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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4829537

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4829537

A UTILIZAÇÃO DO MÉTODO ROLE PLAYING NO CONTEXTO DE ESTOMIAS

Autores:
Juliana Balbinot Reis Girondi ; Lúcia Nazareth Amante ; Adriele Souza Küster ; Maria Eduarda Massari da Silva ; Wagner José Nascimento

Resumo:
INTRODUÇÃO: O Role-playing é uma técnica que busca desenvolver estratégias de aprendizagem por meio de jogos de papéis envolvendo os participantes nas situações problemas vividas diariamente. Este trabalho propõe demonstrar uma metodologia ativa de ensino no perioperatório, que inclua o acadêmico no processo de aprendizagem de uma forma criativa e estimulante por meio da troca de papéis. Tal método auxilia os acadêmicos a aprenderem habilidades as quais são capazes de captar os sentimentos do paciente, da família e dos colegas da equipe por meio da aproximação da vivência do outro1. O emprego de métodos ativos como esse pode favorecer a autonomia do acadêmico, despertando curiosidade, estimulando tomadas de decisões individuais e coletivas2. Como recurso didático está embasado na utilização da problematização a qual utiliza experiências simuladas, para solucionar com sucesso os problemas advindos dos mais variados contextos3. Aproximar-se da realidade vivenciada pelo paciente que possui uma colostomia intestinal auxilia na compreensão sobre o processo de viver e adoecer deste paciente. OBJETIVO: Apresentar o método Role Playing no contexto do ensino e aprendizagem da formação em Enfermagem perioperatória para o cuidado de pessoas com estoma. METODOLOGIA: Relato de experiência ocorrido no curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, na disciplina "O Cuidado no Processo de Viver Humano II - Condição Cirúrgica de Saúde", ministrada por duas docentes, no período matutino, no dia 16 de março de 2018 com duração de duas horas-aula. As etapas metodológicas do Role Playing elencadas para o desenvolvimento desta atividade são descritas à seguir: 1) O jogo: o discente vivencia diferentes realidades no cenário da pessoa com estoma no período perioperatório. Para esta etapa utilizou-se os materiais: bolsa de colostomia, manequim, notebook, datashow. As competências enfocadas foram: desenvolver habilidades instrumentais, cognitivas, afetivas, sociais e culturais para a tomada de decisões competentes no processo de cuidar do paciente com estoma no período perioperatório; desenvolver habilidades e atitudes para a construção da relação terapêutica entre profissional e paciente, profissional e família e equipe multiprofissional para um melhor desempenho no processo de cuidar. Habilidades a serem desenvolvidas: ser capaz de auxiliar o paciente com estoma quanto à utilização adequada da bolsa de colostomia, à sua fixação e retirada, higiene, esvaziamento e cuidados com a pele peri-estoma. Definição de papéis: o docente que desenvolve o conteúdo expõe a aula através de uma apresentação de PowerPoint, enquanto a demonstração do manequim com a bolsa de colostomia fixada auxilia na melhor visualização e entendimento do discente que acompanha o jogo. 2) Primeira etapa do jogo: no ato de preparação da cena, os acadêmicos são convidados a sentarem e ter em mãos os materiais sobre o conteúdo a ser abordado. O docente narrador inicia o jogo com uma breve introdução sobre estomias. A partir da introdução sobre os cuidados de enfermagem no período pré-operatório é realizada a projeção de fotos de cirurgias de estoma intestinal, juntamente com a explicação sobre o procedimento. Neste momento os discentes são convidados à refletir sobre a ansiedade e expectativa do paciente quanto à realização deste procedimento. 3) Segunda etapa do jogo: a preparação da cena comporta aula expositiva-dialogada sobre o transoperatório, demonstração do procedimento em si, como: lateralidade, sítio cirúrgico e etapas, enfatizando a atuação do enfermeiro perante o mesmo e observando a importância dos cuidados de enfermagem para o paciente no momento do procedimento cirúrgico, evitando possíveis traumas. Para melhor familiarização dos acadêmicos com os equipamentos utilizados e seus cuidados de enfermagem, é entregue material contendo os diferentes modelos de bolsa de colostomia e adjuvantes. Por fim, os acadêmicos são induzidos, através das variadas fotos expostas, à reflexão sobre as alterações corporais e fisiológicas no corpo no período transoperatório, e suas consequências na vida do paciente e seus familiares no período pós-operatório. 4) Terceira etapa do jogo: a cena deste ato é preparada mediante diálogo visando abordar o período pós-operatório e a visão da pessoa com estoma por meio de relatos de experiências das docentes. Na ocasião, aconselha-se aos discentes assistirem um vídeo de uma mulher com estoma, disponível no site YouTube, falando sobre sua trajetória. Por conseguinte, o docente exibe imagens e sites que mostram diferentes maneiras de adaptação do cotidiano destas pessoas. Na sequência, ao término da aula, o acadêmico que optar por vivenciar a utilização da bolsa de colostomia no seu dia-a-dia, terá a oportunidade de aprender na prática a realizar a fixação da bolsa, assim como o correto manuseio da mesma, vivenciando os limites e os potenciais de uma pessoa com estoma. Os discentes relatam minuciosamente suas experiências à utilização da bolsa de colostomia, enfatizando pontos críticos e positivos, assim como os desafios encontrados na realização de suas atividades cotidianas. RESULTADOS: A utilização da estratégia pedagógica apresentada, além de fornecer maior conhecimento e aprendizado aos acadêmicos, proporcionou maior proximidade acerca da vida diária de uma pessoa com estoma. Os desafios, impactos e superações destas pessoas, abordadas em aula, assim como os relatos dos acadêmicos ao experimentarem a vivência, puderam demonstrar o quanto estar com um estoma leva ao surgimento de sentimentos ambíguos, ora positivos, ora negativos. Embora os possíveis sentimentos desfavoráveis aflorados no paciente ao receber a notícia da necessidade de realizar uma colostomia, os quais puderam ser observados nos relatos dos acadêmicos e nos casos demonstrados em sala de aula, a satisfação pela melhora na qualidade de vida e a recuperação da saúde podem ser aspectos importantes para o enfermeiro trabalhar e cuidar nesse paciente. Consoante, um dos papéis primordiais do enfermeiro consiste em orientar, acompanhar e apoiar este paciente e sua família auxiliando-os no processo de adaptação e aceitação desse novo modo de viver. Cabe destacar a alternativa da existência de vários métodos que proporcionam o retorno dos sistemas fisiológicos do indivíduo, assim como o de sua autonomia no processo do autocuidado. CONCLUSÃO: Por meio do Role Playing, a formação do enfermeiro torna-se mais enriquecedora em relação aos cuidados voltados ao paciente com estoma, uma vez que é possível uma aproximação com a realidade vivenciada pelo paciente com estoma intestinal. Assim, é possível compreender de maneira singular o cotidiano vivenciado por pacientes que se encontram nesse processo de reabilitação, nos diferentes períodos perioperatórios. CONTRIBUIÇÕES PARA ENFERMAGEM: Conhecimentos e habilidades do futuro enfermeiro podem ser desenvolvidos empregando-se o método Role Playing, uma vez que as dimensões do cuidado ao paciente com estoma vão muito além do aspecto biologicista. Os momentos teóricos e práticos da dinâmica permitem sua aplicação enquanto estratégia de aprendizagem.


Referências:
1. Almeida Q, Fófano GA. Tecnologias leves aplicadas ao cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva: uma revisão de literatura. HU Revista; 2016. Juiz de Fora, v. 42, n. 3, p. 191-196. 2. Tannure MC, Pinheiro AM. Sistematização da Assistência de Enfermagem: guia prático. 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. 3. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017 / [NANDA Internacional]; organizadoras: Herdman H, Kamitsuru S; tradução: Garcez RM; revisão técnica: Barros ALBL et al. Porto Alegre. Artmed, 2015 4. Horta WA. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU Editora Pedagógica Universitária; 2005. 5. Bardin L. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70; 2011.