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5139098 | ESTUDANTES DE ENFERMAGEM ASSISTIDOS COM PRÁTICAS COMPLEMENTARES EM SAÚDE: DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM | Autores: Mirian Tiemi Iwamoto Harada ; Ruth Natalia Teresa Turrini |
Resumo: **Introdução. **A literatura revela que estudantes de enfermagem apresentam altos níveis de estresse, principalmente no período de transição da vida acadêmica para o mercado de trabalho. Os estressores são encontrados principalmente na prática clínica em que muitos estudantes relatam ansiedade, dificuldade em associar a teoria com a prática, insegurança, falta de habilidade, falta de conhecimento, entre outros1. Além disso, a enfermagem é uma profissão em que é exigido maior contato com pessoas, proatividade e tomada de decisões, que são causadoras de ansiedade e estresse. Recentemente, iniciou-se um movimento de reconhecimento e valorização das práticas integrativas complementares, através da edição da primeira Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) (PNPIC), pela Portaria 971 do Ministério da Saúde. O movimento de legitimação dessas práticas no SUS e sua oferta à população na rede básica é uma estratégia promissora de enriquecimento e ampliação do coeficiente de integralidade nas práticas do SUS. Experiências pioneiras de municípios, entre os quais, Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro e Volta Redonda, indicam que tais práticas são amplamente aceitas e alteram para melhor a prática da biomedicina, nos locais em que com ela coexistem e interagem2.
Dentre as profissões da área da Saúde, a Enfermagem foi pioneira no
reconhecimento das práticas integrativas complementares3 (PIC), embora tenha
revogado sua resolução que considerava a utilização dessas práticas pelos
enfermeiros, tendo mantido apenas as relativas às intervenções com acupuntura.
O raciocínio clínico permeia o processo de enfermagem (PE), desde a
identificação de problemas a serem solucionados até a formulação de hipóteses
diagnósticas e respectivas intervenções de enfermagem. Deste modo, conhecer as
classificações de enfermagem, utilizá-las, pesquisá-las e divulgá-las é
importante para a disseminação de uma linguagem padronizada em um mundo
globalizado, onde evidências científicas ditam condutas aos profissionais da
área da saúde4.
No atendimento em práticas complementares utilizam-se diferentes métodos para
identificação de problemas que comprometem a harmonia biopsicoespiritual do
indivíduo, mas não se adota uma linguagem padronizada de diagnóstico que
facilite o raciocínio clínico nas atividades de ensino-aprendizagem e de
pesquisa. **Objetivo**. Este estudo teve por objetivo identificar os
principais diagnósticos de enfermagem, segundo a NANDA, observados no
atendimento de clientes com as práticas complementares em saúde e identificar
as práticas complementares utilizadas de acordo com o diagnóstico
estabelecido. **Método**. Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo,
que utilizou como fonte de dados os prontuários de estudantes de enfermagem
atendidos com práticas complementares em saúde na Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo por pesquisadores do GEPACS (Grupo de Estudos em
Práticas Alternativas e Complementares em Saúde). Os pesquisadores realizam
voluntária e gratuitamente atendimento nos consultórios do Laboratório de
Enfermagem da EEUSP conforme disponibilidade da agenda pessoal. Os clientes
autorizaram formalmente o atendimento em práticas complementares em saúde.
Pelos dados contidos nos registros do prontuário, que incluíram a anamnese,
tipo de intervenção e os resultados da intervenção foram identificadas as
características definidoras e os fatores de risco e/ou relacionados, para a
identificação dos diagnósticos de enfermagem. Para a determinação dos
diagnósticos de enfermagem foi utilizada a taxonomia da _North American
Nursing Diagnoses Association_ (NANDA)5. Para a estruturação dos diagnósticos
foi utilizada uma planilha que continha: o problema identificado, os fatores
de risco e/ou relacionados e possíveis diagnósticos. Após esta etapa,
relacionaram-se as práticas complementares utilizadas em cada diagnóstico. Os
dados foram descritos por frequências absolutas e relativas, medidas de
tendência central e de variabilidade. O projeto foi submetido à apreciação do
Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado sob o CAAE: 31705814.0.0000.5392.
**Resultados**. Observou-se a partir da análise dos dados que 67,0% dos
estudantes que receberam a terapia complementar estavam na faixa etária entre
21 a 25 anos, tendo como média 22,1 anos (±2,3) e 92,8% eram do sexo feminino.
Dos estudantes, 27,2% receberam auriculoterapia, 26,5% utilizaram terapia
floral, 15,4% acupuntura e massagem, respectivamente. O número médio de
atendimentos por estudante foi de 1,5 terapias. Identificaram-se um total de
264 diagnósticos, mas alguns problemas poderiam ser decorrentes de uma mesma
situação. Com relação aos domínios, os diagnósticos distribuíram-se em oito
domínios, mas os principais foram Enfrentamento-Tolerância ao Estresse,
correspondendo a 53,3% dos diagnósticos de enfermagem identificados; Promoção
a Saúde (16,9%); Conforto (12,4%); Eliminação e Troca (8,3%) e Atividade-
Repouso (4,9%). De modo geral, os principais diagnósticos de enfermagem da
NANDA foram: 61,6% ansiedade; 41,1% sobrecarga de estresse; 33,0% estilo de
vida sedentário; 21,4% dor crônica; 11,6% constipação, entre outros. No
domínio Atividade-Repouso todos os diagnósticos relacionavam-se ao sono.
**Conclusão**. Ansiedade e estresse são diagnósticos frequentes observados
entre estudantes universitários, bem como em estudantes de enfermagem e
enfermeiros recém-formados. O estudo apresentou como limitação o fato de ser
retrospectivo. O diagnóstico elaborado durante o atendimento se beneficia da
melhor elaboração do raciocínio clínico, pois nem sempre a avaliação do
indivíduo ou as anotações são completas. Daí o fato de terem sido
identificados tantos diagnósticos. Os diagnósticos de enfermagem se adequam à
utilização em atendimentos em práticas complementares, mas precisam de maior
investigação para ser possível concatenar melhor a linguagem própria de
algumas intervenções complementares que utilizam referenciais orientais de
avaliação do indivíduo.
Referências: 1.Araújo KMFA, Leano HAM, Rodrigues RN, Bueno IC, Lana FCF. Epidemiological trends of leprosy in an endemic state. Rev Rene. 2017 Nov-Dec; 18(6):771-8
2. World Health Organization (WHO). Global leprosy update, 2014: need for early case detection. Wkly Epidemiol Rec 2015; 90(36): 461-76 |