Imprimir Resumo


SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 5246822

E-Pôster


5246822

A PROBLEMATIZAÇÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO APLICADO AO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE ENFERMAGEM

Autores:
Tânia Maria Alves Bento ; Ana Paula Miyazawa ; Daniela do Carmo Kabengele

Resumo:
**A PROBLEMATIZAÇÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO APLICADO AO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE ENFERMAGEM** _Ana Paula Miyazawa_ Tânia Maria Alves Bento Daniela do Carmo Kabengele A formação dos profissionais da saúde vem passando por transformações ao longo das últimas três décadas, ocasionadas tanto pela modificação do perfil demográfico e epidemiológico da população como pela necessidade de se fortalecer a ideia de um modelo assistencial que tem como foco a relação entre os fatores sociais e o processo saúde-doença. Entre as particularidades do mundo contemporâneo que fomentam a discussão sobre as mudanças na formação dos profissionais da saúde, podem ser mencionadas a velocidade na produção do conhecimento, o avanço tecnológico e a globalização da comunicação que diminui a distância e favorece o intercâmbio entre diferentes culturas1. No entanto, ressalta-se o distanciamento do setor educacional das discussões das reformas no setor saúde, o que acarreta uma inadequada formação de profissionais, já que os cursos de graduação e pós-graduação não formam o aluno para as necessidades do Sistema Único de Saúde. As instituições formadoras ainda se baseiam no conhecimento da tecnologia de alta complexidade e nas especialidades, perpetuando modelos tradicionais de seleção de conteúdos2. Neste contexto, Crivari3 afirmam que para superar o modelo assistencial vigente, a formação deve ser centrada na promoção da saúde, no processo de trabalho, na interdisciplinaridade, no desenvolvimento de habilidades para a ação social, a fim de formar ao mesmo tempo, bons profissionais e bons cidadãos. A capacidade de articular conhecimentos, de saber buscar informações para resolução de problemas, de mediar conflitos e de reconhecer a influência da realidade social de uma comunidade no processo saúde-doença é considerada característica fundamental para que o profissional de saúde atue com autonomia, baseando suas decisões cotidianas na sua própria reflexão crítica. Por isso, considerando a necessidade de estimular precocemente a capacidade reflexiva dos estudantes, o estágio curricular pode ser considerado um momento propício para se utilizar metodologias que favoreçam a tomada de decisões mais acertada para uma dada situação em determinado momento. A utilização de metodologias ativas constitui um desafio para as instituições de ensino preocupadas em formar sujeitos críticos e reflexivos corresponsáveis pelo próprio processo de aprendizagem. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi descrever a experiência de se utilizar a metodologia da problematização como método pedagógico aplicado ao estágio curricular do Curso de Enfermagem. Trata-se de um relato de experiência produzido a partir da introdução da metodologia da problematização nas atividades desenvolvidas durante o estágio curricular de uma instituição particular de ensino superior localizada no município de Maceió. O cenário onde se desenvolveu a experiência de utilizar a metodologia da problematização foi uma Unidade de Saúde da Família na qual foram realizadas 440 horas da disciplina Estágio Curricular Supervisionado I do Curso de Enfermagem. A metodologia da problematização propõe o uso de problemas reais identificados pelos próprios atores sociais como foco de estudo e intervenção4. No primeiro momento os estudantes foram familiarizados com a metodologia da problematização que até aquele momento, não pertencia ao conjunto de práticas pedagógicas desenvolvidas durante o curso. No segundo momento os estudantes foram estimulados a observar atentamente a realidade da comunidade e da Unidade de Saúde em que se desenvolveu o estágio curricular obrigatório de forma a propiciar o registro sistematizado das experiências que vivenciaram, com o objetivo de se focalizar um determinado tema. A observação crítica realizada propiciou a reflexão sobre a situação de saúde da população, para assim possibilitar a identificação do que se apresentou como preocupante, inconsistente, contraditório ou insatisfatório e que impulsionou um estudo mais aprofundado por parte do estudante. A reflexões desencadeadas pelas situações vivenciadas pelo estudante foram de extrema importância pois não remeteram apenas a sua dimensão cognitiva, mas principalmente à dimensão compreensiva, já que para entender uma situação, o estudante foi encorajado a avaliá-la levando em conta outros elementos constituintes, como recursos materiais ou humanos. No terceiro momento foi iniciada a fase de _teorização _onde cada estudante buscou informações para ajudar a identificar a origem dos problemas identificados por cada um deles, utilizando fontes científicas, de modo a propiciar a análise e discussão sob diferentes pontos de vista. As informações obtidas individualmente foram registradas, posteriormente discutidas com os demais estudantes e avaliadas quanto a suas contribuições para a resolução do problema. Assim, puderam ser utilizadas diferentes fontes de informação, bem como diferentes ângulos de análise, permitindo a identificação da melhor forma de explicar o _problema_, possibilitando, na etapa seguinte, a definição das _hipóteses de solução_ para este. O processo de discussão, reflexão e comparação possibilitou ao estudante reforçar posições concebidas anteriormente ao aprofundar o entendimento sobre o tema ou reformular as posições iniciais a partir de uma nova compreensão a respeito do _problema_. Após a fase de _teorização_, os estudantes estabeleceram hipóteses para os problemas levantados, o que exigiu análise crítica da situação escolhida fazendo-se necessário conhecer não só os fatores envolvidos no _problema_, mas também aqueles necessários para o desenvolvimento das resoluções. No decorrer da implementação das atividades, observou-se que a problematização favorece a transformação dos estudantes em atores sociais capazes de exercer a reflexão crítica da realidade, contribuindo para a superação daquilo que precisa ser mudado. Sendo assim, pode-se considerar que embora o resultado prático dependa dos conteúdos a serem trabalhados, a metodologia da problematização oferece subsídios para a formação de um profissional com competência técnica-científica e caráter transformador necessário para exercer uma assistência de enfermagem de qualidade. PALAVRAS CHAVE: Problematização, Ensino, Enfermagem. REFERÊNCIAS 1 Schaurich D, Cabral FB, Almeida MA. Metodologia da problematização no ensino em enfermagem: uma reflexão do vivido no PROFAE/RS. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2007;11(2):318-24. 2 MATTOS, R. A. de. Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e a humanização das práticas de saúde. **Interface (Botucatu)**,  Botucatu ,  v. 13, supl. 1, p. 771-780, 2009. 3 CRIVARI, M. M. F. A dimensão educativa do processo de trabalho de enfermeiro: competências a serem desenvolvidas na graduação. Londrina, 2008. Mestrado (Educação) – Universidade Estadual de Londrina 4 Berbel NN. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? **Interface - Comunic Saude Educ**. 1998;2(2):139-54.


Referências:
1- Ulisses F; Genoveva S. Aprendizagem Baseada em Problemas no ensino superior. São Paulo: Summus, 2009. 2- Rideout E. Transforming Nursing Education Through Problem-Based Leraning. Canada: Jones and Bartlett Publishers, 2001. 3- Carvalho V. Sobre Enfermagem: Ensino e Perfil Profissional. 1 edição. – Rio de Janeiro: UFRJ/EEAN, 2006.