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4829537 | A UTILIZAÇÃO DO MÉTODO ROLE PLAYING NO CONTEXTO DE ESTOMIAS | Autores: Juliana Balbinot Reis Girondi ; Lúcia Nazareth Amante ; Adriele Souza Küster ; Maria Eduarda Massari da Silva ; Wagner José Nascimento |
Resumo: INTRODUÇÃO: O Role-playing é uma técnica que busca desenvolver estratégias de
aprendizagem por meio de jogos de papéis envolvendo os participantes nas
situações problemas vividas diariamente. Este trabalho propõe demonstrar uma
metodologia ativa de ensino no perioperatório, que inclua o acadêmico no
processo de aprendizagem de uma forma criativa e estimulante por meio da troca
de papéis. Tal método auxilia os acadêmicos a aprenderem habilidades as quais
são capazes de captar os sentimentos do paciente, da família e dos colegas da
equipe por meio da aproximação da vivência do outro1. O emprego de métodos
ativos como esse pode favorecer a autonomia do acadêmico, despertando
curiosidade, estimulando tomadas de decisões individuais e coletivas2. Como
recurso didático está embasado na utilização da problematização a qual utiliza
experiências simuladas, para solucionar com sucesso os problemas advindos dos
mais variados contextos3. Aproximar-se da realidade vivenciada pelo paciente
que possui uma colostomia intestinal auxilia na compreensão sobre o processo
de viver e adoecer deste paciente. OBJETIVO: Apresentar o método Role Playing
no contexto do ensino e aprendizagem da formação em Enfermagem perioperatória
para o cuidado de pessoas com estoma. METODOLOGIA: Relato de experiência
ocorrido no curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa
Catarina, na disciplina "O Cuidado no Processo de Viver Humano II - Condição
Cirúrgica de Saúde", ministrada por duas docentes, no período matutino, no dia
16 de março de 2018 com duração de duas horas-aula. As etapas metodológicas do
Role Playing elencadas para o desenvolvimento desta atividade são descritas à
seguir: 1) O jogo: o discente vivencia diferentes realidades no cenário da
pessoa com estoma no período perioperatório. Para esta etapa utilizou-se os
materiais: bolsa de colostomia, manequim, notebook, datashow. As competências
enfocadas foram: desenvolver habilidades instrumentais, cognitivas, afetivas,
sociais e culturais para a tomada de decisões competentes no processo de
cuidar do paciente com estoma no período perioperatório; desenvolver
habilidades e atitudes para a construção da relação terapêutica entre
profissional e paciente, profissional e família e equipe multiprofissional
para um melhor desempenho no processo de cuidar. Habilidades a serem
desenvolvidas: ser capaz de auxiliar o paciente com estoma quanto à utilização
adequada da bolsa de colostomia, à sua fixação e retirada, higiene,
esvaziamento e cuidados com a pele peri-estoma. Definição de papéis: o docente
que desenvolve o conteúdo expõe a aula através de uma apresentação de
PowerPoint, enquanto a demonstração do manequim com a bolsa de colostomia
fixada auxilia na melhor visualização e entendimento do discente que acompanha
o jogo. 2) Primeira etapa do jogo: no ato de preparação da cena, os acadêmicos
são convidados a sentarem e ter em mãos os materiais sobre o conteúdo a ser
abordado. O docente narrador inicia o jogo com uma breve introdução sobre
estomias. A partir da introdução sobre os cuidados de enfermagem no período
pré-operatório é realizada a projeção de fotos de cirurgias de estoma
intestinal, juntamente com a explicação sobre o procedimento. Neste momento os
discentes são convidados à refletir sobre a ansiedade e expectativa do
paciente quanto à realização deste procedimento. 3) Segunda etapa do jogo: a
preparação da cena comporta aula expositiva-dialogada sobre o transoperatório,
demonstração do procedimento em si, como: lateralidade, sítio cirúrgico e
etapas, enfatizando a atuação do enfermeiro perante o mesmo e observando a
importância dos cuidados de enfermagem para o paciente no momento do
procedimento cirúrgico, evitando possíveis traumas. Para melhor familiarização
dos acadêmicos com os equipamentos utilizados e seus cuidados de enfermagem, é
entregue material contendo os diferentes modelos de bolsa de colostomia e
adjuvantes. Por fim, os acadêmicos são induzidos, através das variadas fotos
expostas, à reflexão sobre as alterações corporais e fisiológicas no corpo no
período transoperatório, e suas consequências na vida do paciente e seus
familiares no período pós-operatório. 4) Terceira etapa do jogo: a cena deste
ato é preparada mediante diálogo visando abordar o período pós-operatório e a
visão da pessoa com estoma por meio de relatos de experiências das docentes.
Na ocasião, aconselha-se aos discentes assistirem um vídeo de uma mulher com
estoma, disponível no site YouTube, falando sobre sua trajetória. Por
conseguinte, o docente exibe imagens e sites que mostram diferentes maneiras
de adaptação do cotidiano destas pessoas. Na sequência, ao término da aula, o
acadêmico que optar por vivenciar a utilização da bolsa de colostomia no seu
dia-a-dia, terá a oportunidade de aprender na prática a realizar a fixação da
bolsa, assim como o correto manuseio da mesma, vivenciando os limites e os
potenciais de uma pessoa com estoma. Os discentes relatam minuciosamente suas
experiências à utilização da bolsa de colostomia, enfatizando pontos críticos
e positivos, assim como os desafios encontrados na realização de suas
atividades cotidianas. RESULTADOS: A utilização da estratégia pedagógica
apresentada, além de fornecer maior conhecimento e aprendizado aos acadêmicos,
proporcionou maior proximidade acerca da vida diária de uma pessoa com estoma.
Os desafios, impactos e superações destas pessoas, abordadas em aula, assim
como os relatos dos acadêmicos ao experimentarem a vivência, puderam
demonstrar o quanto estar com um estoma leva ao surgimento de sentimentos
ambíguos, ora positivos, ora negativos. Embora os possíveis sentimentos
desfavoráveis aflorados no paciente ao receber a notícia da necessidade de
realizar uma colostomia, os quais puderam ser observados nos relatos dos
acadêmicos e nos casos demonstrados em sala de aula, a satisfação pela melhora
na qualidade de vida e a recuperação da saúde podem ser aspectos importantes
para o enfermeiro trabalhar e cuidar nesse paciente. Consoante, um dos papéis
primordiais do enfermeiro consiste em orientar, acompanhar e apoiar este
paciente e sua família auxiliando-os no processo de adaptação e aceitação
desse novo modo de viver. Cabe destacar a alternativa da existência de vários
métodos que proporcionam o retorno dos sistemas fisiológicos do indivíduo,
assim como o de sua autonomia no processo do autocuidado. CONCLUSÃO: Por meio
do Role Playing, a formação do enfermeiro torna-se mais enriquecedora em
relação aos cuidados voltados ao paciente com estoma, uma vez que é possível
uma aproximação com a realidade vivenciada pelo paciente com estoma
intestinal. Assim, é possível compreender de maneira singular o cotidiano
vivenciado por pacientes que se encontram nesse processo de reabilitação, nos
diferentes períodos perioperatórios. CONTRIBUIÇÕES PARA ENFERMAGEM:
Conhecimentos e habilidades do futuro enfermeiro podem ser desenvolvidos
empregando-se o método Role Playing, uma vez que as dimensões do cuidado ao
paciente com estoma vão muito além do aspecto biologicista. Os momentos
teóricos e práticos da dinâmica permitem sua aplicação enquanto estratégia de
aprendizagem.
Referências: 1. Almeida Q, Fófano GA. Tecnologias leves aplicadas ao cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva: uma revisão de literatura. HU Revista; 2016. Juiz de Fora, v. 42, n. 3, p. 191-196.
2. Tannure MC, Pinheiro AM. Sistematização da Assistência de Enfermagem: guia prático. 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.
3. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017 / [NANDA Internacional]; organizadoras: Herdman H, Kamitsuru S; tradução: Garcez RM; revisão técnica: Barros ALBL et al. Porto Alegre. Artmed, 2015
4. Horta WA. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU Editora Pedagógica Universitária; 2005.
5. Bardin L. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70; 2011. |