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4219995 | CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UMA MATERNIDADE DO SUL DO BRASIL | Autores: Roberta Costa ; Amanda Nicácio Vieira ; Maria Itayra Coelho de Souza Padilha ; Rosiane da Rosa |
Resumo: **Introdução:** O método utilizado para sistematizar a assistência de enfermagem é o Processo de Enfermagem (PE). No Brasil, o modelo mais conhecido e seguido é o da Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB) de Wanda de Aguiar Horta. A teoria das NHB foi desenvolvida a partir da preocupação com a prática não reflexiva e dicotomizada da enfermagem, bem como uma tentativa de unificar o conhecimento científico da enfermagem proporcionando autonomia e independência1. O PE caracteriza-se pela inter-relação e dinâmica de suas fases, abrange ações sistematizadas que dão continuidade a assistência ao ser humano, ampliando-se a família e comunidade. Apresenta-se em seis distintas fases, as quais são compostas pelo Histórico de Enfermagem – roteiro sistematizado usado para levantamento de dados significativos para o enfermeiro, possibilitando a identificação de seus problemas; Diagnóstico de Enfermagem que é realizado baseado na identificação dos problemas através do histórico; Plano Assistencial - realizado a partir dos diagnósticos de enfermagem; Plano de Cuidados – implementação do plano assistencial diário de enfermagem que coordena suas ações e execução de cuidados adequando-se as necessidades básicas e específicas de cada ser humano; Evolução de Enfermagem – relatos diários das condições de saúde e suas mudanças sob assistência profissional; e a última fase o Prognóstico de Enfermagem – avalia e estima a capacidade do indivíduo a atender suas necessidades básicas conforme assistência e evolução de enfermagem2. Reforçando e fortalecendo o PE e sua Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem nº 7.498 de 1986 descreve o planejamento, organização, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem, consulta e prescrição da assistência de enfermagem, são direitos privativos do enfermeiro3. Em 2009 o Conselho Federal de Enfermagem através da Resolução 358, dispõe sobre a SAE e a implementação do PE em ambientes públicos ou privados em que são praticados os cuidados profissionais de enfermagem, sendo responsabilidade e dever o registro de informações indispensáveis do paciente em seu prontuário. Esta resolução incumbe privativamente ao enfermeiro a implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do PE 4. Diante da necessidade da melhoria de assistência ao paciente e da execução do PE iniciou-se em uma maternidade do Sul do Brasil a construção dos instrumentos de registros para as fases do PE, sendo delegado para o responsável de enfermagem de cada setor da instituição a elaboração dos instrumentos adequados para seu paciente. **Objetivo:** Descrever a construção das etapas do PE em uma maternidade do Sul do Brasil. **Metodologia:** Estudo tipo relato de experiência baseado na vivência como enfermeiras e profissionais atuantes na instituição durante a construção dos instrumentos e organização das fases do PE. O período de construção dos instrumentos e organização das fases do PE aconteceu entre fevereiro e março de 2018 onde aconteciam reuniões semanais conduzidas por uma enfermeira coordenadora da SAE designada pela gerente de enfermagem e com a participação da gerente de enfermagem e das enfermeiras responsáveis pelos setores da implementação dos instrumentos. Nas reuniões foram decididos os papéis de cada setor e o mesmo responsável pela construção do instrumento, seguindo o modelo de Wanda Aguiar Horta adaptando-se a realidade de cada local. **Resultados:** Na primeira reunião sobre a implantação da SAE e construção das etapas do PE, a gerente de enfermagem apresentou a enfermeira que seria a coordenadora da SAE e que conduziria todo o processo de implantação, juntamente com as enfermeiras responsáveis pelos setores. Nessa reunião ficaram decididas quais etapas do PE que seriam implantadas inicialmente. Sendo que a evolução de enfermagem seria realizada em forma de SOAP (subjetivo, objetivo, análise, plano) e pelo prontuário eletrônico, inicialmente de todos pacientes internados de alta complexidade (gestante de alto risco, recém-nascidos internados em unidade de terapia intensiva neonatal, pacientes da oncologia e puérperas que apresentam quadro instável) e posteriormente de todos os pacientes, visto que atualmente o número de profissionais enfermeiros não é adequado. Seria elaborado um instrumento do histórico de enfermagem para obstetrícia, um para neonatologia e um para pacientes cirúrgicos e de oncologia. O diagnóstico de enfermagem foi optado por usar da NANDA International (North American Nursing Diagnosis Association) e solicitado licença para utilizar. A construção dos instrumentos do histórico de enfermagem foi feita pela chefia de cada setor juntamente com a enfermeira coordenadora da SAE. Nas reuniões seguintes foi discutido sobre cada instrumento elaborado. Primeiro foi abordado o histórico de enfermagem da obstetrícia, as enfermeiras que iriam preencher deram sugestões e após foi colocado em uso. O segundo foi o histórico de enfermagem para pacientes cirúrgicos e oncológicos. Em seguida o histórico de enfermagem da neonatologia, que já havia sido elaborado em uma pesquisa de mestrado com as enfermeiras da unidade de terapia intensiva neonatal. Após a construção dos instrumentos as enfermeiras começaram a realizar o histórico de enfermagem para todo paciente que internava e a avaliar a praticidade do mesmo. Nas reuniões posteriores foi discutido sobre a utilização dos instrumentos e modificado conforme sugestão das enfermeiras assistenciais, após foi validado pela gerente de enfermagem para uso. **Conclusão: **O processo de construção dos instrumentos do PE com as enfermeiras da instituição foi importante para implantação da SAE. A partir dos instrumentos as enfermeiras iniciaram o PE na emergência, centro obstétrico, centro cirúrgico, alojamento conjunto e unidade de terapia intensiva neonatal. Está sendo realizado o histórico de enfermagem para todos os pacientes que internam e os pacientes internados a evolução de enfermagem diária. A etapa do diagnóstico de enfermagem e prescrição de enfermagem ainda está sendo elaborada com a continuidade das reuniões sobre a SAE. **Contribuições para enfermagem: **Com a implantação da SAE a partir do PE são observados benefícios diretos ao paciente, além de benefícios para instituição e para os demais profissionais da equipe multidisciplinar. Os gastos com erros e desperdício de tempo com ambiente desorganizado são minimizados, a comunicação entre os profissionais é aprimorada e os dados são registrados para futura utilização na assistência. A SAE possibilita organização da assistência, o enfermeiro consegue detectar os problemas e prioridades do paciente, realizando atendimento individualizado e um plano de assistência orientado a cada paciente, sendo uma ferramenta indispensável para realização de uma assistência de qualidade.
Referências: 1. Garcia TR, Nóbrega MML. Sistematização da assistência de enfermagem: há acordo sobre o conceito? Rev. Eletr. Enf. 2009;11(2):233.
2. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução no 358, de 15 de outubro de 2009. Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados. Diário Oficial da União 23 out. 2009; (203): 368.
3. Tannure MC, Pinheira AM. SAE: Sistematizaçã o da assistência de enfermagem: Guia Prático. 2th ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010. |