E-Pôster
4012011 | FATORES RELACIONADOS À INFECÇÃO HOSPITALAR EM IDOSOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA | Autores: Renata Afonso Barcelos ; Nayara Cândida Gomes ; Darlene Mara dos Santos Tavares. |
Resumo: **Introdução**: Infecção Hospitalar é definida como uma patologia que o paciente adquire após 48 horas de sua admissão em uma unidade hospitalizar, podendo se manifestar durante a sua internação ou após sua transferência para outra unidade¹. É considerada um grande problema de saúde pública e está entre os agravos que mais ameaçam a segurança do idoso em unidades de terapia intensiva. O idoso é mais vulnerável ao acometimento por essas infecções por diversas razões, dentre elas, a imunossupressão². Por desempenhar um cuidado direto ao paciente, a Enfermagem é a principal responsável pelo seu combate e controle. Porém, pesquisas sobre o tema ainda são escassas reiterando a necessidade de maior investigação acerca do assunto a fim de promover a qualidade da assistência³. **Objetivo**: Verificar os fatores relacionados à infecção hospitalar em idosos em unidade terapia intensiva. **Descrição metadológica**: Estudo do tipo quantitativo de abordagem retrospectiva. A população foi constituída por pacientes com 60 anos ou mais, admitidos e readmitidos em uma Unidade de Terapia Intensiva adulto (UTI-A) de um hospital público de um município do interior de Minas Gerais no período janeiro de 2015 a dezembro de 2015. Totalizou-se a revisão de 112 prontuários realizada pelo enfermeiro pesquisador, não integrante da equipe assistencial da UTI-A. Para a coleta dos dados, utilizaram-se instrumentos de caracterização da população, de caracterização da internação, o _Simplified Acute Physiology Score_ II (SAPSII), índice desenvolvido para avaliar a mortalidade intra hospitalar de adultos admitidos em unidades de terapia intensiva a partir de dados clínicos das primeiras 24 horas de internação. A pontuação do índice varia de 0 a 182, sendo o pior prognóstico quanto maior o número de pontos4. Também utilizou-se o _Charlson Comorbidity Index _(CCI), índice calcula a carga de morbidade do paciente, independentemente do diagnóstico principal no período de até um ano. Para compor o CCI, foram definidas 17 comorbidades, para cada uma delas uma pontuação é atribuída como base no risco relativo, com pesos variando de zero a seis. O escore é o resultado da soma dos pesos de todas as comorbidades componentes do índice registradas como diagnósticos secundários e varia de 0 a 35 pontos, quanto maior a pontuação, maior a mortalidade em um ano5. Foi realizado estudo piloto com 10 prontuários para verificar a adequação dos instrumentos desenvolvidos pelo pesquisador, descritos acima, aos objetivos do estudo. Os dados foram digitados em dupla entrada e procedeu-se a consistência entre os dois bancos de dados; quando necessário realizou-se a correção com a entrevista original. Utilizou-se o _Statistical Package for Social Sciences _(SPPS) versão 21. Procedeu-se a análise bivariada com teste Qui-quadrado, posteriormente foi realizada a regressão logística múltipla binomial (_p_<0,05). O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, parecer nº 1.537.354. **Resultados:** Houve predomínio de idosos do sexo masculino (52,8%), com 80 anos ou mais de idade (81,3%), com uma ou mais comorbidades (84,8%) e proveniente do bloco cirúrgico ou sala de recuperação pós-anestésica (67,9%). O maior percentual de admissão na UTI-A foi por cirurgias de urgência (65,2%). A alta predominou como desfecho principal da internação em 55,4%, apesar da elevada taxa de óbito (44,6%). Do total de idosos, 42,9% apresentou algum tipo de infecção hospitalar durante a internação na UTI-A. A mediana do tempo de internação foi quatro dias, variando de um a 103. A média do _Simplified Acute Physiology Score_ II (54,8 pontos). As comorbidades mais frequentes foram: tumor (27,7%); doenças cerebrovasculares (21,4%); demência (21,4%), doença renal moderada ou grave (19,6%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (18,8%). Em relação aos procedimentos e intervenções terapêuticas mais frequentes foram: drogas vasoativas (67%); hemotransfusões (23,2%); intubação orotraqueal (21,4%); cirurgias (18,8%) e hemodiálise (17%). Quanto ao uso dos dispositivos invasivos, predominou: cateter vesical de demora (92,9%) com mediana de cinco dias, variando de um a 25 dias e cateter venoso central (80,4%) com tempo mediano de seis dias e valores mínimo de dois e máximo de 100 dias. Quanto aos tipos infecção relacionada à assistência, verificou-se que apresentaram infecção de foco cirúrgico (25%), seguido por pulmonar (11,6%), sanguíneo (8,9%) e urinário (8%). Entre as admissões que fizeram uso de ventilação mecânica, 9,1% apresentaram pneumonia associada à ventilação. A análise bivariada indicou que entre os idosos que foram a óbito, a maioria (56%) apresentou infecção hospitalar (_p_=0,012). Associaram-se a presença de infecção hospitalar, o motivo de internação por causa cirúrgica (_p_=0,014) e o maior tempo de internação na Unidade de Terapia intensiva (_p_=0,015). ** Conclusão: **O maior tempo de internação e a internação por motivo cirúrgico relacionaram-se à ocorrência de infecção hospitalar entre idosos internados em terapia intensiva. Tal achado indica a necessidade de medidas preventivas no manejo do paciente cirúrgico a fim de reduzir seu tempo de internação em áreas críticas, reduzindo assim a exposição à infecções não desejadas. Além disso, considerando que idosos são mais propensos à internação prolongada, mais susceptíveis a infecções e que podem sofrer consequências mais facilmente de procedimentos invasivos, o cuidado deve ser redobrado. **Contribuições/implicações para a Enfermagem:** Os resultados dessa pesquisa contribuem para melhoria do planejamento das ações de enfermagem a fim de reduzir os riscos de infecção hospitalar nessa população. Com esses resultados o enfermeiro poderá desenvolver um conjunto de ações deliberadas e sistemáticas, capacitando sua equipe. Dessa forma, poderá gerenciar e avaliar a qualidade dos serviços e práticas assistenciais, otimizando a segurança do paciente idoso nesse ambiente. Portanto, pode contribuir no direcionamento de planos de intervenções preventivos a fim de promover a segurança do idoso em UTIs e consequentemente a qualidade da assistência. ** Referências: 1. **Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA. Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde [Internet]. 2013. **2**. PIUVEZAM, G et al. Fatores associados ao custo das internações hospitalares por doenças infecciosas em idosos em hospital de referência na cidade do Natal, Rio Grande do Norte. Cad. Saúde Colet., 2015, Rio de Janeiro, 23 (1): 63-8. **3.** SOUSA AFL, et al. Óbitos em idosos com infecção adquirida em Unidades de Terapia Intensiva. Rev Bras Enferm. 2017 jul-ago;70(4):766-72. **4.** LE GALL, JR et al. A new_ Simplified Acute Physiology Score_ II Based on a European/North American Multicenter Study. Journal of the American Association, 1993, 270(24):2957-63. ** 5. **CHARLSON, ME et al. A new method of classifying prognostic comorbidity in longitudinal studies: Development and validation. Journal of Chronic Diseases, 1987, 40 (5):373-83.
**Descritores: **Infecção; Unidade de Terapia Intensiva; Idoso.
**Área temática:** Integração ensino-serviço-comunidade como estratégia para formação profissional e consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem.
____________________________
[1] Enfermeira. Mestre em Atenção à Saúde. Enfermeira do Hospital de Clínicas
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. (retbarcelos5@yahoo.com.br)
2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associada do Curso de
Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
3 Enfermeira. Mestre em Atenção à Saúde. Universidade Federal do Triângulo
Mineiro.
Referências: 1. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução n° 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE – em ambientes públicos e privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem e da outras providencias. Brasília, 2009.
2. Gutiérrez MGR, Morais SCRV. Systematization of nursing care and the formation of professional identity. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 Fev 20]; 70(2):436-41. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0515
3. Organização Mundial da Saúde. Manual STEPS de Acidentes Vasculares Cerebrais da OMS: enfoque passo a passo para a vigilância de acidentes vasculares cerebrais. Genebra, 2006.
4. Waltz CF, Strickland OL, Lenz ER. Measurement in nursing and health research. 4. ed. New York (NY): Springer Publishing Company, 2010. 504p.
5. Fehring RJ. Symposium on validation models: the Fehring model. ln: CARROLL-JOHNSON, R. M.; PAQUETTE, M. (Ed.). Classification of Nursing Diagnoses - Proceedings of the Tenth Conference. North American Nursing Diagnosis Association. Philadelphia: Lippincott, 1994. 55-2p. |