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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4755045

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4755045

ADVOCACIA EM SAÚDE: DESAFIOS PARA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Autores:
Laurelize Pereira Rocha ; Kerolayne Machado de Mattos ; Bruna Ruoso da Silva Neutzling ; Edison Luiz Devos Barlem

Resumo:
**Introdução: **A advocacia em saúde pode ser descrita através de um conjunto de ações realizadas com a finalidade de defender os interesses dos pacientes em situações de perda da autonomia, desconhecimento dos direitos ou situações diversas que resultem em não benefício, respeitando sempre as necessidades identificadas e garantindo uma assistência de qualidade. Para exercer a advocacia em saúde, destaca-se o enfermeiro como profissional de maior competência e possibilidades de desenvolvimento dos seus ideais. A palavra advocacia tem origem do latim advocatus, que está diretamente relacionado com o termo advogado, sendo aquele que intercede e defende os direitos dos indivíduos1,2. O termo advocacia em saúde foi introduzido oficialmente na área da enfermagem no ano de 1973 pelo Conselho Internacional de Enfermeiros, que formalizou essa prática no código profissional, salientando-a como um princípio fundamental na ética em enfermagem3, visto que os enfermeiros devem "promover um ambiente no qual os direitos humanos, valores, costumes e crenças espirituais da família e do indivíduo e comunidade sejam respeitados" 4. Contudo, foi apenas na década de 1980, nos Estados Unidos, que a advocacia passou a ser certificada na prática de enfermagem como uma missão do profissional enfermeiro2. Assim, na literatura, existem três definições bastante difundidas no que se refere à advocacia em enfermagem, sendo essas: proteger os pacientes contra a intervenção médica não desejada; libertar os pacientes do desconforto de tratamentos desnecessários; capacitar os pacientes a fim de torná-los sujeitos ativos nas escolhas e decisões a respeito de seus cuidados e tratamentos3,5. No entanto, para que o enfermeiro consiga desenvolver essa competência de advogar pelo paciente é necessário que as questões relacionadas a defesa dos pacientes sejam trabalhadas e desenvolvidas durante a formação acadêmica. Dessa forma, o presente estudo teve como **objetivo**: Conhecer a percepção dos estudantes das séries finais de um curso de graduação em enfermagem sobre a formação para o exercício da advocacia em saúde. **Metodologia**: Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo exploratório-descritivo, desenvolvido com treze estudantes de enfermagem regularmente matriculados na oitava e nona série de um curso de graduação em enfermagem de uma universidade federal do extremo sul do Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de setembro e outubro de 2015, através de uma entrevista gravada, seguindo um roteiro de entrevista semiestruturado, onde a análise dos dados foi realizada por meio da análise textual discursiva, os aspectos éticos foram respeitados, conforme as recomendações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e aprovado pelo Comitê de ética local sob parecer número 097/2013. **Resultados:** Por meio da análise dos dados emergiram as unidades de sentido que deram origem as três categorias denominadas_: Fatores que influenciam no desenvolvimento da advocacia na prática assistencial do acadêmico, _nessa categoria foi possível perceber através das falas dos acadêmicos a relação existente entre o desenvolvimento da advocacia e o que é vivenciado durante a prática assistencial na graduação. Os conhecimentos teóricos, conhecimentos práticos e valores pessoais dos acadêmicos interligam-se durante o desenvolvimento das atividades práticas, permitindo uma maior visualização do seu papel como advogado do paciente. Assim, a visualização da advocacia, por parte dos estudantes, parece potencializar-se dentro do campo prático, de forma interligada com o processo de desenvolvimento das competências para o exercício da enfermagem até mesmo aos que desconhecem o termo “advocacia do paciente”, ocorrendo através de respaldo legal e agindo pela observação da prática do enfermeiro e por seu senso de responsabilidade. _Modelos para o desenvolvimento da advocacia, _nessa categoria foi possível constatar que os estudantes percebem os professores e profissionais da assistência como modelos para o desenvolvimento da advocacia em saúde. As experiências vivenciadas no campo teórico e prático transformam os profissionais assistenciais e docentes em modelos, tanto positivos, quanto negativos, de conduta profissional. A visualização como modelos positivos ocorre quando os profissionais e docentes agem de acordo com os interesses do paciente e negativos quando negligenciam seu papel de advogado do paciente não realizando enfrentamentos e tentativas de manter os direitos dos usuários. Nesse sentido, o posicionamento dos professores e profissionais assistenciais influencia na projeção de modelo profissional dos acadêmicos, contribuindo para o desenvolvimento da percepção e desenvolvimento da advocacia e _barreiras no desenvolvimento da advocacia_, nessa categoria foi possível evidenciar que o desenvolvimento das competências necessárias para atuar como advogado dos pacientes pode ser facilitado ou dificultado durante a formação acadêmica. Os conhecimentos e atitudes adotadas pelos acadêmicos para defender os interesses e direitos dos pacientes pode ser dificultada por barreiras impostas pelas dificuldades relacionais com professores e profissionais, assim como pela falta de autonomia percebida pelos acadêmicos, pela institucionalização de condutas impositivas e por déficits na estrutura curricular do curso de graduação em enfermagem. Dessa maneira, ao investigar os fatores que influenciavam na formação dos estudantes para exercer a advocacia do paciente, foi possível perceber, que as experiências vivenciadas durante a prática assistencial do acadêmico constituem-se como importantes desencadeadores da visualização das possibilidades de ações de defesa do paciente, influenciando no desenvolvimento da advocacia, uma vez que exige a articulação dos saberes teóricos e práticos.** Conclusão: **O estudo possibilitou conhecer a percepção dos estudantes das séries finais de um curso de graduação em enfermagem sobre a formação para o exercício da advocacia em saúde durante o curso, assim acredita-se que reconhecer os desafios que ainda devem ser superados no processo de formação profissional dos futuros enfermeiros potencializará o papel de advogado em saúde desses profissionais, fato esse que poderá repercutir em maior qualidade nos atendimentos prestados, maior autonomia profissional e dos pacientes. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Esse estudo contribuiu para a difusão da temática advocacia em saúde, tendo em vista que esse ainda é um tema pouco abordado na área da enfermagem e também possibilitou identificar a percepção dos estudantes quanto ao tema, assim trazendo subsídios para elaborar cada vez mais a temática durante a graduação.


Referências:
1. Benedet AS, Gelbecke FL, Amante LN et al. Processo de enfermagem: instrumento da sistematização da assistência de enfermagem na percepção dos enfermeiros. Care Online. 2016 jul/set; 8 (3):4780-4788. 2. Gondolf M, Siega CK, Rastirolla LM, Kleba AE et al. Sistematização da assistência de enfermagem: da teoria ao cuidado integral. Rev enferm UFPE on line., 2016, set.; 10(supl.4):3694-703. 3. Souza Junior DI, Ribeiro JHM, Santos RP et al. Impasses, condições e potencialidades à implementação de enfermagem na prática hospitalar brasileira: revisão integrativa. Rev enferm UFPE on line., 2017, fev.; 11(2):652-66.