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4465334 | AÇÕES EDUCATIVAS REALIZADAS COM USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE SAUDE MENTAL E PSIQUIATRIA: UM RELATO DE EXPERIENCIA | Autores: Caroline Brondani da Rosa ; Tatiane Marion ; Tamara Leonardi ; Karine Cáceres Machado ; Camila Fontoura Machado |
Resumo: INTRODUÇÃO: A Reforma Psiquiátrica Brasileira ocasionou em diferentes mudanças
dentro do processo de Saúde Mental, tais como o fechamento dos manicômios e a
implementação de redes de serviços especializadas para atender os portadores
de doenças mentais. Tal movimento teve a participação de profissionais,
familiares e políticos, como o deputado Paulo Delgado que foi o precursor do
projeto da Lei 10. 216 que dispõe sobre a proteção dos direitos da pessoa com
transtornos mentais e efetiva o modelo de assistência a ser prestada nas
clínicas psiquiátricas dentro do Sistema Único de Saúde (SUS)¹..Contudo,
podemos observar que atualmente há no Brasil um esforço em direção à
implantação de uma política de saúde mental que, de fato, promova mudanças no
uso e na gestão de recursos dos territórios, afirmando coletivamente que a
responsabilidade pelo cuidado adequado e de acordo com a reforma psiquiátrica
é uma prática de vários agentes, instituições, sistemas de saúde e sociedade².
As intervenções em saúde mental devem promover novas possibilidades de
modificar e qualificar as condições e modos de vida, orientando-se pela
produção de vida e de saúde e não se restringindo à cura de doenças. Isso
significa acreditar que a vida pode ter várias formas de ser percebida,
experimentada e vivida. Para tanto, é necessário olhar o sujeito em suas
múltiplas dimensões, com seus desejos, anseios, valores e escolhas¹. Nessa
perspectiva de intervenção ampliada, as ações propostas, devem constituir-se
em fazeres que olhem a pessoa dentro de seu contexto de vida, ou seja, alguém
com história, desejo relações, modos de viver com família e viver na cidade,
no qual o seu cuidado aconteça a partir de suas demandas e necessidades³.
Essa transformação na saúde mental pressupõe a transformação de paradigmas na
atenção aos sujeitos em sofrimento psíquico, substituindo a palavra "tratar"
que leva uma nomeação diagnóstica, por "cuidar", termo que inclui várias
dimensões da complexidade do sujeito. Consequentemente, os profissionais de
saúde, precisam articular-se em prol da recuperação dos usuários. O que se
quer são fazeres comprometidos, nos quais as práticas assistenciais orientam-
se na busca da autonomia, reinserção e inclusão social, aumentando a
contratualidade da pessoa com transtorno psiquiátrico. OBJETIVO: Objetivou-se
com neste estudo, relatar a experiência acerca das atividades propostas por
acadêmicos do quinto semestre de enfermagem, dentro de uma unidade hospitalar
especializada em serviço de saúde mental e psiquiatria. METODOLOGIA: Este
estudo consiste em um relato de experiência vivenciado pela docente da
disciplina Enfermagem Saúde Mental, do Curso de Enfermagem do Centro
Universitário Franciscano e as acadêmicas do quinto semestre de enfermagem do
Centro Universitário Franciscano na cidade de Santa Maria-RS. As atividades
foram realizadas no segundo semestre de 2017, em uma unidade de internação
psiquiátrica em um hospital localizado na cidade de Santa Maria-RS. Esta
unidade é composta por 26 leitos, onde presta atendimento a pacientes com
transtornos psiquiátricos e dependentes químicos. As atividades foram
desenvolvidas em três momentos: o primeiro momento durante a conversa
terapêutica que os acadêmicos desenvolviam com os pacientes, perguntaram para
os mesmos, que assuntos eles gostariam que fosse abordado durantes as rodas de
conversas; vários assuntos foram pedidos, mas os que mais se salientaram foi a
temática dobre depressão e ansiedade. Segundo momento os alunos se reuniram
para elaborar material para no próximo encontro contribuir com o conhecimento
dos pacientes sobre as temáticas eleitas. Terceiro momento durante dois
encontros nas rodas de conversas as acadêmicas realizaram várias atividades
educativas com a temática depressão e ansiedade RESULTADOS E DISCUSSÃO: No mês
de outubro de 2017, realizou-se duas rodas de conversa a primeira foi no
início do mês e a outra na metade do mês de outubro. A maioria dos pacientes
participaram de ambas as rodas de conversa, prestando muita atenção nos
materiais e atividades que as acadêmicas trouxeram sobre as temáticas que os
próprios pacientes haviam sugerido. Houve muita interação por parte dos
pacientes e acadêmicas, por intermédio de várias perguntas, a participação
efetiva nas dinâmicas propostas (Perguntas de certo ou errado, Jogo do Bingo,
estoura balão e responde a questão que está dentro) e relatos dos próprios
pacientes sobre seus conhecimentos e vivencias pessoais acerca da depressão e
ansiedade. No decorrer da atividade observou-se como os pacientes interagiram
e muitos relataram como seria interessante ter mais momentos assim, que eles
possam participar mais ativamente. Muitos pacientes relataram sobre o quanto
suas patologias psiquiátricas os tornam limitados para desempenhar algumas
atividades do seu cotidiano, que muitas vezes isso ocorre em virtude de muita
medicação que eles têm que usar. A troca de saberes entre os acadêmicos e os
pacientes foi de suma importância. CONCLUSÃO: Permeado pelo presente modelo
psicossocial de cuidado ao indivíduo em sofrimentos psíquico e alicerçado nos
pressupostos da Reforma Psiquiátrica, deve-se orientar práticas assistenciais
dos profissionais de saúde. Nesse modelo de atenção, os fazeres tem a
centralidade das necessidades das pessoas em sofrimento psíquico, em que há um
direcionamento para cidadania e autonomia como pressupostos teóricos para o
cuidado em saúde mental. Observou-se como é importante essa troca de saberes
entre os pacientes e acadêmicos IMPLICAÇÃO PARA ENFERMAGEM: A atuação dos
acadêmicos nos contextos de pratica oportuniza uma troca de saberes, instiga
cada vez mais o acadêmico em busca de conhecimento para oportunizar um cuidado
que seja singular e especifico para cada um de seus pacientes.
Referências: 1. Assis MMA, Jesus WLA. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise. Ciênc. saúde coletiva. [Internet]. 2012. v. 17, n. 11, p. 2865-2875.
2. Kalckmann S, Santos CG, Batista LE, Cruz VM. Racismo institucional: um desafio para a eqüidade no SUS?. Saude soc. [Internet]. 2007. 16 (2): 146-155.
3. Goes EF, Nascimento ER. Mulheres negras e brancas e os níveis de acesso aos serviços preventivos de saúde: uma análise sobre as desigualdades. Saúde debate. [Internet]. 2013. 37(99):571-9.
4. Kleba ME, Vendrusculo C, Fonseca AP, Metelski FK. Práticas de reorientação na formação em saúde: relato de experiência da Universidade Comunitária da região de Chapecó. Ciênc. cuid. Saúde. [Internet]. 2012. v. 11, n. 2, p.408-414. |