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5053886 | PRÁTICA EDUCATIVA EM SAÚDE COM PESSOAS QUE VIVEM COM ANEMIA FALCIFORME: UMA AÇÃO DO ENFERMEIRO | Autores: Antônio Milton Oliveira Ferreira ; Rafael Gravina Fortini ; Luciano Godinho Almuinha Ramos ; Vera Maria Sabóia |
Resumo: **Introdução**:
A doença falciforme (DF) é uma das enfermidades genéticas e hereditárias mais
comuns no mundo. Decorre de uma mutação no gene que produz a hemoglobina A,
originando outra, mutante, denominada hemoglobina (Hb) S. Entre essas
associações para a DF, a de maior manifestação clínica é identificada como
anemia falciforme (AF), determinada pela presença da hemoglobina S em
homozigose (SS), ou seja, a pessoa recebe de cada um dos pais um gene para
hemoglobina S.1
A AF encontra-se em todo território de forma heterogênea, concentrada apenas
nos estados mais pobres de população negra no Brasil. De acordo com os
Programas Estaduais de Triagem Neonatal estima-se que na Bahia a cada 1:650
nascidos apresentem esta morbidade. Já na cidade do Rio de Janeiro a cada
1:1300 nascidos. E em Minas Gerais a proporção é de 1:1400 nascidos vivos. Já
com base nos dados produzidos pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal
(PNTN), sabe-se que, atualmente nasçam a cada ano, 3.000 crianças com DF e
200.000 com traço falciforme.2
Estima-se que existam de 20 a 30 mil brasileiros que vivem com DF e, segundo a
coordenação da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença
Falciforme do Ministério da Saúde, é considerada como um problema que requer
medidas de saúde pública.3 Esses dados vêm ao encontro com o alto índice de
pessoas que necessitam de informações sobre como lidar com essa doença crônica
e hereditária.
A DF está no regulamento do Sistema Único de Saúde (SUS), nos termos da
Portaria nº 2.048, de 3 de setembro de 2009, artigos 187 e 188. Os dois
instrumentos definem as Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral às
Pessoas com Doença Falciforme. Essas diretrizes não se limitam à promoção do
tratamento das intercorrências clínicas, mas incluem uma gama de ações de
promoção da saúde, educação de pacientes, aconselhamento genético, assistência
multidisciplinar e acesso a todos os níveis de atenção, com redução da
morbidade e aumento da expectativa de vida.4
Conhecer as experiências de pessoas com AF é de extrema importância para
organização do cuidado de enfermagem, e para ampliar o acesso desse grupo
populacional a assistência.4
Destaca-se que a prática de muitos enfermeiros ainda encontra-se focada na
doença e que a educação em saúde, como um instrumento de promoção da saúde,
vem sendo realizada com a utilização de abordagens educativas tradicionais, em
que a cultura não é tomada como referência. Nesse sentido, é imprescindível
desenvolver um processo educativo que parta do reconhecimento dessa realidade
cultural, possibilitando que elas próprias construam um novo conhecimento.
Isso requer uma concepção pedagógica onde o diálogo e o respeito pelo outro
seja o referencial de atuação dos profissionais da saúde.5
Portanto, tal prática tem sido pouco difundida no sistema de saúde,
destacando-se a necessidade dos profissionais dessa área receber educação
permanente que abranjam novas possibilidades metodológicas de atuação.5
Cabe ressaltar que a importância da educação para a promoção da saúde é
inegável e tem sido reconhecida através dos tempos por diferentes autores como
fator imprescindível para a melhoria da qualidade de vida. A Educação em Saúde
tangencia o trabalho, mas não é o foco, e sim a promoção da saúde. Essas
discussões teórico-prática-política são interligadas, dialogando a todo tempo.
Desse modo, a DF pode ser considerada como uma situação crônica negligenciada,
pois o diagnóstico muitas vezes é tardio, sendo comum, no cotidiano destas
pessoas, atendimentos em serviços de emergência e frequentes internações que
se constituem em momentos de desequilíbrio e de dificuldades.6
**Objetivos**
Refletir a importância das práticas educativas desenvolvidas pelos Enfermeiros
com as pessoas que vivem com AF.
**Descrição Metodológica**
Trata-se de um estudo de revisão integrativa dos estudos encontrados na
literatura brasileira e latino Americana, consultados nas bases de dados a
partir de pesquisa por via eletrônica : Biblioteca Virtual em Saúde;
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS);
_Medical Literature Análises and Retrieval System On-line_ (MEDLINE), tendo
como recorte temporal os anos de 2008 a 2017. Foram encontradas 127 produções,
sendo 57 disponíveis. Destas, 60 produções dentro do intervalo temporal
estipulado.
Quando foram cruzados os descritores Educação em Saúde; Anemia Falciforme e
Enfermagem, foram encontrados apenas 23 artigos, sendo 20 disponíveis, onde
foi excluído 04 artigo repetido e 07 que não abordavam diretamente a temática.
Os 09 artigos restantes disponíveis foram selecionados para leitura na íntegra
e posterior discussão discussão.
Observa-se a falta do uso de estratégias educativas por parte das ações dos
profissionais enfermeiros. A maioria dos estudos que abordam o conhecimento
acerca da doença por parte dos profissionais de saúde visa apenas a construção
do conhecimento dos clientes para a prática do autocuidado e manutenção da
saúde.
Também são escassos os estudos sobre cuidados de enfermagem à pessoa com AF,
bem como sobre avaliação do trabalho do enfermeiro nesta área. Tem-se então
uma lacuna do conhecimento, tanto sobre a pessoa com AF e sua família que
vivenciam este adoecimento, quanto sobre a atenção profissional e a
efetividade das políticas públicas de saúde direcionadas a esta atenção.
Ressalta-se que o cotidiano da pessoa adoecida e família que experienciam a
condição crônica por AF ainda é pouco abordado, de modo que a escuta atenta de
suas necessidades possa orientar a produção de cuidados profissionais
implicados com o cuidado familiar.7
Investigar as populações vulneráveis deve fomentar a formação de grupos de
pesquisa, execução de projetos de extensão e produções científicas que possam
evocar o poder público e a sociedade a se preocupar com as condições de vida e
a qualidade de serviços de saúde oferecidos a esses segmentos.8
**Resultados**
No levantamento bibliográfico realizado nas diferentes bases de dados,
observa-se a falta do uso de estratégias educativas por parte das ações dos
enfermeiros (as). Ressalta-se que embora a DF apresente alta prevalência em
nosso país e o impacto da orientação genética e do cuidado seja
comprovadamente um marco na sobrevida e na expectativa de vida dessas pessoas,
na enfermagem não há total correspondência com a produção teórica sobre o
cuidado de pessoas que vivem com DF, levando a uma prática assistencial muitas
vezes sem sustentação teórica.
**Conclusão**
A importância da DF como um problema de saúde pública e a confirmação do
perfil demográfico dessa doença, reafirma a necessidade de organização da
assistência à saúde a essas pessoas que vivem com a patologia.
A maioria dos estudos que abordam o conhecimento acerca da doença por parte
dos profissionais de saúde visa apenas à construção do conhecimento dos
clientes para a prática do autocuidado e manutenção da saúde. Existe uma
necessidade urgente de melhorar a formação dos enfermeiros (as) que possuem um
papel fundamental em ações de promoção da saúde/educação em saúde voltada para
o autocuidado, dinamizando assim a qualidade de vida desta população
específica.
Muito já se caminhou ao longo dos últimos anos para um melhor atendimento à
pessoa com DF, entretanto, ainda restam muitos desafios, como a superação das
deficiências estruturais da rede, aprimoramento dos profissionais habilitados
no atendimento descentralizado e atuação efetiva em determinantes sociais
dessa população específica. O somatório de forças entre gestores,
profissionais da área e população torna-se chave para alcançar o cuidado
integral da pessoa com DF.
Referências: Referências:
1. Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Conferência Mundial sobre ensino Superior: as novas dinâmicas do Ensino Superior e Pesquisas para a MDesenvolvimento Social; 2009 jul. 5-9; Paris [Internet]. Paris; 2009 [citado 2014 jul. 27]. Disponível em: http://www.Unesco.org/l education/WCHE2009/comunicado_es.pd76.
2. MIURA, I.K. O Processo de Internacionalização da Universidade de São Paulo: um estudo de três áreas de conhecimento. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 2006. Pasche DF, de Albuquerque Vilela ME, Martins CP. Humanização da atenção ao parto e nascimento no Brasil: pressupostos para uma nova ética na gestão e no cuidado. Tempus Actas Saúde Colet. 2010;4(4):105-17.6 |