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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4107402

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4107402

COMPONENTES ESSENCIAIS DA CAPACITAÇÃO EM SAÚDE INDÍGENA PARA ENFERMEIROS

Autores:
Sonia Rejane de Senna Frantz ; Vania Marli Schubert Backes ; Maria Luiza Carvalho de Oliveira ; Nair Chase da Silva

Resumo:
INTRODUÇÃO: Na área da saúde, o programa de capacitação deve ter como referência as necessidades de saúde da população, da gestão e do controle social para qualificar as práticas de saúde e a educação dos profissionais. Nossa experiência mostrou a rara participação das equipes nas atividades de planejamento, a descontinuidade das ações, e a realização das capacitações por categoria profissional em detrimento da interdisciplinaridade que contempla as equipes de trabalho como conjuntos de profissionais. O desenvolvimento e a realização das pessoas no ambiente de trabalho são considerados fatores de correlação com a produtividade, e os trabalhadores são visualizados como sujeitos capazes de transformar a realidade contribuindo para a melhoria do serviço(1). A preocupação com a realização dos processos educativos para os recursos humanos vem sendo referendada desde 1963, na ocasião da III Conferência Nacional de Saúde. O processo de capacitação e educação dos profissionais deve ser contínuo, adequando a assistência às peculiaridades locais e regionais(1). Desse modo, em todas as áreas da saúde, inclusive na enfermagem, o processo de educação permanente em saúde transcende ao aperfeiçoamento técnico, ao possibilitar aos sujeitos-trabalhadores buscarem sua autonomia, cidadania, bem como resgatar sua multidimensionalidade(2). Diante dessas observações, surgiu o interesse em realizar o presente estudo sobre a capacitação para enfermeiros que atuam no Distrito Sanitário Especial Indígena Manaus - DSEI/MAO. OBJETIVO: Identificar os componentes essenciais da política de formação para enfermeiros que atuam em área indígena por meio da opinião desse grupo de profissionais. DESCRIÇÃO MÉTODOLÓGICA: Trata-se de uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo que teve como campo de estudo o Distrito Sanitário Especial Indígena Manaus – DSEI de Manaus, mas cuja área de abrangência congrega dezenove municípios do estado do Amazonas. Os sujeitos da pesquisa foram enfermeiros e a coordenadora pedagógica que trabalham no DSEI Manaus. A técnica de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, seguindo um roteiro de entrevista sobre o objeto da pesquisa. Foram convidados a participar os enfermeiros que trabalham diretamente na assistência à saúde indígena e que tinham participado de, no mínimo, uma capacitação referente à saúde indígena. Do total de 21 enfermeiros, 12 participaram da pesquisa. Os dados coletados nos documentos e nas entrevistas foram transcritos e analisados, de acordo com as etapas descritas por Bardin. A interpretação se deu através da análise dos dados coletados confrontados com a literatura. O projeto obedeceu à Resolução 466/2012 que trata de normas de pesquisa com seres humanos. Foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP da Universidade Federal do Amazonas para parecer e aprovado no dia 14/11/2012 sob o CAAE 09893112.2.0000.5020. **RESULTADOS:  **Para identificar quais os componentes essenciais para a capacitação em saúde indígena na opinião dos enfermeiros foi realizada a seguinte pergunta: _o que não pode faltar em uma capacitação para enfermeiros que atuam em área indígena?_ A análise das falas permitiu-nos identificar cinco categorias discutidas a seguir: São elas: a) a prática associada à teoria; b) a valorização da vivência dos profissionais em área indígena; c) abordagem antropológica da questão indígena como enfoque nas capacitações, d) organização dos processos educacionais e e) o compromisso da equipe envolvida no processo de capacitação. **A prática associada à teoria** - A importância da prática concomitante a contextualização da teoria é importante para a formação de enfermeiros, pois implica em um processo que ultrapassa a acumulação do saber e trabalha para o desenvolvimento de um profissional que esteja em contato com a realidade da profissão de modo a poder associar a teoria e a prática. Introduzir conteúdos práticos nas capacitações vai ao encontro de estudos que afirmam que não se deve desvincular o teórico-prático das atividades educativas tanto na formação do enfermeiro quanto em treinamentos de atualizações(3). **A valorização da vivência dos profissionais em área indígena** - é algo necessário a ser considerado na elaboração da capacitação tendo em vista que o conhecimento advém da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando, que se concretiza através de análise crítica dessa realidade(4). A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas – PNASPI ressalta que a capacitação dos recursos humanos para a saúde indígena deve priorizar a adequação das ações dos profissionais às especificidades, observando a realidade vivida(5). Portanto, levar em consideração a vivência dos enfermeiros em área indígena nas capacitações é atender a PNASPI, formando profissionais participativos, conscientes e transformadores da realidade. **Abordagem antropológica da questão indígena como enfoque nas capacitações** os profissionais de saúde indígena devem olhar as diferenças das populações assistidas. De acordo com a PNASPI a capacitação da EMSI deve conter um conteúdo que contemple conceitos antropológicos com uma análise do perfil das etnias, uma vez que a atuação do enfermeiro nas comunidades se modifica de acordo com a mudança dos costumes indígenas(5). Os enfermeiros relatam a necessidade de enfatizar a abordagem ao indígena, considerando crenças e costumes da sua etnia. **Organização dos processos educacionais -** a necessidade de acesso à literatura que auxilie no conhecimento que extrapole a questão técnica da enfermagem para ancorar-se na especificidade das populações indígenas. O material didático adotado contribuiu no processo de aprendizagem, denotando a necessidade de materiais pedagógicos específicos para cada categoria profissional. Portanto, oferecer material didático escrito ajuda os enfermeiros a atualizar o conhecimento, bem como é utilizado como uma forma de estímulo para desenvolver a busca pelo crescimento profissional com a leitura individual sobre o assunto. **O compromisso da equipe envolvida no processo de capacitação **- Observa-se que o compromisso é um elemento essencial para a execução das capacitações, mas não se restringiu a uma categoria profissional. Os entrevistados enfatizam a importância do compromisso com a atividade abrangendo tanto para os coordenadores, como os instrutores e os participantes. Comprometimento significa empenhar-se, adquirir responsabilidades, refere-se a engajamento, agregamento e envolvimento no trabalho. CONCLUSÃO: Em relação aos componentes essenciais da política de formação para os enfermeiros que atuam em área indígena, um dos elementos mais citado é a atividade prática concomitante a teorização durante a capacitação. Como as atividades de capacitação estão voltadas para a implantação e desenvolvimento das ações de saúde os enfermeiros julgam necessária a inclusão da prática na atividade de capacitação. Como elemento essencial os enfermeiros relatam a organização dos processos educacionais apontando, primeiramente, para a oferta de material didático específico para saúde indígena. Em segundo, a participação de toda equipe de enfermagem é sugerida pelos entrevistados como uma questão essencial nas capacitações voltadas para os enfermeiros de saúde indígena. Em terceiro, a regularidade no processo de capacitação também é relatada como componente essencial, com solicitações de períodos fixos de capacitação como trimestral ou semestral. Um quarto apontamento diante da organização das capacitações é o aumento da frequência, justificada por menos de duas atividades nos últimos cinco anos. A descontinuidade prejudica a eficácia das atividades educativas, por isso, a regularidade e frequência das capacitações para os enfermeiros do DESEI/MAO são pontos a serem organizados para o alcance do objetivo final desejado, ou seja, a melhoria da assistência à saúde da população indígena. CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: As capacitações nos serviços de saúde devem ter como base a vivência da equipe de enfermagem, fator considerado essencial para a política de formação dos profissionais.


Referências:
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 2. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº 358/2009. Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem [Internet]. [citado em 2010 Jul 14]. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/Site/2007/materias.asp?ArticleID=10113§ionID=34. 3. Diagnóstico de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017. Porto Alegre: Artmed; 2015. 4. Bulecher, G.M.; Butcher, H.K.; Dochterman, J.M.C. NIC - Classificação das Intervenções de Enfermagem. Tradução da 5° edição. 2015.