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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4453712

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4453712

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SUA EXPANSÃO NA ENFERMAGEM

Autores:
Raphael Klein de Souza ; Letícia Katiane Martins ; Solange de Fátima Reis Conterno

Resumo:
**Introdução: **Atualmente a educação a distância (EaD) vem se expandindo, quando num passado recente, esta modalidade era inexistente. No entanto, devido ao avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), ela passou a ser mais utilizada1. Considerando que a LDB regulamentou a criação de cursos à distância em 1996, dados sobre essa modalidade só aparecem nas estatísticas no ano 2000, mas o curso de enfermagem ainda não havia aderido a essa modalidade2. Ao longo dos anos, as instituições à distância públicas e privadas se inseriram distintamente, sendo que até o final de 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), as instituições que ofertavam ensino à distância eram do setor público. Em 2004, o setor privado ultrapassou o público em relação ao número de matrículas em cursos à distância. Em 2010, 80,48% das matrículas eram provenientes de EaD privadas, enquanto 19,52% do setor público3. Diante de tal expansão nesta modalidade, surge o interesse em pesquisar sobre a expansão desta modalidade na graduação em enfermagem. **Objetivo**: Identificar a criação e expansão dos cursos de graduação em enfermagem à distância. **Descrição metodológica**: Estudo exploratório, caráter quantitativo em fontes documentais. Os dados específicos para enfermagem foram acessados pelo banco de dados do censo da educação superior produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira4, entre os anos de 1991 e 2016. Os dados de 2017 foram acessados por consulta direta ao sistema e-Mec do Ministério da Educação. **Resultados**: Em 2004, não havia sido instaurado nenhum curso de enfermagem na modalidade à distância, enquanto na modalidade presencial havia 415 cursos. Em 2016 esse número cresceu para 983, 883 presenciais e 100 a distância. Destaca-se a quantidade de vagas ofertadas na modalidade à distância em 2016, 77.322 mil vagas para 8.138 matrículas, correspondendo a 10,52% das vagas preenchidas. Salienta-se que há ausência de cursos de enfermagem à distância ofertados pelo setor público em todos esses anos, sendo todas as vagas de origem privada. Em 2017, havia 1.256 cursos, das quais 1.150 eram presenciais e 106 eram ofertados à distância em 10 polos em todos os estados e regiões. A Região Norte é a com menos instituições presenciais, mas está em segundo lugar em maior quantidade de cursos à distância, atrás da região Nordeste e à frente do Sudeste. Sendo assim, em 2017, a maior concentração de cursos à distância em enfermagem encontra-se na região Nordeste e Norte, com 52,83%, enquanto as demais regiões contavam com 47,16%. Isso concretiza o discurso de que a comercialização da educação está ocorrendo sem análise da demanda, visto que o número de matrículas foi significativamente menor que o de vagas a distância. Como se observa, 100% das matrículas à distância em enfermagem em 2016 eram ofertadas em IES privadas, ao passo que as instituições públicas encontravam-se sem nenhuma matrícula nesta forma de oferta do curso. O fato de somente o setor privado oferecer esses cursos traz indícios de que o interesse é estritamente mercadológico, sugerindo que a não oferta de vagas no setor público pode estar ligado à desaprovação do Cofen a esta modalidade, por contrariar o preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Enfermagem e por não trazer benefícios à população e para o preparo de profissionais para contribuir com as ações de saúde que requer o Sistema Único de Saúde (SUS)5. Conforme se divulgam os dados estatísticos da expansão do ensino à distância no âmbito privado, desvela-se que um dos motivos dessa expansão se dá devido à mercantilização do ensino, além da “facilidade” ao acesso. A EaD é um método de ensino de difícil controle principalmente pela ausência de relação entre os sujeitos do ensino aprendizagem. Na área da saúde, especialmente na formação inicial é necessário que haja diálogos com os professores, colegas, para discussão e problematização de diversos temas, saberes e práticas. É crucial que o aluno vivencie a realidade prática e presencial, realizando estágios, vivências clínicas em ambientes reais de cuidado, com efetiva relação com os professores. A enfermagem é uma formação que articula técnica, ciência, ética, relação humana e pensamento crítico e, para tanto, a relação entre os sujeitos do processo ensino aprendizagem (professor, aluno, pessoa cuidada, família, grupos, comunidades) é condição para que a formação seja vivenciada e possa contribuir com a construção de sujeitos comprometidos com o SUS. **Conclusão**: A expansão nesta modalidade é preocupante, visto que até o órgão regulador da classe de enfermeiros não aprova. Além disso, o profissional de enfermagem necessita de uma formação estritamente presencial, para suprir todas as necessidades que o mercado de trabalho exige. Desta maneira, embora a intenção seja ofertar ensino para todos, deve-se garantir que esse ensino seja de qualidade, e que o aluno sairá da graduação em condições favoráveis para atuar no mercado de trabalho, tendo em vista que irá trabalhar com pessoas que podem ser colocadas em risco, não havendo espaço para erros devido ao déficit de aprendizado na graduação. **Contribuições para a enfermagem**: Para um bom funcionamento do SUS é preciso, dentre outros elementos, de profissionais capacitados, e para isso as instituições de ensino superior devem oferecer todos os subsídios para que isso ocorra. Sendo assim, é imprescindível a compreensão de que a qualidade do curso deve acompanhar a expansão do mesmo.


Referências:
1. Chaves LD. SAE: considerações teóricas e aplicabilidade. São Paulo: Martinari; 2013. 2. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2010. 3. Silva JP, Garanhani ML, Guariente MHDM. Sistematização da assistência de enfermagem e o pensamento complexo na formação do enfermeiro: análise documental. Rev Gaúcha Enferm. 2014; 35(2):128-34. 4. Moreira V, Santos CS, Oliveira JC, Reis LA, Lima EF. Sistematização da assistência de enfermagem: desafios na sua implantação. Revista InterScientia. 2016; 1(3): 60-79. 5. Conceição VM, Araújo JS, Oliveira RAA, Zago MMF, Souza RF, Santana ME, Monteiro MOP, Neves AB, Gomes VO, Luz MPN. Percepções culturais de acadêmicos e enfermeiros sobre a sistematização da assistência de enfermagem. Revista de Enfermagem da UFSM. 2014; 4(2):378-388.