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4631482 | MARCO CONCEITUAL FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL UMA APROXIMAÇÃO PARA APLICAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES DE ENFERMAGEM | Autores: Maria da Graça Oliveira Crossetti ; Carolina Giordani da Silva |
Resumo: **Introdução**: O desenvolvimento do mundo ocidental, durante os últimos cem anos, tem se caracterizado pelo progresso significativo de todas as áreas do conhecimento devido à evolução expressiva das ciências naturais. Diante destas transformações é impossível não reconhecer que a existência humana tem sido empobrecida de valores e sentimentos. Momento em que sua experiência, cultura, enfim, seu vivido não é percebido. O que resulta em fenômenos como medo, ansiedade, angústia, dentre outras formas de expressões e/ou emoções. O homem como um modo de ser indeterminado revela-se pela condição existencial como um ser único e complexo pelo desvelar da fenomenologia, cujo propósito central é na compreensão em estar com o outro no mundo1. Quando se propõe adotar essa perspectiva na enfermagem, o cuidar é considerado como fenômeno que está acontecendo, assim como o ser doente e a própria enfermidade. Assim, a enfermidade evidencia-se como situação vivida que impõe restrições na relação com o outro e com o mundo, portanto o paciente ao invés de assumi-la passivamente, deve experimentá-la como uma facticidade vivida. A doença acontece em um determinado momento da vida não como um fato singular, significando que o homem continua se realizando existencialmente com os outros2. A enfermagem como ciência e arte do cuidar, inserida nestes movimentos, vem desde Florence Nigntingale e seguidoras constituindo-se como disciplina por meio da produção de conhecimento específicos de modo a orientar seu ser, saber e fazer nos diferentes contextos da prática profissional. Situação expressa pelo desenvolvimento de teorias e marcos conceituais. Estes referenciais oferecem ao enfermeiro elementos para tomada de decisão clínica, ao combinar os conhecimentos teóricos e clínico com habilidades do pensamento crítico, visando a aplicação do processo diagnóstico, orientado para implementar o processo de enfermagem para determinado indivíduo. Para que este processo aconteça, faz-se necessário a utilização de classificações de enfermagem3. Estas buscam estabelecer uma linguagem comum entre os enfermeiros. Por serem descritas numa estrutura teórica organizada, lógica e sistematizada, constituem instrumentos essenciais para a prática com base em evidências – PBE2,3. A PBE na enfermagem caracteriza-se pela transição e translação do conhecimento na prática, condição ainda emergente na disciplina, mas que está presente no contexto de cuidado, baseada na experiência, tradição, intuição, senso comum e teorias testadas e não testadas na prática clínica. Contudo, apesar de sua crescente aplicação, esta é vista com ceticismo, pois se estrutura de modo prevalente nas ciências naturais, em detrimento do saber ético, estético e pessoais que dão singularidade a enfermagem.3 Neste contexto, o uso das classificações ainda remete preocupações, pois existem lacunas quanto as suas aplicações na dimensão existencial fenomenológica do ser humano. Ao analisarmos as publicações no International Journal of Nursing Knowledge da NANDA-I, constatou-se que, nos anos de 2017 até o momento, apenas dois (5%) de 38 manuscritos enfocam o domínio “Princípios de Vida”4, que se caracterizam por diagnósticos inerentes a dimensão fenomenológica do ser humano. Embora sejam dados que possam parecer insignificantes, revelam a urgência do enfermeiro estar em comum-unidade com o paciente, em que o diálogo e a intersubjetividade tomam o lugar de ações instrumentalizadas. Constatamos na estrutura teórica das classificações, domínios que têm aproximação com a filosofia existencialista, contudo sem validação dos respectivos diagnósticos. Acreditamos que os enfermeiros têm dificuldade de elencar estes elementos na aplicação do processo de enfermagem, pois carecem de marcos conceituais que os orientem. O marco conceitual é uma construção mental logicamente organizada que serve para dirigir o processo da investigação e da ação5. Este, na perspectiva existencial fenomenológica, norteia o enfermeiro na busca de evidências clínicas qualitativas do indivíduo, preenchendo uma lacuna na prática de enfermagem em diferentes realidades. **Objetivo: **Apresentar os conceitos que estruturam um marco conceitual fenomenológico existencial para aplicação das classificações de enfermagem. **Metodologia:** Trata-se de um estudo teórico crítico reflexivo com base na filosofia existencialista de Heiddeger, na teoria humanística de Paterson e Ziderad e nos elementos teóricos das classificações de enfermagem NANDA I. **Resultados:** Desvelamos conceitos que estruturam o marco conceitual, que são: 1) metaparadigmas: ser humano – “é ser no mundo com outro, historicidade e temporalidade que expressam sua condição existencial de poder ser-sendo; enfermagem – disciplina que acontece com o ser humano em sua condição existencial, mediada pelo diálogo, intersubjetividade, em com-unidade e resulta no cuidado fenomenológico existencial; saúde – possibilidade do ser humano acontecendo em direção ao estar melhor como ser-estar no mundo; doença - facticidade, o que não inviabiliza a condição do ser humano continuar existindo; ambiente – espaço em que os sujeitos do cuidado co-habitam, é onde o cuidado acontece mediado por diferentes instrumentos, escalas, procedimentos/técnicas. 2) conceitos centrais: ser – maneira como algo se torna presente, manifesto, percebido, compreendido e conhecido para o ser humano; “Ser aí” – estruturam-se em: ser no mundo - determinação fundamental da existência humana, o que significa dizer que o homem está no mundo (ambiente de cuidado); ser de compreensão – como o ser humano se percebe e é percebido pelo outro (encontro de cuidado); ser de expressividade – capacidade de expressar significados, bem como significar objetos, permitindo assim ter acesso ao mundo; afetividade – modo de sentir o mundo e o outro, faz parte do existir como um ser que não apenas “é” e “está” no mundo, mas que também se relaciona (intersubjetividade); angustia existencial – inquietação permanente que brota dos níveis mais profundos do ser, relacionada com o desconhecimento do vir-a-ser (sentido da vida, medo, pavor); estar para morte – possibilidade peculiar da existência por que revela a condição existencial do ser humano, como nenhuma outra; diálogo - fundamento ontológico do inter-humano que acontece por meio da palavra, que por sua vez é o fundamento da existência humana; processo de enfermagem na perspectiva existencial – metodologia pela qual o enfermeiro no encontro de cuidado com o ser humano, se funda no diálogo e na intersubjetividade a partir do raciocínio clínico, fundamentado no pensamento crítico e holístico, buscando por meio do processo diagnóstico, identificar os diagnósticos de enfermagem, resultados e intervenções; classificações de enfermagem – estruturas teórica padronizadas, sistematizadas, as quais sintetizam e organizam os conceitos da enfermagem, problemas de saúde do homem resultante da condição de estar no mundo com o outro, visando definir uma linguagem comum aos enfermeiros, de modo a dar significado aos fenômenos do processo saúde-doença em diferentes contextos da prática clínica. **Conclusão:** O modelo contribui para identificar evidências qualitativas no processo diagnóstico de enfermagem e consequente tomada de decisão clínica em que o vivido do indivíduo é desvelado em sua condição existencial. O que há de novo nesta proposta é que procura trazer o homem em sua existencialidade para o centro do cuidado como ser que é e está-no-mundo da enfermagem.
Referências: 1. Silva KFN, Soares S, Iwamoto HH. A prática transfusional e a formação dos profissionais de saúde. Rev Bras Hematol Hemoter [Internet]. 2009;31(6):421–6.
2. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. RESOLUÇÃO COFEN No 0511/2016. Normatiza a atuação do Enferm em Hemoter. 2016;16–8.
3. Silva MA da, Torres GV, Melo G de SM, Costa IKF, Tiburcio MP, Farias TYA. Conhecimento acerca do processo transfusional da equipe de enfermagem da UTI de um hospital universitário. Ciência, Cuid e Saúde [Internet]. 2009;8(4):571–8.
4. Cherem E de O, Alves VH, Rodrigues DP, Souza FDL, Guerra JVV, Maciel VL. Saberes do enfermeiro para o cuidado no processo transfusional em recém-nascidos. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2017;38(1):1–7.
5. Silva KFN da, Duarte RD, Floriano DR, Andrade LF, Tavares JL, Félix MM dos S, et al. Blood transfusion in Intensive |