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4691980 | CAPACITAÇÃO DE INTERLOCUTORES DE UM NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE E HUMANIZAÇÃO (NEPH) | Autores: Letícia Lopes Dorneles ; Venisse Paschoalin Maurin ; Fernanda dos Santos Nogueira de Góes ; Caroline Silva Morelato Coloni ; Rosangela Andrade Aukar de Camargo |
Resumo: INTRODUÇÃO: a composição de um NEPH regional se dá pelos interlocutores
municipais de Educação Permanente em Saúde (EPS) de uma região de saúde. Estes
são indicados pelas Secretarias Municipais de Saúde de cada município, que na
sua maioria é oriunda da área da saúde e com um conhecimento escasso sobre os
aspectos que compõem um processo educativo dialógico e democrático. Ademais,
para que estes interlocutores desempenhem o seu papel, é fundamental que
compreendam a complementaridade entre os setores educação, saúde e o processo
de trabalho em saúde1. Para tanto, faz-se necessário uma compreensão ampliada
das relações sociais e políticas que envolvem os problemas da saúde de seu
município, da região e do país, e consequentemente a integração dos princípios
da Política de Educação Permanente em Saúde no cotidiano das instituições de
saúde2. Este desafio implica para o interlocutor do NEPH a busca pelo
conhecimento pedagógico e na aproximação com estratégias de aprendizagem
possíveis de serem utilizadas nos espaços de reflexão da Educação Permanente
em Saúde. Necessidades de aprendizagem dos interlocutores foram levantadas nas
reuniões mensais da regional de saúde, a partir das quais foi realizado o
planejamento pedagógico da capacitação desenvolvida no 1º semestre de 2016.
OBJETIVO: descrever a experiência da capacitação dos interlocutores da
educação permanente em saúde cuja proposta final foi a elaboração de um plano
de ação para o município de origem. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: trata-se de um
relato de experiência sobre as atividades educativas desenvolvidas para a
capacitação dos interlocutores do NEPH regional. Inscreveram-se para a
capacitação 33 interlocutores de EPS, que foram divididos em 3 grupos, sendo
cada um deles conduzidos por duas facilitadoras de aprendizagem, todas com
formação pedagógica. Foram realizados 9 encontros presenciais, com intervalos
quinzenais entre eles. As atividades educacionais utilizadas tinham como
fundamento a Método Ativo de Aprendizagem3 e foram utilizadas as seguintes
estratégias de aprendizagens: estudo de caso, estudo dirigido, painel,
portfólio reflexivo, GO e GV, dramatização, fórum, tempestade cerebral,
resolução de problemas e ensino com pesquisa4. Por fim, todos tiveram que
construir um Plano de Ação para seu município, que foram apresentados e
analisados por todos os participantes e facilitadores. RESULTADOS: o trabalho
em pequenos grupos favoreceu o diálogo, as reflexões e as críticas, ao
valorizar a construção coletiva do conhecimento, princípios frerianos4 que
democratizam o processo educativo e potencializa a autonomia do
interlocutor/participante. A diversidade de estratégias incentivou a
participação e explorou as potencialidades do grupo5. Os intervalos entre os
encontros possibilitou um maior tempo para aprofundar as reflexões com leitura
complementares sobre as atividades, assim como o seu compartilhamento no
próprio ambiente de trabalho ao longo do processo. O método ativo3 gerou
curiosidade e expectativas sobre como poderia ser integrado aos espaços da EP
nos serviços de saúde ao vivenciarem os conceitos a serem aprendidos.
Observou-se que houve receptividade dos grupos ao desenvolvimento das
estratégias de aprendizagem propostas em equipe. As reflexões ocorreram de
forma progressiva e consideradas relevantes à construção do conhecimento. Ao
final de cada encontro realizou-se uma devolutiva dos participantes por meio
de avaliação oral. De forma geral o grupo manifestou-se surpreendido com as
estratégias de aprendizagem utilizadas e motivados para continuar a
capacitação. De um encontro para o outro, foi possível perceber que algumas
reflexões haviam sido levadas aos locais de trabalho, o que foi considerado um
avanço na tentativa de mudanças da realidade de cada local, no intuito de
modificar algo do processo de trabalho que estava insatisfatório ou
potencializar o que já apresentava algum resultado positivo. Alguns
participantes relataram que foi possível refletir sobre o próprio trabalho.
Muitos se consideraram diferentes e modificados. Os discursos em sua maioria
otimista, trouxe percepções de pequenas mudanças como, por exemplo, dialogar
mais com os colegas de trabalho para pensar sobre como solucionar problemas
que os levavam a entrar em conflito com sua equipe. Além dos relatos nas
avaliações ao final de cada encontro, também foi possível avaliar os grupos
por meio dos planos de ação apresentado ao final da capacitação. Todos tiveram
sucesso em selecionar problemas passíveis de sofrerem intervenções no ambiente
de trabalho e as propostas de intervenção apresentadas estavam de acordo com
as possibilidades dos participantes em relação a sua função de interlocutor de
Educação Permanente em Saúde. CONCLUSÃO: ao final da capacitação observou-se
que houve o fortalecimento dos participantes dos três grupos, para refletir
sobre as práticas do contexto onde trabalham a partir do embasamento com
instrumentais metodológicos apresentados e experimentados nos encontros.
Considera-se que foi atingido o objetivo de sensibilizá-los sobre a
importância da interlocução no cenário da Educação Permanente em Saúde por
meio do método ativo de aprendizagem e percebemos que eles são capazes de dar
continuidade às reflexões iniciadas nos encontros. Observou-se também que foi
possível despertar nos participantes seu empoderamento, ou seja, eles
verbalizaram, e mostraram no Plano de Ação, segurança para colocar em prática
as estratégias de aprendizagem vivenciadas na capacitação ao reservar para
isso, espaços para reflexão dos processos de trabalho, no próprio ambiente de
trabalho. Limitações: houve significativas ausências de alguns participantes
nos diferentes grupos, por dificuldades de deslocamento, férias, e
impossibilidade de serem substituído em seu local de trabalho. Paralelo a isso
percebemos que a rotina de trabalho intensa dos participantes dificultou a
possibilidade de aprofundar as reflexões com leituras complementares, fora dos
momentos dos encontros pré-agendados. CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A
ENFERMAGEM: possivelmente, as atividades educativas desenvolvidas na
capacitação para o desenvolvimento da EP, contribuirão com a tomada de decisão
do interlocutor/participante no que se refere a organização da mesma na
prática do trabalho em saúde, bem como favorecer sua atuação profissional com
relação a superação dos conflitos e dificuldades num aperfeiçoamento constante
dos processos de trabalho.
Referências: 1. Garcia TR. Sistematização da assistência de enfermagem: aspecto substantivo da prática profissional. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, 2016 [acesso em 2018 mar 06]; 20 (1): 5-10. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n1/1414-8145-ean-20-01-0005.pdf
2. Cunha ACR da, Dantas, AMN, Nóbrega, MML. Validação de diagnósticos de enfermagem na prática clínica: revisão integrativa. Rev. Paraninfo Digital, Espanha, 2015 [acesso em 2018 mar 06]; 22. Disponível em: http://www.index-f.com/para/n22/194.php.
3. Nóbrega MML (Org.). Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para clientes hospitalizados nas unidades clínicas do HULW/UFPB utilizando a CIPE®. João Pessoa: Ideia; 2011.
4. Leal MT. A CIPE® e a visibilidade da enfermagem – mitos e realidades. Loures-PT: Lusociência; 2006.
5. Ministério da Saúde (Brasil), Conselho Nacional de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP. Resolução n.º 466/12 - Dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília, 2012 [acesso em 2018 mar 10]. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. |