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Resumo: 5015922

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5015922

PERCEPÇÃO DOS EGRESSOS SOBRE O ENSINO DE ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA E SAÚDE MENTAL NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA UFSC

Autores:
Jeferson Rodrigues ; Camila Ester Fuentes Olmos ; Gisele Cristina Manfrini Fernandes ; Jessicamila dos Santos Pais Iglesias

Resumo:
INTRODUÇÃO: O curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi criado no ano de 1969 e reconhecido através do decreto presidencial em 1975¹. Este curso possui oito avaliações/mudanças curriculares. A disciplina de enfermagem psiquiátrica e saúde mental é ministrada no curso desde o seu surgimento e passou por mudanças de nomenclaturas, cargas horárias teóricas e práticas, campos de prática, métodos de ensino entre outras. A trajetória do ensino da disciplina no curso de enfermagem da UFSC se identifica com os momentos que vigoram os modelos de atenção em saúde mental no Brasil. Em acordo à LDB, foi aprovada a Resolução CNE/CES Nº 03 que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF)¹. Estas orientações afirmam o compromisso que deve ser assumido pelos cursos de enfermagem com os princípios da Reforma Sanitária Brasileira e do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta normativa indica as bases fundamentais para que os cursos de graduação em enfermagem se orientem para uma formação de profissionais críticos, reflexivos, inseridos no contexto histórico-social, pautados em princípios éticos e capazes de intervirem nos problemas/situações da atenção à saúde, onde se insere a atenção à saúde da população. Entende-se que a investigação desse contexto apreende a realidade transformadora do processo, o que possibilita refletir as práticas de ensino vigentes a cada época relacionada. OBJETIVO: Conhecer a percepção dos egressos do curso de graduação em enfermagem da UFSC sobre o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental, a partir das reformas curriculares. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo descritiva. A escolha da abordagem é pela possibilidade de relacionar o processo que das mudanças curriculares no Curso de Enfermagem/UFSC, com as políticas de saúde e educação ao longo do período histórico da disciplina. O cenário do estudo foi a UFSC, tendo em vista a sede do curso de graduação em enfermagem e a delimitação da escolha de sujeitos egressos do curso. Os participantes escolhidos foram alunos egressos do curso de graduação em enfermagem da UFSC no período de 1969 a 2014, face os períodos de reformas curriculares tais como: 1973, 1979, 1982, 1988, 1991, 1998, 2004, 2011. Salienta-se que a UFSC possui em seu sistema de informação todos os nomes de egressos conforme o ano de sua formatura. O acesso a este dado é público. Os participantes do estudo foram 17 alunos egressos sorteados conforme momento de reforma curricular. RESULTADOS: Para obter o material necessário foi construído um roteiro de perguntas, o qual norteou e delineou as respostas elencadas. As questões versaram sobre a vivência do egresso durante a disciplina de enfermagem psiquiátrica e saúde mental; quais as lembranças sobre a disciplina quanto ao corpo docente, conteúdos, metodologias; como eram as vivências na prática e quais suas contribuições desta durante a graduação e após egresso; qual o entendimento sobre saúde mental. A partir da análise temática dos dados obtidos com as entrevistas, identificaram-se duas categorias principais que representassem os achados da pesquisa e que estão descritas a seguir: Categoria 1: contribuição da disciplina de enfermagem psiquiátrica e saúde mental na formação do enfermeiro generalista; Categoria 2: desafios e possibilidades para o ensino da enfermagem psiquiátrica e saúde mental na formação do enfermeiro generalista. A categoria 1 destaca a relação que os alunos egressos fazem entre a disciplina de enfermagem psiquiátrica e saúde mental e sua prática profissional. Os discursos mostraram como os alunos enquanto profissionais buscam resgatar no processo de trabalho fundamentos e argumentos apreendidos na disciplina para atender as necessidades de saúde nos seus campos de trabalho inseridos ou não na atenção à saúde mental. Outra contribuição da disciplina diz-se na potência do trabalho em equipe para um apoio integral no atendimento ao paciente. Alguns entrevistados afirmaram que a disciplina ajudou de maneira pessoal. Percebe-se um estímulo ao autoconhecimento como pessoas e como futuros profissionais. Os egressos também afirmaram que a disciplina ajudou na prática profissional na forma de escutar e que isto contribuiu com a integralidade do cuidado. De todo modo, a abordagem para a realização do cuidado de enfermagem em saúde mental na perspectiva generalista deve ser pautada em referenciais que indiquem a reflexão destes indicativos. Categoria 2: Nesta categoria contempla-se a visão dos alunos egressos acerca de suas vivências nos campos de prática. Refere-se aos elementos encontrados durante a disciplina que possam ter facilitado ou dificultado a aprendizagem durante a formação e refletido na vida profissional. Nota-se que os desafios mudam de um aluno egresso para outro, isso pode ser justificado pelo modelo dos currículos vigentes em cada período, pela condução docente, pelo lugar que cada discente coloca este ensino do cuidado entre outros. É importante que esse aluno sinta-se preparado para atuar e validar seus conhecimentos na prática. O docente tem o desafio de problematizar, questionar e estimular a autorreflexão e crítica do aluno, oferecer diferentes perspectivas e direção clínica do cuidado. O ensino deve contemplar a reflexão e crítica sobre as relações profissionais em diferentes contextos de trabalho e cuidado profissional. Sustenta-se que a vivência durante o percurso formativo deve contemplar o ensino da especificidade em saúde mental, que este seja garantido através de dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial². Para Rodrigues³ deve haver planejamento a partir de referenciais teóricos-metodológicos comprometidos e norteados pela reforma psiquiátrica e orientado pelo paradigma de atenção psicossocial e referenciais pedagógicos que possibilitem um processo de ensino-aprendizagem crítico, criativo e reflexivo. Deve levar em consideração a formação docente (pedagógica e clínica), a oferta de serviços na rede sanitária onde o curso possui convênios, vínculo com os profissionais da prática e uma clara direção do que se espera da saúde mental na formação generalista. Estimular a criatividade do discente é uma forma de prepará-lo para a futura vida profissional. CONCLUSÃO: A formação do enfermeiro exige das instituições de ensino a implementação de ações de mudanças com vistas à reorientação do processo de ensino-aprendizagem voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades para o exercício de práticas e saberes capazes de darem respostas aos princípios propostos pela DCN. Neste sentido, a realidade coloca desafio, não só da elaboração de projetos pedagógicos e desenhos curriculares, mas o de uma prática pedagógica que possibilite uma formação de enfermeiros comprometidos com o enfrentamento dos graves problemas de saúde da nossa sociedade, o que significa não perder a perspectiva da integralidade da atenção, da equidade, da eficiência e da eficácia4. As possibilidades facilitadoras do ensino, que são os estudos de casos, aula em laboratório, métodos de ensino como filmes, textos entre outros, e as vivências nos campos, são apontados como estimulantes, sendo elogiadas e reforçadas como algo significativo da disciplina. IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: O ensino de saúde mental deve proporcionar subsídios para que o aluno de graduação em enfermagem desenvolva habilidades humanísticas, conhecimento com especificidade na área em questão, que forneça uma base para prática profissional.


Referências:
1)North American Nursing Diagnosis Association. Diagnóstico de Enfermagem da NANDA Internacional: definições e classificações (2012-2014)]. São Paulo: Artmed; 2013. p. 546-7. 2) Fehring R. Methods to validate nursing diagnoses. Heart Lung. 1987;16(6):625-629. 3) Kolcaba KY. A taxonomic structure for the concept comfort. J Nurs Sch. 2007; 23(4):237-240