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4788078 | MAPEAMENTO CRUZADO DE DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA | Autores: Ana Carolina Ribeiro Tamboril ; Naanda Kaanna Matos de Souza ; Adriana de Moraes Bezerra ; Maria Corina Amaral Viana ; Joao Emanuel Pereira Domingos |
Resumo: Introdução: No contexto da assistência a pacientes em situação crítica de
saúde, a atenção prestada pela equipe de enfermagem precisa estar devidamente
organizada, adequando-se às especificidades do ambiente de cuidados críticos e
especializados, e aos saberes e estratégias de cuidado fundamentadas no
conhecimento científico da profissão.1 O Processo de Enfermagem torna-se,
então, ferramenta potente para a organização da assistência de enfermagem em
ambientes de cuidados críticos e para planejamento das ações de enfermagem.
Com relação à prática em cuidados críticos, pesquisas evidenciam que a
aplicação das taxonomias na prática do enfermeiro intensivista implica na
construção de um corpo de conhecimentos próprios do enfermeiro para essa
especialidade, baseado em evidências científicas para o cuidado de pacientes
internados em Unidades de Terapia Intensiva.2 Objetivo: Analisar os
diagnósticos de enfermagem elencados em uma Unidade de Terapia Intensiva
conforme os diagnósticos e respectivos domínios da NANDA I (2015-2017).
Descrição Metodológica: Cabe salientar que o projeto foi submetido ao Comitê
de Ética em Pesquisa da instituição do estudo, via plataforma Brasil, conforme
preconiza a Resolução 466/12 do CNS, obtendo parecer favorável conforme
parecer nº 2.184.015.3 Os dados apresentados aqui constituem um recorte de um
projeto de dissertação em fase de finalização. Tratou-se de um estudo
documental, com abordagem quantitativa e caráter retrospectivo. A população do
estudo foi composta 75 prontuários de pacientes admitidos no em Unidade
Terapia Intensiva de um hospital de grande porte do estado do Ceará. Os
critérios de inclusão foram: a) ter idade acima de 18 anos; b) receber a
sistematização da assistência de enfermagem por meio do sistema informacional
da instituição, registrado em prontuário. O sistema de registro informatizado
do cenário de estudo, nomeado _ArsVitae_ possui 10 diagnósticos de risco.
Utilizou-se da técnica de mapeamento cruzado para análise dos diagnósticos
contidos no sistema, obedecendo às seguintes etapas: seleção dos prontuários
elegíveis; descrição livre e transcrição dos diagnósticos de enfermagem
identificados nos registros de enfermagem; comparação dos termos com presentes
nos diagnósticos e domínios da classificação NANDA I com concordância plena ou
parcial; determinação dos diagnósticos e domínios da NANDA I correspondentes,
com concordância plena ou parcial. 4 Resultados: Referente ao perfil
sociodemográfico da amostra, observou-se a preponderância do sexo feminino com
50,66% (n=38). Quanto à escolaridade, destacou-se o ensino fundamental
completo, com 17,33% (n=13) e a classificação sem escolaridade, também com
17,33% (n=13). A análise da situação ocupacional revelou prevalência da
atividade aposentado como ocupação (33,33%). A média de idade da amostra foi
de 53,09 anos e a renda familiar média foi de R$ 1.399,00. Referente à
associação dos 16 diagnósticos ArsVitae com os domínios NANDA-I, verificou-se
a seguinte distribuição: Domínio 1-Segurança/Proteção (quatro diagnósticos
_ArsVitae_), Domínio 4-Atividade/Repouso (quatro diagnósticos _ArsVitae_),
Domínio 11-Promoção da Saúde (quatro diagnósticos _ArsVitae_) e Domínio
12-Conforto (um diagnóstico _ArsVitae_). Não foi observado diagnóstico de
enfermagem para os domínios Eliminação e Troca, Percepção/Cognição,
Autopercepção, Papéis e Relacionamentos, Sexualidade, Enfrentamento/Tolerância
ao Estresse, Princípios da Vida e Crescimento/Desenvolvimento.4 Com relação à
correspondência dos diagnósticos _ArsVitae_ com os diagnósticos contidos na
NANDA I, observou-se a seguinte equivalência: DE_ ArsVitae_ “Risco de infecção
relacionado à assistência à saúde” – DE NANDA I equivalente “Risco de
Infecção”; DE_ ArsVitae_ “Risco de broncoaspiração relacionado a: náuseas,
problemas de deglutição, problemas de respiração, uso de sondas” – DE NANDA I
equivalente “Risco de aspiração”; DE_ ArsVitae_ “Risco de queda relacionado à
percepção sensorial alterada ou confusão aguda e crônica ou deambulação
prejudicada” – DE NANDA I equivalente “Risco de quedas”; DE_ ArsVitae_ “Risco
de hipo ou hiperglicemia relacionado à desequilíbrio dos níveis de glicose” –
DE NANDA I equivalente “Risco de glicemia instável”; DE_ ArsVitae_ “Risco de
desnutrição relacionado à nutrição desequilibrada para menos que as
necessidades corporais” – DE NANDA I equivalente “Nutrição desequilibrada:
menor que as necessidades corporais”; DE_ ArsVitae_ “Risco de lesão de pele
relacionado à imobilidade no leito, intervenção cirúrgica, monitoramento
contínuo ou integridade da pele prejudicada” – DE NANDA I equivalente “Risco
de integridade da pele prejudicada”.4 Não foram encontrados DE NANDA I
equivalentes para os seguintes diagnósticos: Risco de extubação relacionado à
ventilação mecânica; Risco de piora do quadro clínico relacionado à perfusão
tissular inadequada e sistema cardiopulmonar alterado; Risco de reação
transfusional e Risco de reação medicamentosa relacionada à terapêutica
polifarmacológica.4 Discussão: Dos 10 diagnósticos de risco contidos no
sistema _ArsVitae_, apenas seis possuíam DE NANDA I equivalente, visto que não
foi evidenciado o seguimento de alguma classificação para a determinação
destes diagnósticos. Outro dado relevante consiste na correspondência de
apenas três dos 13 domínios elencados pela NANDA I (2015-2017). Os Sistemas de
Linguagens Padronizadas (SLP) de enfermagem podem ser definidos como
estruturas que organizam uma terminologia, utilizada entre os profissionais
enfermeiros, para descrever as diversas ações pertinentes ao cuidado de
enfermagem.5 A incorporação desses sistemas na prática clínica da enfermagem
constitui movimento recente e desafiador, principalmente no que tange ao
raciocínio clínico e posicionamento profissional frente à consolidação do
saber próprio da enfermagem. Sem o uso dos mesmos, os profissionais dispõem
apenas da linguagem livre para a expressão e registro de seus julgamentos e
decisões clínicas. São ferramentas com potencial de conferir confiabilidade,
validade e usabilidade à documentação de enfermagem.5 Conclusões: a
padronização viabilizada pelo uso das terminologias representa um esforço para
a uniformização da linguagem em enfermagem. A inclusão destas nos sistemas de
informação proporciona um meio abrangente de resgate da contribuição singular
da enfermagem, em um formato consistente e passível de quantificações. Na
pratica clínica, a correlação identificada pode subsidiar o melhoramento deste
software utilizado pela enfermagem para pacientes hospitalizados em terapia
intensiva. O perfil identificado pode contribuir para o fortalecimento da
identidade profissional e esclarecimento do corpo de conhecimento próprio da
enfermagem em UTI. Contribuições para a enfermagem: Com a finalidade de gestão
da informação, o uso das classificações favorece o gerenciamento do cuidado
uma vez que descreve e clarifica as decisões clínicas envolvidas na qualidade,
segurança e resultados das ações de enfermagem no paciente. A avaliação da
assistência nos serviços de saúde depende da disponibilidade das informações
em saúde. Tais dados devem ser passíveis de comparação, recuperação,
integração e síntese. Dessa forma, os SLP tem importante papel na elaboração
de dados relevantes para a avaliação da assistência, possibilitando também
análises de custos e de efetividade clínica.
Referências: 1. Menezes SRT, Priel MR, Pereira LL. Autonomia e vulnerabilidade do enfermeiro na prática da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2011. Acesso em 12 Fev. 2018. 45 (4): 953-8. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/v45n4a23.pdf
2. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução n° 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências [internet]. Brasília, 2009 [Acesso em 12 Fev. 2018]. Disponível em: http://site.portalcofen.gov.br/node/4384
3. Malagutti W, Bonfim IM. Enfermagem no centro cirúrgico: atualidades e perspectivas no ambiente cirúrgico. 3. ed. São Paulo: Martinari, 2013. p. 211-219.
4. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização – SOBECC. Práticas recomendadas. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017. |