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5141598 | A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM COM UMA USUÁRIA IDOSA EM SITUAÇÃO DE DESAMPARO | Autores: Maria Luiza Dutra Teixeira ; Caroline Bozzetto de David ; Tânizi Lucateli Machado ; Ana Paula Garcia de Almeida |
Resumo: **Introdução:** A necessidade de estabelecer uma orientação e organização do processo de trabalho da Enfermagem deu origem à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Esta pode ser definida como uma metodologia científica utilizada pelos profissionais enfermeiros, uma vez que, proporciona segurança ao paciente, qualifica o cuidado, e visa a autonomia dos enfermeiros por meio da aplicação de seus conhecimentos técnico-científicos1. A indispensabilidade de adotar uma Teoria de Enfermagem para nortear a implementação da SAE, visto que, esta compreende fatores indissociáveis, sustentando um processo sistêmico1. Baseado no exposto, a Teoria da Complexidade consiste naquilo que é “tecido junto”, onde se tem que buscar a compreensão, contradição, a ordem e a desordem, fundamentando o pensamento complexo. É preciso aprender a distinguir e não fragmentar, fortalecendo a interdependência entre unidade e multiplicidade, estimulando uma constante reconstrução-construção dos saberes2. **Objetivo:** Objetivou-se por meio deste estudo desenvolver a Sistematização da Assistência de Enfermagem, com uma usuária idosa de uma Estratégia da Saúde da Família (ESF), à luz da Teoria da Complexidade de Edgar Morin. Deu-se ênfase ao cuidado na singularidade do sujeito e, elencando algumas fragilidades, encontradas durante o processo de implementação da SAE. **Descrição metodológica:** Trata-se de um relato de experiência, realizado a partir da percepção e intervenção acadêmica com uma idosa, usuária de uma ESF, localizada em uma cidade da Região Central do Rio Grande do Sul (RS). O Processo de Enfermagem (PE) efetivou-se em suas cinco etapas: histórico de enfermagem e anamnese, diagnósticos de enfermagem, planejamento de enfermagem, intervenção de enfermagem e avaliação de enfermagem, respectivamente.As etapas foram realizadas por meio de, oito visitas domiciliares, entre os meses de outubro e novembro de 2017, no decorrer do estágio curricular da disciplina de Saúde Coletiva II, no 4º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem. **Resultados: **A idosa reside sozinha em domicílio próprio, casa de madeira, sem revestimento no chão. Seu estado civil é solteira, não teve filhos, sua rede familiar é constituída por um sobrinho, que atualmente, não se faz presente em sua vida; alguns vizinhos, amigos e conhecidos. A usuária não possui escolaridade, é aposentada, com renda mensal de um salário mínimo, dispõe de água encanada e tratada, coleta de lixo, energia elétrica, meios de acesso a informações, através de televisão e rádio. Possui Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM) como diagnósticos médicos, em uso de anti-hipertensivo e diurético orais, hipoglicemiantes orais e injetáveis. Faz uso de aparelho auditivo, por períodos curtos, porém, refere incômodo na orelha associado à cefaleia. Suas crenças religiosas evidenciam-se pelos relatos de participações eventuais, nos encontros de uma igreja evangélica, na comunidade em que vive. Identificou-se alta vulnerabilidade social, más condições de higiene relacionadas ao autocuidado e ambientais, erros na utilização de suas medicações orais e injetável no que diz respeito à dosagem e aspiração corretas. Sintomas de déficit auditivo foram percebidos, pois as orientações precisavam ser repetidas, diversas vezes, em tom de voz elevado, além de serem verbalizadas com excessiva proximidade. Baseado na visão sistêmica proposta por Edgar Morin, os cuidados de enfermagem foram pensados a partir da não fragmentação do sujeito, de maneira que as partes se conectem com o todo e o todo com as partes, formando a unidade complexa. Pode-se dizer ainda que, o objetivo de produzir a SAE com aptidão envolve a análise criteriosa de cada parte, correlacionando-as de forma que agregue no todo3. Na tentativa de preservar sua autonomia, o plano de assistência foi orientado pelos problemas mais acentuados e que, poderiam ocasionar no afastamento de seu lar e seu cachorro, impactando negativamente seu psique, visto que estes são fatores fundamentais na manutenção de sua saúde. Considerando os fatores sócios ambientais, planejaram-se orientações para prevenção de agravos, abordaram-se ações práticas para solucionar os erros que, estavam levando à consequências prejudiciais em seu aspecto clínico. Para atender suas necessidades psico-espirituais, buscou-se através da escuta qualificada, dar voz a idosa para que, pudesse expor seus valores e princípios de vida, de maneira que o cuidado integral fosse alcançado. “Conhecer o humano não é separá-lo do Universo, mas situá-lo nele. (...) Quem somos nós? é inseparável de onde estamos, de onde viemos, para onde vamos? (...)2. Por meio da escuta qualificada, foi possível estabelecer vínculo e uma relação de confiança entre profissionais e usuária. Foram reservados momentos para diálogos não direcionados somente para doenças como também focados no que a idosa julga ser importante para sua saúde, circunstâncias em que a equipe pode direcionar todas ações no empoderamento da cidadã. Embalagens com a dose individual de cada horário do dia, em cores distintas foram produzidas para que facilitasse a auto-administração de seus remédios, visto que, estes influenciam no seu estado físico. Orientações sobre hábitos alimentares, Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD), Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), orientações sobre higienização também foram desempenhadas, sendo reforçadas no decorrer de todas as visitas. Ao término da SAE, foi possível concluir que, as intervenções de enfermagem não foram suficientes para resolver todos os problemas da idosa. Quando verificado a eficácia das embalagens coloridas, identificaram-se pacotes sobrando, evidenciando-se a falha da ação. Quanto à permanência da usuária em seu lar, foi possível mantê-la, até o momento em que, o acompanhamento pela equipe de enfermagem foi concluído. As dificuldades encontradas ao longo da implementação do PE, corroboram-se com os problemas pluridisciplinares, transversais e multidimensionais no cenário atual, decorrentes dos conhecimentos fragmentados e teorias reducionistas, mencionados por Morin2. **Conclusão: **Vislumbrou-se que é imprescindível o olhar ampliado acerca do contexto complexo, no qual o ser humano está inserido. Nesse processo, a teoria sistêmica proposta por Edgar Morin, confere maior aptidão prática aos profissionais responsáveis pelo cuidado. Por fim, a Teoria da Complexidade possibilita este olhar ampliado acerca do contexto complexo e passa a apreender o usuário a partir de suas múltiplas dimensões, conferindo maior aptidão prática aos profissionais, responsáveis pelo cuidado. **Contribuições para enfermagem:** Diante da realidade encontrada nos diversos cenários de atuação, os profissionais de enfermagem promovem a desconstrução e construção ininterrupta de conhecimentos e saberes da equipe de saúde, uma vez que, exercem a função de mediadores entre a singularidade e a pluralidade.
Referências: 1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica. N. 37, Brasília, 2013; 2 Sociedade Brasileira de Cardiologia. VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol. 2016. 107(3): Supl.3. 3Conselho Federal de Enfermagem (Brasil). Resolução 358/2009. Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes públicos ou privados. Brasília; Out 2009. 4NANDA Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e Classificações 2015-2017. Artmed. 2015. |