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4360465 | TENDÊNCIAS DE MUDANÇAS NO EIXO CENÁRIOS DE PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO | Autores: Patricia Maria Forte Rauli ; Débora Maria Vargas Makuch ; Karin Rosa Persegona Ogradowski ; Leandro Rozin |
Resumo: Este estudo é um recorte de pesquisa realizada no Curso de Mestrado(1) a qual
identificou as tendências de mudanças na implementação de programas
curriculares na formação do enfermeiro por meio do ‘Instrumento de visão
estratégica para desenvolvimento institucional dos cursos de graduação da área
da saúde’. Este instrumento apresenta cinco eixos de relevância na
implementação de programas curriculares nas escolas médicas, adaptado às
escolas de enfermagem(2). Os eixos propostos são: Mundo do Trabalho, Projeto
Pedagógico, Abordagem Pedagógica, Cenários da Prática e Desenvolvimento
Docente. Estes eixos estão determinados em vetores e áreas temáticas, que
identificam a tipologia do currículo classificando-o como Tradicional,
Inovador ou Avançado. Esta tipologia representa um movimento na instituição de
ensino rumo à integralidade. O objetivo deste estudo é avaliar as tendências
de mudanças no eixo Cenários de Prática na formação do enfermeiro, em
instituições de ensino superior de Curitiba e Região Metropolitana. Pesquisa
convergente com abordagem mista(3), com 63 participantes de 9 escolas de
enfermagem de Curitiba e Região Metropolitana. A coleta de informações
aconteceu por meio da técnica de grupo focal, em que cada participante assinou
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os encontros foram planejados
para que contassem com 10 participantes, sendo sete docentes, dois estudantes
e um coordenador do curso. O tamanho do grupo focal foi respeitado,
considerando as características de cada escola, algumas com dificuldades de
reunir seus docentes, mesmo com agendamento prévio com os participantes.
Aprovada pelo CEP/FPP sob o parecer de número 1.169.628. A análise
quantitativa considerou os eixos contidos no instrumento, os quais estão
orientados por vetores, à medida que as escolas de enfermagem se percebem nas
alternativas em posições mais avançadas, uma área maior do círculo é coberta,
podendo ser quantificada em percentuais que podem variar de 33% (os eixos na
primeira alternativa conservadora e tradicional) a 100%, com a percepção de
todos os eixos na terceira alternativa, caracterizando a percepção avançada
para mudanças. A quantificação da área de expansão da escola considera o peso
20% a cada um dos cinco eixos conceptuais de relevância, perfazendo 100%. O
valor do eixo é caracterizado pela soma dos seus vetores, os quais também
recebem pesos que somados conferem a totalidade do eixo(2). A identificação da
tipologia da escola ocorre pela quantificação de eixos e vetores, considerando
os valores percentuais representativos sendo, Tradicional (até 59%), Inovadora
com tendência Tradicional (60 a 69%), Inovadora com Tendência Avançada (70 a
79%) e Avançada (80 a 100%). Considerando os valores percentuais descritos, no
eixo Cenários de Prática, 100% das escolas atingiram a tipologia Avançada.
Seguindo as etapas da técnica de análise de conteúdo temática(4), os relatos
advindos do grupo focal foram organizados e classificados pela constituição
das subcategorias considerando os vetores propostos por Lampert. Na
subcategoria **local de prática**, emergiram três unidades de contexto (UC):
_integralidade do serviço de saúde_, _construção do sistema de saúde _e
_fortalecimento os mecanismos de referência e contrarreferência._ Os
participantes destacam a preocupação da escola em abordar a _integralidade do
serviço de saúde_ entendendo a relevância de cada um dos níveis de atenção,
sem sobrepujar o nível terciário. Evidencia-se a utilização das Unidades
Básicas de Saúde (UBS), as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), empresas, hospitais e serviços especializados.
Embora a inserção do estudante nos campos de prática de distintos níveis
(primário, secundário, terciário) como estabelecido pelos participantes, não
garanta o entendimento da _construção do sistema de saúde _pelo estudante,
configura-se uma oportunidade de formação do estudante para o sistema de saúde
vigente, além de promover o conhecimento quanto ao funcionamento da rede de
saúde. Com o intuito de garantir o _fortalecimento dos mecanismos de
referência e contrarreferência_, os participantes ressaltam a importância dos
estudantes utilizarem os locais de prática em sua diversidade e integralidade.
Na subcategoria **participação discente** emergiram três UC: _supervisão
docente efetiva_,_ participação discente motivada pelo docente _e
_protagonismo discente._ No que diz respeito à _supervisão docente efetiva,
_evidencia-se a orientação e supervisão integral por parte do docente direta e
indiretamente nos distintos cenários de prática, mesmo na modalidade de
voluntariado. Desvela-se nos discursos, que a _participação discente é
motivada pelo docente_, o qual busca por oportunidades de aprendizagem nos
distintos cenários de prática e dependem igualmente da motivação por parte do
estudante em usufruir destas oportunidades de forma ampla. É recorrente nos
discursos a intenção do docente em incentivar o_ protagonismo discente_ no
processo de formação profissional, em que o professor vislumbra a
transformação do ‘aluno em estudante’ e consequentemente de sua
responsabilização como futuro profissional. Na subcategoria **âmbito escolar**
emergiram duas UC: _integralidade do processo de cuidar _e _inserção do
estudante nos cenários de prática. _Alguns relatos revelam a busca pela
_integralidade do processo_ _de cuidar_ em seus variados níveis, a promoção de
práticas ao longo do curso. Evidenciam-se as aulas práticas em laboratório,
havendo a referência à prática de simulação e a inserção dos estudantes em
variados campos de prática. Quanto à _inserção do estudante nos cenários de
prática_, grande parte dos discursos demonstra a utilização dos serviços em
todos os níveis de atenção de forma integral; houve uma referência a eventos
na comunidade, realizados pelos estudantes. Ao relacionar os dois conjuntos de
dados, no que diz respeito aos Cenários de Prática, infere-se o ponto de
convergência em todos os vetores, configurando a área de expansão
**Avançada**. Ao promover o contato precoce do estudante com o contexto de
saúde nacional em seus diversos cenários e ao propiciar a integração de
saberes com vistas à interdisciplinaridade, tais estratégias “conduzirão à
compreensão dos aspectos biológicos, ecológicos, sociais e comportamentais, em
níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença”, o que certamente
assegurará a qualidade da atenção à saúde em níveis individuais e
coletivos(5). A inserção do estudante nos cenários de saúde possibilita o
desenvolvimento de competências e habilidades e, estimula a produção de
cuidados à saúde em atuação interdisciplinar, mediada pelo docente, tecendo
uma rede integrada ensino-serviço-cidadania. É importante ressaltar que não se
trata da mera observação de procedimentos, mas da reflexão e articulação de
saberes e práticas quanto às demandas de saúde da população, as relações
estabelecidas entre os atores neste processo e o desenvolvimento das
competências gerais e específicas, as quais lapidarão o perfil profissional
dos estudantes. Conhecer o perfil das escolas de enfermagem permitiu uma
reflexão aprofundada sobre distintas dimensões que permeiam o fazer e pensar o
processo de ensino-aprendizagem. Esses resultados devem ser apreendidos como
um segmento das escolas de enfermagem, novos estudos devem ser conduzidos, no
sentido de abranger estados, regiões que possuem suas especificidades.
Compondo um norteador de definições, princípios e fundamentos da formação de
enfermeiros para o sistema de saúde e para o mercado de trabalho, as
Diretrizes Curriculares Nacionais impulsionam e acabam por nivelar as
competências explicitadas em seus princípios, orientando as escolas quanto à
organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de seus programas
curriculares. A implementação de práticas pedagógicas voltadas para a formação
do enfermeiro em compatibilidade ao perfil do egresso esperado pelas DCN
específicas da profissão, confirmou-se como intencionalidade dos docentes do
estudo, porém o momento é propício para que as proposições manifestas nas
diretrizes sejam revisitadas e ressignificadas.
Referências: 1. COFEN. Resolução nº358/2009. 2009. Disponível em: . Acesso em: 17 jul 2017.
2. Vieira GB. Percepção dos enfermeiros sobre a sistematização da assistência de enfermagem na neonatologia e pediatria [monografia]. Ceilândia: UNB; 2013.
3. Tannure MC, Pinheiro AM. Sistematização da Assistência de Enfermagem: guia prático. 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.
4. Marin HF. Terminologia de referência em Enfermagem: a norma ISSO 18104. Acta paul enferm.2009;22(4):445-8.
5. Melo DFF, Nunes TAS, Viana MRP. Percepção do enfermeiro sobre a implantação da sistematização da assistência de enfermagem no centro cirúrgico. R Interd. 2014 Abr/Mai/Jun; 7(2):36-44. |