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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4782500

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4782500

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E O TRABALHO DO ENFERMEIRO HOSPITALAR

Autores:
Juliana Vieira de Araujo Sandri ; Marina Maestri Walter

Resumo:
**INTRODUÇÃO: **As políticas de educação por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais visam direcionar as instituições de ensino superior para a formação de enfermeiros críticos, reflexivos, dinâmicos e ativos diante das demandas do mercado de trabalho atual1. Pensando nessa nova forma de ensino, que exige uma reflexão crítica sobre a prática, emerge a formação pautada em competências que rompe com o objetivo tradicional do ensino, em que o conhecimento aparece deslocado de sua aplicação2. O desenvolvimento de competências é um dos pressupostos que deve orientar a reorganização da formação e prática do enfermeiro. O enfermeiro é o profissional legalmente responsável por assumir a atividade gerencial, a quem compete a coordenação da equipe de enfermagem, bem como a viabilização do processo do cuidado3. Sendo responsável por essa equipe de profissionais, o enfermeiro precisa ter capacidade e habilidade de liderança e gerenciamento para poder coordenar as atividades desenvolvidas por esses profissionais. Essa prática é capaz de influenciar mudanças e trazer melhorias para a prática de enfermagem4. O saber gerencial representa o fio condutor para a busca do desenvolvimento profissional do enfermeiro e para o enfrentamento de desafios, sendo produto da problematização, das reflexões, dos estudos realizados no cotidiano e da realidade vivenciada em sua práxis. O gerenciamento, como processo de trabalho instrumental, interfere significativamente nos outros processos de trabalho do enfermeiro, devendo permear todas as etapas do ensino da graduação. Articular a teoria e a prática de forma a integrar o perfil profissional aos valores institucionais constituem competências inerentes ao perfil do profissional almejado no mercado atualmente, que deve preparar-se para ser pró-ativo, flexível, participativo e comprometido. Além disso, o desempenho de atividades complexas, como o processo de gerenciar, desencadeia a necessidade de aperfeiçoamento constante em busca de conhecimentos técnicos-científicos que auxiliem o profissional na execução das atividades com qualidade. A educação permanente é uma estratégia a ser utilizada no ambiente de trabalho, pois se trata de um processo educativo, que possibilita o surgimento de um espaço para pensar e fazer no trabalho, destacando-se o papel fundamental das instituições de saúde para o desenvolvimento permanente das capacidades dos trabalhadores5. **OBJETIVO: **O presente estudo teve por objetivo analisar a compreensão das competências gerenciais de enfermeiras de um hospital-dia com vistas à elaboração de uma proposta para implantação de um serviço de educação permanente. **METODOLOGIA: **Tratou-se de uma pesquisa de natureza exploratória e descritiva com abordagem qualitativa. O cenário do estudo foi um hospital-dia especializado em oftalmologia do sul do Brasil. Os sujeitos participantes do estudo foram todas as enfermeiras da instituição, independente de cargo, função ou tempo de serviço, totalizando seis profissionais. A coleta de dados ocorreu nos meses de outubro e novembro de 2016 e foi realizada por meio da entrevista de profundidade. Foram respeitados os aspectos éticos relacionados à pesquisa com seres humanos conforme o que determina a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/12. Para a análise dos dados qualitativos foi utilizada a análise de conteúdo, emergindo das falas das entrevistadas duas categorias de análise com suas respectivas subcategorias. A primeira categoria foi o entendimento do conceito de competências gerenciais do enfermeiro, com as seguintes subcategorias: competências necessárias para o cargo gerencial, dicotomia entre a assistência e a gerência e formação acadêmica e prática profissional. A segunda categoria de análise foi o desenvolvimento das competências gerenciais, com suas respectivas subcategorias, quais sejam: educação permanente, troca de experiências e dificuldades e desafios. **RESULTADOS: **todas as participantes da pesquisa eram do sexo feminino com idade mínima de 27 e máxima de 30 anos, sendo a média de 28 anos. Quanto ao tempo de formação, três enfermeiras estão formadas há menos de cinco anos e outras três há mais de cinco anos. Sobre o tempo de atuação no nível terciário, duas profissionais afirmaram terem atuação inferior a três anos, duas com até cinco anos de atuação e outras duas com mais de cinco anos de trabalho no ambiente hospitalar. Com relação à presença de pós-graduação, três enfermeiras relataram terem feito a especialização enquanto que outras três profissionais não apresentam nenhum curso a nível de pós-graduação. As falas relacionadas ao entendimento do conceito de competências gerenciais mostraram não haver um conceito específico da temática, as entrevistadas listaram algumas atividades da prática diária que veem como relacionadas a estas competências. Além disso, elencaram algumas características que julgam importantes no perfil do profissional, sendo algumas delas: ser ético, comunicativo, dinâmico, responsável, saber trabalhar em equipe e saber liderar. Com relação à dicotomia entre assistência e gerência, as enfermeiras entrevistadas demonstraram entender que as atividades relacionadas à assistência e a gerência são distintas e não se complementam, havendo uma separação entre essas ações na prática diária do enfermeiro. Quando questionadas a respeito de como a temática das competências gerenciais fora abordada durante a graduação, algumas enfermeiras afirmaram não ter muitas lembranças relacionadas a este conteúdo. Outras foram enfáticas em relatar que os conteúdos trabalhados em sala de aula não foram suficientes para se adquirir o conhecimento relacionado às competências gerenciais. Além disso, pode-se também perceber que as enfermeiras sentiram a falta de uma abordagem mais aprofundada da parte gerencial do trabalho do enfermeiro, uma vez que foram aprendidos conteúdos mais relacionados à parte técnica-assistencial no processo formativo destas profissionais. Durante as entrevistas, algumas enfermeiras relataram que puderam ter mais proximidade com a temática das competências gerenciais no período do estágio nos serviços de saúde, com a atuação prática. Para o desenvolvimento das competências gerenciais as enfermeiras apontaram algumas iniciativas que favorecem esse processo para o crescimento profissional, entre elas a educação permanente e a troca de experiências com profissionais com maior tempo de formação e de prática profissional. No entanto, algumas dificuldades foram evidenciadas pelas participantes no desempenho de suas competências gerenciais, principalmente no que tange o tempo de formação, a resistência dos recursos humanos que já atuam nos serviços e poucas experiências práticas de gerenciamento. **CONCLUSÃO: **Ao se considerar que a competência se consolida a partir da mobilização de recursos para a obtenção de um resultado, subentende-se que ela possa ser construída, aperfeiçoada e corrigida. Assim, o seu desenvolvimento passa por um processo contínuo que envolve aprendizado por parte dos profissionais. Como contribuição, esta pesquisa possibilitou o aprofundamento na temática das competências gerenciais e, mais especificamente, na discussão dessa temática no cotidiano laboral das profissionais. Foi possível a identificação de limitações no desenvolvimento das competências gerenciais pelas enfermeiras, apesar do julgamento dessas competências como importantes para o trabalho do profissional enfermeiro. Levando em conta que as competências gerenciais são indispensáveis para que talentos sejam potencializados e a aprendizagem coletiva seja ampliada, a implantação do Serviço de Educação Permanente na instituição deverá contribuir para que os profissionais adquiram, desenvolvam e aperfeiçoem constantemente as suas competências gerenciais. **IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM:** O desenvolvimento das competências gerenciais se deu na prática profissional, desmentindo o discurso de que são desenvolvidas na formação.


Referências:
1. Nóbrega MML, Silva KL. Fundamentos do cuidar em enfermagem. 2ed. Belo Horizonte: ABEn, 2008/2009. 2. Benedet SA et al. Processo de Enfermagem: instrumento da sistematização da assistência de enfermagem na percepção dos enfermeiros. J. res.: fundam. care. online 2016. jul./set. 8(3): 4780-4788. 3. Boaventura AP, Santos PA, Duran ECM. Conhecimento teórico-prático do enfermeiro sobre processo de enfermagem e sistematização de enfermagem. Enfermería Global. 2017. abr. 46: 194-205. 4. Silveira V, Silva KC,Hertel VL. Sistematização da assistência de enfermagem na saúde da família: percepção dos acadêmicos de enfermagem. Rev enferm UFPE on line. 2016 nov. 10(11):3892-3900.