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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4556185

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4556185

EDUCADOR CRÍTICO-REFLEXIVO: BASES TEÓRICAS CONCEITUAIS DE SCHÖN

Autores:
Ana Paula Senna Bousfield ; Paula Bresolin ; Greici Capellari Fabrizzio ; Emiliane Costa do Nascimento

Resumo:
**Introdução: **A formação do docente em enfermagem consolida-se no domínio de conhecimentos científicos e na atuação investigativa no processo de ensinar e aprender, recriando situações de aprendizagem por investigação do conhecimento de forma coletiva a valorizar a avaliação diagnóstica dentro do universo cognitivo e cultural dos acadêmicos com processos interativos. O professor assume um lugar de mediador no processo ensino-aprendizagem de forma que os discentes ampliem suas possibilidades humanas de conhecer, questionar e interagir com o mundo, por meio de uma nova maneira de educar. No atual cenário educacional, a nova tendência utilizada por formadores de professores e educadores é referenciada no processo de reflexão. A formação como processo de reflexão envolve o exame constante das próprias experiências, o diálogo crítico com as teorias pedagógicas e o reconhecimento de que a postura reflexiva deve marcar o trabalho docente. Portanto, quando explorada no processo de formação do professor, favorece a construção da autonomia para identificar e superar os desafios do cotidiano [1]. A formação de professores críticos e reflexivos remete aos conceitos idealizados pelo pedagogo e filósofo Schön, o autor propôs uma nova epistemologia, baseada nos conceitos de “conhecimento-na-ação” e “reflexão-na-ação”. O “conhecimento-na-ação” é o saber aplicado em determinada ação, é implícito, espontâneo, automático, intuitivo, está diretamente relacionado ao saber-fazer, é como se o saber estivesse incorporado à ação. A “reflexão-na-ação” é o ato revelado de forma inesperada na ação, em que só o conhecimento nesse momento não é suficiente. A reflexão está dividida em três tipos: a reflexão sobre a ação, a reflexão na ação e a reflexão sobre a reflexão na ação. A reflexão sobre a ação consiste em pensarmos retrospectivamente sobre o que fizemos, almejando descobrir como nosso ato de conhecer-na-ação pode ter contribuído para um resultado inesperado. A reflexão-na-ação consiste em refletirmos no meio da ação, sem interrompê-la. Nosso pensamento nos conduz a dar nova forma ao que estamos fazendo e no momento em que estamos fazendo, possibilitando interferir na situação em desenvolvimento. Diferentemente, a reflexão sobre a reflexão-na-ação repousa no ato de pensar sobre a reflexão-na-ação passada, consolidando o entendimento de determinada situação e, desta forma, possibilitando a adoção de uma nova estratégia [2]. **Objetivo: **Relatar a experiência de mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina na construção de um seminário visualizado como uma estratégia de exercício para habilidades docentes. **Método: **Este estudo é um relato de experiência na realização de um seminário acerca da temática professor crítico-reflexivo, desenvolvido na disciplina de Formação e Desenvolvimento Docente na Saúde e na Enfermagem. A disciplina abordou aspectos teóricos e filosóficos da formação profissional em enfermagem e saúde. A atividade foi desenvolvida no mês de novembro de 2017 nas dependências do programa, contou com a orientação de uma das professoras ministrantes da disciplina. Os participantes foram 10 pós-graduandos (06 mestrandos e 04 doutorandos), 02 professoras e 01 aluno especial, destes 01 mestrando era da Saúde Coletiva e os demais pós-graduandos do programa de Enfermagem. A metodologia empregada pautou-se em metodologias ativas de ensino e aprendizagem, abordando conteúdos relacionados ao professor crítico reflexivo, a partir de experiências pessoais dos participantes. Para tanto, foi elaborado um plano de aula previamente, o qual foi encaminhado junto com sugestão de leituras prévias aos participantes, via correio eletrônico.  Ao iniciar o seminário foi apresentado o plano de ensino e a proposta de condução da atividade por meio do arco de Maguerez. O arco estabelece uma trajetória composta de cinco etapas segundo o esquema apresentado por Bordenave e Pereira (1986): observação da realidade, postos-chaves, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade [3]. A partir do processo de aprendizagem, intitulado como: “O passeio de balão”, buscou-se realizar uma discussão pautada nas fragilidades e/ou fortalezas, vivenciadas na formação e atuação docente em Enfermagem. Para a operacionalização da dinâmica, foi elaborada uma pergunta disparadora: “Você já foi ou é crítico reflexivo na sua prática?” Com o intuito de propiciar a construção de conceitos a partir de conhecimentos prévios e vivências. A etapa da observação permitiu ao grupo identificar dificuldades, carências e fragilidades, que foram problematizadas e passou a ser a referência para todas as outras etapas do arco proposto nesta vivência. Os pontos chaves das respostas obtidas, por parte dos participantes, foram transcritas e afixadas na fatia correspondente à segunda etapa do arco. As palavras suscitadas foram: auto avaliação; crítica contínua; reflexão; preparação; limite; desabrochar. O momento seguinte caracterizou-se pela reflexão e socialização, intitulado como: “Nuvem de balão”. Esta etapa compreendeu a contextualização e embasamento teórico a partir da filosofia de Donald Schön, foram explanados aspectos referentes à conceituação do professor crítico-reflexivo e a importância do pensamento crítico-reflexivo por meio de balões contendo enquetes. Essas esquetes foram enumerados de 01 a 12, cada participante retirou aleatoriamente um balão e em seguida estourou retirando assim o trecho textual. A leitura foi organizada conforme a ordem crescente da numeração, seguida pela interpretação do participante, e pela discussão no grande grupo. O quarto momento compreendeu a apresentação de um vídeo com uma entrevista a um professor com experiência no assunto, intitulado como: “Quem é esse professor crítico reflexivo?”, com o objetivo de contextualizar e subsidiar embasamento teórico para elucidação de estratégias para se tornar um professor crítico reflexivo e foi seguido por considerações no grande grupo. O último momento do seminário foi o ponto de chegada, ou quinta etapa do arco, e foi chamado de “o retorno do passeio de balão”. Neste momento, foram distribuídos para os participantes, balões vazios, que deveriam ser insuflados durante um exercício de reflexão a partir do questionamento: “De que forma você se considera um professor crítico reflexivo?”. Posteriormente cada participante deveria escrever nos balões palavras, que refletissem a sua concepção de professor crítico reflexivo, após a transformação vivenciada durante a apresentação do seminário. As palavras elencadas foram transcritas nos balões e na fatia com correspondia a representação física da última etapa do arco. **Resultados: **A partir do relato dos participantes, a experiência foi satisfatória à medida que lhes possibilitou considerações acerca das práticas e estratégias no que tange a “reflexão-na-ação”. Entendemos que houve transformação da realidade, em nível significativo, demonstrado pelo grupo, ao final da experiência, apontamentos e inquietações apropriadas e balizadas neste universo. Nesse sentido, a prática docente é determinante para a formação profissional, a sociedade demanda por professores que transformem informação em formação [4]. Os docentes que apresentam essa capacidade de refletir sobre as suas ações tem mais chances de atender essa demanda. **Conclusão: **Desenvolver essa atividade foi um grande desafio diante da perspectiva de abordar um processo de aprimoramento e construção contínua por parte do docente, em um contexto permeado por várias modificações ao longo do cenário de ensino em Enfermagem, o qual percebemos o reflexo do histórico e social. **Contribuições para a Enfermagem:** Para que os futuros enfermeiros adquiram o perfil crítico, criativo e reflexivo, necessitamos incorporar, durante o processo de formação, referenciais pedagógicos que estimulem o discente a desenvolver habilidades, competências e atitudes que vão ao encontro do referencial proposto por Donald Schön. Além disso, essa formação pode ser considerada uma estratégia de subsídio e consolidação, para além da docência, para a prática assistencial.


Referências:
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. 2. Pires DA. Estrutura Objetiva do Trabalho em Saúde. In: Leopardi MT, organizadora. Processo de trabalho em saúde organização e subjetividade. Florianópolis: Programa de Pós Graduação em Enfermagem/UFSC/Papa-Livros; 1999. 3. Matos E, Pires DEP. A organização do trabalho da enfermagem na perspectiva dos trabalhadores de um hospital escola. Texto Contexto Enferm. 2002 jan/abr; 11(1): 187-205. 4. Mattos RA. A integralidade na prática (ou sobre a prática da integralidade). Caderno Saúde Pública 2004 set-out; 20(5):1411-1416. 5. Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis [homepage na internet]. Saúde. [Acesso em: 06/03/18]. Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br.