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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4604094

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4604094

FAZENDO A DIFERENÇA NO CUIDADO NA FASE DA TERMINALIDADE: PÔR-DO-SOL

Autores:
Elisandra Leites Pinheiro ; Daniela Tenroller de Oliveira ; Marissol dos Santos ; Bruna Correa Lopes ; Silvania Martins Almeida

Resumo:
**Introdução: **Ao longo da evolução humana, a percepção da morte foi se transformando e tomando uma proporção diferenciada na vida das pessoas. Para os nossos antepassados, a morte era percebida como uma fase natural da vida. O processo morte/morrer era assistido pelos familiares, permitindo o conforto e a presença dos entes queridos no final. Houve, portanto, uma transição de conceitos e percepções; a morte que era consumada e constatada nas residências dos doentes, passa a acontecer nas casas de saúde; e a família que assumia os cuidados começa a transferi-los aos profissionais de saúde³. É necessário aprender a lidar com as perdas em um contexto de doença sem prognóstico. Este é um desafio que poucos se disponibilizam a discutir, e muito menos a enfrentar. Cuidar de indivíduos com doenças terminais e seus familiares é uma atividade ou um modelo de atenção à saúde que vem sendo denominado “cuidado paliativo”4. A Organização Mundial de Saúde definiu cuidados paliativos como “medidas que aumentam a qualidade de vida de pacientes e seus familiares que enfrentam uma doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento de dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais¹.Um dos grandes objetivos dessa abordagem é acrescentar qualidade de vida aos dias e não dias à vida, o que representa um grande desafio para a equipe de enfermagem, mais diretamente presente nessa situação; uma vez que o objetivo de curar dá lugar às habilidades do cuidar, relacionados a sofrimento, dignidade e apoio³. Nesta categoria percebe-se que a equipe de enfermagem preocupa com os problemas que surgem em nosso cotidiano, secundarizando, por vezes, aquilo que é de verdadeira importância: o Ser Humano. A resistência em nos defender e sobreviver faz com que ocorra um desenvolvimento no mecanismo, ultrapassando assim todos os limites. É fundamental unir os cuidados paliativos à uma proposta de cuidados mais humanizada, não como uma obrigação, mas sim como um ato de respeito e solidariedade³. Relaciona-se principalmente às mudanças de valores e nas relações interpessoais através da percepção de que toda pessoa é um ser de relações, pois a humanização da pessoa se dá a partir do momento em que se toma consciência do convívio social. A produção do cuidado traz consigo a proposta de humanização do processo de desenvolver ações e serviços de saúde5. Para tanto a humanização não é mais uma prática adotada durante o atendimento ao paciente, mais que isso, é uma visão holística com troca de conhecimentos, experiências e sentimentos. Preocupar-se com o lado emocional é, acima de tudo, agir em prol da melhoria a qualidade de vida do paciente terminal e de sua família, capacitando-o deste modo, a acompanhar e suportar a dor e a angústia e resgatar a vida num contexto de morte eminente5. O respeito pelo outro em sua totalidade se constrói devagar, buscando uma relação de equilíbrio durante todo o processo do cuidar5. Essas questões começam a ser percebidas pelos profissionais como necessidade e realidade na rotina de trabalho. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, portanto é dever do profissional de saúde respeitar todo o ciclo vital do indivíduo. Para isso, não basta afirmar a vida, mas também encarar a morte como um processo natural, procurando o bem-estar do doente, ajudando-o a viver tão intensamente quanto possível até o fim5. A morte não se apresenta igualmente para as pessoas e varia ainda ao longo da vida de cada uma delas, dependendo da cultura e das experiências pessoais e familiares³. A família é a célula social, pela qual se inicia a formação de cada um e é a principal referência mais importante até a fase adulta. Ela estará presente e envolvida até o final da vida. Tratando-se de pacientes terminais, o familiar procura uma relação de confiança e zelo com o profissional de saúde, tanto através de procedimentos técnicos quanto por meio de uma atenção diferenciada¹. Esse é um momento de crise para a família que pode resultar em sofrimento, dúvidas e conflitos. Está intimamente relacionada com sua preparação para enfrentar o processo de morte, a estrutura social na qual está inserida, a intensidade e a forma como tudo ocorreu4. O profissional deve ter em mente que cuidar pressupõe preocupação, responsabilidade e envolvimento afetivo com o outro; ainda mais quando se torna perceptível que a vida do paciente, embora na fase terminal de sua experiência, tem importância para aquele que cuida. **Objetivo: **Proporcionar experiências que agreguem valor ao paciente e sua família, oportunizando um momento de acolhimento e distração fora do quarto hospitalar, também de reflexão para a equipe transdisciplinar que faz parte deste processo, no sentido de repensar e refazer atitudes, criando inovações para a vida do ser humano, tendo em vista sempre o melhor para o paciente nessa fase da vida. **Método: **A internação hospitalar prolongada limita o paciente e sua família do contato com o meio externo, ficando confinados a um quarto de hospital, vendo as horas e os dias passar, muitas vezes sem nenhuma expectativa de melhora. Pensando nisso a equipe de transdisciplinar se reuniu e organizou uma experiência para um paciente e sua esposa, ambos com doença terminal, ele internado e ela não, encontravam-se desanimados e com semblante triste diante da situação. Num dia de verão, ensolarado pesquisamos o horário do por do sol e levamos o casal de cadeira de rodas até a parte mais alta do hospital, no heliponto, para ver o sol se pôr e ouvir uma linda mensagem preparada com muito carinho pela equipe, que vivenciou um momento inesquecível. **Resultados: **Paciente e sua esposa se emocionaram e ficaram extremamente gratos pela atitude da equipe e a preocupação que tivemos com eles. Sua família ficou encantada com o gesto, de forma que a internação passou a ser mais leve e menos dolorosa. A equipe de enfermagem se sentiu motivada a repetir ações como essas. **Conclusões: **Concluímos que cuidar de pacientes terminais exige muito mais do que conhecimentos técnico-científicos, requer a compreensão a fundo de sua individualidade, a partir de um relacionamento interpessoal de valorização da pessoa humana, contribuindo consequentemente, com o processo de humanização dos cuidados paliativos e ações como esta, simples, sem nenhum custo que gera um valor imensurável para os pacientes e familiares. **Contribuições: **Na percepção desses profissionais acredita-se que estes aspectos devam ser primordiais na busca do cuidar mais humano, contribuindo para amenizar o sofrimento. Neste sentido, a atuação da enfermagem é indispensável para proporcionar um aproveitamento da melhor forma possível do tempo que resta ao paciente terminal. Admitir que apenas porque não há cura e que o paciente se encaminha para o fim da vida, não significa que não há mais o que fazer. Ao contrário, surgem inúmeras possibilidades a serem oferecidas ao paciente e sua família, como sua autonomia, suas escolhas e desejos. Aprender a considerar os sentimentos do outro é primordial, pois para os pacientes no fim da vida, o relacionamento humano e a essência no cuidado os fortificam nos momentos mais difíceis.


Referências:
1. Comissão Nacional de residências Multiprofissionais em Saúde. Portaria da Secretaria da Gestão do Trabalho e Educação em Saúde nº 379/2015. [online]. Avaible at: https://www.editorasanar.com.br/images/r/ASCES-UNItA.pdf [acessed 13 Mar.2018]. 2. Cheade, M., Frota, O., Loureiro, M. and Quintanilha, A. RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: A BUSCA PELA INTEGRALIDADE. Cogitare Enfermagem, [online]. 2013; 18(3), p.593. Available at: http://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/46360/27850 [Accessed 13 Mar. 2018]. 3. Lins FG, Souza SR de. (2018) FORMAÇÃO DOS ENFERMEIROS PARA O CUIDADO EM ONCOLOGIA. Rev.Enferm. UFPE Online, Recife 12 (1), p. 66-74 [internet]. 2018; Avaible at: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/22652/25858 [acessed 13 Mar. 2018]. 4. Morais, J., De Castro, E. and De Souza, A.. A inserção do psicólogo na residência multiprofissional em saúde: um relato de experiência em oncologia. DOI - 10.5752/P.1678-9563.2012v18n3p389. [online]. 2012; Psicologia em Revista. Available at: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682012000300004 [Accessed 13 Mar. 2018]. 5. Miranda da Silva, M, Chagas Moreira, M. Sistematização da assistência de enfermagem em cuidados paliativos na oncologia: visão dos enfermeiros. Acta Paulista de Enfermagem [Internet]. 2011;24(2):172-178. Recuperado de: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=307023871003