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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 4004206

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4004206

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM LEVANTADOS EM MULHERES IDOSAS VITIMA DE VIOLÊNCIA

Autores:
Miriam Fernanda Alarcon ; Daniela Garcia Damaceno

Resumo:
**Introdução: **O envelhecimento populacional é um dos principais desafios da modernidade. Embora o processo de envelhecimento represente um avanço, é marcado por muitas condições que desfavorecem uma sobrevivência com qualidade. Na velhice, as pessoas vão se tornando cada vez mais vulneráveis a distintas alterações nas suas condições de vida, incluindo os aspectos sociais, econômicos e biológicos1. Dentre as múltiplas consequências advindas deste estado de vulnerabilidade encontra-se a violência contra a pessoa idosa, principalmente entre as mulheres1. A violência é um processo de grande magnitude e transcendência mundial que pode se dar de diversas formas. É caracterizado pelo uso de poder sobre um indivíduo ou comunidade que resulte em algum tipo de sofrimento. Frente a este contexto, com o intuito de comtemplar as reais necessidades de saúde de cada idosa vítima de violência, mostra-se fundamental a utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)2. Esta organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do processo de enfermagem. Em conformidade com o artigo 3°da resolução COFEN 358/20093 o diagnóstico de enfermagem é uma das etapas fundamentais desse processo, este é caracterizado pela identificação das necessidades dos indivíduos e do grau de dependência do atendimento em natureza e extensão realizada pela enfermeira.  **Objetivo: **Identificar os principais diagnósticos de enfermagem mulheres idosas vítimas de violência**. Descrição metodológica**: Trata-se de um estudo de casos múltiplos, realizado em um Município de médio porte do interior de São Paulo, no período de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018. Para a coleta de dados, foram realizadas visitas domiciliares para três idosas no intuito de obter informações sobre a violência sofrida e suas condições de saúde. Por meio dos dados coletados foram elencados os principais diagnósticos de enfermagem, utilizando o NANDA I4 (North American Nursing Diagnosis Association).  Os aspectos éticos foram respeitados conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/2012, assim mantendo o anonimato dos participantes, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma faculdade de medicina do município, parecer nº 2.253.887. **Resultados: Idosa 1**: 69 anos, divorciada, evangélica, advogada, mãe de dois filhos e responsável financeiramente pelo domicilio. Reside com uma irmã mais velha e seu filho autor da violência devido ao uso de drogas e álcool, o qual encontrava-se encarcerado no momento da entrevista. A mesma relata que o filho não apresenta comportamento violento quando não está sob o efeito das drogas e mantem emprego fixo, contudo ao consumi-las demonstra agressividade contra a idosa. Embora idosa relate que faria de tudo para retirar o filho da prisão quantas vezes forem necessárias, por várias vezes falou que quando o mesmo se encontra internado ou preso sua vida torna-se mais tranquila. Relata sofrer muito com a situação e que nada na vida faz sentido, e não acredita em soluções para o problema que enfrenta. Idosa faz acompanhamento médico, faz uso de antidepressivos, anti-hipertensivos e apresenta-se emagrecida**. Idosa 2**: 65 anos, casada, católica não praticante, assistente social aposentada, mãe de dois filhos e responsável financeiramente pelo domicilio. Reside com o marido, dois netos, com sua mãe e com seus dois filhos.  O filho responsável pelas agressões apresenta transtorno metal desde os 5 anos de idade, após a situação de crise que levou às ameaças contra a idosa e destruição de utensílios do domicílio, foi internado em hospital psiquiátrico.  A idosa apresenta isolamento social, visto que devido a doença do filho e sua agressividade fica impossibilitada de receber visitas, além disso, verbaliza que sofre grande preconceito de familiares e vizinhos devido aos problemas apresentados pelo filho. Refere que uma de suas principais angustias é a falta de comunicação entre seu marido e seu filho, visto que o pai não aceita o diagnóstico e o comportamento apresentado por ele. Mesmo frente à situação de violência, afirma que irá acolher o filho sempre que for necessário, pois entende que se trata de uma doença que foge ao controle do mesmo. Apresenta-se emagrecida, referiu inapetência e uso de antidepressivos. Faz tratamento particular e nunca recebeu assistência dos profissionais da atenção básica. **Idosa 3:**  63 anos, não alfabetizada, viúva há 19 anos, pensionista, mãe de quatro filhos, sendo que um reside~~ ~~com ela e outro em casa de aluguel mantida por ela, sendo os dois dependentes financeiramente da mesma. Relata que o filho não a deixava dormir, pois sempre a ameaça. Refere que seu agressor é usuário de drogas há 10 anos e que várias vezes já a agrediu. Relata que se mudou para Marília há três anos com seus filhos, pois foram expulsos de onde residia visto que seu filho destruiu toda a residência, situação que ela afirma não aguentar mais e que não vai aceitar a presença do filho quando sair do presídio. Durante a entrevista, a idosa mostrava-se bastante desconfiada e relatava medo de ser encaminhada para uma instituição de longa permanência para idosas. Referiu uso de anti-hipertensivos o que atribui as situações estressoras que permeiam seu cotidiano A idosa relatou ter procurado apoio da unidade de saúde da família que referiu que este tipo de assistência não fazia parte de sua competência sendo necessário que a mesma procurasse a delegacia mais próxima. Frente aos casos apresentados anteriormente foi possível identificar diagnósticos comuns e individuais. Os principais diagnósticos comuns a todos os casos foram: risco de síndrome do idoso frágil relacionado a ansiedade, depressão, isolamento social e tristeza; desesperança caracterizada por indicadores verbais de desânimo relacionado a estresse crônico; ansiedade caracterizado pela apreensão relacionada a estressores; processos familiares disfuncionais caracterizado por deterioração nos relacionamentos familiares e relacionado a estratégias ineficazes de enfrentamento. Além dos diagnósticos de enfermagem comuns foi possível encontrar os seguintes diagnóstico: caso 1 - padrão de sono prejudicado caracterizado pela alteração no padrão do sono e relacionado ao padrão de sono não restaurado, risco de função cardiovascular prejudicada relacionada a hipertensão arterial; caso 2 - nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais caracterizada pela ingestão de alimentos menor que a PDR ( porção diária recomendada ) e interesse insuficiente pelos alimentos relacionada a transtornos psicológicos, disposição para esperança melhorada caracterizada pelo expresso desejo de melhorar a resolução de problemas para alcançar as metas; caso 3 - síndrome do idoso frágil caracterizada pela desesperança e isolamento social risco de função cardiovascular prejudicada relacionada a hipertensão arterial; manutenção do lar prejudicada caracterizado por responsabilidades familiares excessivas relacionados à organização familiar insuficiente. **Conclusão: **Foi possível observar que mulheres idosas vítimas de violência podem apresentar diagnósticos de enfermagem semelhantes, principalmente nos domínios 1, 6, 7 e 9 da NANDA. Ainda, a realização da etapa dos diagnósticos de enfermagem mostrou-se importante para a identificação das principais necessidades de saúde de forma ampliada, visando o planejamento da assistência. Dessa forma, para promover uma assistência de qualidade é necessário que os profissionais se instrumentalizem no intuito de visualizar os diagnósticos de enfermagem e propor intervenções pautadas em evidencias. **Contribuições e Implicações para a enfermagem: **Os dados do estudo contribui para conhecer as características das idosas vítimas de violência, revelando a importância do diagnóstico de enfermagem no direcionamento das próximas etapas da SAE.


Referências:
1. INSTITUTO DO HPV. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Doenças do Papilomavírus Humano. Guia do HPV. São Paulo: 2013. Disponível em: . Acesso em: 05 de mar. 2017. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da saúde. Disponível em: . Acesso em: 07 de mar. 2017.