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5264476 | A CONSULTA DE ENFERMAGEM COMO ESTRATÉGIA EDUCATIVA NA PREVENÇÃO DE AGRAVOS À SAÚDE | Autores: Rayssa Borges ; Dhaniel Marinho Mikosz ; Susanne Elero Bertiolli ; Luciana Alcântara Nogueira ; Christine Garcia Mendes |
Resumo: INTRODUÇÃO: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são uma preocupação
para todos os profissionais de saúde, a medida que as ações para prevenção dos
agravos e postergação das complicações podem ser feitas com atividades que não
demandam muita tecnologia, como as oficinas educativas e, para o enfermeiro, a
Consulta de Enfermagem (C.E.). Esta é definida como uma atividade privativa do
enfermeiro e é regulamentada pela Lei do exercício profissional1. As ações
propostas pelo projeto “Ações Educativas na Prevenção de Agravos à Saúde” têm
como objetivo a promoção da saúde, que “é o nome dado ao processo de
capacitação da comunidade para
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior
participação no controle deste processo”2:1. Nesse sentido, o Sistema Único de
Saúde (SUS) como política do estado brasileiro organiza programas e
atividades, visando promover a qualidade de vida e reduzindo a vulnerabilidade
e riscos à saúde. Uma das estratégias para a promoção à saúde realizada por
profissionais enfermeiros é a educação em saúde, pois por meio dela é possível
estar em contato com a população, verificando suas necessidades e
especificidades. Entende-se que o ser humano, em sua trajetória de vida,
possui uma infinidade de questões em relação as suas condições de vida e
saúde, cada faixa etária tem suas peculiaridades e necessitam de um olhar mais
apurado dos profissionais de saúde. Nesse sentido, estes devem buscar atuar a
fim de minimizar o impacto das doenças e comportamentos de risco na saúde da
população. Entende-se que a contribuição da Enfermagem e demais profissões de
saúde pode estar atrelada às ações com tecnologias leves que, se aplicadas
constantemente à população, podem influenciar no comportamento e na mudança de
hábitos de vida na busca de um viver melhor e saudável. Desde 2010 o
Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolve
práticas voltadas à promoção da saúde e prevenção de agravos, por meio de
atividades de extensão com projetos interinstitucionais em um espaço
denominado “Centro de Cuidados”, fato que motivou o desenvolvimento do
referido projeto de extensão. OBJETIVOS: Realizar Consultas de Enfermagem para
a comunidade acadêmica, acompanhar pessoas com doença crônica durante as
Consultas de Enfermagem, desenvolver atividades de educação em saúde, elaborar
material educativo para promoção da saúde e prevenção de agravos. METODOLOGIA:
Trata-se de um projeto de extensão desenvolvido mediante ações de Consulta de
Enfermagem, acompanhamento de doentes crônicos e atividades educativas em
oficinas e palestras. O projeto teve início em maio de 2017 após aprovação em
edital. Foram realizadas reuniões com a equipe participante a fim de organizar
as atividades, preparo dos materiais, treinamento e divulgação do projeto por
meio de cartazes e convites, em todos os locais frequentados por acadêmicos,
como restaurante universitário, blocos de sala de aula e cantinas. Utiliza-se
durante as consultas de enfermagem um instrumento norteador que contempla
informações relativas a: identificação do paciente, antecedentes familiares,
descrição das atividades realizadas no dia-a-dia e jornadas laborativas,
patologias associadas e utilização de medicação contínua, informações sobre
sono e repouso, prática de atividade física, hábitos alimentares, tabagismo e
alcoolismo, eliminações e situação vacinal, além de um exame físico completo e
análise de exposição aos riscos (químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e
psicossociais). Essa coleta de informações é crucial para a definição dos
diagnósticos de enfermagem e desenvolvimento de um plano de cuidados. Este
roteiro é armazenado junto a equipe para retomada em caso de retorno. São
participantes do projeto cinco docentes e três discentes do Curso de
Enfermagem da UFPR. As consultas são realizadas semanalmente e abertas a todos
os alunos, servidores e funcionários terceirizados da limpeza e vigilância do
_campus_ Jardim Botânico – Curitiba (Paraná). Como o projeto almeja atender
além dos alunos também a equipe trabalhadora da Universidade, o projeto só
pôde ser iniciado após autorização de setores da Universidade e permanece em
vigência até abril de 2019. RESULTADOS: Foram realizadas 16 consultas no
período de oito semanas, sendo 10 destas realizadas com alunos e 6 com
funcionários terceirizados do setor de limpeza e vigilância. Por meio da
anamnese foi possível observar indicativos de risco psicossocial importantes
entre os estudantes, e a necessidade da promoção de hábitos de vida e ações
saudáveis entre os funcionários. Percebeu-se também a necessidade da
elaboração de um fluxograma, para articular as ações da equipe atuante no
projeto em situações de atendimento que ultrapassam as atividades permitidas
previstas em lei para a categoria. CONCLUSÃO: Verificou-se que embora não
tenham sido realizados um número substancial de atendimentos para o período de
vigência do projeto, percebeu-se a importância de realização das consultas de
enfermagem para este público, pois as pessoas atendidas retornaram para
orientações posteriores. A limitação destes atendimentos se refere ao público,
pois as atividades são desenvolvidas em horário que muitos alunos estão em
aula e funcionários em atividade em seus setores. A compreensão do significado
da consulta de enfermagem não é muito clara para a comunidade, portanto, faz-
se necessário uma divulgação esclarecedora dessa atividade para o público alvo
do projeto, com a finalidade de realizar um maior número de consultas.
CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: As ações contempladas pelo
projeto são de suma importância para a profissão, pois além de estreitar os
laços entre a comunidade e a universidade, aproximam o usuário das teorias
discutidas na academia, apresentam seu impacto na promoção em saúde e
disseminação de hábitos e ações preventivas de DCNT, bem como evidencia a
importância e os benefícios das consultas. Ainda, trabalham a amplitude do
papel do enfermeiro dentro da equipe de saúde, afastando-o do imaginário de
apenas administrador e oportunizando uma mudança na compreensão desse papel
pela comunidade. Do ponto de vista da formação do futuro profissional de
enfermagem, destaca-se o exercício do raciocínio clínico e da implementação do
processo de enfermagem precedente à sua inserção no mercado de trabalho. Isso
o torna melhor preparado para o desenvolvimento de tais atividades, além da
conscientização da importância do papel do enfermeiro como agente catalizador
nas atividades de promoção da saúde. Essas visam a qualidade de vida, reduzem
a vulnerabilidade e riscos à saúde e possuem importância frente às políticas
públicas de saúde atuais.
Descritores: enfermagem; prevenção de doenças; educação em saúde.
Tema 2: Integração ensino-serviço-comunidade como estratégia para a formação
profissional e consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem.
REFERÊNCIAS
1.Brasil. Presidência da República, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
nº7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da
enfermagem, e dá outras providências [Internet]. Brasília, DF; 1986. [acesso
em 2018 mar. 2]. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm
2. Carta de Ottawa. Primeira Conferência Internacional sobre promoção da
saúde [carta]. Novembro de 1986; Ottawa, CA; 1986. [acesso em 2018 mar. 2].
Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf
Referências: 1. Lima VV, Padilha RQ (orgs.). Reflexões e inovações na educação de profissionais de saúde. Volume I. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018. 2. Rodrigues CSD et al. Pesquisa em educação e bricolagem científica: rigor, multirreferencialidade e interdisciplinaridade. Cadernos de pesquisa [Internet]. 2016 out/dez [citado 2018 fev 12]; 46(162):966-82. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010015742016000400966&script=sci_abstract&tlng=pt 3. Bacich L, Moran J. Metodologias ativas para uma educação inovadora – uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. 4. Lévi-Strauss C. O Pensamento Selvagem. São Paulo: Papirus Editora; 2005. 5. Kicheloe JL, Berry KS. Pesquisa em educação: conceituando a bricolagem. Porto Alegre: Artemed; 2007. |