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5185959 | PADRÃO RESPIRATÓRIO INEFICAZ EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL DE UMA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DO CEARÁ | Autores: Tamires Mesquita de Sousa ; Marcos Venícios de Oliveira Lopes ; Fernanda Cavalcante Fontenele |
Resumo: INTRODUÇÃO: A mortalidade infantil no Brasil houve diminuição, no entanto
ainda não é satisfatório, mantendo altas taxas de óbitos neonatais. Dentre as
causas mais comuns de internações hospitalares de recém-nascidos (RN) estão os
desconfortos respiratórios, como a síndrome do desconforto respiratório (SDR).
Este está relacionado à deficiência de trocas gasosas devido à imaturidade
pulmonar e deficiência de surfactante, sendo assim destaque para o aumento da
mortalidade neonatal. Com isso, os sinais e sintomas associados aos
desconfortos respiratórios são bastante graves, comprometendo a função
respiratória e a ventilação alveolar. Isso pode ocasionar hipoxemia,
distúrbios acidobásico e insuficiência respiratória1. Devido a essas condições
clínicas, é imprescindível que o enfermeiro seja proficiente no conhecimento e
habilidade processual a fim de proporcionar um cuidado seguro e eficaz. Uma
das maneiras de fornecer esse cuidado é a utilização de Diagnósticos de
Enfermagem (DE) respiratórios pois são geralmente prioritários já que afeta
diretamente a oxigenação tissular havendo necessidade de elaborar intervenções
rápidas e resolutivas embasadas em evidências. Estes diagnósticos podem
apresentar dificuldade de inferência visto que há compartilhamento de
indicadores entre os DE, tornando difícil a execução na prática. Tendo em
vista o comprometimento direto das vias aéreas, os recém-nascidos de alto
risco podem desenvolver resposta humana como o Padrão respiratório ineficaz
(PRI). Este diagnóstico tem como definição, de acordo com NANDA Internacional,
Inc. (NANDA-I), inspiração e/ou expiração que não proporciona ventilação
adequada. Seus indicadores são: Assumir posição de três pontos, Batimentos da
asa do nariz, Bradipneia, Capacidade vital diminuída, Diâmetro anteroposterior
do tórax aumentado, Dispneia, Excursão torácica alterada, Fase de expiração
prolongada, Ortopneia, Padrão respiratório anormal, Pressão expiratória
diminuída, Pressão inspiratória diminuída, Respiração com lábios franzidos,
Taquipneia, Uso de musculatura acessória, Ventilação-minuto diminuída2.
OBJETIVOS: Identificar a prevalência do diagnóstico de enfermagem PRI e de
seus indicadores clínicos em recém-nascidos internados em Unidades de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN); além de verificar a associação entre os indicadores
clínicos e a presença do referido DE. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um
estudo transversal com abordagem quantitativa. Realizado nas Unidades de
Terapia Intensiva Neonatal de uma maternidade de referência em atendimento
terciário à gestação de alto risco localizada no Ceará. Fizeram parte do
estudo recém-nascidos, de ambos os gêneros, internados em duas Unidades de
Terapia Intensiva Neonatal do referido hospital. Os critérios de inclusão
foram: RN em oxigenoterapia (Pressão Positiva Contínua na Via Aérea (CPAP),
ventilação não invasiva (VNI) e ventilação mecânica invasiva (VMI). Como
critérios de exclusão, estabeleceu-se: RN com malformações congênitas pois
poderia influenciar na presença dos diagnósticos respiratórios e, em uso de
oxihood e cateter nasal. A amostra foi constituída por 154 RN´s selecionados
por conveniência de forma consecutiva. Para a coleta de dados, foi construído
um instrumento com a finalidade de possibilitar a identificação dos
indicadores clínicos dos diagnósticos em estudo de acordo com a NANDA-I. Os
dados foram coletados durante os meses de fevereiro a junho de 2017 pela
pesquisadora e por uma enfermeira assistencial previamente treinada. O
instrumento foi preenchido por meio da realização do método de inspeção e da
consulta a gasometria. Avaliou-se os seguintes indicadores clínicos:
Batimentos de asa de nariz; Bradipneia; Dispneia; Taquipneia; Padrão
respiratório anormal e Uso da musculatura acessória. Vale ressaltar que alguns
indicadores não foram avaliados devido às particularidades da faixa etária da
população estudada, além de sua condição hemodinâmica instável e da
recomendação para manuseio mínimo, a saber: Assumir posição de três pontos,
Capacidade vital diminuída, Diâmetro anteroposterior do tórax aumentado,
Excursão torácica alterada, Fase de expiração prolongada, Ortopneia, Pressão
expiratória diminuída, Pressão inspiratória diminuída, Respiração com lábios
franzidos, Ventilação-minuto diminuída não foram avaliados. Com a finalidade
de padronizar a coleta e a classificação dos indicadores clínicos e
possibilitar maior aprofundamento teórico, foi utilizado protocolo clínico
constituídos por definições conceituais e operacionais de cada indicador. Após
coleta, foi verificada a inferência diagnóstica realizada por duas enfermeiras
diagnosticadoras que possuíam o título de mestre, publicações na área de
diagnósticos de enfermagem, bem como experiência na área de neonatologia. As
avaliadoras foram captadas por conveniência de um grupo de estudo e pesquisa
em diagnósticos de enfermagem. A ocorrência do diagnóstico foi determinada
pela concordância absoluta entre os diagnosticadores. Nas situações que não
houve concordância entre os diagnosticadores, as avaliadoras discutiram os
casos e chegaram a um consenso sobre a inferência. Para a análise dos dados,
foi utilizada a estatística descritiva e inferencial com auxílio do software
SPSS versão 21.0 _for Windows__Ò_. Para a análise descritiva, foram
consideradas as frequências absolutas, percentuais e medidas de tendência
central e de dispersão. Aplicou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para
verificação de normalidade dos dados numéricos. Para análise da associação
entre as variáveis categóricas, foram aplicados o Teste Qui-quadrado de
Pearson. O teste exato de Fisher foi aplicado quando as frequências esperadas
das variáveis categóricas foram menores que cinco. Adotou-se o nível de
significância estatística p < 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com parecer nº 1.869.521. Foi solicitada anuência dos pais por
meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. RESULTADOS:
Os recém-nascidos avaliados apresentaram mediana de 2 dias de vida (IIQ 1)
sendo a maioria pertencente ao sexo masculino (61,7%). Quanto à idade
gestacional, 66 (42,9%) eram prematuros extremos com menos de 30 semanas, 63
(40,9%) eram prematuros moderados entre 31 a 34 semanas. Em consonância, a
maior parte dos participantes pesavam entre 1000 a 2499 gramas (61,7%). Em
relação aos diagnósticos médicos mais frequentes, 78 (50,6%) apresentaram
prematuridade, síndrome do desconforto respiratório e infecção neonatal
enquanto que 57 (37%) apresentaram prematuridade e síndrome do desconforto
respiratório. Por isso, a oxigenoterapia mais prevalente neste estudo foi a
ventilação mecânica invasiva (VMI) com 96 RN´s (62,3%) e, em seguida, o uso de
Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) com 53 (34,4%) participantes.
A manifestação do DE PRI obteve alta prevalência com 135 (87,7%) recém-
nascidos. Os indicadores mais prevalentes e com significância estatística
foram: Dispneia (91,6%), Uso de musculatura acessória (90,3%), Padrão
respiratório anormal (52,6%) e Taquipneia (36,4%). Para estes, apresentaram,
respectivamente, 91, 45, 26, 12 vezes mais chance de manifestar PRI3.
CONCLUSÃO: Um bom raciocínio clínico se faz necessário a fim de inferir
diagnósticos mais acurados e selecionar as intervenções mais adequadas.
CONTRIBUIÇÃO PARA ENFERMAGEM: Estudos envolvendo diagnósticos de enfermagem
respiratórios em indivíduos com diferentes tipos de doenças é relevante ao
cuidado de enfermagem devido ao sistema respiratório ser uma função vital e,
por isso, há necessidade de que o enfermeiro elabore intervenções adequadas
rápidas e resolutivas embasadas em evidências. A partir disso, tem-se uma
melhora na prática clínica, podendo reduzir a morbimortalidade neonatal de
recém-nascidos de alto risco.
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