E-Pôster
4996320 | O PROCESSO DE ENSINO E A APRENDIZAGEM DO ESTUDANTE DE ENFERMAGEM: UM PROTAGONISMO POSSÍVEL? | Autores: Alexander Garcia Parker ; Katia Cilene Godinho Bertoncello ; Marizete Pigato Toldo ; Tatiana Gaffuri da Silva ; Alexsandra Martins da Silva |
Resumo: Introdução: Historicamente, a formação dos profissionais de saúde foi pautada
no uso de metodologias conservadoras, conhecidas também como tradicionais, as
quais sofreram grande influência do modelo cartesiano-newtoniano,
caracterizado pelo ensino fragmentado. Separou-se o corpo da mente, a razão do
sentimento, a ciência da ética, compartimentalizando-se o conhecimento em
especialidades, buscando-se com isso a eficiência técnica1. Atualmente, visa o
desenvolvimento profissional e intelectual do estudante de forma
participativa, inserindo-o social e politicamente, preparando-o assim para o
futuro por meio de atitudes críticas e reflexivas. A educação precisa ser
entendida e trabalhada de forma interdisciplinar, motivadora, inovadora, tendo
no acadêmico um sujeito ativo, capaz de planejar, trabalhar com hipóteses para
solucionar problemas reais e protagonizar o seu processo de aprendizagem. As
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em enfermagem
corroboram com a afirmação anterior, reforçando em seus objetivos que os
estudantes não apenas aprendam, mas aprendam a aprender, a conhecer, a ser, a
fazer e a atuar com autonomia e discernimento, tendo em vista não apenas a
transmissão de conhecimento e informações, mas também a preparação para a vida
e a atuação profissional2. Assim, é preciso modernizar a educação para
acompanhar as transformações ocorridas no mundo, pois a utilização de métodos
de ensino tradicionais tende a empobrecer a criatividade, diminuindo a
eficiência da aprendizagem. No tocante à implementação de novas propostas
educacionais, as metodologias ativas, participativas e problematizadoras de
aprendizagem levam para as salas de aula os debates, as contextualizações e os
problemas relacionados às vivências e experiências do cotidiano, inovando e
enriquecendo as informações, saindo do modelo de educação tradicional em que o
estudante é apenas receptor de informações3. Diante disso, o desafio do ensino
atual consiste na criação de formas inovadoras de aprendizagem, com práticas
pedagógicas de natureza ética e transformadora, incentivando o indivíduo a
contribuir com o seu processo de formação. Objetivos: conhecer quais os
possíveis fatores capazes de dificultar o protagonismo dos estudantes no
processo de aprendizagem; e quais ações poderiam ser implementadas visando
maximizar esse protagonismo estudantil. Descrição metodológica: Trata-se de
uma pesquisa com abordagem qualitativa, descritiva e exploratória. Foi
realizada em uma universidade pública do oeste catarinense, com 26
participantes. Incluíram-se na pesquisa estudantes que já haviam atingido mais
de 50% do curso de graduação em enfermagem, logo, os pertencentes a 6ª, 8ª e
10ª fases. A coleta de dados ocorreu de setembro a outubro de 2014. O projeto
foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da
Fronteira Sul, sob
parecer CAAE 25949313.5.0000.5564. Resultados: A partir da análise dos dados
emergiram três categorias: Fragilidades na constituição do protagonismo; A
contribuição das metodologias de ensino para o protagonismo. A percepção do ir
além, em direção ao protagonismo; Evidenciou-se como possíveis fragilidades ao
protagonismo estudantil a insuficiente interdisciplinaridade, o distanciamento
entre o que é abordado na teoria com o que é vivenciado na prática, a
sobrecarga de atividades dos estudantes, os quais enfatizaram quase que
unanimemente que além das atividades de ensino inerentes à formação, à
obrigatoriedade em cumprir horas em atividades de pesquisa, extensão e cultura
tornavam ainda mais difícil o seu protagonismo diante do cansaço e do tempo
limitado para estudar. No tocante à contribuição das metodologias de ensino, a
baixa adesão de alguns docentes quanto à utilização de métodos inovadores foi
destacada. Ainda de acordo com a fala dos participantes, diante da pluralidade
de estratégias pedagógicas utilizadas no decorrer da graduação, a importância
das aulas atrativas e diversificadas, com metodologias adequadas que
contribuam para o processo de aprendizado e desenvolvimento, estimulam
consideravelmente um maior protagonismo. Muitos docentes do campo da saúde não
apresentam formação didático-pedagógica adequada, baseando sua prática
educacional em modelos profissionais encontrados durante sua formação4. Torna-
se desafiadora a transição que propõe mudanças curriculares significativas,
com habilitação dos professores e enfrentamento das resistências visando ao
aperfeiçoamento do exercício docente e das novas práticas. No entanto, cabe
destacar que o Projeto Pedagógico do Curso em questão passa por um processo de
reestruturação, visando redimensionar a organização da matriz curricular, bem
como sensibilizar os docentes quanto ao uso de métodos de ensino mais
atrativos e resolutivos. Percebe-se ainda que, na categoria que investigou a
percepção do ir além, em direção ao protagonismo, os estudantes estabelecem
alternativas para protagonizar o seu aprendizado, destacando o desenvolvimento
de atividades de pesquisa, extensão, bem como o estudo extraclasse. Conclusão:
O estudo permitiu concluir que o protagonismo estudantil é possível, porém
poderia ser mais efetivo se as fragilidades evidenciadas fossem minimizadas.
Além disso, ao aprimorar as estratégias de ensino através do emprego das
metodologias ativas, há um estímulo maior por parte dos estudantes quanto à
interação, criatividade e, consequentemente, o aprendizado se desenvolve de
uma forma diferenciada, melhorando assim o seu desempenho acadêmico.
Contribuições/implicações para a enfermagem: Acredita-se que a pesquisa poderá
contribuir para o desenvolvimento de novos olhares para a formação
profissional em saúde e especificamente na enfermagem, em uma perspectiva mais
ativa do estudante no seu processo de aprendizagem. Essa compreensão sugere o
esforço dos princípios da participação e a corresponsabilização dos docentes e
estudantes como elementos indispensáveis para o processo de formação, na
perspectiva de tornarem-se profissionais generalistas, críticos e reflexivos,
comprometidos com a qualidade da saúde da população.
Referências: 1. Alfaro-Lefevre, R. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do cuidado colaborativo. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 283 p.
2. Candida, CS. Francine, LG. Betina, HSM; Cecília A. Suelen G. Ana IJS. O ensino da Sistematização da Assistência na perspectiva de professores e alunos. Rev. Eletr. Enf. [Internet], v. 13(2), p.174-81, abr/jun. 2011.
3. Adriana V. Evelise MLP. Metacognição em grupos de Problem-based Learning (PBL). Santa Maria v. 42 n. 2 p. 421-434 maio/ago. 2017 |