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4460300 | A DIMENSÃO DO ACOLHIMENTO DOS USUÁRIOS EM SITUAÇÃO DE RUA PELO CAPS | Autores: Cindy da Silveira ; Aliny Fernandes Goularte ; Marina Miotello ; Júlia Rodrigues Lenz ; Cristine Moraes Roos |
Resumo: **Introdução:** Considerando a notável dificuldade das pessoas em situação de rua mudarem esse cenário, por diversos motivos, iremos destacar a drogadição como um dos determinantes da entrada e permanência deste ciclo e, compreendendo que para minimizar os efeitos da utilização de drogas, é fundamental a conscientização desta população a respeito de serviços especializados1. A primeira forma de atenção à saúde de pessoas em situação de rua são o acolhimento e as ações de prevenção, mas geralmente os municípios carecem de outros dispositivos de cuidado, como por exemplo, o CAPS III, Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e também a atenção de outros setores, como o de Assistência Social. A estratégia de saúde pública escolhida a ser implementada nos planos terapêuticos singulares dos usuários de substâncias psicoativos foi a redução de danos, através Política do Ministério da Saúde de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e outras Drogas de 20032. Cabe salientar que o termo "morador de rua" proporciona um entendimento de que a rua é um espaço de moradia fixo que impede a mobilidade deste indivíduo para outro espaço. Em razão disso, atualmente, utiliza-se a expressão "pessoa em situação de rua" para identificar estes sujeitos, pois o termo propicia a compreensão de que a rua é um espaço de moradia transitório, estimulando sua saída posteriormente3. **Objetivo: **Compreender quais são e como funcionam os serviços disponíveis para os usuários do CAPS AD em situação de rua. **Aspectos metodológicos: **O estudo Consiste em um relato de experiência descritivo das atividades desenvolvidas por alunas do curso de enfermagem durante o estágio vivenciado em um CAPS AD da região metropolitana de Florianópolis/SC em junho de 2017. Utilizou-se como material para o estudo os registros feitos em diário de campo acerca das vivências no serviço, capturados através da percepção das autoras sobre relatos de pacientes durante as oficinas presenciadas no período de estágio e também através de conversas informais com os usuários. **Resultado: **Sempre que uma pessoa em situação de rua chega para acolhimento no CAPS, os profissionais do local entram em contato com o serviço de assistência social, este envia uma psicóloga e uma assistente social para realizarem um atendimento, verificando o interesse do usuário em ir para uma casa de acolhimento. A casa se acolhimento é mantida por uma Organização Não Governamental (ONG) e o encaminhamento para a mesma é um assunto delicado, visto que, o municipio não dispõe de tais locais, utilizando assim de convênios com casas religiosas e ONGs que irão abrigar os usuários. O encaminhamento para estes locais ocorre através da abordagem social por intermédio da equipe de assistência social da unidade que faz contato inicialmente via telefone. Uma vez que há interesse do paciente em ser abrigado, ele entrará em uma fila de espera, a qual é organizada por meio de um sistema de regulação coordenado pela Secretária Municipal de Assistência Social. A casa está configurada como uma casa familiar, composta de quartos, cozinha, banheiros, sala de estar, havendo separação entre quartos masculinos e femininos. Ao ser alocado na residência o paciente fica durante um período de adaptação em um quarto separado, passado esse tempo sem grandes imprevistos, ele é acomodado no quarto que ficará durante o período necessário. Atualmente a casa é composta por 20 homens e 2 mulheres, onde cada morador tem a sua respectiva função no grande grupo. Para a permanência na casa, os moradores devem cumprir certas regras pré-estipuladas e informadas no momento de sua entrada, como o toque de recolher que acontece até às 19h45min. Essas regras quando desrespeitadas sujeitam o paciente à expulsão da casa, e seu retorno só poderá ocorrer seis meses após a sua expulsão. Apesar de existirem algumas regras rígidas, os moradores relatam que é um ambiente agradável e que a possibilidade de moradia lhes proporciona novas perspectivas de vida, tendo a chance de buscar por emprego, abrir conta no banco e adquirir seus próprios bens. As motivações para a mudança de vida geralmente envolvem algum ente querido, como a chance de se reaproximar de familiares. O CAPS AD mostrou grande preocupação com seus usuários intervindo a favor deles quando necessário. Quando um dos pacientes foi expulso, os funcionários do CAPS fizeram todo o possível para tentar sua readmissão o quanto antes, entretanto foi necessário a espera dos seis meses para o retorno. Além dos esforços para conseguir moradia para essas pessoas, o CAPS AD conta com a possibilidade de o paciente alimentar-se no local, quando o mesmo participa das oficinas realizadas no período. Isso acontece conforme a Portaria/GM nº336 que define e estabelece diretrizes para o funcionamento dos CAPS, os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária, enquanto os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias4. **Conclusão: **Apesar do CAPS AD enfrentar algumas dificuldades burocráticas para possibilitar o encaminhamento dos pacientes que estão em situação de rua para casas de acolhimento, percebemos um grande empenho da equipe para auxiliar, dar suporte e orientar estes usuários em relação às possibilidades para sair desta situação, proporcionando um nova perspectiva de vida para eles. E, mesmo existindo essa dificuldade, o paciente pode continuar utilizando o serviço, pois seu foco é a redução de danos, e esta pode ocorrer mesmo com o paciente não tendo moradia fixa, através de intervenções da forma de utilização menos danosa da droga e/ou através da redução de seu uso. **Considerações para enfermagem:** Os profissionais de enfermagem são considerados agentes-chaves nos processo da transformação social, estando presente em programas e projetos de promoção de saúdes, e prevenção do uso de substancias, por esse motivo é de suma importância que tais serviços sejam conhecidos por todos.
Referências: 1. Arruda LRP, Silva MAC, Malerba FG, Turíbio FM, Fernandes MC, Matsumoto MH. Fraturas expostas: estudo epidemiológico e prospectivo. Acta Ortop Bras. 2009;17(6): 326- 30.
2. Santos AMR, Moura MEB, Nunes BMVT, Leal CFS, Teles JBM. Perfil das vítimas de trauma por acidente de moto atendidas em um serviço público de emergência. Cad Saúde Pública. 2008;24(8):1927-38.
3. Tannure, M. C; Gonçalves, A. M. P. Sistematização da Assistência de Enfermagem: guia prático. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
4. Silva, E. G. C; Oliveira, V. C; Neves, G. B. C; Guimarães, T. M. R. O conhecimento do enfermeiro sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem: da teoria à prática. Rev. Esc. Enf. USP, v.45, n.6, 2011.
5. Alfaro-Lefevre, Rosalinda. Applying nursing process: the foundation for clinical reasoning. 8th edition. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2014. |