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4677218 | DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS E O USO DE METODOLOGIA ATIVA NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO | Autores: Ana Lucia Alves de Carvalho E Silva ; Maria Lelita Xavier ; Luzia da Conceição de Araujo Marques ; Thais Priscila Machado Baptista de Souza ; Ana Luiza Alves Moreira |
Resumo: Introdução: este relato de experiência tem como objeto o uso de oficinas
pedagógicas no processo ensino aprendizagem de Ética Social, durante a
formação do Enfermeiro. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos Cursos
de Graduação em Enfermagem1 têm sido alvo de constantes avaliações a fim de
que se aproximem das necessidades sociais2,3,4. As mudanças previstas reforçam
o uso de metodologias que privilegiem o protagonismo e a participação dos
estudantes no processo ensino aprendizagem2. A oficina pedagógica é uma das
estratégias de ensino aprendizagem da metodologia ativa que propicia a
apreensão das informações, a motivação, o trabalho em equipe, o envolvimento
do aluno e os engajam ativamente em todos os processos de sua aprendizagem;
além de contribuir para o desenvolvimento de habilidades comunicacionais e de
raciocínio5. Esta prática pedagógica tem estimulado o aluno a refletir sobre a
realidade social, considerando os valores, princípios éticos e os direitos
humanos, o que contribui para formação do Enfermeiro crítico, reflexivo e
criativo. Objetivo: relatar a experiência das autoras resultantes da
construção de oficinas pedagógicas no processo ensino aprendizagem acerca de
Valores Éticos e Direitos Humanos na formação do Enfermeiro. Descrição
metodológica: trata-se de relato de experiência do ensino de Ética Social
realizado na Universidade do Estado Rio de Janeiro, com turmas do primeiro
período, do Curso de Graduação da Faculdade de Enfermagem da UERJ (FENF/
UERJ), entre 2015-2017. A estratégia de ensino foi a realização de Oficinas
pedagógicas sobre Valores Éticos e Direitos Humanos. A dinâmica de estudo
envolveu o debate e reflexão de temáticas propostas por grupos de
aproximadamente 6 alunos para e com os demais educandos e educadores,
orientados pela equipe pedagógica, composta de 06 monitores e 02 docentes. O
caminho para construção das oficinas foi organizado em dois temas. Resultados:
o primeiro tema intitulado “o currículo da Faculdade de Enfermagem da UERJ e o
ensino de Ética Social” aborda o encontro entre a concepção do curso, a ementa
de Ética Social e as orientações pertinentes à construção das oficinas. A FENF
/UERJ tem como missão o compromisso com a formação de enfermeiros cidadãos,
conhecedores dos problemas do seu estado para atender as necessidades de saúde
da sociedade, exigindo a adoção de posições em relação ao mundo e à vida.
Relaciona o respeito ao ser humano no seu direito à liberdade e dignidade.
Privilegia o uso de metodologia pedagógica que estabelece o processo de
reflexão ação, a partir de questões concretas, desde o 1º período da
graduação. O conteúdo de subárea Ética Social é oferecido na Área Fundamental
que sustenta a construção de conhecimento próprio do fazer da Enfermagem.
Contribui com o processo de formação de profissionais construtores ativos da
sociedade, capazes de viver como cidadão consciente e crítico, partindo da
reflexão e discussão de princípios, valores éticos e dos direitos humanos que
orientam a vida social. O uso de oficinas pedagógicas propicia espaço de
reflexão e aprendizagem que contribui com o desenvolvimento de análise crítica
dos alunos acerca de valores e princípios éticos que norteiam a vida em
sociedade. Os grupos utilizam do princípio da autonomia para selecionar um dos
temas que versam acerca dos Direitos Humanos: à Moradia, ao Meio Ambiente, à
Alimentação, à Educação, ao Trabalho, à Participação Social; Direitos Humanos
gênero e sexualidade e as diversificadas etnias: a inclusão da população negra
e indígena. Elaboram a sistematização do conteúdo, a partir de roteiro
orientador. Ao final o aluno deve apontar ou realizar ações concretas para
promoção dos direitos humanos. A estrutura das oficinas é composta de quatro
momentos: planejamento, acolhimento, realização e a avaliação. Sugerimos como
meio o uso de músicas, cena de filme, textos (histórias, contos, relatos de
vida e poesias), folder, ilustração (cartazes, gravuras, fotografias, desenhos
e charges), dinâmicas participativas e dramatizações. No segundo tema
identificamos as “contribuições do uso de oficinas pedagógicas para a formação
do Enfermeiro”. Esta estratégia permitiu, desde o momento em que o aluno faz a
opção pela temática a análise da sua realidade, a confrontação e a troca de
experiências com o grupo e com o conhecimento produzido sobre a temática para,
posteriormente, deflagrar a construção coletiva de um saber. Tal como nos diz
Paulo Freire ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. As oficinas
mantiveram os alunos como protagonistas de sua aprendizagem, sempre apoiados
nas professoras que atuavam como facilitadoras e mediadoras do processo
ensino-aprendizagem. A aprendizagem do conteúdo foi interpretada como um
caminho que possibilitou ao aluno, como sujeito social transformar-se e
transformar seu contexto. Foi orientada pelo princípio da observação da
própria realidade e da ação-reflexão-ação o que contribuiu para que o aluno
aprendesse a aprender, a fazer, a ser e a conviver com outro durante as
atividades de grupo e com a turma5, atributos indispensáveis à formação do
Enfermeiro. Citamos como exemplo a realização de Campanhas de doação de
alimentos e roupas oriundas da Oficina que tratava o Direito à Participação
Social, a investigação de hábitos alimentares dos alunos e o projeto de
extensão “o negro no mundo contemporâneo: empoderamento e direitos”. Essas
ações desenvolvem no aluno, futuro enfermeiro, atitudes e valores orientados
para a cidadania e para a solidariedade. Conclusão: A proposta de formação do
Enfermeiro crítico e reflexivo do currículo da FENF/UERJ estimula o uso de
metodologias criativas que considerem o aluno como principal sujeito do
processo. A oficina é uma estratégia pedagógica que propicia a aproximação do
aluno com as necessidades sociais, o trabalho coletivo, a preocupação com o
outro e a promoção de estratégias que possam transformar a realidade. Está em
conformidade com as necessidades de revisão das DCN para formação do
enfermeiro e possibilitou o debate de ideias acerca de alguns princípios e
valores éticos e de direitos humanos, com base no Código de Ética Profissional
que entende o respeito aos direitos humanos como inerente ao exercício da
profissão, o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à
igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser tratada
sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença religiosa,
cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de gênero, orientação
sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição social.
Contribuições/implicações para a Enfermagem: o estudo corrobora com outros
autores que apontam o uso de metodologias criativas que propiciem o aprender a
aprender, o trabalho em grupo, o debate coletivo na formação do enfermeiro com
vista a garantia da participação do aluno e a formação de um profissional que
reconhece e se envolve com os problemas sociais. Tem possibilitado ao aluno o
desenvolvimento da sua criatividade e análise crítica.
Referências: 1. SOBRAL, F. R.; CAMPOS, C. J. G. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP v.46, n.1, 2012.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n1/v46n1a28.pdf. Acesso em: 19/11/2017
2. BRASIL, Melhor em casa. Caderno de atenção domiciliar. Volume 1. Brasília-DF, 2012. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/cad_vol1.pdf. Acesso em: 19/11/2017
3. BERBEL, NAN. Problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v2n2/08.pdf. Acesso em: 19/11/2017
4. Diagnóstico de enfermagem da Nanda: definições e classificação 2015-2017, T. Heather Herdman, Shigemi Kamitsuru; tradução; Regina Machado Garcez – Porto Alegre: Artmed, 2015-2017. |