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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4248854

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4248854

PROCESSO DE ENFERMAGEM APLICADO AO PACIENTE SÉPTICO: UM ESTUDO DE CASO

Autores:
Janine Koepp ; Maitê Souza Magdalena ; Paola Scotta Ludtke ; Murilo dos Santos Graeff

Resumo:
**Introdução:** A sepse é a causa primária de morte por infecção, especialmente se não reconhecida e tratada prontamente. Em 2016, foram publicadas novas diretrizes de sepse, conhecidas como _Sepsis-3_ que apresentou novas definições e critérios clínicos. A sepse é definida como a presença de disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária a resposta desregulada do organismo à infecção. O choque séptico é um subconjunto dos pacientes com sepse que apresentam profundas anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas, apresentando maior risco de morte. Os critérios clínicos do choque séptico consistem na presença de sepse associada ao uso de vasopressores para manter a pressão arterial média (PAM) em 65 mmHg, com nível sérico de lactato igual ou superior a >18g/dL, na ausência de hipovolemia[1]. Além da elevada taxa de mortalidade, a sepse está associada a altos custos hospitalares, em vista disso é considerada um problema de saúde pública. **Objetivo:** Expor um estudo de caso clínico de um paciente em choque séptico, elencando os principais diagnósticos e intervenções de enfermagem. **Descrição metodológica: **Trata-se de um estudo de caso desenvolvido durante disciplina prática de Enfermagem no Processo de Cuidar, de Curso de Graduação em Enfermagem, em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital-ensino filantrópico, no interior do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados através do exame físico e análise do prontuário. **Resultados:** Paciente do sexo masculino, 67 anos, em isolamento respiratório, internou por Insuficiência Respiratória Aguda, com suspeita de infecção pelo vírus H1N1. Histórico de hipertensão arterial sistêmica, diabetes melittus e cistostomia há 25 dias por doença prostática (ressecção transuretral prévia). Hemodinamicamente instável, em uso de drogas vasoativas. Sedado, escala de agitação e sedação de Richmond (RASS) -5. Normotérmico, temperatura 36,4ºC. Pupilas mióticas e fotorreagentes. Mantendo sonda nasoenteral fechada. Em ventilação mecânica, modalidade Pressão Controlada, com tubo endotraqueal número 8,0, fixado em 23,5 cm em incisivos superiores; PEEP 8,0 cmH2O, FiO2 30%, FR 24 mrm, SaO2 99%. Acesso venoso central em jugular direita, cateter duplolúmen, infundindo noradrenalina em via proximal, e em via distal fentanil, atracúrio e midazolam. À ausculta pulmonar, crepitantes difusos. À ausculta cardíaca, bulhas normofonéticas e rítmicas. Abdome globoso, ruídos hidroaéreos diminuídos, maciço à percussão, depressível à palpação. Membros superiores pouco perfundidos, com edema 3+ no dorso de ambas as mãos, presença de equimoses em antebraço direito. Em Insuficiência Renal Aguda (IRA), mantém cateter de Shilley em veia femoral direita para hemodiálise contínua, com taxa de filtração de 300ml/h e heparina 20ml/h.. Acesso em artéria femoral direita com monolúmen para monitorização de pressão arterial invasiva (PAI), mantendo 103/35 mmHg e PAM de 56 mmHg. Presença de sonda suprapúbica em sistema coletor fechado, oligúrico, diurese cor âmbar. Genitália íntegra, eliminações intestinais ausentes no período, mantendo uso de fralda. Dorso não visualizado. Membros inferiores pouco perfundidos, com edema tibial 2+, se estendendo até a altura dos joelhos, pulso pedioso palpável em membro inferior direito (filiforme). Escala de Braden 10, indicando risco severo de lesão por pressão. Apresenta nível sérico de lactato aumentado; leucocitose, com contagem total de 37000 leucócitos; proteína C reativa elevada e nível de troponina elevado. Apesar da baixa especificidade para o diagnóstico, a leucocitose indica um processo infeccioso em curso. O aumento da proteína C reativa associa-se à reação inflamatória em resposta à presença de um agente infeccioso no organismo. A oligúria indica má perfusão renal, e, consequentemente, prejuízos na perfusão dos órgãos vitais. O exame de troponina é um marcador sensível e específico para determinar danos miocárdicos, portanto seu nível elevado pode indicar disfunção miocárdica como consequência do choque[2]. Quanto ao perfil do paciente, estudos apontam maior prevalência da sepse no sexo masculino. Alguns fatores de risco contribuem para o agravamento da sepse, como idade superior a 65 anos, comorbidades como DM, HAS e neoplasias e a utilização de procedimentos invasivos, estando associados ao aumento dos óbitos. Entre as causas de sepse secundária, observa-se maior prevalência do foco pulmonar, seguido pelo foco abdominal. Os principais Diagnósticos de Enfermagem (DEs) segundo a taxonomia de NANDA-I foram: Risco de infecção (00004) relacionado a procedimentos invasivos; Risco de aspiração (00039) relacionado à presença de tubo endotraqueal; Risco de úlcera por pressão (00249) relacionada à Escala de Braden < 18; Risco de lesão na córnea (00245) relacionado à terapia com ventilação mecânica; Débito cardíaco diminuído (00029) relacionado à volume sistólico alterado, evidenciado por oligúria; Volume de líquidos excessivo (00026) relacionado a mecanismos reguladores comprometidos, evidenciado por edema e ruídos respiratórios adventícios. A partir desses diagnósticos, foram elencados as seguintes intervenções de enfermagem, com base na _Nursing Interventions Classification (NIC)_: Aspiração das vias aéreas (3160); Controle da ventilação mecânica (3300); Manutenção de dispositivos para acesso venoso (2440); Monitoração das extremidades inferiores (3480); Monitoração dos sinais vitais (6680); Monitoração hemodinâmica invasiva (4210); Precauções contra aspiração (3200); Prevenção contra ressecamento ocular (1350); Prevenção de lesões por pressão (3540); Terapia por hemodiálise (2100). Com relação aos DEs elencados, resultados semelhantes foram encontrados na literatura, sendo o Risco de Infecção o mais frequente em pacientes sépticos, seguido pelo Risco de aspiração e Risco de úlcera por pressão[3]. A incidência de olho seco em paciente internados em UTI é elevada, com média de 3,5 dias para o aparecimento. Destes pacientes, grande parcela apresenta uso de VM, oclusão incompleta das pálpebras (lagoftalmo) e posteriores lesões de córnea. Tal desfecho pode impactar em limitações nas atividades da vida diária e em comprometimento da qualidade de vida[5].** Conclusão: **A aplicação do Processo de Enfermagem promove melhorias à assistência, permitindo ao enfermeiro maiores evidências para tomada de decisão, através do exame físico e identificação de problemas, com posterior levantamento de diagnósticos e intervenções de enfermagem. Assim, evitam-se complicações decorrentes do manejo inadequado dos pacientes, como as infecções, lesões por pressão e lesões de córnea, que podem impactar em maior tempo de internação, maiores custos hospitalares e até mesmo no prejuízo da qualidade de vida do paciente. **Contribuições/implicações para a Enfermagem**: Constata-se a importância da permanente capacitação da equipe de enfermagem quando a sepse e a aplicação do processo de enfermagem, contribuindo assim para a redução da morbimortalidade decorrente da sepse.


Referências:
1.Nogimi Z. Fundamentos de enfermagem. In: Porto A, Viana DL. Curso didático de enfermagem. 6ª ed. São Paulo: Yend; 2010, p.41. 2.Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica/ Marilyn J. Hockenberry, David Wilson; tradução Maria Inês Corrêa Nascimento. 9 ed Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 3. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução n.º 358/2009, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. [resolução na internet]. Diário Oficial da União 2009. Disponível em: Acesso em: 02 out 2017. 4. Tannure MC, Pinheiro AM. Sistematização da assistência de enfermagem. 2nd.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. 5. Silva JP, Garanhani ML. O significado do cuidado perioperatório para a criança cirúrgica. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2011 abr/jun;13(2):259-68. Disponível em Acesso em: 02 out 2017.