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5141764 | A INFLUÊNCIA DO PRÉ-NATAL NA CONSTRUÇÃO DO EMPODERAMENTO | Autores: Andressa Arraes Silva ; Lena Maria Barros Fonseca ; Mara Julyete Arraes Jardim |
Resumo: INTRODUÇÃO: A assistência pré-natal deve incentivar, encorajar e oportunizar a
vivência positiva da gestante em meio às transformações pessoais, familiares e
socioeconômicas peculiares desse período, devendo os profissionais de saúde
acompanhar de maneira oportuna a tomada de decisões importantes e possibilitar
a busca pela construção do protagonismo da mulher. O acompanhamento da
gestação e a preparação para o parto devem promover o empoderamento feminino,
estimulando a escolha informada, resgatando o cuidado centrado nas
necessidades da gestante, respeitando o direito ao seu próprio corpo e
exercendo uma prática ética fundamentada em evidências. O crescente aumento da
submissão feminina fez com que a mulher assumisse um papel passivo durante o
período gestacional, evidenciando uma assistência pré-natal inadequada,
relacionada, principalmente, à fragmentação das ações e dos serviços de saúde,
às práticas de atenção conservadoras e às intervenções sem evidências
científicas. Neste contexto, o pré-natal possui um papel fundamental no
resgate do empoderamento da gestante e na superação da relação autoritária
entre profissional e cliente, para que as mulheres possam tomar uma decisão
com liberdade, sem se sentirem intimidadas diante do autoritarismo da equipe
de saúde. Para isso, os profissionais envolvidos na assistência pré-natal
devem estar sensíveis a realizar uma escuta atenta às gestantes, transmitindo-
lhes apoio e confiança, ações estas necessárias para que possam conduzir com
autonomia, a gestação e o parto. Sendo o empoderamento resultado da
distribuição de recursos e oportunidades para a confiança e participação
consciente, a assistência pré-natal precisa dar voz, visibilidade, influência
e capacidade de ação e decisão à mulher no seu ciclo gestacional, fazendo com
que a gestante esteja plenamente envolvida nesse processo. Uma assistência
pré-natal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e
neonatal e, para isso, faz-se necessário construir um novo olhar sobre o
processo do parto, compreendendo a gestante em sua totalidade e considerando o
ambiente social, econômico, cultural e físico no qual ela vive. Essa
perspectiva promove a construção de uma cultura de respeito aos direitos
humanos e maternos, onde os aspectos subjetivos envolvidos na atenção são
valorizados e o protagonismo da mulher é evidenciado, oportunizando dessa
forma, o processo de empoderamento da gestante OBJETIVO: Compreender a
influência do pré-natal na construção do empoderamento feminino no processo de
parturição natural, sob a ótica da gestante. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se
de um produto da dissertação de Mestrado, na qual se realizou um estudo
exploratório descritivo com abordagem qualitativa, com período de coleta de
dados compreendido entre agosto e outubro de 2016, com dezoito gestantes que
estavam sendo acompanhadas pelo enfermeiro no pré-natal em uma unidade saúde
da família de São Luís – MA. Para captação dos dados utilizou-se a entrevista
semiestruturada. Os resultados foram organizados utilizando-se da Análise de
Conteúdo Temática e analisados com apoio da Teoria do Empowerment. O estudo
obedeceu aos princípios da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Maranhão, sob o parecer número 1.625.950. RESULTADOS: Diante dos relatos das
entrevistadas, observou-se a influência que a assistência pré-natal pode
exercer na autonomia para o parto natural e no conhecimento das gestantes
sobre os direitos do período gravídico-puerperal. Essa autonomia está
relacionada com as orientações e as estratégias utilizadas na propagação de
informações pelos profissionais. As gestantes foram unânimes em relacionar a
assistência pré-natal com a palavra acompanhamento, destacando sua importância
na descoberta e na prevenção de eventos adversos comuns do período gravídico,
tanto para ela como para a criança. Portanto, a forma mais adequada que a
gestante pode utilizar para garantir o bom desenvolvimento de sua gestação é o
acompanhamento por meio das consultas no pré-natal. Os discursos permitiram
também identificar a importância do pré-natal destacada pelas gestantes, pelo
início precoce dessa assistência, ação essa que é fundamental para a
humanização do parto e caracteriza-se como a preparação para o momento do
nascimento, pois permite o acesso aos recursos necessários para esse objetivo.
Outros relatos relacionaram a importância do pré-natal com o trabalho de parto
e parto, acreditando ser possível ter um parto calmo e seguro a partir dos
cuidados executados nesse acompanhamento. Embora todas as gestantes tenham
considerado o pré-natal importante para o rastreamento de doenças e para a
segurança do parto, não se encontrou nas narrativas, falas que abordassem a
relevância desse acompanhamento para o estímulo e o resgate da autonomia da
mulher no processo de parturição natural. Outro destaque encontrado foi a
importância do pré-natal para facilitar o acesso ao atendimento no trabalho de
parto e parto, ou seja, está relacionado à peregrinação. Mesmo de forma
indireta, elas abordaram um aspecto que está diretamente ligada ao estresse,
pois favorece a insegurança acerca do local onde a mulher vai parir. Esse fato
se torna uma violência obstétrica de caráter psicológico, o que causa
sentimentos de abandono, insegurança e instabilidade emocional, fatores
altamente prejudiciais a um parto seguro. O reconhecimento da importância da
realização do pré-natal caracteriza-se como um dos pressupostos para o acesso
aos recursos necessários ao empoderamento, pois permite a assiduidade da
gestante nas consultas e fomenta seu interesse por informações. CONCLUSÃO: A
assistência pré-natal foi relacionada à prevenção de agravos, à redução da
peregrinação para o parto e ao favorecimento à ocorrência de um parto seguro.
Porém, não se identificou nos resultados a menção sobre a relevância desse
acompanhamento para o estímulo e o resgate do protagonismo da gestante no
parto. Pode-se concluir que gestantes reconhecem o valor do pré-natal para a
saúde da mãe e do bebê, porém, não associam as ações desse acompanhamento à
construção da sua autonomia diante das decisões a serem tomadas. Nesse
sentido, observa-se a importância utilizar-se das consultas mensais do pré-
natal como oportunidade de criar espaços estratégicos para desenvolver
habilidades, informar, preparar e empoderar essas gestantes por meio do acesso
ao conhecimento e da troca de experiência. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A
assistência pré-natal deve primar o cumprimento das recomendações da política
de saúde da mulher vigente, o incentivo ao parto natural oferecendo estratégia
de empoderamento da gestante para o exercício de sua cidadania e a vivência
humanizada durante todo o processo de parturição. Acredita-se que o estudo
tenha uma significativa contribuição tanto para os profissionais de saúde como
para outras gestantes, sobre a importância do pré-natal no reforço do
empoderamento, liberdade e cidadania feminina, para a satisfação de suas
necessidades e, ainda, para a possível redução dos índices de violência no
ciclo gravídico-puerperal.
Referências: 1- Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN- 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Brasília; 2009 [citado 2009dez 14 ]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html
2- Cianciarullo, TI, Gualda, DMR, Melleiro, MM, Anabuki, MH. Sistema de Assistência de Enfermagem; evolução e tendências. São Paulo: Ícone, 2001.
3- North American Nursing Diagosis Association. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA-I: definições e classificações 2015-2017. Porto Alegre: Artmed; 2015.
4- Souza JM, Cruz DALM, Veríssimo MLOR. Child development: New diagnosis for the NANDA Internacional. Internacional Journal of Nursing Knowledge. 2016. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/2047-3095.12167/full
5- Brasil. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Criança, Brasília. 2013. |