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4260077 | O USO E ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE ENTRE IDOSOS COM INDICATIVO DE DEPRESSÃO RESIDENTES EM UM MUNICÍPIO MINEIRO. | Autores: Leiner Resende Rodrigues ; Grazielle Riceto Dias Silva ; Darlene Mara dos Santos Tavares |
Resumo: **Introdução: **O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, o Brasil vive uma transição demográfica acelerada e, consequentemente o perfil epidemiológico do país está em constante mudança. Com isso, há o aumento nas demandas por serviços de saúde devido a maior procura pelos indivíduos idosos. Grande parcela da população idosa são acometidas por doenças e agravos crônicos não transmissíveis (DANT) que necessitam de acompanhamento constante, pois, devido à sua natureza, não têm cura. Na idade mais avançada acontece a manifestação destas condições crônicas e, geralmente, estão associadas (comorbidades). Podem gerar um processo incapacitante, prejudicando a funcionalidade das pessoas idosas, ou seja, dificultando ou impedindo o desempenho de suas atividades cotidianas de forma independente. Ainda que não sejam fatais, essas condições geralmente tendem a comprometer de forma significativa a qualidade de vida dos idosos (BRASIL,2007).
.s doenças mentais estão entre as DCNT que mais diretamente causam
incapacidade e pioram a qualidade de vida, com grande impacto também para os
familiares. A depressão é o transtorno de humor mais frequente entre os
idosos. Nesta perspectiva, este estudo se justifica, visto a limitação de
investigações que relacionem o acesso e à utilização de serviços de saúde
entre idosos com indicativo de depressão, a fim de aprofundar as discussões
sobre o tema, angariando informações pertinentes com o contexto citado.
**Objetivos:** Esta pesquisa objetivou verificar a associação do indicativo de
depressão com o uso e acesso dos serviços de saúde em idosos residentes em um
município mineiro. **Metodologia**:Estudo com abordagem quantitativa, tipo
inquérito domiciliar, analítico, transversal e observacional, desenvolvido com
580 idosos na área urbana do município de Uberaba, estado de Minas Gerais.
Utilizaram-se os instrumentos: Mini Exame de Estado Mental (MEEM),
caracterização dos dados sociodemográficos, acesso e utilização dos serviços
de saúde aos serviços de saúde, indicativo de Depressão, uso de álcool,
frequência, tipo de bebida ingerida e dependência, polifarmácia e morbidades
autorreferidas. Formaram-se dois grupos: idosos com indicativo de depressão e
idosos que não apresentaram o referido indicativo. Calculou-se a taxa de
prevalência. Os dados foram analisados segundo estatística descritiva e foi
realizada análise bivariada empregando-se medidas de associação em tabelas de
contingência (qui-quadrado, razões de prevalências e razões de chances de
prevalência) para as variáveis categóricas. A análise ajustada incluiu a
regressão logística binomial múltipla, considerando o Intervalo de Confiança
(IC) de 95% e nível de significância de 5%. Este projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da UFTM, protocolo Nº 2.295.596.
**Resultados:** Do total da amostra pesquisada, observou-se que a maioria dos
idosos eram do sexo feminino, em ambos os grupos, com ID (70,9%) e sem ID
(67,4%), no entanto, no grupo sem ID o percentual de idosas foi maior.
A prevalência de indicativo de depressão correspondeu a 25,5%. observou-se que
a maioria dos idosos eram do sexo feminino, em ambos os grupos, com ID (70,9%)
e sem ID (67,4%), no entanto, no grupo sem ID o percentual de idosas foi
maior. Houve baixo percentual de idosos com provável abuso de álcool (7,24%),
destaque para 5 ou mais morbidades (62,24%) e uso de 1 até 4 medicamentos
(55,86%). As variáveis da análise bivariada preliminar para o uso e acesso do
serviço de saúde, consolidou-se como fator associado ao acesso dos serviços de
saúde, o uso de álcool (p=0,04). Ao que se refere aos outros indicadores do
uso e acesso aos serviços de saúde com indicativo de depressão, nenhuma
variável apresentou estatisticamente significativa no modelo de regressão.
**Conclusão**: Ainda há um vasto espaço entre as necessidades de saúde da
população e a rede pública de ações e serviços de saúde. As pesquisas destacam
que os processos organizativos do SUS, até o presente momento, permeiam entre
a descentralização que fragmenta os serviços e a regionalização que deve uni-
los em rede integrada e referenciada capaz de dar respostas objetivas aos
problemas demandados pelos usuários. os resultados deste estudo estão
condizentes com os dados encontrados referentes a população com sintomatologia
depressiva, que apontam prevalências crescentes e significativas em idosos. No
entanto, no que diz respeito a associação com o uso e acesso dos serviços de
saúde, não encontramos associações estatisticamente significativas, fato que
demonstra o quanto ainda é necessário investir em pesquisar para que haja um
planejamento adequado das ações de saúde voltadas a esta população. Os
resultados desta pesquisa poderão subsidiar a implementação de estratégias
voltadas à saúde dos idosos com enfoque para a depressão. **Implicações para
a Enfermagem**: Identificar os fatores associados à depressão podem ajudar os
profissionais de enfermagem, inseridos em qualquer nível de atenção (primária,
secundária ou terciária), a compreender a realidade destes indivíduos, bem
como, diagnosticar os cuidados e propor intervenções mais precoces e adequadas
possíveis. Proporcionar uma rede de apoio àqueles que passam por dificuldades,
grupos de discussão em que se permite os idosos trocarem experiências e
vivências pode ajudá-los a superar essa fase, bem como, o manejo adequado
trabalhando em conjunto com a equipe multidisciplinar, oferecendo suporte
psicossocial. Os serviços de saúde mental, que desempenham um papel crucial no
envelhecimento ativo, deveriam ser uma parte integral na assistência a longo
prazo. Deve-se dar uma atenção especial aos subdiagnósticos de doença mental
(especialmente depressão) e às taxas de suicídio entre os idosos o consumo
abusivo de bebidas alcoólicas é considerado um fator de risco das principais
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), bem como dos acidentes e
violências. Deve se discutir mais temas de saúde mental nos cursos de
enfermagem, para que os enfermeiros estejam preparados para aajudar toda
população inclusive os idosos na questão da saúde mental.
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Referências: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 2017 set [acesso em 2018 mar 05]. Disponível em: http://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=7262601&disposition=inline
2. Florianópolis. Protocolo de Enfermagem. Atenção à Demanda Espontânea de Cuidados no Adulto. Florianópolis: Secretaria Municipal de Saúde, 2016 [acesso em 2018 mar 05]. Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/saude/index.php?cms=protocolos+de+enfermagem&menu=10&submenuid=1478
3. Conselho Federal de Enfermagem (Brasil). Resolução COFEN- nº.358, de 15 outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências [acesso em 2018 fev 20]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html
4. Florianópolis. Protocolo de Enfermagem: Hipertensão, diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares. Florianópolis: Secretaria Municipal de Saúde, 2015. |