, mas tem muitas falhas no uso, porque as filas são muito grandes [....]. (IE I)” “[...] porque ainda falta lençóis, fronhas, tudo isso no hospital não tem nada[...]. (IE III)”; Categoria 4: a participação social e o saber sobre o SUS “Eu acreditava quando eu comecei a fazer o curso que o SUS seria só um sistema de saúde gratuito, era basicamente isso, com o passar do desenvolvimento dessa matéria, na escola, é mais do que isso, ele engloba uma humanização [...]. (IE III)”. Assim, foi possível depreender que os estudantes do curso técnico de enfermagem aprenderam sobre o SUS e seus princípios, como por exemplo, o princípio da universalidade foi relacionado à melhoria do acesso aos serviços de saúde, garantindo então, o direito à saúde como um dever do estado. A integralidade foi referida como um cuidado desprovido de fragmentação com envolvimento multiprofissional. E, embora a universalidade e a integralidade tenham sido positivamente descritas pelos estudantes, estes alardearam sobre a grande discrepância entre as ações estabelecidas na lei orgânica da saúde e a realidade do SUS, como as filas imensas, demora e cotas estabelecidas para o atendimento do usuário, assim como a falta de materiais. **Conclusão: **Tendo em vista, que grande parte do contingente de trabalhadores da enfermagem, é representada pelo técnico de enfermagem, compreende-se como essencial que eles estejam adquirindo conhecimentos sobre os princípios e diretrizes do SUS. Desta forma, pode-se entender que as políticas educacionais estão proporcionando alguns subsídios para a efetivação de um novo modo de pensar e agir em saúde. Entretanto, ainda representa uma lacuna o conhecimento sobre o impacto prático desses profissionais, uma vez de posse do conhecimento.
Referências: 1. Rogers J. Assessment, prevention and treatment of constipation in children. Nursing Standard, 2012; 26 (29): 46-52.
2. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos da Pesquisa em Enfermagem. Porto Alegre: Artmed. 2004.
3. Tabbers MM et al. Evaluation and Treatment of Functional Constipation in Infants and Children: Evidence-Based Recommendations from ESPGHAN and NASPGHAN. JPGN. 2014, FEB; 58 (2): 258–274.
4. Jordan Z et al.. The updated JBI model for evidence-based healthcare. The Joanna Briggs Institute. 2016. |