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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 5139098

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5139098

ESTUDANTES DE ENFERMAGEM ASSISTIDOS COM PRÁTICAS COMPLEMENTARES EM SAÚDE: DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

Autores:
Mirian Tiemi Iwamoto Harada ; Ruth Natalia Teresa Turrini

Resumo:
**Introdução. **A literatura revela que estudantes de enfermagem apresentam altos níveis de estresse, principalmente no período de transição da vida acadêmica para o mercado de trabalho. Os estressores são encontrados principalmente na prática clínica em que muitos estudantes relatam ansiedade, dificuldade em associar a teoria com a prática, insegurança, falta de habilidade, falta de conhecimento, entre outros1. Além disso, a enfermagem é uma profissão em que é exigido maior contato com pessoas, proatividade e tomada de decisões, que são causadoras de ansiedade e estresse. Recentemente, iniciou-se um movimento de reconhecimento e valorização das práticas integrativas complementares, através da edição da primeira Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) (PNPIC), pela Portaria 971 do Ministério da Saúde. O movimento de legitimação dessas práticas no SUS e sua oferta à população na rede básica é uma estratégia promissora de enriquecimento e ampliação do coeficiente de integralidade nas práticas do SUS. Experiências pioneiras de municípios, entre os quais, Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro e Volta Redonda, indicam que tais práticas são amplamente aceitas e alteram para melhor a prática da biomedicina, nos locais em que com ela coexistem e interagem2. Dentre as profissões da área da Saúde, a Enfermagem foi pioneira no reconhecimento das práticas integrativas complementares3 (PIC), embora tenha revogado sua resolução que considerava a utilização dessas práticas pelos enfermeiros, tendo mantido apenas as relativas às intervenções com acupuntura. O raciocínio clínico permeia o processo de enfermagem (PE), desde a identificação de problemas a serem solucionados até a formulação de hipóteses diagnósticas e respectivas intervenções de enfermagem. Deste modo, conhecer as classificações de enfermagem, utilizá-las, pesquisá-las e divulgá-las é importante para a disseminação de uma linguagem padronizada em um mundo globalizado, onde evidências científicas ditam condutas aos profissionais da área da saúde4. No atendimento em práticas complementares utilizam-se diferentes métodos para identificação de problemas que comprometem a harmonia biopsicoespiritual do indivíduo, mas não se adota uma linguagem padronizada de diagnóstico que facilite o raciocínio clínico nas atividades de ensino-aprendizagem e de pesquisa. **Objetivo**. Este estudo teve por objetivo identificar os principais diagnósticos de enfermagem, segundo a NANDA, observados no atendimento de clientes com as práticas complementares em saúde e identificar as práticas complementares utilizadas de acordo com o diagnóstico estabelecido. **Método**. Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo, que utilizou como fonte de dados os prontuários de estudantes de enfermagem atendidos com práticas complementares em saúde na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo por pesquisadores do GEPACS (Grupo de Estudos em Práticas Alternativas e Complementares em Saúde). Os pesquisadores realizam voluntária e gratuitamente atendimento nos consultórios do Laboratório de Enfermagem da EEUSP conforme disponibilidade da agenda pessoal. Os clientes autorizaram formalmente o atendimento em práticas complementares em saúde. Pelos dados contidos nos registros do prontuário, que incluíram a anamnese, tipo de intervenção e os resultados da intervenção foram identificadas as características definidoras e os fatores de risco e/ou relacionados, para a identificação dos diagnósticos de enfermagem. Para a determinação dos diagnósticos de enfermagem foi utilizada a taxonomia da _North American Nursing Diagnoses Association_ (NANDA)5. Para a estruturação dos diagnósticos foi utilizada uma planilha que continha: o problema identificado, os fatores de risco e/ou relacionados e possíveis diagnósticos. Após esta etapa, relacionaram-se as práticas complementares utilizadas em cada diagnóstico.  Os dados foram descritos por frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e de variabilidade. O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado sob o CAAE: 31705814.0.0000.5392. **Resultados**. Observou-se a partir da análise dos dados que 67,0% dos estudantes que receberam a terapia complementar estavam na faixa etária entre 21 a 25 anos, tendo como média 22,1 anos (±2,3) e 92,8% eram do sexo feminino. Dos estudantes, 27,2% receberam auriculoterapia, 26,5% utilizaram terapia floral, 15,4% acupuntura e massagem, respectivamente. O número médio de atendimentos por estudante foi de 1,5 terapias.  Identificaram-se um total de 264 diagnósticos, mas alguns problemas poderiam ser decorrentes de uma mesma situação. Com relação aos domínios, os diagnósticos distribuíram-se em oito domínios, mas os principais foram Enfrentamento-Tolerância ao Estresse, correspondendo a 53,3% dos diagnósticos de enfermagem identificados; Promoção a Saúde (16,9%); Conforto (12,4%); Eliminação e Troca (8,3%) e Atividade- Repouso (4,9%). De modo geral, os principais diagnósticos de enfermagem da NANDA foram: 61,6% ansiedade; 41,1% sobrecarga de estresse; 33,0% estilo de vida sedentário; 21,4% dor crônica; 11,6% constipação, entre outros. No domínio Atividade-Repouso todos os diagnósticos relacionavam-se ao sono. **Conclusão**. Ansiedade e estresse são diagnósticos frequentes observados entre estudantes universitários, bem como em estudantes de enfermagem e enfermeiros recém-formados. O estudo apresentou como limitação o fato de ser retrospectivo. O diagnóstico elaborado durante o atendimento se beneficia da melhor elaboração do raciocínio clínico, pois nem sempre a avaliação do indivíduo ou as anotações são completas. Daí o fato de terem sido identificados tantos diagnósticos. Os diagnósticos de enfermagem se adequam à utilização em atendimentos em práticas complementares, mas precisam de maior investigação para ser possível concatenar melhor a linguagem própria de algumas intervenções complementares que utilizam referenciais orientais de avaliação do indivíduo.


Referências:
1.Araújo KMFA, Leano HAM, Rodrigues RN, Bueno IC, Lana FCF. Epidemiological trends of leprosy in an endemic state. Rev Rene. 2017 Nov-Dec; 18(6):771-8 2. World Health Organization (WHO). Global leprosy update, 2014: need for early case detection. Wkly Epidemiol Rec 2015; 90(36): 461-76