Imprimir Resumo


SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4116236

E-Pôster


4116236

A APRENDIZAGEM DA FARMACOLOGIA ARTICULADA AO RACIOCÍNIO CLÍNICO E LINGUAGEM PADRONIZADA NA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM

Autores:
Vânia Sobrinho Ventura ; Rogério Dias Renovato

Resumo:
Introdução A terapia medicamentosa pode levar a respostas indesejáveis ao paciente, e assim desencadear diagnósticos de enfermagem (DE). A inserção da farmacoterapia na implementação do processo de enfermagem requer que a história medicamentosa seja incluída sistematicamente na etapa de coleta de dados. Sendo assim, o enfermeiro poderá realizar diagnósticos de enfermagem relacionados a medicamentos (DEM) provenientes das reações adversas aos fármacos ou decorrente de interações medicamentosas negativas, o que justifica a relevância da articulação da disciplina de Farmacologia em cursos de graduação de enfermagem com o processo de enfermagem, fazendo uso de raciocínio clínico, de linguagem padronizada e articulado às teorias de enfermagem1. Objetivos: conhecer e compreender o raciocínio clínico de estudantes de enfermagem no ensino de farmacologia articulado ao processo de enfermagem e ao emprego da linguagem padronizada NANDA. Metodologia: Este estudo caracterizou-se como descritivo, exploratório, documental e qualitativo, e foi desenvolvido em três etapas. Primeiramente foi realizada uma pesquisa documental nas taxonomias NANDA 2012-2014 e 2015-2017, para investigar a relação do medicamento com os diagnósticos de enfermagem, sua presença nas características definidoras, ou nos fatores relacionados e de risco. O percurso adotado foi caracterizar os diagnósticos por domínio, terminologias utilizadas nas taxonomias NANDA, no que se refere aos medicamentos, bem como quais classes farmacológicas foram citadas. As classes farmacológicas encontradas foram classificadas conforme a ATC – Sistema de Classificação Anatomical Therapeutic Chemical, que é um sistema de classificação, no qual as substâncias ativas são divididas em diferentes grupos de acordo com o órgão ou sistema em que atuam suas propriedades terapêuticas, farmacológicas e químicas, sendo classificada em 5 níveis diferentes, apenas quando for possível. A segunda etapa consistiu em conhecer e identificar os diagnósticos de enfermagem relacionados a medicamentos (DEM) descritos nos casos clínicos realizados no decorrer da disciplina de Farmacologia aplicada à Enfermagem II em 2016, como estratégias de avaliação, correlacionando-os com a Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Cada caso clínico continha o histórico de enfermagem de um paciente e os medicamentos utilizados. Uma parte do caso clínico era direcionada especificamente para a farmacologia, em que os alunos deveriam responder acerca dos mecanismos de ação, indicações terapêuticas, reações adversas e interações medicamentosas. A outra parte consistia em identificar DEM, classificados conforme as taxonomias NANDA 2012-2014 ou 2015-2017. Dentre os temas abordados nestes casos clínicos foram: farmacologia de antimicrobianos, farmacologia na saúde da mulher, farmacologia na saúde da criança e farmacologia na saúde do adulto e idoso.  E a terceira etapa, procurou através de entrevista coletiva a dez estudantes do curso de enfermagem da UEMS, conhecer e compreender como ocorreu o julgamento clínico na definição dos DEM no âmbito da disciplina de Farmacologia. Este pesquisa foi aprovada pelo CEP da UEMS com o parecer 1.447.448. Resultados: A análise documental evidenciou que os diagnósticos de enfermagem sofreram mudanças durante as edições. Verificou-se que alguns diagnósticos tiveram os títulos reformulados, outros foram realocados e alguns foram retirados da versão mais nova. Dos 13 domínios ao qual estão vinculados os DE, apenas o de número sete não esteve relacionado aos medicamentos nas duas edições. Na edição 2012-2014, DE relacionados a medicamentos foram 52, sendo 3 DE de promoção à saúde, 23 DE reais e 26 de risco. Em relação à edição 2015-2017, 4 DE de promoção à saúde, 31 DE reais e 26 DE de risco. Foram incluídos nesta última edição, os DE que citavam os termos: agente farmacológico ou regime de tratamento/terapêutico. O domínio 11 Segurança/Proteção, seguido do Domínio 3 Eliminação e troca foram os que mais apresentaram DEM, sendo respectivamente, 16 na edição 2012-2014, 18, na de 2015-2017. No entanto, no Domínio 3, o predomínio foram de DE reais, enquanto, no Domínio 11, predominaram os DE de risco. Sobre as classes farmacológicas, na edição 2012-2014, as mais citadas nos DE foram os medicamentos do sistema nervoso central (em 12 DE) e os do sistema cardiovascular (em 8 DE). Na edição 2015-2017, adotou-se terminologia mais geral, procurando não citar as classes de medicamentos, e apenas foram citadas no Domínio 3 Eliminação e Trocas, o que levou o predomínio dos medicamentos do trato alimentar e metabolismo em 4 DE.  Nos casos clínicos empregados na disciplina de Farmacologia, a escolha dos DEM pautou-se no histórico do paciente, resultados dos exames laboratoriais, mecanismo de ação dos medicamentos, propriedades farmacológicas e reações adversas. Em 4 DE, não se verificou relação com os medicamentos dos casos clínicos. E os alunos relataram 3 DE não citados nas edições da NANDA. Todavia, a aproximação da farmacologia com estes sistemas de linguagem padronizada mostrou-se possível, apesar das alterações de linguagem em relação às edições. As dez estudantes de enfermagem relataram facilidade em realizar os DE, mas verificou-se dificuldade em fundamentá-los a partir da literatura científica atualizada. Esta dificuldade apontada pode ter comprometido seu julgamento clinico, diante da situação que foi proposta. Para se estabelecer DE e intervir no processo de cuidado, o enfermeiro precisa e requer sólida fundamentação teórica para pôr em pratica o raciocínio clinico. Em algumas situações, esta busca bibliográfica foi mais complexa, como relacionar a flebite ao medicamento. Mas este embasamento teórico e cientifico é necessário, visto que ele oferece subsídios para o raciocínio clinico. Na correlação da teoria de enfermagem com os casos clínicos, elas também relataram ter dificuldades em encontrar literatura que abordasse essa articulação. Percebeu-se, então, processo educativo ainda fragmentado, cabendo à aluna realizar a ligação entre o medicamento, o possível diagnóstico de enfermagem e a teoria de enfermagem. Assim, este entrelaçamento torna-se uma tarefa complexa para a estudante. Outra questão apontada referiu-se ao domínio da língua inglesa, visto que pesquisas sobre processo de enfermagem têm-se avolumado, mas muitos artigos estão em inglês, e a maioria das alunas não tem proficiência neste idioma. Conclusão: A aprendizagem da farmacologia articulada ao raciocínio clínico e linguagem padronizada na graduação de enfermagem foi possível mediante os estudos de caso clínico, mesmo com a dificuldade em correlacionar os DEM com a teoria de enfermagem. Contribuições/implicações para a Enfermagem: Como sugestão das estudantes, espera-se que o ensino do processo de enfermagem e o uso dos sistemas de linguagem padronizada possam ocorrer o mais cedo possível na graduação de enfermagem, promovendo uma aprendizagem mais efetiva. A articulação de disciplinas, como Farmacologia, pode contribuir para a promoção do raciocínico clínico, e, assim, atrelando os sistemas de linguagem padronizada com os marcos teóricos da enfermagem, possibilita, portanto, formação mais qualificada e interdisciplinar.


Referências:
1. Ministério da Educação (Brasil). Resolução CNE/CES nº. 3, de 7/11/2001. Institui Diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em enfermagem. Diário Oficial da união 09 nov 2001;Seção 1. 2. Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB). Lei. 9394/1996. Senado Federal. Coordenação de Edições Técnicas. Brasília 2017, 58.p. 3. Fernandes JD, Rebouças LC. Uma década de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Graduação em Enfermagem: avanços e desafios. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2013 , Sep; 66( spe ): 95-101. 4. Ministério da Saúde. Diário oficial da união. Seção 3. 0 n 186, 29 setembro de 2015. ISSN 1677-7069, p. 126-127.