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4668269 | PORTFÓLIO REFLEXIVO - APLICABILIDADE NA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM | Autores: Mara Regina Rosa Ribeiro ; Marcela Jossani Ferreira Polo ; Juarez Coimbra Ormonde Júnior ; Leonara Raddai Gunther de Campos ; Luciana Portes de Souza Lima |
Resumo: **Introdução:** O portfólio reflexivo tem sido amplamente utilizado na formação em saúde e enfermagem, e na nossa experiência, aplicado na disciplina de Metodologia do Ensino Superior, do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – mestrado acadêmico. Compreendemos o portfólio como método de ensino, aprendizagem e avaliação da aprendizagem. Método de ensino porque há conhecimentos e habilidades a aprimorar, ou seja, espera-se o desenvolvimento de competências. Como método de aprendizagem, o portfólio possibilita o desenvolvimento da autonomia na construção do conhecimento, visto que na perspectiva adotada nesta experiência, os alunos são instigados à ativamente articular saberes e realizar leituras crítico-reflexivas sobre as temáticas propostas, posicionando-se em relação ao conhecimento produzido. É também método de avaliação por oferecer referências aos facilitadores sobre avanços e deslocamentos de aprendizagem efetivados ao longo do curso (1-2-3-4). **Objetivo:** Relatar a experiência de facilitação da aprendizagem por meio do portfólio reflexivo. **Método:** Trata-se de relato de experiência, desenvolvida entre 2011 e 2017, com a utilização de portfólios reflexivos na disciplina de metodologia do ensino superior, do curso de mestrado em enfermagem, programa de pós-graduação da Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso. A disciplina em pauta estimula nos alunos participantes, a vivência de duplo papel – estando alunos, projetarem-se como futuros professores, e nessa perspectiva, projetarem o possível uso do portfólio reflexivo em sua prática. Os portfólios foram a estratégia de avaliação formativa adotada pela disciplina, e assumiram delineamento diversificado ao longo desse período de utilização, sendo que na versão mais recente, respeita as escolhas e formatos definidos de forma pessoal por cada autor. As únicas orientações repassadas são de que precisa conter ao menos dois elementos – a análise crítico-reflexiva do tema de escolha, e o registro do processo introspectivo e metacognitivo implicados na sua construção. As categorias aqui apresentadas resultaram da análise qualitativa do registro em diário pelos facilitadores, em processo que seguiu as seguintes etapas: extração de unidades de significados, agrupamento destes por semelhança, seguido de reagrupamentos sucessivos, até compor categorias, as quais serão aqui compartilhadas, a saber – “O estreitamento de interações mediado pelo portfólio”; “Portfólio e Metacognição – a potencialização do aprender a aprender”; “Portfólio – relação de amor e ódio”. **Resultados: **Na perspectiva dos facilitadores, a elaboração de portfólios despertou para a importância da competência emocional do professor, na facilitação da aprendizagem pelo aluno. Nesse processo, os registros em diários pelos facilitadores, possibilitou revisitar essa experiência, permitindo as compreensões que passamos a explicitar. O portfólio de começo configura-se em instrumento que estreita as interações entre facilitadores e alunos/ mestrandos, em função dos diálogos estabelecidos ao longo da disciplina, nos quais as experiências são compartilhadas, num _continuum_ de desenvolvimento da capacidade de escuta ativa, de argumentação, de análise crítico reflexiva da realidade, e da comunicação como balizadora de todo esse processo. Uma estratégia utilizada na disciplina, que na nossa perspectiva estreita as interações entre os alunos, foi a leitura a cada encontro de três portfólios. Os alunos que se sentiam à vontade faziam a leitura do seu portfólio, que verificamos, auxiliava grandemente os colegas que estavam com dificuldades de compreensão. Esse compartilhamento e a interação com os portfólios produzidos por colegas levaram-nos a compreender que não há regras, limites ou determinantes, antes, o portfólio precisa configurar-se como marca pessoal do seu autor, como espaço de livre expressão de sentimentos e de interação com conhecimentos, aos quais os alunos não estão habituados, o que talvez explique suas resistências, medos e inseguranças. Na experiência de utilização do portfólio reflexivo, os alunos desenvolvem a auto-observação e autocrítica, passam a ter mais facilidade para identificar necessidades de aprendizagem, e sedimentam autopercepções. Essa peculiaridade do portfólio – instigar a análise de emoções, pensamentos e argumentos teóricos, também serve como contributo ao estreitamento das interações entre os próprios alunos, destes com o conhecimento, com os facilitadores, e acima de tudo, consigo mesmos, elementos que se considera, são essenciais à prática docente. Aqui se denota o processo metacognitivo, que pela realização de registros, e o retorno periódico a eles por parte do autor, promove reflexões e análises sobre seu próprio processo de aprendizagem e, sobretudo acerca das estratégias que podem potencializá-lo. Paralelamente, e de forma intencional, as leituras realizadas para construção dos portfólios resultam no desenvolvimento da comunicação escrita, na capacidade de articular conceitos e análises reflexivas sobre eles. Verificamos que o portfólio reflexivo provoca o autoconhecimento, o conhecimento dos próprios limites e potencialidades, e a (re)análise de características pessoais e profissionais que podem interferir na atuação como futuro professor. Nossa compreensão acerca da relação de amor e ódio vivida pelos alunos com a construção de portfólios pode ser assim explicada – o portfólio configura-se como instrumento de elaboração complexa, pois demanda a apreensão da teoria em pauta, como também o registro dos elementos pessoais implicados no processo ensino-aprendizagem. Na nossa experiência, os alunos já iniciam a disciplina com a expectativa de que a construção de portfólios é processo difícil, trabalhoso e cansativo. Essas percepções são em geral repassadas entre as turmas, de modo a provocar em alguns alunos, o medo e a ansiedade. Ao chegar ao final da disciplina, verificamos que os alunos compreendem e valorizam a realização de portfólios, muito embora ainda o considerem trabalhoso. No entanto, constatamos também que para alguns alunos o portfólio não resultou em mediação da aprendizagem, ou porque estavam habituados a outras formas de aprender e tiveram dificuldades para se adaptar a esses novos moldes, ou até em função de ansiedade e estresse que a construção provocou, que foram impeditivos para a aprendizagem almejada. Ficou evidente nas vivências compartilhadas, que a perspectiva de facilitadores da aprendizagem precisa ser tomada em consideração, de modo a ressignificar as propostas metodológicas, na perspectiva de que não há metodologias que sejam eficazes com todos os alunos, o que impõe a necessidade de diversificar estratégias. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **O portfólio configura-se como estratégia educacional aplicável em cenários de aprendizado em enfermagem, visto que em sua perspectiva formativa pode contribuir para significar o aprendizado dos alunos.** Conclusão:** Apreendemos que o portfólio possui como característica peculiar, promover a interação do sujeito consigo mesmo, com os colegas, com o conhecimento, e de forma mais estreita com os facilitadores, em função dos diálogos mantidos para delineamento ou avaliação do percurso de aprendizagem de cada participante. Além disso, auxilia o desenvolvimento da autonomia do participante em elaborar objetivos de aprendizagem, e na livre definição do formato a ser utilizado em sua construção.
Referências: Gennep AV. Os ritos de passagem. [trad. Roberto da Matta]. 1. Ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
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