E-Pôster
4445871 | DIMENSÕES DO PROCESSO DE CUIDAR EM ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO | Autores: Micheli Biondo ; Laura Caroline de Freitas Bard ; Raquel Ribeiro Nogueira ; Paloma do Nascimento Joaquim ; João Marcos Wenner |
Resumo: **Introdução: **O Centro Cirúrgico é um setor de alta complexidade, de acesso restrito, com rotinas e normas específicas que demanda de profissionais qualificados para enfrentar as exigências que essa unidade apresenta, assim, a equipe multidisciplinar deve se relacionar de maneira consensual, proporcionando prioritariamente o bem-estar e a segurança do paciente e conforto para a equipe que o assiste¹. Por suas especificidades este setor é pouco trabalhado nos currículos de graduação em Enfermagem, exigindo um aprofundamento e especialização do profissional que optar por trabalhar nessa área. O Centro Cirúrgico define-se como uma unidade destinada a realização de procedimentos cirúrgicos, recuperação anestésica e pós-operatório imediato. Para tal, o setor constitui-se em uma infraestrutura complexa em um conjunto de áreas e setores inter-relacionadas à prática cirúrgica, a citar o bloco cirúrgico propriamente dito, a sala de recuperação pós-anestésica e a central de materiais e esterilização². O profissional enfermeiro, tanto no âmbito gerencial como assistencial, possui papel indispensável para um processo de trabalho efetivo e sistematizado no setor. Este é o profissional habilitado a supervisionar o ato anestésico-cirúrgico em todas as suas etapas e prestar assistência durante o período transoperatório. **Objetivo: **Relatar a experiência vivenciada no Centro Cirúrgico durante o Estágio Curricular Supervisionado I em um Hospital Regional do Oeste de Santa Catarina.** Metodologia: **Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência construído a partir das vivências acadêmicas vinculadas ao Estágio Curricular Supervisionado I, da nona fase, do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina, realizado no Centro Cirúrgico de um hospital público do município de Chapecó – SC, desenvolvido no período de agosto a outubro de 2017. A referida instituição possui 277 leitos que se dividem entre 15 setores das mais diversas especialidades. É considerado Hospital de referência em alta complexidade nas áreas de Oncologia, Quimioterapia, Radioterapia através do CACON I, Neurocirurgia nível II, Hospital Amigo da Criança, Maternidade Segura, Gestante de Alto Risco, Urgência e Emergência nível II, Tratamento de AIDS, transplante renal e de córnea, acompanhamento após transplante, busca ativa de órgãos e Ortopedia de ombro, mão, quadril, joelho e coluna3. Ao compreender um relato de experiência como uma metodologia de observação sistemática da realidade, utilizou-se como estratégia para a coleta de dados diferentes momentos: durante a realização de procedimentos técnicos, sistematização do cuidado, no acompanhamento diário das atividades das enfermeiras do setor, em conversas com a equipe, professores e na observação das rotinas da unidade. **Resultados: **Durante o período de Estágio Curricular Supervisionado I ficou evidente para as acadêmicas a compreensão da complexidade do papel do enfermeiro do Centro Cirúrgico, bem como as competências e habilidades necessárias para que o mesmo desempenhe um trabalho efetivo. O papel do enfermeiro além do conhecimento científico, exige um espírito de liderança e comunicação interpessoal eficaz para coordenar e controlar o trabalho da equipe de enfermagem e gerenciar conflitos quando necessário. Quando o enfermeiro possui atitude e sua tomada de decisão é correta, faz com que haja organização no processo de trabalho e isto reflete diretamente em uma assistência qualificada ao usuário. O trabalho do enfermeiro na prestação da assistência de enfermagem tem sido voltado ao gerenciamento, planejamento e assistência efetiva das atividades relacionadas ao período transoperatório, sendo fundamental o seu posicionamento como líder e gestor desse ambiente. É sua atribuição controlar e prover recursos humanos e materiais, assim o funcionamento do setor depende diretamente da sua atuação. O enfermeiro assiste o paciente direta e indiretamente, visto que ele realiza procedimentos privativos da sua profissão, como cateterismo vesical, bem como administra recursos como o agendamento de cirurgias, supervisiona a equipe de enfermagem e mantém a organização da unidade. Para que isto aconteça de maneira apropriada, o enfermeiro deve estar em constante busca pelo conhecimento, se aperfeiçoando e se atualizando sobre as mudanças técnico-científicas inerentes a esse setor. Sendo assim, as acadêmicas identificaram vários desafios que surgem no cotidiano desse profissional, como manter boas relações interpessoais entre a equipe multidisciplinar, realizando a gestão de conflitos quando necessário; remanejando a escala cirúrgica de acordo com a crescente demanda, além da necessidade de tempo suficiente para a realização das atividades assistenciais de sua competência como avaliação pré-operatória, recepção do paciente no Centro Cirúrgico e também, diante de todo este contexto, o gerenciar do estresse e sobrecarga de trabalho provocado por suas complexas atribuições. O estresse tem sido abordado diante da atuação do enfermeiro no Centro Cirúrgico, pelas suas condições de trabalho, por ter que lidar com a insegurança e ansiedade do paciente, da família e com equipes cirúrgicas instáveis4. O papel do enfermeiro inclui atividades relativas ao funcionamento da unidade como elaboração de rotinas, normas, procedimentos operacionais padrão; elaborar relatórios mensais de produção e dos indicadores; solicitar aquisição de novos materiais e instrumentais cirúrgicos; orientar e avaliar o uso adequado de equipamentos e atividades de administração de pessoal, como elaborar escalas mensais e diárias dos funcionários; verificar presença dos profissionais, conferindo faltas, licenças e atrasos, além de remanejar profissionais conforme a necessidade, zelando sempre pela qualidade da assistência². A respeito do ensino e pesquisa, ambos servem como base para o aperfeiçoamento da prática profissional, uma vez que a pesquisa contribui para o desenvolvimento das competências e habilidades do enfermeiro e a prática enriquece o ensino trazendo novas perspectivas e vivências4. Foi possível observar a atuação do enfermeiro no Centro Cirúrgico através do acompanhamento da sua rotina diária, analisando sua relação com a equipe, seu posicionamento na gestão de conflitos, na execução das técnicas privativas do mesmo e no seu papel de facilitador na educação permanente e continuada neste setor. Ao decorrer do estágio supervisionado foi possível ter uma visão do enfermeiro nas diversas funções gerenciais e assistenciais. **Conclusão:** Deste modo, a experiência do Estágio Curricular Supervisionado I permitiu identificar a grande complexidade das atribuições e desafios vivenciados pelo enfermeiro em sua prática profissional no Centro Cirúrgico. Foi possível desenvolver uma visão ampliada sobre a equipe multidisciplinar e sobre o papel do enfermeiro dentro da unidade do Centro Cirúrgico. Para além do conhecimento científico, ele precisa desempenhar habilidades técnicas, ter autocontrole emocional, assumir papel de líder e ter a capacidade de resolver conflitos e questões administrativas. De modo geral, foi identificado menor atuação do enfermeiro na assistência direta ao paciente, esse fato pode levá-lo a uma insatisfação profissional, devido ao não cumprimento de seu desempenho assistencial e também comprometer os resultados perante a assistência realizada, a continuidade do cuidado fica fragilizada se a sistematização e todas as suas etapas não ocorrerem de maneira adequada. Situações de falta de recursos humanos, sobrecarga de atividades e não reconhecimento de seu trabalho pela equipe, somadas às suas atribuições podem se tornar fatores estressantes e passíveis de frustração para o enfermeiro. **Contribuições para enfermagem:** Este trabalho contribui para desconstruir preconceitos e conhecer o papel do enfermeiro do CC. Através desse relato é possível observar o quanto o papel do enfermeiro é imprescindível para que o processo transoperatório aconteça de forma adequada, primando sempre pela qualidade no atendimento e segurança do paciente.
Referências: 1. AMARAL, L.J.X.; SALES, S.S.; CARVALHO, D.P.S.R.P.; CRUZ, G.K.P.; JÚNIOR, M.A.F. Fatores que influenciam na interrupção do aleitamento materno exclusivo em nutrizes. Rev. Gaúcha Enferm. 2015; 36(esp):127-34. Disponível em: . Acesso em: 11 set. 2017.
2. MARANHÃO, T.A.; GOMES, K.R.O.; NUNES, L.B.; MOURA, L.N.B. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes. Cad. Saúde Colet., 2015, Rio de Janeiro, 23 (2): 132-139. Disponível em: . Acesso em: 11 set. 2017.
3.BRASIL. Ministério da saúde. SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil. Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Caderno de Atenção Básica, nº 23. Brasília – DF. 2009. Disponível em: . Acesso em: 11 set. 2017.
4.CAMAROTTI, C.M.; NAKANO, A.M.S.; PEREIRA, C.R.; MEDEIROS, C.P.; MONTEIRO, J.C.S. Perfil da prática da amamentação em grupo de mães
Adolescentes. Acta Paul Enferm 2011;24(1):55-60. Disponível em: < http://www2.unifesp.br/acta/pdf/v24/n1/v24n1a8.pdf>. Acesso em: 11 set. 2017.
5.BASSO, J.F.; MONTICELLI, M. Expectativas de participação de gestantes e acompanhantes para o parto humanizado. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 18(3): mai-jun. Florianópolis, 2010. |