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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4847335

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4847335

DEMANDAS DE CUIDADOS DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores:
Thais Guilherme Pereira Pimentel ; Eliane Tatsch Neves ; Maryanna Gonçalves Pacheco de Oliveira ; Isabella Silva da Motta

Resumo:
**Introdução**: O avanço da assistência neonatal e do advento tecnológico na saúde infantil contribuíram para melhorar as taxas de sobrevida. No entanto, muitas crianças passaram a depender de recursos tecnológicos para manter a vida, levando à necessidade de seus cuidadores adquirirem novos saberes para desenvolver um cuidado cotidiano_, _acesso a  mais insumos mantenedores da vida e de maior apoio dos serviços de saúde. Na literatura internacional, essas crianças estão incluídas no grupo de _Children With Special Health Care Needs _(CSHCN)1, uma terminologia mais ampla e inclusiva de crianças e jovens com condição crônica. No Brasil, a expressão _CSHCN_ foi traduzida livremente para Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES)2. Tem havido um esforço para construir uma tipologia de cuidados que favoreça a formulação de políticas de cuidado e de abordagem às demandas da criança sob os cuidados das famílias. Os cuidados de desenvolvimento incluem  crianças com disfunção neuromuscular que requerem reabilitação psicomotora e social; os  tecnológicos implicam no uso contínuo de cateter semi-implanta´vel, estomias, equipamentos mantenedores da vida, entre outros; de medicamentosos, uso continuado de antirretrovirais, cardiotônicos, neurole´pticos etc, para manter sua sobrevivência. Há ainda, os habituais modificados que exigem mudanças no modo de cuidar no dia a dia; por vezes,  são sequelas causadas pela recuperação dos quadros agudos de doenças e/ou do processo terapêutico. As demandas mistos encerram mais de uma demanda, exceto a tecnológica; e a demanda de cuidados clinicamente complexos combinam todas as anteriores mais o aporte tecnológico como suporte de vida.3. As estratégias realizadas pela Atenção Básica de saúde são essenciais para a prevenção e promoção da saúde, pois possibilitam a detecção de possíveis alterações, permitindo intervenções em tempo oportuno e de forma efetiva. No entanto, o perfil dessas crianças no cenário da atenção primária não é conhecido. **Objetivos: **Determinar a frequência e perfil de crianças com necessidades especiais de saúde (CRIANES) com demandas de cuidados tecnológicos e identificar os cuidados que determinam necessidades de aprendizagem dos familiares cuidadores para realizá-las em casa. **Descrição Metodológica**: Dados do Município do Rio de Janeiro que compõem o banco de dados4 de estudo tricêntrico (Santa Maria/RS, Ribeirão Preto/SP e Rio de Janeiro/RJ) cujo trabalho de campo ocorreu nos meses de novembro de 2016 a março de 2017. Aplicou-se a versão brasileira do instrumento _CSHCN Screener®_ adaptado culturalmente para o português do Brasil5 a cuidadores familiares de crianças captados em 10 Clínicas da Família da cidade do Rio de Janeiro, localizadas nas Áreas Programáticas (AP 1.0 a AP 5.3), das zonas norte, sul e oeste. Após treinamento da equipe, entrevistou-se 479 familiares de crianças que atenderam aos critérios de inclusão: ser cuidador familiar, maior de 18 anos de idade, de crianças (0 a 12 anos incompletos) residente no município e atendido em serviços de atenção primária. Foram excluídos cuidador familiar que desconhecia as condições de nascimento e clínicas da criança. Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos do estudo, riscos e benefícios na apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro[IC1] , nos termos da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. **Resultados**: Dos 589 entrevistados, somente no Rio de Janeiro, 94 (16,3%) responderam que a criança tem algum problema de saúde que mudou a forma de cuidar dele (a) em casa. Entre esses 94, não houve diferença significativa entre os sexos; 53,2% (50) foram classificadas como de raça/cor parda. Sobre o acesso a auxílio financeiro do governo federal, 37,2[IC2] % o recebe; sendo que a maioria (85,7%) recebe o bolsa família e cinco (14,3%), o benefício da prestação continuada. Sete recebem outras fontes de auxílio, a saber: quatro (57,1%) de familiares, dois (28,6%) vivem da pensão de familiares, um (14,3%) possui o Riocard da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e um(14,3%) tem o apoio da Igreja. Em relação ao local de moradia, 19 (20,2%) crianças moram em local que possui lixo a céu aberto, água sem tratamento e esgoto a céu aberto. Dos que apresentam algum problema, a maioria das crianças têm necessidades de saúde relacionadas ao sistema respiratório e imunológico. Destes, 94 entrevistados 43 (45,7%) responderam que a criança faz acompanhamento com algum especialista e 51 (54,3%) afirmaram que as crianças não realizam este acompanhamento.  Dos que realizam acompanhamento, 13 o fazem com um pediatra, 11 com alergista, cinco com neurologista, um com dermatologista e quatro com nutricionista, fonoaudióloga. **Conclusão**: O perfil das crianças indicam a  necessidade de monitoramento das condições que determinam a necessidades especiais de saúde da criança, tendo a rede de atenção primária como a coordenadora do cuidado na ampliação do acesso a rede de atenção especializada, sem que a criança e a família perca o vínculo no território do cuidado. Para essas crianças é necessário ações intersetoriais dos sistemas de saúde e o de assistência social, pois muitas tem direito a benefícios sociais por viverem em condições de pobreza e vulnerabilidades.  Busca-se **contribuir **com subsídios para aumentar as possibilidades de se oferecer apoio social, de formulação de políticas públicas favoráveis a este grupo infantil, com objetivos terapêuticos para facilitar a convivência dessas crianças com suas famílias e sociedade onde vivem. Maior visibilidade do grupo por meio da divulgação de informações sobre o perfil o que pode facilitar a geração de projetos de intervenções em saúde para essa população.


Referências:
1. Balsanelli PA, Franco FF, Sant’ana AE. Enfermagem em Cardiologia: Procedimentos em unidade semi-intensiva, [ET.al], Barueri, São Paulo, Manole, 2012. 2. Desconfortos Relatados Pelos Pacientes Após Cateterismo Cardíaco Pelas Vias Femoral ou Radial [Internet]. [cited 2016 Feb 17]. Available from: http://www.cielo.br/pdf/rbci/v22n1/0104-1843-rbci-22-01-0036.pdf. 3. NANDA. Diagnostico de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2012-2014/NANDA Internacional; tradução Regina Machado Garcez. Porto Alegre: Artmed, 2013. 4. Parecer Normativo no 001/2015 Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. [cited 2016 Feb 17]. Available from: http://www.cofen.gov.br/parecer-normativo-no-0012015_35209.html 5. Diagnósticos de enfermagem em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca [Internet]. [cited 2016 Feb 15]. Available from: http://www.revistarene.ufa.br/revista/index.php/article/viewFilw/1953/pdf