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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4419236

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4419236

RELAÇÕES CONCEITUAIS DA INTEGRALIDADE E DIALÓGICA FREIREANA PARA A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO

Autores:
Tanara Leonardelli Michielin ; Taline Bavaresco ; Suzana Boeira

Resumo:
# RELAÇÕES CONCEITUAIS DA INTEGRALIDADE E DIALÓGICA FREIREANA PARA A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO # # _Suzana Boeira¹;_ Taline Bavaresco²; Tanara Michelin³ **Introdução: **A formação do enfermeiro, no Brasil, está delineada a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais de 2001, que propõem, para seu perfil, um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo(1). Essa formação entendida como um processo em que a prática integra diferentes instâncias, vem ao encontro do princípio da integralidade. É importante pensar na integralidade do cuidado para a enfermagem, considerando um processo de ensino-aprendizagem com práticas educativas voltadas para a formação de um profissional acolhedor, eticamente responsável e comprometido com a atenção à saúde(2).Na busca de um percurso que possa iluminar as práticas pedagógicas na formação, encontra-se a proposta dialógica de Freire, que aponta pressupostos como: a ética, sustentada em relações de respeito entre o professor e o aluno, e à sua história; a importância da escuta despida de preconceitos, valorizando a fala do aluno e seus desejos e sonhos; a amorosidade e afetividade como fortalecedoras de uma atitude não menos rigorosa e firme; e o aprendizado a partir da tomada de consciência(3). **Objetivo**: Analisar as relações conceituais entre as premissas teóricas da Integralidade e da Dialógica Freireana para a formação do enfermeiro. **Metodologia**: Pesquisa bibliográfica realizada entre agosto e novembro de 2016. A busca foi realizada a partir do banco de teses e dissertações e do acervo de periódicos CAPES. Foram incluídos documentos, artigos, teses e dissertações nacionais, disponíveis on-line, publicadas no período de 2009-2016. O corpus se constitui por dezesseis documentos. As palavras-chave utilizadas foram as seguintes: “integralidade ‘and’ formação do enfermeiro”; “Paulo Freire ‘and’ formação do enfermeiro”; “educação dialógica ‘and’ formação do enfermeiro” e “dialógica ‘and’ formação do enfermeiro”. Após, a leitura exaustiva dos referenciais teóricos emergiram oito categorias de relações conceituais. **Resultados: **Tomando como premissas a teoria freireana, na perspectiva da prática educativa dialógica, e o princípio da integralidade, se percebe uma confluência conceitual, semântica e léxica. As principais aproximações tecidas foram: a) __Humanização do cuidado e docência humanizadora__: Ao analisar a integralidade se percebe, ser um princípio constitucional defendido como prerrogativa da humanização do cuidado em saúde, e a possibilidade de apreender as necessidades mais abrangentes do ser humano(3). O dialogismo freireano apresenta uma proposta de educação emancipadora, que se configura como libertadora, amorosa e politicamente engajada através de uma docência onde “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros” estabelecendo, dessa forma, a relação direta entre um cuidado humanizado a partir de uma docência humanizadora(4,5). b) __Interdisciplinaridade_: _Traz em seu cômpito teórico a interdisciplinaridade como suporte, tanto à formação quanto à atuação do profissional na perspectiva da integralidade, caracterizada pelo movimento de ações, práticas e saberes em saúde. A interdisciplinaridade representa um meio de superar a fragmentação do ensino, ao encontro da concepção emancipadora de educação, não distanciando a escola da leitura real e viva de mundo(2-5). c) __Relação imagem-objetivo e sujeito pensamento-linguagem_: _Considerando-se que uma imagem-objetivo nos move no sentido de causar uma transformação da realidade, pode-se perceber a integralidade como imagem-objetivo da mudança almejada, permitindo uma interrelação entre o antes e o depois da atuação do enfermeiro, identificando quais, como, para quem e onde produzem ações de saúde(2,3,5). d) __A escuta ativa e o diálogo_: _O diálogo com o profissional de saúde desvela a subjetividade das relações  constituídas  entre eles, compreende-se  que  escutar  ultrapassa  o  ouvir,  visto  que percebemos o sentido impresso, as emoções que permeiam o discurso e que adentram os envolvidos, construindo uma relação de escuta ativa, viva e propícia para a produção do acolhimento, do respeito à diversidade e do encontro. É possível perceber na formação a necessidade de haver práticas pedagógicas que privilegiem a escuta ativa com a implementação do diálogo constante aluno, professor, mundo(1,2,3,5). e) __O pensamento crítico: __É a partir de uma proposta de educação transformadora da realidade que se pode evoluir no sentido de uma construção crítica do pensamento acerca da realidade. Instigando para uma formação crítica e problematizadora, tendo no diálogo e na percepção de quem é o aluno, qual o seu mundo e como ele está nessa realidade, instituindo uma vivência solidária, com relações sociais e humanas, buscando com o educando consciência crítica através de um processo ético e interdisciplinar(2,5). Posteriormente, esse aluno ao agir impregnado por essa consciência crítica também se torna aprendiz junto com o indivíduo com quem se inter-relaciona, mantendo uma atitude horizontalizada ao cuidar(2)_. f) _C____ontexto Social: __Uma prática pedagógica que se espraie para além da sala de aula, valorizando o cotidiano que transforma a partir das especificidades culturais da vida de cada um e de seu contexto social, é uma prática que valoriza e humaniza a convivência. Da mesma forma, o cuidado praticado junto, ao lado e com/ou pelo sujeito, parte da premissa que conhecer o contexto no qual ele está inserido, sua realidade natural e social problematizadas a partir de suas experiências e de suas relações commundo, contribuirá para as transformações e evolução necessárias no contexto social(1,2,5). g)__Ética__: As experiências que transformam acontecem para potencializar novas experiências e gerar as bases de uma ética particular e concreta. A partir da ética universal do ser devemos pensar todas as relações, inclusive nas esferas educativas, considerando que o processo educativo implica problematizar a realidade social com a intenção de instigar para a liberdade responsável e o comprometimento com o outro e com o mundo(2,5). h) __Ser Humano multidimensional: __Valorizando a multidimensionalidade dos sujeitos, com um pensar no ser humano de forma sistêmica, associando subjetividade e objetividade, de forma integral, com sua historicidade, entendendo-o com suas manifestações nas diferentes dimensões é possível garantir um cuidado e uma formação a partir de diferentes ações dos envolvidos nos processos de cuidar e educar, para refletir a formação a partir da conscientização de si, do mundo e dos outros sujeitos implicados no processo de ensino e aprendizagem(5).**Conclusão**: Ao analisar a prática educativa desde a perspectiva dialógica, a qual se mostrou uma possibilidade para e na formação, é possível alcançar de forma ativa e competente as melhoras práticas de integralidade. Portanto, foi possível traçar aproximações conceituais, léxicas e semânticas entre os princípios de cada proposta e encontrar no pensamento sistêmico e na complexidade um entrelaçamento com a formação do enfermeiro. **Implicações: **Há uma aproximação entre integralidade e dialógica freireana, iniciando um diálogo de reconhecimento, compreensão e entrelaçamento, estabelecendo relações que se demonstraram profícuas para as reflexões atuais necessárias à enfermagem. Essa correlação contribui para a reflexão acerca das futuras diretrizes curriculares nacionais para a formação do enfermeiro. ¹ Enfermeira; Mestre em Educação; Professora Curso de Enfermagem Universidade de Caxias do Sul; [sboeira@ucs.br](mailto:sboeira@ucs.br) ²Enfermeira; Mestre em Enfermagem; Professora Curso de Enfermagem Universidade de Caxias do Sul; [tbavare1@ucs.br](mailto:tbavare1@ucs.br) ³Enfermeira; Mestre em Enfermagem; Professora Curso de Enfermagem Universidade de Caxias do Sul; tlmichel@ucs.br


Referências:
Pontes MGA, Lima GMB, Feitosa IP. et al. Parto nosso de cada dia: um olhar sobre as transformações e perspectivas da assistência. Rev Ciênc. Saúde Nova Esperança. 2014 jun; 12(1). Moura SG, Melo MMM, César ESR. et al. Assistência pré-natal realizada pelo enfermeiro (a): um olhar da mulher gestante.J. res.: fundam. care. online. 2015 jul/set; 7(3):2930-8. Rodrigues JTC, Almeida IESR, Neto AGO. et al. Cesariana no Brasil: uma análise epidemiológica. Revista Multitexto. 2016; 4(1). Silva ALS, Nascimento ER, Coelho EAC. Práticas de enfermeiras para promoção da dignificação, participação e autonomia de mulheres no parto normal. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem. 2015 jul/set; 19(3). Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed. rev. Brasília, 2013. DESCRITORES: Cuidado Pré-natal. Gestantes. Poder. TEMA 2: Integração ensino-serviço-comunidade como estratégia para a formação profissional e consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem.