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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4360465

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4360465

TENDÊNCIAS DE MUDANÇAS NO EIXO CENÁRIOS DE PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO

Autores:
Patricia Maria Forte Rauli ; Débora Maria Vargas Makuch ; Karin Rosa Persegona Ogradowski ; Leandro Rozin

Resumo:
Este estudo é um recorte de pesquisa realizada no Curso de Mestrado(1) a qual identificou as tendências de mudanças na implementação de programas curriculares na formação do enfermeiro por meio do ‘Instrumento de visão estratégica para desenvolvimento institucional dos cursos de graduação da área da saúde’. Este instrumento apresenta cinco eixos de relevância na implementação de programas curriculares nas escolas médicas, adaptado às escolas de enfermagem(2).  Os eixos propostos são: Mundo do Trabalho, Projeto Pedagógico, Abordagem Pedagógica, Cenários da Prática e Desenvolvimento Docente. Estes eixos estão determinados em vetores e áreas temáticas, que identificam a tipologia do currículo classificando-o como Tradicional, Inovador ou Avançado. Esta tipologia representa um movimento na instituição de ensino rumo à integralidade. O objetivo deste estudo é avaliar as tendências de mudanças no eixo Cenários de Prática na formação do enfermeiro, em instituições de ensino superior de Curitiba e Região Metropolitana. Pesquisa convergente com abordagem mista(3), com 63 participantes de 9 escolas de enfermagem de Curitiba e Região Metropolitana. A coleta de informações aconteceu por meio da técnica de grupo focal, em que cada participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os encontros foram planejados para que contassem com 10 participantes, sendo sete docentes, dois estudantes e um coordenador do curso. O tamanho do grupo focal foi respeitado, considerando as características de cada escola, algumas com dificuldades de reunir seus docentes, mesmo com agendamento prévio com os participantes. Aprovada pelo CEP/FPP sob o parecer de número 1.169.628. A análise quantitativa considerou os eixos contidos no instrumento, os quais estão orientados por vetores, à medida que as escolas de enfermagem se percebem nas alternativas em posições mais avançadas, uma área maior do círculo é coberta, podendo ser quantificada em percentuais que podem variar de 33% (os eixos na primeira alternativa conservadora e tradicional) a 100%, com a percepção de todos os eixos na terceira alternativa, caracterizando a percepção avançada para mudanças. A quantificação da área de expansão da escola considera o peso 20% a cada um dos cinco eixos conceptuais de relevância, perfazendo 100%. O valor do eixo é caracterizado pela soma dos seus vetores, os quais também recebem pesos que somados conferem a totalidade do eixo(2). A identificação da tipologia da escola ocorre pela quantificação de eixos e vetores, considerando os valores percentuais representativos sendo, Tradicional (até 59%), Inovadora com tendência Tradicional (60 a 69%), Inovadora com Tendência Avançada (70 a 79%) e Avançada (80 a 100%). Considerando os valores percentuais descritos, no eixo Cenários de Prática, 100% das escolas atingiram a tipologia Avançada. Seguindo as etapas da técnica de análise de conteúdo temática(4), os relatos advindos do grupo focal foram organizados e classificados pela constituição das subcategorias considerando os vetores propostos por Lampert. Na subcategoria **local de prática**, emergiram três unidades de contexto (UC): _integralidade do serviço de saúde_, _construção do sistema de saúde _e _fortalecimento os mecanismos de referência e contrarreferência._ Os participantes destacam a preocupação da escola em abordar a _integralidade do serviço de saúde_ entendendo a relevância de cada um dos níveis de atenção, sem sobrepujar o nível terciário. Evidencia-se a utilização das Unidades Básicas de Saúde (UBS), as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), empresas, hospitais e serviços especializados. Embora a inserção do estudante nos campos de prática de distintos níveis (primário, secundário, terciário) como estabelecido pelos participantes, não garanta o entendimento da _construção do sistema de saúde _pelo estudante, configura-se uma oportunidade de formação do estudante para o sistema de saúde vigente, além de promover o conhecimento quanto ao funcionamento da rede de saúde. Com o intuito de garantir o _fortalecimento dos mecanismos de referência e contrarreferência_, os participantes ressaltam a importância dos estudantes utilizarem os locais de prática em sua diversidade e integralidade. Na subcategoria **participação discente** emergiram três UC: _supervisão docente efetiva_,_ participação discente motivada pelo docente _e _protagonismo discente._ No que diz respeito à _supervisão docente efetiva, _evidencia-se a orientação e supervisão integral por parte do docente direta e indiretamente nos distintos cenários de prática, mesmo na modalidade de voluntariado. Desvela-se nos discursos, que a _participação discente é motivada pelo docente_, o qual busca por oportunidades de aprendizagem nos distintos cenários de prática e dependem igualmente da motivação por parte do estudante em usufruir destas oportunidades de forma ampla. É recorrente nos discursos a intenção do docente em incentivar o_ protagonismo discente_ no processo de formação profissional, em que o professor vislumbra a transformação do ‘aluno em estudante’ e consequentemente de sua responsabilização como futuro profissional. Na subcategoria **âmbito escolar** emergiram duas UC: _integralidade do processo de cuidar _e _inserção do estudante nos cenários de prática. _Alguns relatos revelam a busca pela _integralidade do processo_ _de cuidar_ em seus variados níveis, a promoção de práticas ao longo do curso. Evidenciam-se as aulas práticas em laboratório, havendo a referência à prática de simulação e a inserção dos estudantes em variados campos de prática. Quanto à _inserção do estudante nos cenários de prática_, grande parte dos discursos demonstra a utilização dos serviços em todos os níveis de atenção de forma integral; houve uma referência a eventos na comunidade, realizados pelos estudantes. Ao relacionar os dois conjuntos de dados, no que diz respeito aos Cenários de Prática, infere-se o ponto de convergência em todos os vetores, configurando a área de expansão **Avançada**. Ao promover o contato precoce do estudante com o contexto de saúde nacional em seus diversos cenários e ao propiciar a integração de saberes com vistas à interdisciplinaridade, tais estratégias “conduzirão à compreensão dos aspectos biológicos, ecológicos, sociais e comportamentais, em níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença”, o que certamente assegurará a qualidade da atenção à saúde em níveis individuais e coletivos(5). A inserção do estudante nos cenários de saúde possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades e, estimula a produção de cuidados à saúde em atuação interdisciplinar, mediada pelo docente, tecendo uma rede integrada ensino-serviço-cidadania. É importante ressaltar que não se trata da mera observação de procedimentos, mas da reflexão e articulação de saberes e práticas quanto às demandas de saúde da população, as relações estabelecidas entre os atores neste processo e o desenvolvimento das competências gerais e específicas, as quais lapidarão o perfil profissional dos estudantes. Conhecer o perfil das escolas de enfermagem permitiu uma reflexão aprofundada sobre distintas dimensões que permeiam o fazer e pensar o processo de ensino-aprendizagem. Esses resultados devem ser apreendidos como um segmento das escolas de enfermagem, novos estudos devem ser conduzidos, no sentido de abranger estados, regiões que possuem suas especificidades. Compondo um norteador de definições, princípios e fundamentos da formação de enfermeiros para o sistema de saúde e para o mercado de trabalho, as Diretrizes Curriculares Nacionais impulsionam e acabam por nivelar as competências explicitadas em seus princípios, orientando as escolas quanto à organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de seus programas curriculares. A implementação de práticas pedagógicas voltadas para a formação do enfermeiro em compatibilidade ao perfil do egresso esperado pelas DCN específicas da profissão, confirmou-se como intencionalidade dos docentes do estudo, porém o momento é propício para que as proposições manifestas nas diretrizes sejam revisitadas e ressignificadas.


Referências:
1. COFEN. Resolução nº358/2009. 2009. Disponível em: . Acesso em: 17 jul 2017. 2. Vieira GB. Percepção dos enfermeiros sobre a sistematização da assistência de enfermagem na neonatologia e pediatria [monografia]. Ceilândia: UNB; 2013. 3. Tannure MC, Pinheiro AM. Sistematização da Assistência de Enfermagem: guia prático. 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. 4. Marin HF. Terminologia de referência em Enfermagem: a norma ISSO 18104. Acta paul enferm.2009;22(4):445-8. 5. Melo DFF, Nunes TAS, Viana MRP. Percepção do enfermeiro sobre a implantação da sistematização da assistência de enfermagem no centro cirúrgico. R Interd. 2014 Abr/Mai/Jun; 7(2):36-44.